Autor: Denise Rothenburg
Instalados em vários postos-chaves da administração, os petistas mostram ao Planalto que ainda detêm poder sobre determinadas instituições. Esta noite, o conselho de administração de Furnas demitiu o diretor de Novos Negócios, Fernando Gomes da Câmara, do PR, aliado ao presidente em exercício, Michel Temer, sem dar qualquer satisfação ao Palácio do Planalto ou ao Ministério de Minas e Energia. A reunião foi feita por telefone e com pauta única. E havia determinação do governo para que não se mexesse nas estatais até que o Congresso aprovasse a nova lei sobre o tema. Pelo visto, a disputa por cargos nos bastidores está maior do que os próprios políticos imaginam.
As empresas do setor elétrico que tiveram o controle acionário repassado dos estados para a Eletrobrás serão as primeiras na fila da privatização. A Celg (Centrais Elétricas de Goiás) abrirá a porteira. É que, diante da situação da Eletrobrás, o governo não tem como manter tudo. A ideia é reorganizar o setor elétrico, de forma a aliviar as empresas públicas. Afinal, é voz corrente na gestão de Michel Temer que o sistema só não entrou em colapso porque o país não cresceu e o consumo de energia
Ginástica olímpica I
Descoberto por que o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, partiu como um leão para dizer que não manteria o antecessor, Ricardo Leiser, na equipe. Assim que assumiu, ele descobriu que as secretarias da pasta tinham sido esvaziadas e as funções repassadas para a Secretaria de Alto Rendimento.
Ginástica olímpica II
Inicialmente, o governo de Michel Temer planejava alocar Leiser na Secretaria de Alto Rendimento. Ontem, porém, a Casa Civil informou que sai hoje um novo decreto para redistribuir as funções dentro do Ministério do Esporte.
Foco
O governo já tem uma radiografia da situação da base. O maior problema é o Nordeste, onde a presidente afastada, Dilma Rousseff, ainda tem algum poder de fogo. Não por acaso, é ali que Michel Temer se concentrará nos próximos dias.
Sérgio e Marcelo
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o empresário Marcelo Odebrecht são hoje os homens mais temidos. Um por parte da cúpula do PMDB no Senado e o outro pelo PT.
Pior sem ele
O governo de Michel Temer vai continuar apostando no voto do senador Cristovam Buarque a favor do impeachment. É que o suplente do ex-governador é Vilmar Lacerda, que presidiu o PT no DF. Esse sim, voto certo em prol do retorno de Dilma Rousseff. Em compensação, com a saída de Walter Pinheiro (sem partido-BA), assume Roberto Muniz, do PP, hoje aliado a Michel.
Cálculos palacianos
Os assessores do presidente em exercício calculam que o tiroteio sobre o governo Michel Temer prosseguirá pelo menos até a votação do impeachment em agosto. Todos os líderes responsáveis por ajudar na articulação política já foram acionados para ficarem em alerta máximo até lá, especialmente, no Senado.
Ausente/ O presidente do Senado, Renan Calheiros, não compareceu à solenidade de posse dos presidentes dos bancos públicos ontem no Planalto. Os políticos registraram a falta.
Presente!/ Renan, o papa dos gestos dúbios, reuniu os líderes no fim da tarde e avisou que o Senado não será fator de instabilidade no país. Ele trabalhará daqui para frente no sentido de separar as estações Lava-Jato e pauta do Senado. O contribuinte agradece.
O tour de Maranhão/ O presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, também não foi, mas o segundo-vice, Fernando Giacobo, e o primeiro-secretário, Beto Mansur, compareceram. Eles hoje comandam a Câmara. Maranhão, que não consegue presidir uma só sessão da Casa, vai passar mais de uma semana fora. Além do Chile, ele vai também à Espanha.
A lista do Alvorada/ Circula nos gabinetes palacianos a lista de 37 pessoas (32 civis e cinco militares) que a presidente afastada, Dilma Rousseff, levou para assessorá-la nesse período até a votação do impeachment. Só de assessores especiais, são 14. Isso sem contar os lotados no Alvorada.
