Autor: Denise Rothenburg
Conversas, votos & processos
Dilma Rousseff pode até ter consultado o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre o nome do jurista Luiz Edson Fachin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas, ainda assim, não garantiu todos os votos do PMDB para chancelar um advogado com laços na Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com o próprio PT.
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Há quem afirme que o coordenador Michel Temer terá todo o trabalho do mundo para fazer valer a indicação entre os peemedebistas, além de Renan. Talvez, o senador tenha apresentado ao governo uma mercadoria que não conseguirá entregar.
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Temer contará, entretanto, com todos aqueles que sentiram um frio na barriga quando da divulgação da lista de políticos enroscados na Lava-Jato. Ninguém que integra a lista se mostra disposto a enfrentar o governo.
Pânico no Texas
Funcionários da Petrobras America Inc. em Houston (Texas) relataram aos superiores no Brasil terem recebido, na quinta-feira, uma “visita” de agentes federais americanos, em que computadores e até telefones celulares teriam sido apreendidos. O tema é tratado no mais absoluto sigilo.
Nem que a vaca tussa
Quem quiser reclamar, como tem feito o prefeito de Canoas (RS), Jairo Jorge (PT), que o faça. Mas o Partido dos Trabalhadores não dispensará o tesoureiro da sigla, João Vaccari Neto. Afastá-lo da função, avaliam alguns, não tiraria o PT da situação de “perseguição” que o partido vive hoje.
Olho no lance!
Os petistas não acreditam que vingue, mas monitoram com lupa a perspectiva de o PSDB apresentar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Se os tucanos seguirem essa linha, muitos políticos, do governo e da oposição, acreditam que correrão o risco de dividir ainda mais o país num momento em que os brasileiros foram às ruas em menor número.
Por falar em impeachment…
Alguns tucanos são diretos ao afirmar que o partido também está dividido em relação ao impeachment por um simples motivo: seria sair da presidente Dilma e cair no colo de uma guerra interna no PMDB, na qual Renan Calheiros e Eduardo Cunha duelam em busca do poder, com Michel Temer no meio desse fogo cruzado. Melhor esperar mais alguns capítulos para ver que rumo tomará essa novela.
Se vale para uns…/ Reconduzido à presidência do PP, o senador Ciro Nogueira (foto) pretende, agora, saber do governo o que será feito dos cargos de segundo escalão na Integração Nacional. Passados quase quatro meses da posse de Dilma, ninguém foi chamado para conversar sobre o tema.
…Tem que valer para todos/ Embora o PP seja o partido com mais parlamentares enroscados no petrolão, os pepistas querem ser tratados da mesma forma que os petistas tratam Joao Vaccari Neto: com presunção de inocência.
CPI, só na Câmara/ O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) aproveitou a presença maciça de deputados na sessão de ontem para levar avante o pedido da CPI do BNDES na Casa. “Diante da indisposição do Senado, foi o que me restou”, disse ele, revoltado com a decisão dos senadores do PSB de retirar as assinaturas do pedido de CPI Mista para investigar os empréstimos do banco.
“Não sou investigador!”/ Enquanto Delgado corre atrás da CPI, o senador João Capiberibe (PSB-AP) é direto: “Queriam instalar sete CPIs! Não é possível parar o Senado. O Ministério Público que faça esse trabalho”, afirmou.
Pesos-pesados/ Renan Calheiros diz que não tem pressa para votar a proposta que regulamenta a terceirização. Eduardo Cunha tem. Para bons entendedores, esta é senha: os dois estão em guerra de poder. E Renan está mais aliado ao governo, leia-se Michel Temer, do que Eduardo.
Prova de fogo
O vice-presidente Michel Temer tem nesta semana sem feriados seu primeiro grande desafio no plenário da Câmara: deixar que o projeto da terceirização seja aprovado sem comprometer a receita da União. O relator, Arthur Maia (BA), não acolheu a proposta da Receita Federal que visava manter a arrecadação de impostos no mesmo nível. Agora, se Michel falhar, caberá ao Poder Executivo dar o velho jeitinho de suprimir artigos que tratam do recolhimento do INSS na fonte, ou seja, pela empresa contratante na hora do pagamento dos serviços prestados. Esse é um dos temas que entrará na conversa de Temer com as bancadas a partir desta semana. A primeira será a do PMDB.
