Autor: Denise Rothenburg
Relatório de Alessandro Vieira sobre apuração da CPI da Covid desagrada Renan
Experiente na elaboração de relatórios a respeito de investigações policiais, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) vai preparar um sobre as apurações da CPI da Pandemia e, embora a ideia seja não se contrapor ao trabalho do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), a confusão está armada. Renan não gostou da ideia de Alessandro Vieira apresentar como um adendo ao relatório do senador alagoano. Até aqui, o relatório de Renan já tem mais de seis mil páginas e a ideia de Alessandro é apresentar algo mais sucinto e sem juízo político, apenas técnico.
Alessandro Vieira considera, por exemplo, que o presidente Jair Bolsonaro não pode ser acusado de genocídio, extermínio proposital de uma comunidade. E sim de crime contra humanidade, que inclui “atos desumanos contra a população civil” e política de governo.
Pelo visto, até a votação do relatório, a CPI ainda terá muito debate. Afinal, quem conhece Renan acredita que a contribuição de Alessandro pode terminar provocando um curto-circuito no G-7. Não é por acaso que o presidente da CPI, Omar Aziz, e o vice, Randolfe Rodrigues, trabalham dia e noite para tentar manter a paz e o bom clima no grupo.
Em conversas reservadas, aliados do presidente Jair Bolsonaro revelam que a maior preocupação dele, hoje, é o preço dos combustíveis, que acaba afetando toda a cadeia econômica. Embora o governo mantenha a versão de que tudo é culpa dos governadores que não baixam o ICMS desses produtos, a área política que percorre os estados percebe que a população de um modo geral atribui parte dessa responsabilidade ao Poder Executivo. O presidente, inclusive, tem feito reuniões em busca de saídas para baixar o preço dos combustíveis. Porém, qualquer perda de arrecadação nesse momento, teria que ser compensada em outros impostos.
A percepção de Bolsonaro é a de que, se os preços não derem uma aliviada e não houver um atendimento àqueles que o elegeram e agora têm dificuldades econômicas, a difícil reeleição ficará quase impossível. Esse é, aliás, um dos pontos que leva o governo a pensar em prorrogar o auxílio emergencial. É que, enquanto não tiver um financiamento efetivo para o novo Auxílio Brasil, ficará difícil tirar o emergencial.
A fonte vai secar…
Bolsonaro vai mandar demitir toda a diretoria do Banco do Nordeste, depois de ser informado que o banco mantém um contrato, sem licitação, com uma ONG ligada ao PT, no valor de R$ 583 milhões. O acordo, para captação de microcrédito, foi divulgado pelo blog CN7, do Ceará. Bolsonaro imediatamente cobrou do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, padrinho do comandante do BNB, Romildo Rolim.
… e Valdemar vai indicar
O presidente do PL chegou a gravar um vídeo, ontem, para dizer que não tem nada a ver com esse contrato e já enviou ofício a Bolsonaro dizendo que demita a diretoria. Em conversas reservadas, Valdemar comentou com alguns colegas de partido que esse contrato era do tempo em que o PT comandava o BNB, em parceria com o MDB de Eunício Oliveira. Agora, o PL vai começar a selecionar os nomes para indicar uma nova diretoria para o Banco do Nordeste.
Bolsonaristas liberados…
Para conter a ansiedade de alguns aliados, Bolsonaro liberou seus apoiadores para escolherem os respectivos partidos. Afinal, se vier logo a janela que lhes permitirá sair do PSL, o grupo não pretende ficar esperando o presidente se resolver.
…e em busca de pouso
Em entrevista, ontem, ao programa Direto ao Ponto, comandando por Augusto Nunes, na Jovem Pan, Bolsonaro disse não considerar o horário eleitoral na tevê aberta essencial para lhe garantir a reeleição. Afinal, como se sabe, o presidente construiu sua campanha via redes sociais. E pretende repetir essa dose em 2022.
Nem tanto
Em 2018, porém, Bolsonaro obteve um tempo de noticiário superior aos demais candidatos, por causa do atentado que sofreu em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG), em plena campanha eleitoral.
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O objetivo de Ciro Nogueira/ A perspectiva de o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, eleger a ex-mulher, Iracema Portella, candidata a governadora, abre uma vaga na Câmara dos Deputados para Júlio Arcoverde, braço direito do ministro e deputado estadual.
