Autor: Denise Rothenburg
Deputados só querem levar reforma administrativa para plenário no final de 2021
Coluna Brasília-DF
Ao acenar com o envio da reforma administrativa ao Congresso, amanhã, o presidente Jair Bolsonaro o fez apenas para dar uma satisfação ao mercado relacionada à responsabilidade de buscar um equilíbrio nas contas públicas, em meio às discussões do Renda Brasil.
Só tem um probleminha: os líderes que posaram para a foto do anúncio da redução do auxílio emergencial e anúncio da reforma ainda não consultaram as bancadas em relação a este tema. E, entre os parlamentares, há um consenso de que a aprovação não será tão rápida quanto prevê o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Como adiantou a coluna um dia desses, essa reforma tem um projeto básico, que pretende colocar três níveis de servidores: os das carreiras de estado, como as áreas da Receita Federal e segurança pública; aqueles com contratos por tempo indeterminado, em regime de CLT; e os contratados para serviços temporários, como por exemplo, censo e campanhas de vacinação.
Deputados resistem a discutir um tema desse porte em sessões virtuais. Por isso, a avaliação geral é a de que a proposta chegará ao plenário apenas no final de 2021 ou em 2022. E quanto mais perto da eleição, mais difícil.
Um “chapéu” em Aras
A decisão da subprocuradora Maria Caetano de prorrogar a Lava-Jato, sem combinar com o procurador-geral, Augusto Aras, vai provocar muito debate ainda no Conselho Superior do Ministério Público, mas não será desfeita. A avaliação geral é a de que a saída de Deltan Dallagnol ajudou a reduzir a tensão no ambiente.
Sem messianismos
Os aliados do procurador-geral comentam em conversas reservadas que, com Alessandro Oliveira, o novo coordenador, a força-tarefa trabalhará de forma menos midiática e longe do estilo messiânico que marcou o comando de Dallagnol.
Aproveitem antes que acabe
Alguns procuradores ligados a Aras dizem que é preciso que forças-tarefa tenham prazo determinado e não fiquem funcionando com prorrogações sucessivas, porque acabam concentrando funções. Curitiba, por exemplo, tem mais de dez funções comissionadas.
PIB & vacina
Embora o governo esteja otimista com a recuperação da economia, depois do tombo de quase 10% por causa do coronavírus, as apostas são as de que a retomada só será robusta depois que vier a vacina contra covid-19. Por isso, é melhor o governo mudar a campanha do “ninguém é obrigado a tomar vacina” por recomendações positivas a respeito da vacinação.
Curtidas
Nem calmante resolve/ Com a prorrogação da Lava-Jato, alguns dos neo-aliados de Bolsonaro voltam a dormir com um olho aberto.
Muita calma nessa hora/ Com a reabertura do Conselho de Ética para julgar o caso da deputada Flordelis Souza, crescerá o movimento no Congresso para a instalação geral das comissões.
Lula respira/ Com o trancamento da ação penal em que era acusado de usar sua influência para contratos entre a Odebrecht e o BNDES, e a rejeição de outras ações, o ex-presidente Lula (foto) vai, aos poucos, ganhando argumentos para tentar retomar a posição de líder na condução da esquerda no país, posto vago desde que ele foi preso.
Pense num absurdo… / No Rio de Janeiro tem. Essa de pagar comissionados com dinheiro público para ficar na portaria de hospitais, para cortar entrevistas e monitorar o movimento dos repórteres, realmente ninguém esperava.
Não há folga, alerta especialista sobre teto de gastos no Orçamento de 2021
Coluna Brasília-DF
O Orçamento de 2021 entregue ao Congresso não traz margem de manobra e ainda calcula uma despesa aquém daquela que o governo realmente terá. Primeiro, o Renda Brasil, discutido pelo presidente Jair Bolsonaro, ministros e líderes partidários, não foi previsto. Para completar, a despesa previdenciária, alerta o comandante da Instituição Fiscal Independente (Ifi), Felipe Salto, está inferior ao que foi projetado, por exemplo, na Ifi. Em relação ao teto de gastos, não há folga, “o que deixa o governo numa armadilha de ter de cortar despesa em caso de gasto adicional”, alerta Salto.
