Governo Lula passará por prova de fogo em votações de MPs

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Por Luana Patriolino (Interina) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva passará, em breve, por uma nova prova de fogo. A base aliada do Congresso deverá votar as medidas provisórias editadas pelo presidente nos primeiros dias de gestão. Algumas devem ser aprovadas com larga vantagem, mas outras correm risco de rejeição ou de alteração profunda. A primeira delas é a que determina a volta do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Fazenda. No governo de Jair Bolsonaro, o órgão passou do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o da Economia e, por fim, acabou no Banco Central (BC). O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já disse que o Coaf deveria continuar no BC.

Pior de tudo é a fome

Se no mercado financeiro a desconfiança é grande em relação ao presidente Lula, que decidiu confrontar o Banco Central por causa dos juros altos, entre o empresariado, pelo menos entre os mais conscientes, a ordem é encampar a proposta do petista de erradicar a fome do Brasil. Gente do calibre de Abílio Diniz e Luiza Trajano diz que não é mais possível ficar reclamando da violência, andando de carro blindado, quando há milhões de brasileiros nas ruas sem ter o que comer.

Atenção à depressão

Foi protocolado na Câmara dos Deputados um projeto de lei para instituir o Programa Nacional de Prevenção da Depressão. A proposta é do deputado federal Fábio Macedo (Podemos-MA), que é autor de outras proposições sobre o tema no Maranhão. “Existem obstáculos ao enfrentamento eficaz desse transtorno no Brasil, entre os quais o preconceito social em relação aos transtornos mentais e a falta de profissionais capacitados”, lamentou, em conversa com a coluna.

À frente dos paulistas

O deputado federal Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP) foi eleito, ontem, coordenador da bancada federal paulista, na Câmara dos Deputados. Apesar de ser integrante do PL, legenda de Jair Bolsonaro, ele é visto por seus pares como um conciliador. Por causa disso, teve até mesmo o apoio do PT para presidir o grupo, que tem 70 deputados e três senadores. “Independentemente de partidos, nosso objetivo é garantir que investimentos e projetos importantes para São Paulo sejam executados. Iremos dialogar com os governos federal e estadual para unir forças”, garantiu.

Choradeira permanente

No Telegram, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) segue com os ataques ao governo Lula. Em seu canal na plataforma, que possui 190 mil inscritos, o filho do ex-presidente compartilha diariamente mentiras e posts relacionados à economia brasileira que, segundo ele, vai entrar em colapso na gestão petista.

E Jair?

Enquanto isso, Jair Bolsonaro se comporta como se ainda fosse chefe do Executivo. Com uma frequência bem menor que a do filho 02, publica mensagens sobre os feitos de seu governo, defendendo que promoveu investimentos externos e a redução da criminalidade.

Apoio e rejeição

Com o apoio do Brasil, o português António Vitorino está praticamente eleito para a chefia da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, esperava ouvir de Lula, na reunião que terão hoje, apoio ao nome da norte-americana Amy Pope para o cargo. Mas o governo do petista tem horror à forma como os norte-americanos executam sua política de imigração.

Espaço para ex-presidente

Se confirmada para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), instituição financeira controlada pelos países que formam o Brics, a ex-presidente Dilma Rousseff terá salário anual de cerca de US$ 500 mil. A pretensão do governo é que o atual comandante do banco, o bolsonarista Marcos Troyjo, que tem mandato até 2025, renuncie ao cargo o mais rapidamente possível. A petista, se nomeada, terá de passar boa parte do tempo na China, sede da instituição. A indicação da ex-presidente para a chefia do NBD tem a vantagem de não exigir sabatina e aprovação do Senado. Ela não quer ser inquirida na Casa que sacramentou o impeachment dela.