Por conta e risco/ Até aqui, o único no PL a mencionar abertamente o convite para que Bolsonaro se filie ao partido é o senador Jorginho Melo (PL-SC), pré-candidato a governador num estado em que o bolsonarismo é fortíssimo.
Cada um no seu quadrado/ Valdemar Costa Neto tem feito “cara de paisagem” quando alguém pergunta sobre uma possível filiação de Bolsonaro. E já avisou ao pessoal do PL que ali não tem essa de fusão com outro partido.
O que interessa/ Deputados e senadores farão, esta semana, mais um esforço para tentar uma fórmula que resolva a questão dos precatórios. Será um malabarismo para não passar ao mercado a ideia de calote ou o velho “devo, não nego; pago quando puder”.
A conta para aprovar a reforma administrativa começa a ser paga antecipadamente, amanhã (27/9), quando haverá sessão do Congresso para analisar vetos e aprovar os projetos de suplementação orçamentária a fim de permitir o pagamento das emendas de relator. Essas emendas, conforme o leitor da coluna já sabe há dias, foram cobradas pelos parlamentares antes mesmo de o texto ser aprovado na comissão especial. E a contar pelas dificuldades na Comissão Especial, semana passada, ainda que se libere os recursos, não será fácil fechar os 308 votos favoráveis à reforma.
Na Comissão Especial, vale lembrar, chegou ao ponto de os governistas terem que ser socorridos por deputados do partido Novo, porque, nas bancadas dos aliados ao Planalto, simplesmente não havia quem quisesse votar a favor do texto. Assim, o Novo teve quatro deputados votando pela proposta e outros três de suplentes, caso algum parlamentar não conseguisse votar. Essa ginástica da troca não é possível no plenário. E a contar pelo ânimo das excelências, vai ficar difícil.
Operação segura Pacheco…
A fusão entre DEM e PSL deflagrou um movimento em paralelo para tentar acabar com os planos do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de transformar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em seu pré-candidato ao Planalto. Tem gente prometendo mundos e fundos a Pacheco para que ele não saia do Democratas. O senador, porém, prefere hoje o PSD, onde o jogo, até onde a vista alcança, parece mais arrumado.
… atrai Geraldo e atrapalha Kassab
Os estrategistas da fusão acreditam que, ao criar o novo partido, ganham poder de fogo para atrair Geraldo Alckmin para uma chapa ao governo de São Paulo — e serão ainda consultados na construção de uma via alternativa a Jair Bolsonaro e a Lula. Hoje, quem navega solto nessa seara é o presidente do PSD, Gilberto Kassab.
A força evangélica
Senadores aliados ao governo começam a ter esperança em aprovar a indicação de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). E quem pode ajudar, por incrível que pareça, é a bancada evangélica, que, se não atrapalhar uma eleição, está ótimo.
A energia de FHC e Bolsonaro
Especialista em energia, o ex-deputado José Carlos Aleluia acompanhou de perto a crise energética de 2001. “O governo FHC escondeu a crise até depois do período chuvoso daquele período. Esse governo não está repetindo a mesma história. Ao contrário: se mostra transparente e com coragem de reconhecer e enfrentar o problema”, diz, apostando que não será necessário racionamento.
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Distanciamento social/ Se tem um ministro do governo praticamente sem clima na Câmara dos Deputados é o da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos. E, no Planalto, os ministros Ciro Nogueira e Flávia Arruda não confiam.
Em meio ao isolamento…/ De quarentena por causa do teste positivo para a covid-19, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) aproveita esse período para, em suas redes sociais, responder à tentativa de envolvê-lo na CPI da Covid, em especial às trocas de mensagens com o blogueiro Allan dos Santos — que, em busca de patrocínio para seu programa na internet, pediu para ser apresentado a Luciano Hang. “Não há nada de ilegal na conversa. Criam uma narrativa como se fosse um crime apresentar duas pessoas. Não é”, diz o deputado, que intercala trechos de reportagens com seus comentários a respeito.
Apostas tucanas/ A consultoria Eurasia Group enviou a seus clientes uma análise em que apresenta o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como favorito para vencer as prévias do PSDB.