Diante da dificuldade, Salto não vê saída para o Poder Executivo que não seja resolver logo o impasse do teto de gastos. Pode ser, inclusive, algo semelhante ao que foi adotado em 2018 em relação à regra de ouro (não poder gerar dívida para pagamento de despesas correntes). Foi possível gerar dívida para as despesas correntes, desde que mediante aprovação do Congresso. O que não dá, diz o próprio Salto em artigo publicado em O Estado de S. Paulo, é discutir o Renda Brasil distante dos números. “Se prevalecer a tese de que não é preciso aumentar receita e/ou cortar despesa para custear o aumento de novas despesas, terá vencido o populismo fiscal. É preciso barrar essa ameaça”.
Escândalo da “rachadinha” na roda eleitoral
Candidata oficial do PSL à prefeitura de São Paulo, a deputada Joice Hasselmann estreou jogando aos sete ventos o escândalo das “rachadinhas” — desvio de recursos de funcionários de gabinetes da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A afirmação “não quero sentar ao lado de quem cometeu rachadinha”, numa referência ao senador Flávio Bolsonaro, foi vista por aliados do Planalto como um constrangimento desnecessário a Jair Bolsonaro.
Ou ela, ou ele
A avaliação geral é a de que com Joice Hasselmann, no papel de candidata no maior colégio eleitoral desta temporada — e falando do escândalo das “rachadinhas” —, não haverá clima para o presidente e seus filhos dentro do PSL.
Tudo cronometrado
Relator do pedido da defesa do governador Wilson Witzel para suspensão do afastamento, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, calculou tudo direitinho: ao dar 24 horas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) responder e, depois, consultar a Procuradoria Geral da República, o desfecho no Supremo tende a ficar para a mesma quarta-feira, em que a Corte Especial do STJ avaliará a decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves. Há quem diga que, logo ali na frente, o recurso ao STF estará prejudicado.
A oposição vai deitar e rolar
O presidente Jair Bolsonaro que se prepare: o Orçamento de 2021 será um prato cheio para os oposicionistas. Tem salário mínimo de 2021 em R$ 1.067, sem aumento real, recursos de investimento concentrados na área de Defesa, e redução orçamentária em áreas importantes, como a Educação. O fato de o governo recuar e aumentar os recursos da Educação para o mesmo nível da Defesa aliviou, mas não resolveu.
Curtas
Ganha-ganha/ Governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (foto), encontrou lastro político para a renovação do regime de recuperação fiscal do estado na pessoa do senador Flávio Bolsonaro. Resta saber se pagará com a escolha de um procurador-geral de Justiça camarada, em dezembro.
Premissa/ Antes de prometer qualquer alento ao senador enroscado no escândalo das rachadinhas do tempo em que era deputado estadual, o governador Cláudio Castro terá que cuidar da própria defesa, uma vez que também foi alvo da operação que afastou Witzel do cargo. Até aqui, a torcida para que Castro consiga sobreviver está grande dentro do governo federal.
Mudança de hábito/ Com 120 mil mortos por covid-19 no Brasil, convidados e autoridades presentes na solenidade do Dia Nacional do Voluntariado no Palácio do Planalto usavam máscaras. Muito diferente da posse de Fábio Faria como ministro das Comunicações, onde havia pessoas sem o acessório, inclusive o advogado Frederick Wassef. Naquele 17 de junho, o Brasil estava com 45.241 mil mortos pela covid.
Bolsonaro terá que escolher: ou governa o Brasil ou intervém no Rio
Coluna Brasília-DF
As notícias de que o governo poderia partir para uma intervenção no Rio de Janeiro, por causa das suspeitas que pesam sobre a linha de sucessão do governador afastado, Wilson Witzel, alarmaram a equipe econômica e congressistas.
Afinal, em caso de intervenção, todas as emendas constitucionais que tramitam no Congresso ficariam paralisadas — como, por exemplo, o pacote enviado no ano passado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com a PEC emergencial e a que extingue alguns fundos. Para completar, um novo imposto estaria fora de cogitação.