Liberdade, liberdade

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu, ontem, substituir a prisão domiciliar de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, pelo uso de tornozeleira eletrônica e apreensão do passaporte. No entanto, ele só poderá sair de casa após a publicação dos ofícios que ratifiquem a decisão. Isso deve ocorrer apenas na próxima segunda-feira. O político foi preso em 2016, pela Operação Calicute, desdobramento da Lava-Jato.

Atos golpistas poderiam ter sido piores

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O jantar de despedida do presidente Jair Bolsonaro na casa do então ministro das Comunicações Fábio Faria teve como objetivo dissuadir o então comandante em chefe das Forças Armadas a insistir em meios de permanecer no cargo, ou dar um golpe, que muitos calcularam ser o objetivo central da depredação do último domingo. Foi ali, naquele jantar, aconselhado por políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal, que Bolsonaro decidiu ficar um tempo fora do país, a fim de descansar e voltar renovado, para liderar a oposição. O jantar se deu dias após os atos incendiários de 12 de dezembro, data da diplomação do presidente Lula. Agora, depois dos atos de 8 de janeiro, ele corre o risco de regressar para
ficar inelegível.

Os cálculos de muitos, hoje, é que estava tudo pronto para um movimento nos moldes de 8 de janeiro. A diferença é que, naqueles dias, Bolsonaro ainda era presidente e teria que entregar tudo nas mãos dos militares, e ainda haveria dúvidas se voltaria ao poder. Os militares também não aceitaram. Logo, não deu certo. Se tivesse funcionado nos moldes que os radicais queriam, talvez os responsáveis jamais
fossem punidos.

Sob a égide do interventor

O fato de o ex-ministro da Justiça Anderson Torres ter sido levado para as dependências da PM do Distrito Federal coloca o ex-secretário de Segurança Pública de Ibaneis Rocha sob a guarda do interventor, Ricardo Capelli. Sinal de que toda a omissão será castigada.

O recado que virá do STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal já começaram a alinhavar os discursos para a volta do recesso. A ordem é deixar claro aos congressistas que a democracia foi devolvida à política. Agora, caberá aos políticos cuidar dessa plantinha todos os dias.

Mirem-se em Ulysses…

… Guimarães. A política precisa voltar a resolver os problemas da política com a política. Recuperar a sabedoria de gerar consensos entre diferentes visões de mundo e parar de, a qualquer coisinha, recorrer ao STF. É preciso reaprender a arte de fazer política, que parece que as novas gerações não aprenderam.

A hora de buscar votos

Parlamentares aliados ao governo estão orientados a buscar nos partidos mais à direita, pelo menos mais 100 votos para a base governista, além dos 210 já contabilizados. A avaliação é que é preciso ampliar a base, se quiser governar em paz.

Espere sentado/ Com encontro marcado com o ministro da Agricultura, Carlos Favaro, para o próximo dia 6, a Frente Parlamentar de Agricultura vai cobrar dele a declaração em que deu a entender que só haveria conversa com a frente se seus integrantes descessem do palanque eleitoral. A avaliação de muitos na FPA é a de que político não desce do palanque nunca.

Enquanto isso, no Itamaraty … / Uma missão chefiada pelo futuro encarregado de negócios da Embaixada na Venezuela, André Flávio Macieira, está fazendo as malas para desembarcar em Caracas nesta semana, a fim de preparar as instalações brasileiras para a retomada das relações diplomáticas. São três prédios que o governo brasileiro tem por lá e que estão completamente abandonados, segundo relatos de diplomatas.

… as mudanças estão a mil/ O governo deve escolher, nos próximos dias, um embaixador para Cuba, que hoje só tem um encarregado de negócios. A decisão será pessoal do presidente Lula, como ocorreu em mandatos anteriores. O embaixador à época era o ex-deputado Tilden Santiago, que morreu de covid no ano passado.

Vem comigo/ Assim que assumiu o cargo de interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Capelli (foto) ouviu de uma servidora que ela havia feito postagens a favor do antigo chefe. Capelli, então, foi direto: “Não se preocupe. O que me interessa são atitudes”. Com ele, não tem essa de perseguição por uma postagem ou outra com elogios a A, B ou C. Quer é trabalhar em conjunto com todas as forças locais.