O deputado suspenso Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passou a trabalhar esta semana no sentido de manter o foro privilegiado. Isso significa que não descarta mais a ideia de renunciar à Presidência da Câmara, na hipótese de o Conselho de Ética ou o plenário da Casa optarem por suspendê-lo por seis meses. Para quem já está suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sem data de retorno, essa perspectiva de renúncia passou a ganhar fôlego. Falta o apoio dos partidos de oposição e do PT.
» » »
Em tempo: por mais que os partidos da oposição tradicional, hoje governo (DEM, PSDB, PSB e PPS), desejem eleger um novo presidente para a Câmara, nenhum deles aceita abertamente um acordo com Cunha. Se o deputado afastado conseguir algum alívio, será com um pedaço do PMDB e o chamado “centrão”, ou seja, o grupo de partidos que, aos poucos, migrou do apoio a Dilma para Michel Temer.
» » »
Cunha, entretanto, só levará qualquer projeto de renúncia avante, se sentir firmeza na sua sobrevivência. Caso contrário, vai continuar manobrando e pressionando. O deputado Marcos Rogério, relator, que o diga. Seus amigos ontem estavam para lá de preocupados, com receio de um relatório que fosse apenas pela suspensão de Cunha.
Tensão total
Cresce a temperatura no Senado com a delação do filho do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Nos bastidores, há quem diga que parte das denúncias não passa de gente ligada ao PT querendo desestabilizar o atual governo. O receio é que um grupo passe a atacar o outro de forma a comprometer o clima para as votações das medidas econômicas.
Aloysio, o moderador
No papel de líder do governo no Senado, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), terá a missão de funcionar como uma espécie de ponte entre o PMDB e os demais partidos. A ideia é buscar serenidade para aprovar as medidas econômicas, apesar da tensão provocada pela Lava-Jato na cúpula do PMDB, leia-se Renan Calheiros.
Se depender dele…
Lá se vão dois meses da entrega das 10 medidas de combate à corrupção à Presidência da Câmara dos Deputados, à época a cargo de Eduardo Cunha. Até hoje, a comissão especial sequer foi instalada. O presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, deputado Mendes Thame (PV-SP), foi cobrar do atual comandante da Casa, Waldir Maranhão, que fez ouvidos de mercador.
…Parece que não sai
Enroscado em denúncias, Maranhão não tem interesse em fazer o projeto subscrito por Thame caminhar rapidamente. Vale lembrar que a proposta chegou ao parlamento com apoio dos procuradores da Lava-Jato e com a assinatura de 2 milhões de brasileiros.
Elas e ele/ Em protesto por causa do estupro coletivo no Rio de Janeiro, a bancada feminina entrou no plenário da Câmara no momento em que o deputado Jair Bolsonaro discursava. Justo ele, que, certa vez, agrediu a deputada Maria do Rosário (PT-RS). As mulheres saíram de fininho e só retornaram depois que Bolsonaro deixou a tribuna.
Elas e ela/ A senadora Simone Tebet (foto), do PMDB-MS, participou de parte da manifestação, mas, quando percebeu que integrantes do grupo tentavam transformar um movimento suprapartidário em defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, ela e outras peemedebistas saíram discretamente. Não dá para misturar alhos com bugalhos.
Cidadania digital em debate I/ A proteção de dados pessoais e os limites do consentimento na era digital serão temas abordados hoje, a partir das 19h, no V Colóquio de Direito e Tecnologia. Promovido pelo Centro de Direito, Internet e Sociedade (CDIS) do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), o encontro discutirá O marco normativo para a cidadania digital: proteção de dados e marco civil da internet.
Cidadania digital em debate II/ O encontro, no foyer do IDP, contará com a participação de especialistas brasileiros e estrangeiros, como Indra Spiecker, da Universidade de Frankfurt. A moderação está a cargo de Laura Schertel Mendes, professora da Escola de Direito de Brasília (EDB/IDP) e diretora do Centro de Direito, Internet e Sociedade (CEDIS/IDP). Inscrições pelo site portaleventos.idp.edu.br. Mais informações pelo telefone 3535-6565.