Por essas e outras, intervenção seria o mesmo que falar em abandono das reformas, o que compromete ainda mais a posição do governo, tanto no mercado interno quanto externo. O presidente Michel Temer só optou pela intervenção no Rio depois que a perspectiva de aprovar emendas constitucionais, leia-se a reforma da Previdência, tinha ido por água abaixo.
O decreto saiu em fevereiro de 2018, mesmo mês em que criou o Ministério da Segurança Pública. Se Bolsonaro decidir pelo mesmo caminho, será um sinal de que vai centrar no Rio, deixando de lado a recuperação do Brasil. Ou seja, prato cheio para o discurso da oposição.
Plano dos sonhos bolsonaristas
Sem condições de realizar a intervenção no Rio, alguns aliados começam a aconselhar o presidente no sentido de partir para uma cassação de Witzel e do vice-governador Cláudio Castro. Assim, como ambos não têm dois anos no cargo, haveria nova eleição, embalada na popularidade presidencial.
Acorda, Flávio!
O problema é que uma campanha, agora, colocaria o presidente e seus filhos na linha de tiro da oposição e foco total sobre a rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em especial, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Quem tem juízo considera que é melhor esquecer isso e fechar um acordo com Cláudio Castro, que acaba de assumir o mandato.
Caminho e incerteza
Um acordo com o vice-governador é tido como uma saída mais viável para a família influir na escolha do procurador-geral de Justiça, em dezembro. O procurador é o chefe do Ministério Público. Porém, é preciso ter certeza de que o vice, alvo de busca e apreensão, tem condições de permanecer no cargo. Há quem diga que foi exatamente isso que Castro tratou em Brasília, na quinta-feira.
E o orçamento, hein?
O fim de semana é movimentado em Brasília, em especial, no Ministério da Economia. Toda a Esplanada está mobilizada na busca de fechar as contas para o Orçamento de 2021, a ser entregue na segunda-feira. Alguns já desistiram e vão tentar incrementar seus orçamentos no Congresso. Em especial, aqueles que têm grandes bancadas temáticas.
O homem dos dados/ Quando o general Walter Braga Netto foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil, esta coluna publicou que Bolsonaro teria o mapeamento das milícias do Rio e estava no coração do Planalto. Agora, com o afastamento de Witzel, há quem diga que essa memória do antigo interventor na área de segurança pública no estado terá peso dois nas decisões do governo federal relacionadas ao estado.
Depois do caso da menina de 10 anos…/ A nova portaria do Ministério da Saúde sobre aborto com autorização judicial será objeto de debate no Congresso. Alguns parlamentares estudam formas de tentar reverter a obrigatoriedade de submeter uma mulher ou uma criança grávida, vítima de estupro, a um interrogatório e, de quebra, a uma ecografia e a comunicação à polícia. A ideia é proteger a criança nessa situação e não tornar tal condição ainda mais dolorosa para a vítima.
… procure outro sinal/ A impressão de muitos é que o governo quer usar essa portaria para fazer um aceno aos apoiadores do presidente da República da ala radical, que chegou, inclusive, a tentar invadir o hospital onde a menina estava internada para impedir o procedimento cirúrgico.
Guedes, o bem-humorado/ A forma como o ministro Paulo Guedes falou da bronca que levou de Bolsonaro, ao se referir à proposta de fim do abono salarial –– “levei um ‘carrinho’ e ainda bem que foi fora da área” ––, foi vista como um sinal de que o Posto Ipiranga está se acostumando com o fato de ter um chefe, leia-se o presidente. Só não se sabe até quando.
Witzel apela à OAB e ataca Bolsonaro: “Querem criminalizar a advocacia”
Alguns pontos do pronunciamento de Wilson Witzel, o governador afastado do Rio de Janeiro, indicam que vem por aí uma longa guerra entre ele e o presidente Jair Bolsonaro e movimentos para tentar puxar para a sua defesa a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a classe jurídica e parte da política.
A acusação ao governador alega que a suspeita de pagamento de propina se dá por causa de pagamentos ao escritório da primeira-dama, Helena Witzel. O governador disse que todos os contratos de advocacia da sua mulher foram por serviços prestados e estão todos registrados no imposto de renda, algo que não aconteceu no caso da mulher de Sergio Cabral.