Vem mais
Há na política quem considere que outras empresas de publicidade vão se unir à Borghi/Lowe que surgiu na Lava-Jato como uma das usadas para desviar recursos. Na temporada do mensalão, também foi essa área que terminou enroscada.
Tudo pelo avesso…
A mudança do cenário político tira o sono daqueles que apostaram numa Dilma Rousseff fortalecida e dando as cartas. Agora, dizem alguns, quem dá o tom político é o PMDB. Até onde a vista alcança,
ou seja, a curto prazo, esse quadro não mudará.
… ,mas nem tudo perdido
No conselho político do governo ontem, todos respiraram meio aliviados com a redução do número de manifestantes nas ruas no último domingo. Acham que amorteceram o eco pró-impeachment,
mas estão anos-luz de estancar qualquer crise.
A mãozinha de Dilma
Entre os conselhos de aliados para que ficasse longe do projeto de redução da maioridade penal e a insistência do PT em angariar votos nos movimentos sociais, Dilma ajudou seu partido. Ao se manifestar contra a proposta, recebeu elogios de setores da Igreja e dos movimentos eclesiais de base.
Eduardo Cunha na roda
Muitos políticos veem no projeto Câmara Itinerante do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um certo tom de campanha eleitoral. Vai, no mínimo, se tornar conhecido. O primeiro passo para quem porventura deseje concorrer à Presidência da República, o sonho de 10 em cada 10 políticos, embora de cada 10, nove neguem almejar uma candidatura.
CURTIDAS
Castelinho/ O jornalista Carlos Marchi lança hoje à noite, no Carpe Diem da 104 Sul, o livro Todo aquele imenso mar de liberdade — a dura vida do jornalista Carlos Castello Branco, a biografia de Castelinho. Leitura obrigatória para quem gosta de política.
Uma aula…/ O deputado Adilton Sachetti (PSB-MT) contratou um consultor para ensinar os funcionários a economizar os recursos da verba de gabinete. Os servidores passaram o fim de semana no curso.
…De economia/ Sachetti, em primeiro mandato, estipulou uma meta para os gastos. Não podem ultrapassar R$ 25 mil. A cota é R$ 39 mil. O contribuinte agradece.
Homenagem a Brasília/ A sessão solene para marcar o aniversário da capital do país está marcada para a tarde de sexta-feira 17 de abril. É que, com o feriado na terça-feira, a maioria dos congressistas deve enforcar a segunda.
Demorou, mas a Operação Lava-Jato desaguou nos políticos. Com os três ex-parlamentares presos (André Vargas, do PT; Pedro Corrêa, do PP e Luiz Argôlo, do SDD), aqueles que têm mandato começam a ficar mais preocupados. Muitos deles sabem que, mais cedo ou mais tarde, terão o mesmo destino.
O que mais preocupa alguns personagens, segundo advogados, é a paciência dos procuradores que, aos poucos, vão montando o quebra-cabeça. Vargas surgiu pela primeira vez no noticiário suspeito de envolvimento com o doleiro com Alberto Yousseff em abril do ano passado. Apenas agora, um ano depois, Vargas é preso.O mesmo vale para Luiz Argôlo e Pedro Correa, também citados no ano passado. Quanto ao pepista, um detalhe: Ele deixou de ser réu primário, uma vez que foi condenado no processo do mensalão e cumpre a pena em prisão domiciliar. Aqueles que, como Corrêa, foram condenados em outros processos são os mais preocupados. Não é para menos.