A queda de mais um ministro do governo Michel Temer por causa das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado põe mais um pote de mágoas no PMDB, mais precisamente em Renan Calheiros, presidente do Senado. Ali, o presidente em exercício precisa de, pelo menos, 54 votos para permanecer no poder, e está hoje no epicentro da crise e a maior tensão envolvendo a Lava-Jato. Por isso, a presidente afastada, Dilma Rousseff, jogará para constranger os senadores da mesma forma que ontem os funcionários da antiga Controladoria-Geral da União embaraçaram o ministro da Transparência, Fabiano Silveira, não deixando alternativa, fora a demissão.
» » »
Dilma sabe que, se mantiver a discussão do seu afastamento definitivo restrita às pedaladas, não conseguirá mudar nenhum dos 55 votos que consentiram a abertura de processo. Porém, ela acredita que, se conseguir convencer alguns de que foi afastada para que os peemedebistas tentassem sufocar a Lava-Jato, tem alguma chance. É o que lhe resta.
» » »
A estratégia de Dilma, entretanto, carece de atenção ao cenário geral. Ministros enroscados nas gravações estão fora do governo. E, para completar, senadores que se dizem fãs da Lava-Jato lembram que, dias antes de ser afastada, ela tentou fazer de Lula ministro justamente para evitar que o ex-presidente enfrentasse a Justiça.
Noves fora…
Ao manter o ministro que terminou pedindo demissão, Michel Temer conseguiu, ao menos, não fazer Renan Calheiros vociferar contra o governo em exercício. A ordem no Poder Executivo é não brigar com o Senado.
Serviço não falta
Fabiano Silveira havia sido aconselhado de manhã a “mostrar serviço”, ou seja, apresentar resultados como a nova legislação sobre acordos de leniência, uma vez que a medida provisória em vigor está prestes a perder a validade. Caberá agora ao futuro ministro da Transparência cuidar dessa tarefa.
O que separa
A discussão de cargos de segundo escalão e vagas nas agências reguladoras deflagrou um empurra-empurra na base de Michel Temer. É que a ideia do presidente em exercício de indicar nomes técnicos às agências fez murchar as listas de pedidos que começavam a circular em algumas bancadas, especialmente Minas Gerais, ainda sem ministério.
Curtidas
Tiro n’água/ Os petistas tentaram se reaproximar do senador Fernando Bezerra Coelho na semana passada. Apostaram também em Reguffe (foto). O primeiro tem o filho ministro de Michel Temer. O segundo já avisou que, se houver algum problema com o governo de Temer, não será a volta de Dilma que vai resolver.
Diferenças/ Ao longo do dia, auxiliares do presidente em exercício, Michel Temer, mencionavam o fato de Fabiano Silveira não ser investigado pela Lava-Jato como o principal argumento para dar ao ministro um destino diverso daquele de Romero Jucá.
Semelhanças/ Há quem veja a saída de ministros nessa largada de Michel Temer o mesmo sistema que marcou o primeiro ano de Dilma Rousseff. Ali, foram sete demitidos porque terminaram enroscados em alguma denúncia.
O que une/ A revolta contra o estupro coletivo de uma menina de 16 anos no Rio de Janeiro foi tema no Senado ontem. Só uma barbárie desse porte para fazer com que políticos de várias matizes ficassem do mesmo lado. Nem tudo está perdido.
Nos bastidores do Congresso, ouvia-se desde o início do ano que “Se a Lava Jato não pegar o Romero Jucá, ele será o melhor ministro do presidente Michel Temer”. Jucá é considerado um avião para trabalhar. Dedicado, rápido de raciocínio, inteligente, capaz de buscar __ e encontrar __ o consenso nos assuntos mais delicados e muito bem assessorado. Não por acaso, todos os últimos presidentes recorreram a ele. Jucá tem sido um dos melhores auxiliares de todos os governos. Porém, as gravações publicadas hoje na reportagem de Rubens Valente, da Folha, deixam uma margem muito pequena para o presidente em exercício, Michel Temer, recorrer a qualquer saída que não seja entregar a cabeça de Jucá.