Witzel pediu ainda que a OAB se pronuncie a respeito. “Quer dizer que filho de ministro, esposa de ministro, se advogar, está cometendo um crime? (…) A OAB precisa se pronunciar. Querem criminalizar a advocacia. O processo legal brasileiro está se transformando num circo”, comentou o governador, indignado, tentando colocar os mastros de tribunais superiores que têm filhos e esposas advogando no mesmo caso em que ele se encontra agora.
Paralelamente a essa busca de apoio da classe jurídica, Witzel rebateu as acusações, se disse inocente e afirmou que há muitos interesses que desejam afastá-lo do cargo e culpou o presidente Jair Bolsonaro: “Ele já me acusou de perseguir a família dele. Mas a Polícia Civil e o Ministério Público são independentes. Por que 180 dias ( de afastamento), se em dezembro tenho que escolher o novo procurador de Justiça?”, diz, ele, numa clara insinuação de que tudo está sendo feito para evitar que ele escolha o futuro chefe do Ministério Publico no Rio de Janeiro, a instância que investiga o caso das rachadinhas no gabinete de vários deputados estaduais do Rio, inclusive o do atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). “Bolsonaro sempre disse que queria o Rio de Janeiro”, diz Witzel num determinado momento da sua fala.
Witzel, que já foi juiz e chegou ao governo do Rio com uma campanha contra a politica tradicional, tenta agora se cercar de apoios e se dizendo vítima de perseguição. Citou inclusive os casos do ex-governador Fernando Pimentel (PT) e do ex-presidente Michel Temer (MDB) como atores que foram perseguidos.
O governador afastado agora passará a se dedicar integralmente à própria defesa. Resta saber, na política, quem lhe estenderá a mão. Afinal, até aqui, Witzel não se mostrava moto disposto a confraternizar com os poéticos tradicionais, caso de Temer. Agora, nessa situação em que se encontra. Estende a mão aos políticos. Essa novela está apenas começando.
Witzel, o breve, tem um esquema a la Cabral, segundo investigadores
O afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, depois de uma leva de governadores presos, deixa perplexo o carioca que esperava ter encontrado nesse advogado uma esperança de dias melhores na área de segurança e o controle maior da corrupção. O que se viu, porém, de acordo com a decisão de hoje do Superior Tribunal de Justiça, foi um esquema parecido com aquele que levou o ex-governador Sérgio Cabral para a cadeia.
Há alguns anos, o escritório de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, foi acusada de simular a prestação de serviços de advocacia para recebimento de propina. Agora, o escritório de Helena Witzel, a atual primeira-dama do Rio de Janeiro, é acusado de receber dinheiro de empresas ligadas ao empresário Mário Peixoto, que está preso, acusado de desvios na saúde. A primeira-dama e o governador foram alvos de busca e apreensão hoje.
Diante de 17 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão de hoje, a aposta dos políticos mais experientes é a de que Witzel não volta mais ao poder, embora o afastamento seja por 180 dias.
Pastor Everaldo
Nessa operação, vários operadores e aliados do governador também foram presos, inclusive um dos seus coordenadores políticos, o presidente do PSC, Pastor Everaldo.
O pastor já foi deputado, candidato a presidente da República e foi próximo a todos os políticos mais conservadores do Rio, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, a quem abriu as portas do voto evangélico. Bolsonaro, porém, se afastou dele e de Witzel no ano passado, ao ponto de se recusar a receber o governador.
O governo do Rio de Janeiro será a partir de hoje comandado pelo vice-governador Cláudio Castro, que tem como primeira missão assegurar aos cariocas que está fora de todo esse emaranhado que transformou Witzel em “o breve”.
Bolsonaro indica que não há mais superministros dentro do governo
Coluna Brasília-DF
A suspensão temporária do novo programa Renda Brasil, dentro dos moldes apresentados pela equipe econômica, representa, na avaliação dos aliados do presidente, um recado claro ao país, ao mercado e até aos políticos: não há mais superminsitros no governo de Jair Bolsonaro, nem equipe blindada em qualquer assunto.