Reza a tradição/ Numa roda de conversa, na semana passada, em que alguns políticos contavam o empresariado como “completamente fechado” com a terceira via na sucessão presidencial, um empresário reagiu assim: “Anote: lágrima de empresário por um político vai até o meio da face”. Queria dizer que o segmento é pragmático e é fiel apenas a si próprio.
Os deputados bolsonaristas que se elegeram graças à ligação com o presidente da República começaram a estudar o quadro partidário em cada estado a fim de buscar um novo pouso. É que eles já ouviram dos comandantes da fusão entre PSL e DEM que a chance de a nova legenda apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro é zero. Por isso, os parlamentares vão seguir Bolsonaro assim que ele definir um partido como seu, e o Tribunal Superior Eleitoral abrir a janela para a mudança de legenda, sem qualquer punição.
Em tempo: A única que deve esperar um pouco mais para deixar a legenda é a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputada Bia Kicis. Ela só sai quando terminar o mandato no comando da CCJ.
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Quem já fez as contas aposta na saída de um grupo de quase 30 deputados. Porém, espera compensar atraindo insatisfeitos de outros partidos. Esse último trimestre, aliás, será rico nesses movimentos partidários, com a fusão e a prévia do PSDB. Todos com um só objetivo: derrotar Bolsonaro e Lula no ano que vem.
Bolsonaro tenta reconquistar votos
As declarações do presidente Jair Bolsonaro de que não dará golpe e que respeitará eleições, em entrevista à Veja, seguem o roteiro que ele traçou a partir da carta escrita a quatro mãos com Michel Temer. A ordem é retomar a posição de favorito para derrotar Lula em 2022. Bolsonaro perdeu o posto, mas ninguém ocupou.
PP pressiona PSL
O PP é o partido mais incomodado hoje com a fusão entre PSL e DEM. A ponto de o presidente da Câmara, Arthur Lira, ter uma dura conversa com o vice-presidente do PSL, Antônio de Rueda, essa semana. Lira cobrou fidelidade aos projetos de fusão com o PP desenhados no início de julho.
Onde mora o perigo
O maior receio dos progressistas é de que a nova legenda adquira tamanho e musculatura eleitoral capazes de comprometer os planos de Ciro Nogueira, de construir o maior partido rumo a 2023, a fim de manter estruturas de poder, em especial, a Presidência da Câmara.
Fôlego para muito mais
O escândalo da Prevent Senior e as pontas que ainda estão soltas das negociações da Covaxin são suficientes para a CPI ir até o prazo final, em 5 de novembro.
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As peças que a vida prega/ O primeiro a tratar da fusão do DEM com o PSL, depois que Jair Bolsonaro saiu do partido, foi Rodrigo Maia, atual secretário de projetos do governo João Doria. Pensava em fazer um grande partido unindo as estruturas. Agora, quem realiza o projeto é ACM Neto.
Deu ruim/ A nota da Secretaria de Comunicação da Presidência da República sobre a vacinação da primeira-dama Michelle Bolsonaro nos Estados Unidos, reiterando a confiança dela no SUS e no sistema de saúde brasileiro, vem sob encomenda para tentar conter o estrago nas redes sociais. Houve críticas ao fato de Michelle ter tomado a vacina contra a covid fora do país, quando já poderia ter se imunizado por aqui há tempos.
“Covidário”/ Assim, os assessores do Palácio do Planalto estão se referindo aos novos casos de covid. Lá, quem usa máscara é olhado meio de lado. À exceção do pessoal da Secretaria de Governo, onde a ministra Flávia Arruda costuma atender seus convidados de máscara, quase ninguém usa o acessório.
Por falar em Flávia Arruda…/ Ela, até o momento, é candidata a deputada federal. Mas não está descartado concorrer ao Senado.
Parlamentares que procuram os ministros do governo em busca de empenho de emendas têm sido orientados a buscar os recursos com o presidente da Câmara, Arthur Lira, que já tem uma assessoria dedicada a cuidar das tais RP9, as emendas de relator. São os recursos dessas emendas que restam para empenho ainda este ano.