 

Lula quer virar a página da crise de segurança

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Por mais surpreendentes que sejam as denúncias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, seja na seara dos atos antidemocráticos/tentativa de golpe de Estado, seja nos gastos do cartão corporativo, o governo Lula terá que fazer uma escolha: gasta parte da energia nesses temas da segurança — entre eles o chamado pacote da democracia que vem por aí — ou acalma o país para garantir uma boa discussão da reforma econômica — na qual a tributária é considerada a mais importante. A partir daí, consolidaria os recursos para os programas sociais, especialmente a revolução que o presidente da República deseja fazer no sistema educacional.

Se depender exclusivamente de Lula, a ordem é virar a página. Deixar que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Judiciário cuidem de Bolsonaro e a Presidência da República fique fora dessa seara. Falta combinar com o PT, que, diante dos atos antidemocráticos, se apresenta com sangue nos olhos, pedindo a cabeça do ministro da Defesa, José Múcio, e reclamando internamente do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. O entorno de Lula espera que a fala inicial dele, ontem, no café da manhã com a imprensa, tenha sido a senha para o PT reajustar o foco para os programas sociais.

Um quebra-cabeças…

O mosaico que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem montando há anos dentro do inquérito dos atos antidemocráticos, tem agora uma peça-chave: o manuscrito de uma minuta de decreto encontrado na casa de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, é visto como uma prova de que houve realmente vários desenhos para evitar a posse de Lula.

…que preocupa os bolsonaristas

A continuar nesse caminho, avaliam alguns, cresce o risco de que Bolsonaro seja encaminhado a prestar depoimento assim que pisar em Brasília. Se houver alguma prova mais incisiva de participação do ex-presidente, ele pode ser preso.

Uma ajuda a Ibaneis

A minuta de um decreto de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrada na casa de Torres ajudará o governador Ibaneis Rocha na própria defesa. É que quanto mais elementos houver de que o ex-ministro estava no grupo que tentou articular um golpe no país, mais chances de recair sobre ele toda a culpa pela desmobilização de 8 de janeiro.

E a economia, hein?

O setor produtivo não gostou nada dessa história do voto de qualidade no Carf. É que, a partir de agora, a mão sempre pesará a favor da Receita Federal. Há, no setor produtivo, quem considere que o governo quebrou o que disse Lula: previsibilidade, transparência e credibilidade. O da “previsibilidade”, dizem alguns, não foi cumprido com o anúncio das medidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O mercado, porém, gostou.

Caligrafia/ O autor da minuta do decreto encontrado na casa de Anderson Torres ainda não é conhecido. Já tem gente no mundo jurídico desconfiada de que não foi o ex-ministro que escreveu.

TCU em festa…/ Para marcar os 130 anos do Tribunal de Contas da União, o atual presidente da Corte de contas, Bruno Dantas (foto), levantou três pontos prioritários com os quais pretende marcar sua gestão: transparência, responsabilidade fiscal e cultura de consensualismo.

… e na lida/ A ordem é dar segurança aos gestores de que eles podem tomar decisões para não haver um “apagão das canetas”, quando muitos não decidem para não serem processados mais à frente.

Quem diria…/ O governo está apenas na sua segunda semana, encarando hoje uma sexta-feira 13, e parece ter mais tempo, de tantas coisas que aconteceram. E ainda estamos apenas nas “flores do recesso”, aquele período em que o Congresso e Judiciário estão de férias. 2023, realmente, promete.