Temer está num momento de mostrar a que veio. Não pode correr o risco de deixar transparecer que ele ou seus ministros planejam estancar a Lava Jato, hoje símbolo do combate à corrupção no Brasil. Ao dizer que tem acesso a ministros do STF, e mencionar algo como deixar a Lava Jato apenas “onde está”, Jucá soa querer parar a investigação. E, as explicações que deu ao jornal, venhamos e convenhamos, ainda deixam a desejar.
Quando Dilma assumiu o governo, em 2011, dizia-se que “se Antônio Palocci não se enroscasse em mais nada, será o melhor ministro da Casa Civil que um presidente poderá ter”. Não durou seis meses, abalroado por denúncias.
Jucá, se não tiver explicações melhores para os diálogos com Sérgio Macahdo, o ex-presidene da Transpetro, corre o risco de ter o mesmo fim de outros tantos políticos que ascenderam a cargos-chaves na administração pública. É pena.
Ao verificar a situação das agências reguladoras, os ministros de Michel Temer perceberam que o território é de farta ocupação petista e não haverá meios de mudar nem tão cedo. Apenas a Agência Nacional do Petróleo (ANP), capitaneada pelo PCdoB, terá troca de comando este ano. Das 10, seis são comandadas pelo PT: Águas (Ana), Aviação Civil (Anac), Vigilância Sanitária (Anvisa), Telecomunicações (Anatel), Energia Elétrica (Aneel) e Transportes Aquaviários (Antaq), o único interino. Duas pelo PCdoB, Petróleo (ANP) e Cinema (Ancine), e duas pelo PMDB, Saúde (ANS) e Transportes Terrestres (ANTT).
» » »
Depois da ANP, de onde Magda Chambriard sairá em novembro, novas trocas de comando só em maio de 2017, na Ancine e na ANS. A Anac, que o PT ocupou recentemente, só em 2019. A Anatel, em dezembro de 2018. Diante dessa realidade, o jeito, dizem alguns, será conviver e ficar de olhos abertos.
Nove vagas
Embora não tenha espaço para troca de comando nas agências reguladoras, o governo de Michel Temer vai ocupar as nove vagas que vencem os mandatos dos diretores este ano, das quais cinco já estão abertas. A ordem é retomar o perfil de instituições de Estado, para evitar o que os especialistas chamam de “captura”, seja pelos setores que fiscalizam, seja pelo ministério das respectivas áreas.
Andar de cima
Quem está à frente das investigações da Operação Janus acredita que os enroscados, até agora, não teriam cacife para tanto tráfico de influência se não contassem ajuda de alguém de dentro do governo. Sinal de que essa novela ainda vai longe.
Votos
Amigos da presidente têm esperanças de reverter alguns votos no Senado. Não contam, portanto, que, dos três ausentes da sessão que afastou Dilma, pelo menos dois, Jader Barbalho e Eduardo Braga, ambos do PMDB, votam com o partido.
Temer e as mulheres
Representantes do DEM, PPS e PSDB fecharam o apoio a Solange Bentes Jurema para a Secretaria Nacional de Política para as Mulheres. Solange presidiu o conselho dos Direitos da Mulher em 1999 e foi a primeira ministra dessa área no governo Fernando Henrique Cardoso. As peemedebistas indicaram a ex-deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP).
CURTIDAS
Fica para próxima/ A presidente afastada queria ir a Fortaleza para um evento com o governador Camilo Santana. Camilo alegou compromissos inadiáveis. Cid Gomes, outro aliado da petista, está fora do país. Sem data para retorno. Quando os aliados não têm tempo para receber a presidente afastada, é sinal de que há algo estranho no ar.
Pinga daqui, pinga dali…/ A preocupação com votos no Congresso é tal que o governo Michel Temer vai destinar a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ao PTN da deputada Renata Abreu. O partido tem 13 deputados.
Questão de economia/ O presidente em exercício, Michel Temer, pretende usar o helicóptero apenas em casos de emergência. Considera que, diante das largas avenidas de Brasília e com os batedores que sempre acompanham o comboio presidencial, não precisará diariamente da aeronave. Dilma, ao contrário, raramente ia para o aeroporto de carro.