O da Justiça, Sergio Moro, é página virada. O da Economia, Paulo Guedes, chegou a ter a posição reforçada pelo presidente há alguns dias, mas se não entregar a conta redondinha para um Renda Brasil no valor de R$ 300, vai ficar difícil se segurar no cargo. Se ficar, terá que se sujeitar ao que deseja o presidente.
O mercado está de olho em cada movimento de Bolsonaro e do ministro. E até onde a vista dos especialistas deste setor alcança, não tem saída: ou o presidente cortará benefícios, ou terá que se conformar com um valor menor do Renda Brasil, próximo dos atuais R$ 190 do Bolsa Família, estourando R$ 250.
Sucessão de Ibaneis na roda
O périplo de deputados federais e senadores do DF para reforçar o pedido de abertura da CPI da Saúde na Câmara Legislativa do Distrito Federal foi visto no Congresso Nacional como o primeiro gesto dos adversários do governador Ibaneis Rocha (MDB) em busca de espaço. Quem conseguir se destacar e liderar esse processo terá condições de sair.
Praga interminável
Este ano, 296 servidores já foram afastados por corrupção, segundo levantamento da Controladoria-Geral da
União (CGU). E ainda estamos em agosto.
A troca não vai colar
As conversas com Bolsonaro têm revelado menos preocupação com a reforma tributária e mais com a prorrogação do auxílio emergencial em valores que mantenham sua popularidade em alta.
Prioridades
A contar pelas reclamações dos técnicos da área de fiscalização, o governo está baixando o orçamento deste setor para 2021 –– de barragens a agrotóxicos. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), por exemplo, que fez a CPI das Barragens no Parlamento, lembra que não é possível deixar esse tema de lado e correr o risco de repetir o desastre de Brumadinho, que matou 300 pessoas.
Água e óleo/ Pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSB, o ex-governador Márcio França vai reunir em seu palanque Ciro Gomes e… Bolsonaro! Pois é. Há quem diga que o presidente é até capaz de se aliar a um candidato de centro-esquerda para derrotar Bruno Covas (do PSDB, partido de João Doria), Joice Hasselmann, a ex-aliada, e, de quebra, o PT.
Por falar em PT…/ A ideia de punir petistas que decidirem apoiar Guilherme Boulos (PSol) está a cada dia mais consolidada.
Muita calma nessa hora/ Líderes governistas se apressaram ontem em dizer que Paulo Guedes está firme no cargo e que rusgas são normais. Ocorre que deputados experientes respondiam com um lacônico “sei”.
O que vem por aí/ Depois da notícia de que Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) estava num voo, semana passada, com a máscara no queixo, já tem deputado interessado em uma legislação para que as companhias aéreas estabeleçam uma multa para aqueles que insistirem em não usar o acessório de forma adequada.
Coluna Brasília-DF
Se saúde e economia andam juntas, como o presidente Jair Bolsonaro costuma repetir — e justiça seja feita, até a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu recentemente —, o mesmo não está acontecendo com a política e a economia dentro do governo.
Até aqui, as sugestões apresentadas pela equipe do ministro Paulo Guedes esbarram nas críticas que o presidente receberá — seja o fim do programa Farmácia Popular, das deduções do Imposto de Renda de Pessoa Física, que aliviam a classe média na hora de acertar as contas com a Receita Federal.
Os congressistas já fizeram chegar ao Planalto que é preciso buscar outras saídas. Essas aí, ainda mais em ano eleitoral, não passam. Quanto às deduções de gastos com saúde, conforme já avisou à coluna recentemente o ex-secretário da Receita, Everardo Maciel, será uma festa para aos advogados tributaristas.
No início do mês, ele alertou que isso é não é renda. “Saúde é um direito social, previsto na Constituição. Se o governo mexer aí, trocará um problema por dez”. Para alívio do contribuinte, Bolsonaro tem dito a alguns interlocutores que pensa da mesma forma. Ou seja: aí não dá para mexer.