Mandado de prisão de Anderson Torres é recebido como recado por bolsonaristas

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O mandado de prisão contra o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres foi recebido pelos bolsonaristas e por aliados do governador Ibaneis Rocha como um recado de que toda a omissão e/ou conivência será castigada. Nesse sentido, há quem veja que o afastamento do governador pode desaguar na saída definitiva. A resposta que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu à deputada Bia Kicis, quando ela pediu a palavra na sessão de votação da intervenção no DF, por exemplo, foi entendida como um sinal de que a situação de Ibaneis se complicou. “Eu tentei falar com ele e não consegui”, disse o presidente da Câmara, repetindo o que já foi dito a esta coluna pelo presidente em exercício do Senado, no dia dos ataques. Ibaneis, avisam seus aliados, vive, a partir de agora, a cada dia a sua aflição.

Em tempo: Cordato e “da paz”, conforme definem seus amigos, Anderson Torres jamais esperou esse desfecho para suas férias. Porém quem conhece o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes garante que a prisão de Anderson é só o começo. A ordem é mostrar exemplarmente que atos de terror e/ou vandalismo não serão tolerados.

Te cuida, GDF

A caminhada de senadores, hoje, ao Planalto, para entregar o decreto de intervenção na segurança publica do DF ao presidente Lula é vista como o grande recado ao GDF: Ou protege as instituições, ou perderá a autonomia na área de segurança pública.

Sem trégua

A derrubada de torres de energia foi lida pelo governo como parte dessa grande onda de atos para gerar instabilidade no país. A investigação dirá se essa tese está correta, mas, politicamente, a gestão Lula 3, ao completar 10 dias, tem uma certeza: não haverá sossego. Daí, a necessidade de punição exemplar.

O “respiro” de Haddad

Os atos terroristas do último domingo deram uma guinada nas discussões em curso no governo federal e na pressão dos ministros sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por recursos para cumprimento de metas de curto prazo. A prioridade, agora, é reforçar a democracia contra a barbárie. E isso não tem preço.

Tese frágil

A ideia de que houve infiltrados na “manifestação pacífica” dos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro é considerada inverossímil por parte de investigadores. Afinal, as redes bolsonaristas convocaram para invasão e tomada do poder. E alguns, nas redes sociais, trataram a quebradeira como efeito colateral. Infiltração é quando um movimento ordeiro há e, alguém, de maneira isolada, provoca um distúrbio. Ali, a invasão dos prédios públicos foi geral.

Lula sofre pressão para separar Ministério da Justiça da Segurança Pública

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Muito debatida na equipe de transição de Lula antes da posse, a criação do Ministério da Segurança Pública volta à baila no rastro dos atos de violência ocorridos nas sedes dos três Poderes da República. À época, ficou acertado que Flávio Dino, ex-governador, aliado histórico do presidente Lula ficaria também com a segurança pública. Agora, dentro do PT, há quem defenda o desmembramento. Não é para o curto prazo, mas está anotado no caderninho do partido, para assim que essa poeira do vandalismo baixar um pouco mais.

Em tempo: os militares foram cobrados na reunião com o presidente Lula, logo cedo. Deixaram os acampamentos dos bolsonaristas correrem frouxos e as invasões seguidas de vandalismo foram a “apoteose da tolerância”, como definiu o general da reserva e ex-ministro Santos Cruz.

A estrela de Celina…

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, conseguiu, em menos de 24 horas, receber elogios de todos os ministros palacianos. E olha que, na tarde de domingo, ela ouviu de Flávio Dino: “Governadora, a senhora tem uma hora para desocupar os prédios ou afastarei a senhora e seu governador!”. Atônita, ela correu até a casa de Ibaneis, que a autorizou a ir até o Ministério da Justiça. Só saiu de lá quando os prédios estavam totalmente desocupados.

… sobe

Segundo relatos, ela agora trabalha para que a intervenção seja breve. Já está decidido que a escolha do futuro secretário de Segurança, depois da intervenção, será de comum acordo com o governo federal, o que foi pedido desde o início pelo presidente Lula.