Câmara é Cunha, Senado é Michel
Michel Temer mal havia se sentado na cadeira de coordenador político do governo quando os petistas comentavam em conversas reservadas ainda na noite de terça-feira que a Câmara não dará trégua ao Planalto. Leia-se Eduardo Cunha, o mais recente filiado ao grupo de alto comando peemedebista. Ao longo dos próximos dias, Cunha pretende mostrar que o vice-presidente da República é bom, mas não é Deus. A PEC de redução do número de ministérios foi só uma amostra. No Senado, Renan Calheiros, por sua vez, pareceu mais cordato. Deixou, por exemplo, correr frouxa a leitura da CPI do BNDES, dando tempo de que alguns retirassem as assinaturas, conforme divulgado ontem.
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Vem por aí a nova temporada Câmara versus Senado dentro do PMDB. Temer, que de bobo não tem nada, já chamou a bancada da Câmara para uma reunião. Ele sabe que os deputados hoje atendem muito mais ao comando de Eduardo Cunha do que ao do governo ou dos líderes partidários. Esse parece ser hoje o maior desafio de Michel.
E uma das últimas marcas…
Mal o governo acerta um novo coordenador político e já vem ministro irritando a presidente Dilma Rousseff. Ontem, no Senado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, provocou ira em alguns dilmistas ao mencionar a necessidade de adquirir a coragem de revisitar o sistema de partilha na exploração de petróleo do pré-sal.
…Balança
Há dois dias, Dilma disse com todas as letras que o sistema de partilha da produção (e não o de concessão) é o acertado porque deixa a riqueza na mão do Estado. Para quem já perdeu o discurso dos juros baixos, da conta de luz mais barata e das casas mais mobiliadas, era só o que faltava. No Planalto, há quem assegure que, nesse quesito, não dá para abrir mão, ainda que a Petrobras esteja enfrentando problemas.
“O articulador do governo precisa ser um negociador de sequestro. É sujeito que fala com todo mundo: com o sequestrado, com a polícia, com a mãe do sequestrador, com o sequestrador e ainda leva o dinheiro do resgate”
Magno Malta (PR-ES), senador
E o Vaccari, hein?
Vencida a disputa interna sobre ir ou não à CPI da Petrobras, o tesoureiro petista João Vaccari Neto corre o risco de ouvir poucas e boas se tentar enfrentar os deputados ou constrangê-los citando doações de campanha. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), por exemplo, está pronto para dizer que denunciado, ali, só Vaccari.
CURTIDAS
E o salário, ó…/ Mozart Viana vai para o governo, ok, mas há quem diga que terá trabalhar de graça. A aposentadoria que ele recebe do Poder Legislativo não permite a acumulação.
Arquivo morto/ Os peemedebistas se deslocavam da mesa de jantar para a outra sala no Jaburu quando, de repente, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, olha para a imensa arca de madeira encostada na parede e não se contém: “Aqui, Michel vai guardar os currículos”. Foi uma risada geral. Só mesmo um móvel daquele tamanho para Michel Temer guardar as pastas com as qualificações de cada interessado ou indicado aos cargos de segundo escalão.
Queridinho?/ O deputado Fernando Marroni (PT-RS) viveu seus minutos de fama no lançamento do livro de João Paulo Cunha com reflexões sobre a temporada na Papuda por causa da condenação no processo do mensalão. “Pô, o Pepe (Vargas) vai para o lugar da Ideli (Secretaria de Direitos Humanos) só para você não deixar de ser deputado.” Marroni é suplente de Pepe na Câmara.
Por falar em lançamento…/ O PT prestigiou seu ex-parlamentar. Mais de 400 livros foram vendidos na noite de autógrafos em Brasília. Por lá, passaram vários integrantes do partido dos áureos tempos do governo Lula, inclusive Professor Luizinho. Já a turma enroscada no petrolão preferiu ficar distante. Alguns, especialmente de outros partidos, receberam convites em mãos e alegaram outros compromissos.
E o abacaxi vai para…
Os peemedebistas lavam as mãos para o fato de a presidente Dilma Rousseff oferecer a Secretaria de Relações Institucionais ao ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha. Primeiro porque, pelo andar da carruagem no parlamento, corre o risco de o ministro da SRI, sendo do PMDB, terminar derrotado pelo próprio partido. A confusão não vai passar colocando a legenda na SRI, especialmente, porque o PMDB continua desconfiado de que Aloizio Mercadante não está totalmente afastado das articulações políticas.