A ideia — de resto, já discutida pelos líderes — é promover uma nova rodada de liberações dessas emendas para irrigar a base que votará a reforma administrativa no plenário da Câmara. A contabilidade de votos, conforme o leitor da coluna já sabe, está longe dos 308 votos para aprovar o texto.
“Oferta” a Bolsonaro
De olho na filiação do presidente Jair Bolsonaro, o PTB ofereceu a ele a possibilidade de indicar candidatos ao Senado em todos os estados e no Distrito Federal. Até aqui, nenhuma legenda fez essa proposta ao capitão.
Campanha casada
Bolsonaro está a cada dia mais convicto de que, se vencer a difícil eleição de 2022, precisará de uma bancada expressiva de senadores. E, depois da prevalência da oposição na CPI da Pandemia, a avaliação é a de que não dá para deixar correr tudo solto por ali.
Quem dá mais
Os outros dois partidos que Bolsonaro cogita são o Progressistas, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; e o PL, de Valdemar Costa Neto e da Secretária de Governo, Flávia Arruda. Nenhuma das duas legendas pretende entregar a Bolsonaro a prerrogativa de escolher os candidatos ao Senado.
Façam suas apostas
Os líderes governistas não conseguiram ainda assegurar os votos para o Senado aprovar André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal. Mas ninguém crava que ele será derrotado.
Tiro no pé
Depois da invasão da Bolsa de Valores de São Paulo, sob a liderança de Guilherme Boulos, do PSol, os partidos de centro e os bolsonaristas vão deitar e rolar. A ordem é associar as esquerdas de um modo geral à imagem de baderna.
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Trainee/ Convocado pela CPI da Pandemia, o empresário Luciano Hang quer aproveitar a presença no Senado para ver como é se sentir por ali. Hang é o nome que Bolsonaro deseja ver com candidato a senador por Santa Catarina no ano que vem. Vai aproveitar para testar algumas frases de efeito junto ao público que acompanha as sessões do colegiado.
E a reforma eleitoral, hein?/ Com a derrota das coligações, cresce o desespero das pequenas agremiações partidárias em busca da alternativa que resta: derrubar o veto à federação de partidos antes de 5 de outubro. Falta combinar com os senadores.
A volta/ O ex-senador Magno Malta pretende ser candidato ao Senado no Espírito Santo. A diferença é que, desta vez, não planeja deixar de lado a própria campanha para acompanhar Jair Bolsonaro Brasil afora.
O diabo mora nos detalhes/ A pergunta do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a Danilo Trento, sobre o relógio Rolex de mais de R$ 70 mil, comprado em Curitiba, levou muita gente no Congresso a prestar mais atenção aos pulsos dos parlamentares. A marca faz muito sucesso entre políticos e lobistas de Brasília.
Arthur Lira tem pressa para levar reforma administrativa ao plenário
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cogitou esta semana levar a reforma administrativa diretamente para o plenário da Casa. Não o fez porque não tem fechados os 308 votos para aprovar a proposta. A intenção de Lira era aproveitar este mês em que os deputados ainda estão em sessões remotas e os debates restritos. Agora, se demorar muito para votar tudo na comissão especial, as apostas indicam que será muito difícil levar o projeto adiante. Isso porque, embora este Congresso seja mais reformista que o anterior, muitos deputados preferem não arriscar um desgaste junto às mais diversas categorias do setor público, e, mais à frente, o Senado travar essa discussão. Ou seja, terá sido muito trabalho em vão.
Quanto ao relator da reforma tributária, Arthur Maia (DEM-BA), a avaliação dos líderes é a de que, até aqui, ele fez tudo o que estava ao seu alcance para tentar facilitar a aprovação da reforma. Porém, assim que a quarta versão do relatório foi apresentada, a expectativa ainda era uma difícil aprovação.
Enquanto houver bambu…
Com Marcelo Queiroga em isolamento num hotel em Nova York, a CPI da Covid vai continuar até o prazo final, ou seja, início de novembro. A ideia é aprofundar o caso Prevent Senior e as relações da Dlog, a Diretoria de Logística do Ministério da Saúde.
… há flecha
A Dlog, aliás, será o foco principal nas próximas semanas, junto com a Precisa Medicamentos. Ou seja, a dor de cabeça de muitos por ali não vai terminar tão cedo.