O foco de Bolsonaro
Embalado pelo auxílio emergencial de R$ 600, o presidente avisou aos técnicos que não dá para perder para a oposição essas pessoas que agora foram atendidas. O governo, aliás, comemora o estudo da Fundação Getulio Vargas a respeito da redução da pobreza no Norte e Nordeste.
Seguuura, peão
Todo o esforço do governo é no sentido de evitar que a redução do auxílio leve junto a popularidade do presidente.
Banho de loja e de esperança
Com o Casa Verde e Amarela, que modifica o Minha Casa Minha Vida lançado por Lula, o governo Bolsonaro espera conseguir alavancar a indústria da construção civil, que ajuda na geração de empregos. Há um consenso de que, sem reabrir vagas de trabalho, o motor da reeleição pode engasgar ali na frente.
Dallagnol respira, mas…
Ao ter o processo sobre o Power Point com o nome de Lula no centro arquivado no Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador Deltan Dallagnol ganhou uma batalha antes de o procurador-geral, Augusto Aras, decidir se vai mantê-lo no comando da força-tarefa em Curitiba. Porém, quem conhece Aras garante que essa decisão não afeta a sua convicção de que algo precisa mudar em Curitiba.
Bolsonaro é o Trump de amanhã
O discurso de Donald Trump, de culpar os governadores e adversários pelas adversidades e a gravidade da pandemia nos Estados Unidos, é um ensaio do que o Brasil viverá em 2022, apostam brasileiros da oposição e até da situação. Ambos negaram a pandemia no início e disseram que o vírus ia passar logo.
A diferença é que Bolsonaro ainda tem tempo para se refazer e aposta nos programas sociais e na recuperação econômica para alavancar sua campanha lá na frente. Trump não tem esse tempo para buscar musculatura político-eleitoral.
Nas mãos do STF/ O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tem dito em conversas reservadas que sua reeleição está, hoje, nas mãos do Supremo Tribunal Federal. Se puder ser candidato, disputará e, avaliam seus aliados, ganhará fácil.
Muitos líderes para uma vaga/ Caso a tese da reeleição seja derrotada, o problema será encontrar um nome de consenso. Só no MDB há três: o líder da bancada, Eduardo Braga (AM, foto), e os dois líderes do governo, Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE).
Enquanto isso, na Câmara… / A falta de sessões presenciais na Casa tem tirado o termômetro da preferência dos deputados para a eleição do ano que vem. Nesse tipo de pleito, as conversas no plenário, as rodinhas na sala de café sempre davam alguma pista aos pré-candidatos. Agora, por telefone, é aquela história do “conte comigo, viu?”
Marimex responde/ A propósito da nota publicada ontem sobre a autuação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), “a Marimex esclarece que a infração sobre a movimentação de cargas inflamáveis foi descartada, posteriormente, pela própria Agência. A empresa foi advertida pela Codesp, apenas, para que providenciasse melhor nitidez nas demarcações no pátio de descarga. É preciso ressaltar ainda que a Marimex, por ser um Terminal Retroalfandegado, atua no desembaraço de cargas conteinerizadas até a conclusão do despacho aduaneiro. Portanto, não é comparável a situação transitória de dois contêineres aos riscos da circulação e armazenamento de produtos perigosos de forma permanente em zona portuária”.
Até aliados esperam que Bolsonaro explique os R$ 89 mil de Queiroz para Michelle
Coluna Brasília-DF
A agressão de Jair Bolsonaro ao jornalista que lhe perguntou a respeito dos R$ 89 mil, depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, provocou uma avalanche que o governo vinha a muito custo tentando contornar: a inclusão do primeiro-casal nas suspeitas de ter-se beneficiado com o dinheiro que transitou pelas contas do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Esses depósitos vieram à tona em 7 de agosto e, até então, não houve qualquer pronunciamento oficial a respeito, a não ser a vontade do presidente de “encher a boca de porrada” do repórter que fez a pergunta.
Até para aliados de Bolsonaro a repercussão que a pergunta teve nas redes sociais indica que chegou hora de apresentar uma explicação plausível para o dinheiro na conta da primeira-dama. É explicar ou explicar.