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Dilma, entretanto, quer mais comprometimento do PMDB com o governo. Parte da bancada da Câmara, embora diga que não deseja ministério, garante que Dilma havia acenado com uma vaga no primeiro escalão — especificamente no Turismo, para o ex-deputado Henrique Eduardo Alves. Até agora, a nomeação não saiu e a equação Câmara-Senado está desequilibrada. Os deputados têm duas vagas — Portos e Aviação Civil — enquanto só senadores têm quatro — Agricultura, Minas e Energia, Pesca e Turismo. O que os deputados não esperavam era o abacaxi da SRI, onde não há caneta nem verbas.
O “X” de Renan
Aliados de Renan Calheiros juram que o problema maior do presidente do Senado não é perder o Ministério do Turismo. É não ter sido chamado a dar seu parecer sobre as pastas entregues ao partido no Senado, leia-se Kátia Abreu, para Agricultura; Eduardo Braga, para Minas e Energia; e Helder Barbalho, para Pesca.
Por falar em segundo escalão…
O PR resiste a indicar outro nome ao Dnit. O do ex-deputado Luciano Castro está há mais de um mês nas mãos do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com todas as certidões negativas. Ou seja, na avaliação do PR, só falta nomear.
Ser ou não ser
João Vaccari Neto está numa saia justa: ele havia comentado para alguns integrantes do partido que não planejava comparecer à CPI. Seu advogado mandou que fosse e se defendesse. Ocorre que, agora, o partido não quer que Vaccari faça marola por ali, às vésperas da manifestação de rua convocada para o dia 12.
Terceirização no STF
A ação que os sindicatos deram entrada corre o risco de ficar que nem a reforma política. Só ser avaliada depois que o Congresso decidir sobre o tema. O projeto estará em pauta na Câmara esta semana e, se for aprovado, é bem provável que os sindicatos tenham problemas em ver passar a ação no STF.
CURTIDAS
Melô do PMDB/ O que mais irrita os peemedebistas é se sentirem que nem a música que ficou famosa na voz de Adriana Calcanhoto: “Futebol sem bola, Piu-piu sem Frajola, sou eu assim sem você…” No caso do PMDB, a rima deixa a desejar: “Aviação Civil sem Infraero; Agricultura sem Conab; Minas e Energia sem Eletrobras…” É, pois é.
Dilma e os líderes/ A presidente convidou todos os presidentes de partido e líderes hoje à tarde para discutir o ajuste fiscal e medidas de promoção da competitividade na indústria. É nesses encontros que dá seus recados políticos gerais.
Prêmio República/ O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, deu a largada para a terceira edição dessa premiação, voltada para ações de promoção da Justiça, de defesa do estado democrático de direito e dos direitos do cidadão. A premiada ONG Escola de Gente — Comunicação em Inclusão, da jornalista Cláudia Werneck, é parceira da iniciativa. A entrega do prêmio será em 5 de maio em Brasília.
Rollemberg e os 100/ A ordem do governador do Distrito Federal é preparar várias ações na área de saúde para a marca dos 100 dias. Ele planeja ainda ir às ruas praticamente todos os dias para verificar estoques de hospitais, visitar obras, rodoviárias, pontos de ônibus, ou seja conversar com os cidadãos.
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No geral, é assim que a banda toca no governo: quem se descola às vezes recebe. Quem pede nem sempre tem preferência. Quando os interessados não se movimentam aí é que não sai nada mesmo. Se ninguém pedir por Henrique, ele não será ministro.
Feliz Páscoa a todos!
Que dívida dos estados que nada. O que mais tem levado os ministros do Palácio do Planalto a procurar os senadores de oposição é a perspectiva de enquadramento da Petrobras na lei das licitações, a 8666, tirando a possibilidade de a empresa fechar contratos por carta-convite. O ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, procurou o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima, e ouviu que esse assunto será tratado depois que o senador Ricardo Ferraço voltar dos Estados Unidos.