Questão de bom senso/ Embora os estilos sejam totalmente diferentes, o presidente em exercício, Michel Temer, tenta trazer de volta algo que o governo Itamar Franco mantinha: a livre circulação de jornalistas credenciados no Planalto. Porém, é preciso parcimônia. Certa vez, nos tempos de Itamar, a conversa estava a pleno vapor do lado de fora. Chegou ao ponto de um assessor pedir a todos que falassem mais baixo, para não atrapalhar a reunião presidencial. Alguns ministros estão quase lá.
______________________________________
Aliados do deputado afastado Eduardo Cunha confidenciaram à coluna uma certa decepção por parte dos peemedebistas com o depoimento dele ao Conselho de Ética da Câmara. Embora tenha saído feliz com o próprio desempenho, Cunha ficou meio amuado ao perceber a redução dos apoiadores. Em março de 2015, quando Cunha foi à CPI da Petrobras se defender das primeiras acusações, a sessão foi praticamente uma ode à sua capacidade de trabalho. Ontem, entretanto, a maioria daqueles que lhe teceram elogios sumiu.
Em tempo: a ausência de André Moura ontem no Conselho de Ética incomodou o inquilino da Residência Oficial da Presidência da Câmara. Hoje, ele é tido muito mais como um deputado ligado ao ministro Geddel Vieira Lima do que ao próprio Eduardo Cunha. E Geddel nunca foi do grupo do presidente afastado da Câmara. A dúvida é como Cunha vai reagir daqui para a frente, diante do que considera um abandono. Vejamos os próximos passos.
Sossega, André!
O líder do governo na Câmara vai receber uma chamada dos chefes palacianos. Os ministros de Temer não querem que ele fique trocando farpas com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Afinal, é lá que tramita o processo de impeachment de Dilma Rousseff. E a hora é de não brigar com senador, ainda mais sendo o comandante da Casa.
A cratera é maior
Na reunião com as mulheres, o presidente em exercício, Michel Temer, mencionou que o buraco nas contas públicas é superior a R$ 200 bilhões.
Juntos, mas separados
O PSDB apoiará o governo Michel Temer, tem ministros trabalhando, mas deseja marcar diferenças. Essa batalha começa na semana que vem.
É a Vale mesmo!
Que Jequitinhonha, que nada. O que a bancada do PMDB de Minas Gerais cobra do governo é a troca do presidente da Vale do Rio Doce, empresa que tem 49,8% de participação da União e controle da Bradespar, capitaneada pelo Bradesco.
“Calma. Incluindo a posse, temos seis dias úteis de governo”
Geddel Vieira Lima, quando perguntado sobre as dificuldades da gestão Michel Temer
Curtida
Parente resolvedor/ Se o ministro do Planejamento, Romero Jucá (foto), é conhecido pelo apelido de “relator-geral da União”, Pedro Parente ganhou fama como resolvedor-geral. Ontem, no Planalto, dizia-se que só quem resolveu o apagão dará um jeito na Petrobras.
Pedida do Maranhão/ Não, não é o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão. É a parte da bancada do Maranhão que votou pelo impeachment e ontem estava no Planalto pedindo os cargos estaduais da administração federal e, de quebra, algum espaço na Sudene e na Codevasf.
Meia folga/ Geddel Vieira Lima saiu às pressas do Planalto direto para Salvador. Aniversário da filha: “Se eu não for, ela me exonera”.
Enquanto isso, na Câmara…/ Eduardo Cunha saía da ala das comissões ontem quando, de repente, um manifestante grita: “Ladrão!” Cunha para, pensa um segundo e responde: “Fala, petista”.
No papel de líder do governo, a primeira preocupação de André Moura (PSC-SE) foi tentar acabar com a tarja “centrão” versus “oposição tradicional” na base que terá a missão de controlar a partir de hoje. Nesse sentido, ele foi muito claro ao líder do PSDB, Antônio Imbassahy, quando perguntado sobre como agirá no caso de a cassação de Eduardo Cunha chegar ao plenário da Casa, algo que o tucano avisou logo de saída torcer e trabalhar para que ocorra: “Sou líder do governo e não do Eduardo Cunha, embora ele seja meu amigo. Farei o que o governo mandar”. Essa será a hora da verdade.