Afinal, a falta de uma justificativa desgasta o discurso anticorrupção de Bolsonaro. E embora o presidente esteja numa boa fase perante a população, a avaliação geral é a de que não dá para ficar acomodado e achar que tudo está resolvido.
O remédio é mudar o plano
A julgar pela conversa de deputados e senadores, é bom o governo começar a refazer as contas. A perspectiva de acabar com a Farmácia Popular está fora de cogitação entre os congressistas.
“O que o PT fez com o Bolsa Escola para tirar votos do PSDB, Bolsonaro fará com o PT: trocar o nome, aumentar a abrangência e radicalizar nos aspectos assistencialistas”
Do ex-senador, ex-governador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque
Faça o que eu digo…
A guerra pelos terminais do Porto de Santos a cada dia ganha novos lances. Em um dos mandados de segurança que a Marimex impetrou para tentar manter a área que ocupa, há um extenso artigo de especialistas que criticam a decisão do governo de destinar o espaço para fertilizantes. O texto destaca o temor em relação ao nitrato de amônio, “usado como matéria-prima para fabricação de explosivos e sob controle do Exército”. A operação sem o devido controle realmente preocupa, em especial depois da explosão em Beirute.
… Mas não faça o que eu faço
A empresa só não contou que foi multada duas vezes pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em 2017 e 2019, por “negligenciar a segurança portuária” no armazenamento de cargas perigosas. No primeiro processo, a Marimex recorreu, alegando que seguia as recomendações da Codesp, que não eram compulsórias, e a sanção virou advertência; no segundo, a Antaq manteve a multa.
CURTIDAS
Para bons entendedores…/ A contar pelas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não tem essa de ficar no governo, no papel de ministro da Economia, caso Paulo Guedes deixe o cargo. Ontem, na CNN, ele foi direto, ao dizer que tem “alinhamento” com o ministro e é preciso focar nas entregas.
Flordelis livre…/ Suspeita de mandar matar o próprio marido, a deputada Flordelis (PSD-RJ) pode ficar tranquila em relação a seu mandato. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem resistido a todas as pressões para fazer funcionar o Conselho de Ética em sessões virtuais.
…e os outros também/ Assim, todos os processos ou pedidos de investigação continuam represados.
José Múcio no CB.Poder/ O presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, é o entrevistado de hoje do CB.Poder, na TV Brasília e redes sociais do Correio Braziliense.
Embalado em Bolsonaro, sonho do PP é eleger prefeitos e ocupar o lugar do MDB
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), tem planos de aproveitar esta eleição municipal para alavancar o seu partido bem acima dos demais em número de prefeituras, de forma a compor uma base sólida para 2022. Para isso conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Hoje, por exemplo, em Mossoró, Ciro fez questão comparecer à entrega dos 300 apartamentos do residencial Mossoró I, para famílias de baixa renda, dentro do Minha Casa/Minha Vida. Lá, estava também a prefeita da cidade, Rosalba Ciarlini, que já foi senadora e governadora do Rio Grande do Norte pelo DEM e hoje integra a bancada do PP.
A atual prefeita que esteve hoje com Bolsonaro passou por maus bocados à frente do governo estadual, chegou a ser cassada pelo TRE, mas o TSE manteve a governadora no cargo e, assim, ela conseguiu terminar o mandato em 2014. Porém, não obteve a vaga para ser candidata à reeleição pelo DEM, por causa do desgaste político. Chegou a ter uma das piores avaliações no ranking dos governadores estaduais feito por um pesquisa do Ibope no início daquele ano. Seu vice, Robinson Faria, eleito naquele ano governador, também não obteve sucesso na campanha pela reeleição, em 2018, e hoje o estado é administrado por Fátima Bezerra (PT).
Rosalba Deixou o partido em janeiro de 2015 e foi para o PP. Conseguiu se eleger prefeita de Mossoró no ano seguinte e, agora, será candidata à reeleição. Cenas para a campanha, ao lado do presidente Jair Bolsonaro na inauguração de hoje, não faltaram. E ela não deixa de pensar nas voltas que o mundo dá. Em 2014, o PP estava com o PT, e o DEM (partido de Rosalba à época) era adversário do governo federal. Hoje, o mesmo PP está aliado ao governo de Bolsonaro. Como dizia o ex-líder de vários governos, o senador Romero Jucá (MDB-RR), “eu sou sempre governo, eles é que mudam”. Agora, o PP quer esse lugar do MDB.