… e seus apoiadores

Celina é muito ligada ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Aliás, o desejo do governo federal em não admoestar o PP de Arthur e Celina ajudou a evitar que fosse pedida a prisão de Ibaneis. Explica-se: a prisão do governador não seria boa para o grupo que está no poder e beneficiaria apenas a oposição.

Se deu bem

A firmeza de Lira em aprovar de imediato e simbolicamente o decreto de intervenção no Distrito Federal foi considerada a pá de cal em candidaturas alternativas à Presidência da Casa.

Muita calma nessa hora/ Diante da incerteza pela frente, o presidente Lula não quer partir para a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A prioridade hoje é pacificar o país e pegar todos os diretamente envolvidos nas invasões de prédios públicos e seus financiadores.

Tempo verbal/ A coluna conversou com alguns integrantes a Suprema Corte para tentar tirar a temperatura a respeito do destino do afastamento do governador Ibaneis Rocha. A avaliação é a de que ele “era” muito benquisto por todos. O fato de o GDF ter demorado a proteger o prédio do STF abalou a relação, que, agora terá que ser reconstruída.

Por falar em Ibaneis…/ Seu adversário na campanha, o senador e líder do PSDB, Izalci Lucas (foto), foi direto ao dizer que é preciso muita calma nessa hora. Afinal, o governador foi eleito no primeiro turno. “Foi uma decisão monocrática e é preciso dar o direito de defesa. Ele foi eleito pela maioria dos votos no DF”, lembrou o tucano.

Por falar em maioria/ Lula terminou o dia após as invasões com uma união em torno de seu governo que ele jamais imaginou ser possível. Três Poderes, governadores e Frente Nacional dos Prefeitos. Para completar, ainda conseguiu tirar os bolsonarista. Até aqui, transformou esse limão em limonada bem docinha.

Aliados dizem que pauta tributária pode dar sensação de base ampla a Lula

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Aliados do futuro governo consideram que a pauta capaz de dar uma sensação de base ampla ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será a tributária, com o novo marco fiscal. O setor produtivo e a classe trabalhadora desejam esta reforma. E, assim como ocorreu com a previdenciária, depois de mais de duas décadas de idas e vindas, o texto em tramitação na Câmara pode dar algum alento. A ordem, agora, é tentar convencer Arthur Lira (PP-AL) a recolocar o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator.

Aguinaldo foi relator da reforma tributária da Câmara, a PEC 45/2020, mas a proposta terminou inviabilizada com a troca de comando na Casa, em 2021. Agora, o novo governo espera apaziguar e colocar esse projeto de novo em andamento. Aguinaldo tem dito a amigos que basta uma atualização do texto para colocar em votação. É por aí, pela reforma tributária, que o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentará se aproximar mais dos agentes econômicos.

O céu é o limite

Com 16 partidos na base de Lula e a maioria reivindicando mais de um ministério, está difícil fechar os 20% que não estavam na cabeça do presidente eleito. O PV, por exemplo, que está na federação do PT, reivindica pelo menos um Ministério e apresentou ao presidente uma lista tríplice de cargos: Cultura, Turismo ou Esporte. Cultura ficará com a cantora Margareth Menezes.

Aos sem-mandato, as autarquias

Sem espaço para todos no primeiro escalão, a tendência é colocar quem perdeu eleição em escalões inferiores e agências. O martelo será batido hoje, na reunião que fechará o número de ministérios.

Há exceções

Nem todos os que perderam a eleição estão destinados ao segundo escalão e autarquias. A senadora Simone Tebet (MDB-MS), que fez campanha para Lula no segundo turno, e Márcio França (PSB), que abriu mão de disputar o governo de São Paulo para apoiar Fernando Haddad (PT), serão ministros.

Enquanto isso, no Parlamento…

A candidatura do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) a presidente do Senado é olhada com algum interesse por senadores que, em 2026, terão que concorrer a um novo mandato. É que muitos estão de olho no mega fundo partidário e eleitoral do PL para financiamento da reeleição. Parece distante, mas tem muitos senadores pensando na própria sobrevivência na próxima eleição.