Reserva de mercado
Arthur Lira tem escolhido a dedo os relatores dos projetos importantes. Daí, a indicação do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para relatar a PEC dos Precatórios. O ritmo será o que o presidente da Câmara quiser. A PEC é, hoje, a prioridade um do governo federal.
Não vem que não tem
O presidente do PDT, Carlos Lupi, avisa aos petistas interessados em tirar Ciro Gomes do páreo que eles vão perder tempo. “A candidatura do Ciro é irreversível. Em 41 anos de vida pública, jamais tive um ato de traição ou deslealdade. Eu que chamei o Ciro para vir para o PDT, ele é nosso candidato e ninguém do PT terá coragem sequer de insinuar uma retirada da candidatura comigo. Não tem”, disse Lupi à Coluna. Neste fim de semana, Ciro estará no Rio de Janeiro, ao lado do presidente do partido.
Enquanto isso, no PSB…
O líder da oposição, Alessandro Molon, é o nome que o partido lançará ao Senado, no Rio, em parceria com Marcelo Freixo, candidato a governador. Falta encaixar o PT. A expectativa, porém, é a de que se o partido apoiar a candidatura de Lula à Presidência da República, ficará mais fácil.
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“Desceu o morro de tamanco”/ O deputado Vinícius Poit (Novo-SP) bateu boca com um grupo de servidores que faziam quase que um corredor polonês contra a reforma administrativa. Foi xingado como “defensor da corrupção”, por causa do risco da liberação de cargos de servidores efetivos para apadrinhamento político.
Nem vem/ Poit, que é favorável à reforma para acabar com os supersalários, rebateu dizendo que a turma estava ali para defender Lula e o PT. O clima só melhorou quando o presidente do Sindilegis, Allison Souza, entrou na roda e, com muita calma, explicou que a posição dos servidores contra a proposta se deve à falta de estudos e cálculos atuariais. O deputado, porém, não muda sua posição: é a favor da reforma e ponto.
Enquanto isso, na fila…/ Ao tomar a vacina com uma camiseta Fora Bolsonaro, o deputado Alessandro Molon acabou, sem querer, provocando uma discussão entre duas senhoras na fila. A que estava logo à sua frente disse que usaria uma camiseta escrito “Bolsonaro é o melhor presidente que o país já teve”. Uma outra, que não ouviu direito o que a primeira havia dito, respondeu: “Pois é, eu quero uma camiseta dessa daí. Não sei como alguém ainda apoia Bolsonaro”.
… a discussão rolou solta/ A confusão estava armada. Molon, então, apenas defendeu a democracia e deixou que as duas mantivessem a discussão, torcendo pelo consenso, pelas maravilhas da democracia e pelo respeito à opinião alheia.
Antes de encerrar seus trabalhos, a CPI da Pandemia deseja ouvir novamente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Por isso, já está decidido adiar mais uma vez a entrega do relatório. A decisão de ouvir novamente Queiroga já estava tomada e foi discutida ontem à noite, na casa do presidente da CPI, Omar Aziz, logo depois que o ministro anunciou o resultado do teste positivo para covid. O ministro deve cumprir 14 dias de isolamento no hotel onde toda a comitiva brasileira ficou hospedada em Nova York, nos Estados Unidos. Ele passa e bem não apresentou sintomas graves. Sua equipe acredita que a ausência de sintomas se deve à vacinação, uma vez que o ministro está vacinado meses e já tomou duas doses. Assim que ele voltar, o depoimento será marcado.
Além de Queiroga, a CPI tem ainda muito trabalho pela frente. Os senadores querem terminar de montar o quebra-cabeça do submundo do lobby no Ministério da Saúde e as suspeitas de tráfico de influência, especialmente, na diretoria de logística. Ali, alguns ex-diretores estão sob investigação e já foram alvo de operações da Polícia Federal.
Amanhã, a Comissão ouvirá o empresário Danilo Trento, sócio da empresa Primarcial Holding Participações, que funciona no mesmo endereço de outra, que tem como sócio Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos, que foi alvo de busca e apreensão na semana passada. A CPI quer saber qual a relação entre Trento e Maximiano. A contar pelas peças que ainda estão faltando, seja nas denúncias envolvendo a Precisa, seja naquelas relativas à Prevent Sênior e os testes de medicamentos, serviço não falta. Como em dito o senador Randolfe Rodrigues, “enquanto houver bambu, haverá flecha”.