BNDES vai ter que explicar à Justiça plano de privatização da Eletrobras
Coluna Brasília-DF
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, tem 20 dias para se explicar à juíza da 23ª Vara Cível Federal do Rio de Janeiro sobre declarações recentes à CNN Brasil de que o banco já estaria bem adiantado na modelagem da privatização da Eletrobras.
O problema é que decisão judicial de 2018 proibiu o BNDES de fazer esses estudos sobre a privatização da companhia, porque a medida provisória que os autorizava caducou. Descumprimento ou ausência dos esclarecimentos solicitados resultarão em multa diária de R$ 20 mil. Para um país que anda contando os centavos para pagar as contas, melhor evitar essa despesa.
Uma ação judicial dos funcionários da Eletrobras contrários à privatização questiona a legalidade desses estudos e requer que o banco apresente todos os trabalhos internos e independentes realizados para estruturação e definição da modelagem de desestatização da Eletrobras. Pede, também, explicações sobre a quantidade de funcionários destacados para essas tarefas e os recursos gastos em contratações externas.
O recado dos senadores
A derrota do governo no Senado em relação ao reajuste dos servidores foi resultado da junção da oposição com aqueles enciumados da relação do presidente com a Câmara. Alguns senadores veem o deputado Fábio Faria, ministro de Comunicações, como um representante da câmara baixa. Agora, querem chamar a atenção e ver se conseguem equilibrar esse jogo. A manobra, porém, reforçou ainda mais a posição da Câmara, que salvou o veto do reajuste aos servidores.
Detalhes
No dia em que Steve Bannon foi preso, acusado de desviar dinheiro da construção do muro entre Estados Unidos e México, o presidente Jair Bolsonaro levou o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, para a sua live, a fim de mostrar as ações do governo no combate e prevenção à corrupção. Nem uma palavra, porém, sobre os R$ 89 mil em depósitos de Fabrício Queiroz e esposa, Márcia, na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Por falar em live…
No Facebook presidencial, muitos comentários sobre a manutenção do auxílio emergencial em R$ 600. E muitos parabéns ao governo sobre o programa de integridade da CGU para todo o serviço público, como forma de prevenir desvios de recursos. Segundo o ministro, o programa já está em 98% das repartições públicas.
Conta outra
A declaração do ex-presidente Lula à TV Democracia sobre ser possível o PT não ter candidato a presidente da República em 2022 foi vista com total desconfiança pelas outras agremiações de esquerda. Tem muita gente crente que Lula diz isso apenas para atrair apoios a candidatos petistas nas eleições municipais.
Por falar em Lula…
A contar pela fala de Marina Silva (Rede) na live Janelas temáticas sobre fake news, não tem acordo com os petistas para 2022. Ela definiu o ex-marqueteiro do PT João Santana como um dos precursores das fake news, “uma mistura notícias falsas de artesanais, no presencial, com a internet. (…) Trago isso para que a gente não ache que é só um lado que faz. Esses, dos fins justificando os meios, usam dessas ferramentas”.
Bolsonaro no cinema/ Estreou nas plataformas digitais o filme O fórum, do alemão Marcus Vetter, sobre o fórum de Davos. Coprodução da alemã Gebrueder Beetz Filmproduktion com a suíça Dschoint Ventschr e distribuição digital no Brasil da O2 Play, a obra traz cenas do tipo: o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore tentando uma conversa com Jair Bolsonaro, sem sucesso.
Suspense no PSB/ “Vou disputar a eleição de 2022. Para que, só vou definir no ano que vem”, diz o ex-governador Rodrigo Rollemberg, de quarentena há cinco meses na fazenda da família.
Fernando Jorge, um brasileiro/ A coluna se solidariza com a família do sociólogo Fernando Jorge Caldas Pereira, mais um que não resistiu às complicações da covid-19. Se puder, #fiqueemcasa.