Tem tempo: Moura foi aconselhado a não fazer bloco para evitar o racha da base de Temer, ensaiado ontem: “Não vamos nos submeter ao Centrão”, dizia o deputado Danilo Forte (PSB-CE), irritado com a nomeação de um deputado que considera ter sido nomeado para o cargo por causa da ligação com Eduardo Cunha.
O alvo
Além de Furnas, o PMDB de Minas Gerais mira a Companhia Desenvolvimento Vale do Jequitinhonha (Codevale). Vai brigar com o PSB, que tem indicações por lá, e com o PMDB do Pará, que conquistou a Integração e não vê a hora de dominar as empresas do setor.
Por falar em PSB…
O mais jovem dos ministros de Michel Temer, o de Minas e Energia, Fernando Filho, atraiu os olhos do Planalto: não criou problema, se antecipou ao caso da Eletrobras e, para completar, nomeou para secretário-executivo um técnico sem filiação partidária.
Por etapas
O governo Michel Temer vai separar as reformas previdenciária e trabalhista. Primeiro, a Previdência, considerada crucial para o pagamento das aposentadorias e pensões. Quanto à trabalhista… Bem, do jeito que andam as acusações sobre o ex-presidente Lula, muita gente aposta que ele não estará para criticar qualquer proposta governamental em praça pública.
Frase
Não tem centrão, tem as forças que votaram a favor do impeachment. E o adversário dessas forças é o PT. Se o governo deixar crescer essa divisão, vai errar”
Roberto Freire, presidente do PPS
Manobra radical I
O advogado do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), denunciado por corrupção e lavagem na Operação Acrônimo, quer anular todo o caso. Em petição de mais de 30 páginas ao Superior Tribunal de Justiça, Eugênio Pacceli diz que o flagrante do avião de Benedito Rodrigues, o Bené, amigo do petista, foi ilegal porque está baseado em denúncia anônima sem apuração preliminar e sem autorização judicial.
CURTIDAS
Renan pendular/ Os palacianos notaram: um dia depois de prometer ajudar o governo Temer, Renan Calheiros teceu críticas à inclusão da Cultura no guarda-chuva do Ministério da Educação.
Quase uma fila/ Não faltou servidor da Receita Federal disposto a participar das ações de busca e condução coercitiva da última fase da Zelotes, que deu “baculejo” no ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Todo mundo querendo pegar o antigo chefe.
Na área/O deputado Paulo Maluf (PP-SP) foi ontem falar com o ministro Geddel Vieira Lima no Planalto. Jura que era apenas uma visita de cortesia.
Revezamento/ Ex-ministros e amigos de Dilma Rousseff têm feito questão de visitar a presidente afastada no Alvorada. Na terça-feira, foi a vez da ex-ministra da Agricultura senadora Kátia Abreu, que ontem fez seu discurso de retorno ao mandato.
Duas semanas antes de Michel Temer assumir, seus auxiliares mais diretos informavam que ele tentaria buscar unir o que houve de bom na administração petista, a maioria dos programas sociais, com aquilo que havia de melhor na gestão de Fernando Henrique Cardoso, a responsabilidade fiscal, o zelo pelas contas públicas, justamente para não comprometer os programas sociais que, nos tempos tucanos eram tocados de forma mais tímida.
Agora, a equipe que o presidente em exercício montou junto com Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda e a chegada de Ilan Goldfajn ao Banco Central, na verdade, um retorno, indicam que Michel Temer está nesse caminho. Goldfajn fez a transição entre o governo FHC e o de Lula. Trabalhou por um período com Meirelles. Meirelles integrou o governo Lula, saindo do PSDB e desistindo de um mandato de deputado federal para isso. Eis que nesse momento, Meirelles trabalha como a ponte para o que houve de bom nos dois governos.
Não será por falta de competência na área econômica ou parceria entre o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central que o Brasil correrá riscos. O problema é que a situação está tão grave, que talvez os resultados demorem além do previsto. Falta agora resolver a parte política, em especial na Câmara dos Deputados. Mas essa é outra história.