Os ex-diretores de logística do Ministério da Saúde se tornaram os grandes fios desencapados do governo; em especial, Davidson Tolentino, alvo da operação da Polícia Federal que investiga pagamentos suspeitos dessa área em contratos de 2016 a 2018, durante o governo Michel Temer. Naquela época, o Partido Progressista do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, comandava a pasta. Davidson saiu de lá e foi para a Codevasf, uma indicação atribuída a Ciro Nogueira. Já não está mais no cargo, justamente por causa das denúncias relativas ao Ministério da Saúde. Tolentino já fez chegar aos padrinhos que não pretende carregar tudo nas costas.
Administrativa
Os adiamentos da votação da reforma administrativa na Câmara indicam que o governo terá dificuldades em aprovar o texto. A avaliação geral dos partidos é a de que essa reforma não terá votos suficientes para aprovação no plenário da Câmara.
Te cuida, Ciro
Aliados do PT começam a espalhar aos sete ventos que o presidente do PDT, Carlos Lupi, vai puxar o tapete eleitoral do ex-ministro, ex-governador do Ceará e ex-deputado Ciro Gomes para apoiar Lula. Lupi tem sido procurado insistentemente para fechar com o petista.
Tabata fará o que o partido determinar
O PSB tende a apoiar Lula na eleição do ano que vem, a depender ainda de certos estaduais. Os socialistas querem apoio em Pernambuco, no Espírito Santo e pretendem ainda angariar o respaldo do PT para Beto Albuquerque, no Rio Grande do Sul. Nesse sentido, Tabata Amaral pode terminar no mesmo palanque que Lula em São Paulo.
Apostas tucanas
As contas tucanas apontam que, tecnicamente, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, teria hoje mais votos que o de São Paulo, João Doria. Só tem um probleminha: Doria tem muito mais volume de campanha hoje para tentar virar o jogo.
E o Pacheco, hein?
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem estendido o tapete vermelho para os pedessistas na Casa. Por exemplo, concedeu ao PSD a relatoria da reforma do Imposto de Renda. Quem queria o cargo era o líder do MDB, o senador Eduardo Braba, que fez questão de participar da solenidade de comemoração dos 10 anos do PSD.
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Um novo capitão Rodrigo/ Os congressistas identificam em Rodrigo Pacheco hoje o que Rodrigo Maia representou nos tempos em que era presidente da Câmara. Naquela época, Maia ouvia todo mundo, mas fazia o que queria. Pacheco segue no mesmo caminho.
Federação sob risco/ O líder do PCdoB, Renildo Calheiros, busca aliados na Câmara e no Senado a fim de dar quórum a uma sessão do Congresso que possa derrubar o veto à federação de partidos. É que, se esse veto não for derrubado até 2 de outubro, acabou.
Freud explica/ Depois do discurso em que Jair Bolsonaro pintou um Brasil cor-de-rosa na ONU, os bolsonaristas tentaram defender a fala presidencial levando às redes sociais trecho de uma entrevista que a então presidente Dilma Rousseff concedeu em 2015, nas Nações Unidas, mencionando que o mundo se beneficiaria de uma tecnologia para estocar vento. Pelo visto, faltaram argumentos para defender a “credibilidade” do Brasil lá fora e as maravilhas ditas pelo atual presidente a respeito da economia nacional.
À flor da pele/ Considerado um dos mais cordatos e educados ministros do governo, Wagner Rosário, da CGU, reconheceu que errou ao chamar a senadora Simone Tebet de “descontrolada”. Menos de 24 horas antes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, desfilava numa van em Nova York distribuindo gestos obscenos a manifestantes brasileiros. Sinal de que a vida dos ministros não está nada cor-de-rosa.
E o Luís Miranda, hein?/ Ele buscou socorro entre os senadores para que o ajudem no Conselho de Ética da Câmara.