Um cargo para acomodar dois/ Um dos nomes cotados no MDB para assumir um ministério é o do deputado Hildo Rocha (foto) (MDB-MA). Hildo ficou na primeira suplência. Se Roseana Sarney (MDB-MA) for para o governo Lula, ele assume o mandato. Se ela não quiser, Hildo pode virar ministro.

Neri na área/ Neri Geller (PP-RS), que foi ministro da Agricultura da presidente Dilma Rousseff (PT) tem encontro marcado com o presidente da Associação Comercial da Indústria Frigorífica Brasileira, Maurício Reis Lima. É mais uma ponte que o pessoal da transição faz com a turma do agronegócio.

Diplomação curta/ A cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva será vapt-vupt. Não está prevista sequer a fila de cumprimentos. A ordem é se agarrar no serviço da transição e fechar logo a equipe para que todos os futuros ministros possam passar o Natal em seus respectivos estados.

Por falar em Natal…/ O presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja permanecer no Alvorada, na noite de 24 de dezembro. Será praticamente uma despedida do Palácio e dos aliados do cercadinho.

Movimento bolsonarista dá fôlego à PEC

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A presença de manifestantes à frente dos quartéis e as dúvidas que alguns setores mais radicais tentam levantar sobre a posse de Lula ajudam na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição da Transição, ou fura-teto. A ideia de muitos congressistas — e que começa a se cristalizar nos partidos de centro — é passar uma mensagem de tranquilidade ao país e de apoio ao presidente eleito, fortalecendo a posição em defesa da democracia. Assim, dizem alguns, será possível arrefecer movimentos favoráveis à ruptura institucional.

Os partidos de centro veem essa necessidade de aprovação da PEC para conter o golpismo. Porém, isso não significa aprovar o texto da PEC do jeito que está. A aposta hoje é de que Lula conseguirá um prazo de dois anos de valores fora do teto. Será o tempo para o governo definir uma nova âncora fiscal. Resta definir os valores, para os quais ainda não há um consenso (leia notas ao lado).

Mercadante ministro

Lula está a cada dia mais convencido de que o ex-deputado, ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante é o nome para a articulação interna do governo. Falta definir se esse trabalho será feito pela Casa Civil. Se essa for a ideia, é lá que Mercadante estará.

Malandro é malandro…

Integrantes da equipe de transição têm dito aos parlamentares que, quanto mais programas sociais fora do teto de gastos, mais sobrarão recursos para as emendas. A ideia é ver se, assim, a turma se convence da necessidade de aprovar o texto tal como
foi apresentado, sem
redução de valores.

… E mané é mané

Só tem um probleminha: o caixa é o mesmo, ou seja, ficar dentro ou fora do teto pode até facilitar a vida do governo, no sentido de evitar “pedaladas” como a da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas isso não aumentará o volume de dinheiro no cofre.

Acalma aí, PT

Nos próximos dias, além de negociar a PEC, Lula aproveitará para dizer aos petistas que é hora de segurar o apetite. Mais à frente, quem sabe, haja mais espaço
para o partido.

Olho nele/ O prefeito de Santo André, Paulo Serra, é apontado no PSDB como alguém em franca ascensão no partido, com a chegada do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (foto), ao comando tucano.

Comprou “na planta”/ Paulo Serra ficou ao lado de Eduardo Leite contra o então governador João Doria na disputa da prévia para escolha do candidato do PSDB à Presidência da República. Agora, com Doria fora do partido, ganhará mais espaço na cúpula partidária. Igual a um apartamento que se compra antes da construção, e o imóvel valoriza.

Objetivo/ A missão de Leite no comando do PSDB será no sentido de tentar recuperar os votos que perderam para Jair Bolsonaro, por causa de Lula, e aqueles que perderam para Lula, por causa
de Jair Bolsonaro.