A ordem de continuar com todos os programas sociais será seguida à risca pelos novos ministros de Michel Temer, mas não sem reformulações. Um dos primeiros a passar por uma devassa será o Minha Casa/ Minha Vida. “Há denúncias de fraudes, portanto, precisamos saber qual o volume dessas fraudes em relação ao que foi entregue”, anuncia o ministro das Cidades, Bruno Araújo, que espera ter esse diagnóstico em 40 dias, para entregar ao presidente em exercício, Michel Temer.
Muxoxo I
O PSB recebeu meio a contragosto o Ministério de Minas e Energia. O partido considera que, sem as estatais do setor, o ministro Fernando Filho será um mero despachante do “cartório”. O partido queria mesmo era o Ministério da Integração, lugar que coube ao ex-ministro de Portos Hélder Barbalho, por influência do senador Renan Calheiros.
Muxoxo II
Quem terminou fora do governo foi o PMDB de Minas. O deputado Newton Cardoso tentou até o último minuto indicar o filho, o deputado Newton Cardoso Jr., para ministro de Minas e Energia. Sem sucesso, a bancada do PMDB de Minas pressionará para ficar com as estatais do setor.
Muxoxo III
A prioridade da bancada do PMDB de Minas _ que já chega ao governo em pé de guerra com o ministro Geddel Vieira Lima por causa da não nomeação de Cardoso Jr_, é indicar o futuro presidente de Furnas, onde já se sabe que Flávio Decat não permanecerá. O engenheiro Claudio Semprine trabalha pela vaga. Em tempo: a opção da bancada por Semprine só se deu porque deputado não pode ocupar presidência de estatal, a não ser que renuncie ao mandato.
Pressão nos Transportes
Depois de emplacar o secretário de Aviação Civil, Dário Lopes, o PR agora deseja indicar o secretário de Portos, cargo vago com o deslocamento de Hélder Barbalho para o Ministério da Integração. Vai dar briga com o PMDB, que pretende entregar o posto à bancada do Ceará.
Caixa vazio
As empresas responsáveis por obras no setor rodoviário podem se preparar, porque não haverá muito o que fazer no curto prazo: “Não há recursos para investimentos. Vamos montar um programa de recuperação emergencial de rodovias e só teremos recursos para parte da malha”, diz o ministro Maurício Quintela à coluna.
“Não somos donos do poder. Somos exercentes do Poder”
Michel Temer. Vale destacar.
CURTIDAS
Se o chefe mandou…/ Ao deixar o Planalto ligo depois da posse, o novo ministro da Justiça, Alexandre Moraes, relutava em dar declarações sobre a Lava Jato. Mudou de ideia quando a coluna mencionou que o presidente Temer havia se referido à operação como uma referência: “Lava Jato é prioridade do Ministério. Quem me conhece sabe que minha vida sempre foi voltada ao combate total à corrupção. Então, é todo apoio à PF e ao Ministério Público”.
Presidento???!!!/ Ao sair da posse de Michel Temer, o deputado Nílson Leitão (PSDB-MT), brincava com o ministro Bruno Araújo: “Vamos chamar Michel de ‘presidento’? Foi uma risada geral.
Por falar em “presidenta”…/ Michel terá trabalho em mandar mudar pelo menos uma letra ds placas das salas do terceiro andar do Planalto. Ali, todas constam “Gabinete pessoal da Presidenta da República”
Enquanto isso, entre o Jaburu e o Alvorada…/ A ordem na equipe de Temer é deixar de lado qualquer menção ao discurso de despedida de Dilma Rousseff, onde não faltaram menções à palavra “golpe”, ainda que o afastamento tenta sido aprovado por ampla maioria das duas Casas legislativas. A aposta é a de que, pelo semblante triste de Lula na despedida de Dilma, o PT não terá fôlego para levar a população às ruas pelo retorno da presidente.
Foi lá! Michel Temer buscou sobriedade, mas uma parte de seus ministros foi comemorar a posse do novo governo com um jantar oferecido pelo novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes, que também foi empossado ontem.
Enviado do meu iPad