Em sua fala mais moderada na ONU em três anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro quis desfazer a imagem de autoritário, de comandar um país em dificuldades financeiras, com retrocesso na preservação ambiental e, e quebra, atravessando uma greve crise sócio-econômica. Porém, para quem queria vacinar o mundo contra a visão negativa que prevalece lá fora em relação ao Brasil, o presidente brasileiro exagerou na dose ao colocar o pais como um porto totalmente seguro para investimentos. A credibilidade brasileira, ao contrário do que disse o presidente, não está recuperada no mundo. As incertezas na economia e as dúvidas sobre o equilíbrio fiscal crescem a cada dia, especialmente, depois que o mercado financeiro foi pego de surpresa com aumento de impostos para financiar o Auxílio Brasil. Em suma, Bolsonaro seguiu a máxima que ficou famosa no governo do presidente Itamar Franco, quando o então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, em entrevista, teve uma fala captada antes do início da gravação, com a frase “o que é bom, a gente divulga. O que é ruim, a gente esconde”.
Detentor do título de único líder do G-20 que não tomou vacina contra a Covid-19, a parte do discurso que tratou da pandemia da mesma forma que tratou em várias lives para seus apoiadores: Defendendo um tratamento precoce considerado ultrapassado pela maioria dos países e pela própria ONU. De quebra, criticou o lockdown, adotado por muitos países com o intuito de evitar colapso do sistema de saúde quando ainda não havia vacina.
O discurso, porém, foi bem mais comedido do que no ano passado, quando o presidente atribuiu os incêndios e o desmatamento na Amazônia aos índios e caboclos que queimam seus roçados em busca da sobrevivência. Desta vez, o discurso ambiental, que menciona em uma duvidosa redução do desmatamento, veio acoplado a um aviso: O Brasil vai tratar do mercado de crédito de carbono na COP26, em Glasgow, na Escócia, para cobrar dos países desenvolvidos, que continuam campões em emissões de gases, financiem a preservação. Por isso, a citação aos dois terços de vegetação nativa e a lembrança de que, somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta e a antecipação do prazo para que o país atinja a neutralidade climática, de 2060 para 2050.
A plateia da ONU, formada por chefes de estado, ministros e diplomatas, tem conhecimento do cenário de seus respectivos países e, em sua maioria, sabe das dificuldades econômicas e sociais do Brasil. Por isso, soa falso ver o presidente do país dizer que a credibilidade está recuperada, como o melhor lugar do mundo para que os investidores depositem seus recursos. E pior: conforme alguns analistas: Coloca no mesmo balaio dados duvidosos __ como essa recuperação de imagem e econômica__ e alguns verdadeiros, como a privatização do saneamento no Rio de Janeiro e privatização de aeroportos.
A mudança de chanceler __ Ernesto Araújo saiu em março deste ano __ é vista no Itamaraty como responsável pelo tom mais moderado apontado no discurso e inclusive o agradecimento pela eleição do Brasil para uma vaga rotativa do Conselho de Segurança da ONU, onde o país contou com o voto de 181 nações. O discurso, porém, não menciona que o Brasil era candidato único. Para aquela plateia da ONU, essa informação não fez falta, porque aquele público já sabia. Para o cidadão brasileiro comum, entretanto, o que foi bom para o governo estava dito. O que era ruim, vencer sem adversários, ficou escondido. A fala de Ricúpero, de 1994, que lhe custou o cargo de ministro. No caso de Bolsonaro, é mais um ponto de desgaste político internacional.
O deputado Luiz Miranda (DEM-DF) telefonou nesta segunda-feira para senadores da CPI da Pandemia para pedir uma ajuda nesta terça-feira, no Conselho de Ética. Miranda fez apelos para que alguns intercedessem junto a deputados do conselho. O relator é o deputado Gilberto Abramo, do Republicanos, eleito por Minas Gerais. É bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e aliado ao governo.
A preocupação do deputado deixou a muitos senadores a certeza de que Luiz Miranda não gravou a conversa com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, onde esteve junto com o irmão, Luiz Ricardo, para denunciar cobrança de propinas na Saúde na compra de vacinas.
Em várias oportunidades, o deputado Luiz Miranda deu a entender aos senadores que havia gravado a conversa. Em entrevista ao CB.Poder, disse com todas as letras que teria como provar cada palavra dita a Bolsonaro. E acrescentou não saber que seu irmão tinha alguma gravação do encontro com Bolsonaro.