Copa & política/ Com o Brasil passando para as quartas de final, depois de vencer a Coreia por 4 X 1, a intenção de Lula é deixar qualquer anúncio da futura equipe para depois do jogo contra a Croácia. Quem tem tempo, não tem pressa. A prioridade neste momento é o hexa.
Bora, Brasiiiiilllll!!!!

 

PEC vem com “gordura” para garantir uma margem de negociação

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A intenção do futuro governo em pedir quatro anos de duração dos programas sociais extrateto, e a inclusão de vários benefícios e não apenas do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família), é justamente para garantir uma margem de negociação à PEC da Transição ou Fura-teto. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabe que o Congresso, mais conservador do que em seu primeiro governo, não lhe dará tudo que deseja. Por isso, é preciso pedir o céu para obter um meio-termo. Por exemplo, dois anos de validade do novo Bolsa Família fora do teto.

Agora, começam as negociações diretas, que certamente passarão pela formação do novo governo. Até aqui, o que se ouve na equipe de transição é que Lula ainda não está seguro sobre anúncio de nomes esta semana, embora haja uma torcida interna para que ele oficialize logo alguns ministros. O presidente, porém, tem dito que esses próximos dias serão mais para ouvir do que para anunciar.

Aposta I

Desde que Fernando Haddad foi escolhido para representar o presidente Lula no almoço da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os políticos têm certeza de que o ex-prefeito de São Paulo será o ministro da Fazenda. Só tem um probleminha: se a economia ficar “PT demais”, o governo terá problemas com o mercado e com os empresários. Haddad, porém, é um curinga e pode ir para qualquer pasta.

Aposta II

A visão dos petistas é de que Haddad pode terminar sendo bem recebido mais à frente, conforme ocorreu com Antônio Palocci, o ministro da Fazenda, em 2003. Vale lembrar que, naquele ano, Palocci foi um dos ministros que seguiu a receita da responsabilidade fiscal e de equilíbrio das contas. Agora, não dá é para terminar como Palocci — preso e delator na Lava-Jato.

Enquanto isso, na oposição…

A PEC da Transição não é um teste apenas para o futuro governo. Vale também para a futura oposição. Até aqui, Jair Bolsonaro (PL) não assumiu a liderança desse grupo e, se não o fizer, outro nome ocupará esse espaço.

… a hora é de definir o tamanho

Com Bolsonaro em silêncio e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) passeando no Catar, a avaliação de muitos é a de que o bolsonarismo tende a perder a força que obteve
nas urnas.

Valdemar na área…/ O PL de Valdemar Costa Neto tem um jantar marcado para hoje, a fim de avaliar o clima da bancada em relação à PEC da Transição ou Fura-Teto. Também vai aproveitar para explicar a um pedaço do partido que lutará até o fim na Justiça para anular a multa de R$ 22 milhões, imposta pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, por causa da ação do partido pedindo investigação das urnas.

Por que apoiar Lira já?/ O PT não quer ser o último a apoiar a reeleição do presidente da Câmara. Quer ser partícipe da vitória para não melindrar o alagoano. Arthur Lira é de cumprir todos os acordos que faz e tem uma outra característica: quando percebe que alguém lhe puxa o tapete, a vingança vem cedo ou tarde.

Detalhe/ Para retomar o nome Bolsa Família, o atual governo terá que aprovar no Plenário. E os apoiadores de Bolsonaro vão apresentar emendas para tentar manter o nome Auxílio Brasil.

Torcida/ O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin faz das meias sua marca registrada. Depois das bolinhas, foi a vez de um par todo listrado de verde, amarelo, azul e branco, para ver o Brasil vencer a Suíça. Ele postou a foto em seu Twitter (foto). Agora, que o Brasil ganhou, a meia listrada tende a virar uniforme para o jogo das oitavas.