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Para quem não se lembra, a pedido de Ferraço, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) votará um projeto de decreto legislativo que pretende sustar o processo simplificado para contratação adotado pela Petrobras em 1998, por decreto do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Os tucanos ainda não se pronunciaram a respeito.
Cortes no BB
Para alegria do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o Banco do Brasil decidiu fechar agências deficitárias no exterior. Só na Europa, 12 serão transformadas em escritórios de negócios. Tudo sob a batuta do novo presidente do banco, Alexandre Abreu.
E os empresários?
Até agora, os integrantes da CPI da Petrobras não chamaram os empreiteiros para depor no colegiado. Há quem diga que tem gente com medo de ver um empresário chegar ali e, na cara da excelência, soltar algo do tipo “eu financei a sua campanha!”.
Aquecimento na periferia
Que 12 de abril, que nada. O Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, está de olho é no sábado, 25 de abril, data marcada para uma ronda de manifestações nas periferias das grandes cidades. É quando a Força Sindical pretende fazer uma prévia para um grande ato em 1º de maio.
Nuvens escuras
O Planalto deseja um nome alternativo ao do ex-deputado Luciano Castro (PR-RR) para ser apresentado pelo partido para comandar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit. O PR, entretanto, resiste. Mais uma crise em formação.
CURTIDAS
Conversinhas/ Na última quarta-feira, uma deputada comentava com a outra: “Há tempos não sei o que é ir para o estado numa quarta-feira…” A outra: “Pois é, eu já marquei meu voo para hoje, às 16h30. Regime de urgência agora só se for infarto!”. É, pelo visto, as excelências não estão gostando muito de o presidente Eduardo Cunha ter colocado todo mundo trabalhando às quintas-feiras em Brasília.
Em plena semana santa…/ Vários deputados e senadores estão na Califórnia, na 4ª Missão de Estudos sobre Inovação, do Instituto das Américas. Nessa, foram além do senador Humberto Costa, os deputados Júlio Delgado, Rubens Bueno, Esperidião Amin e ainda o senador Ricardo Ferraço. A autorização para a viagem foi dada em dezembro do ano passado.
O desgoverno das flores/ Em São Francisco, na Califórnia, o sujeito paga US$ 12 para visitar um orquidário e as estufas de flores raras num parque. Ali, vão crianças, idosos, escolas levam os alunos. No Brasil, entretanto, o orquidário do Ibama foi desfeito por ordem da direção do instituto, conforme publicado recentemente nos jornais. Na foto, tirada por um leitor que prefere anonimato, a transferência esta semana da maior orquídea do mundo, a da Malásia, ameaçada de extinção. Que dó.
Incerteza divina/ Eis que, de repente, vem pelo corredor o senador gaúcho Paulo Paim, do PT, e um jornalista pergunta: “Senador, o senhor vai para o PDT?” Todo mundo à volta olhou para o petista: “Só Deus sabe”, respondeu ele. O que vai depender será o jeitão do ajuste fiscal. “Ou o PT muda ou eu mudo”, completou.
Dilma prepara reforma
Custou, mas a presidente Dilma Rousseff começa a trabalhar algumas mudanças na estrutura de governo e de ministros. Aldo Rebelo, hoje na Ciência e Tecnologia, é considerado o nome para retornar à articulação política. A missão dele seria, basicamente, cuidar de Renan Calheiros, a quem o governo considera hoje o mais perigoso dos aliados. Mais até que o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
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Além da mudança na articulação política, estão em curso os estudos para redução do número de ministérios, de 39 para 29 (não chega aos 20 sugeridos no projeto do PMDB, mas já é uma forma de dar discurso aos integrantes da base para evitar a votação da proposta de emenda constitucional dos peemedebistas).
Lages na Conab
Com Henrique Eduardo Alves certo no Turismo, o atual ministro, Vinícius Lages, entrou na lista para assumir a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Assim, o PMDB, que já tem o Ministério da Agricultura, terá outro espaço ali. Quem não vai gostar é o PTB, que hoje comanda a área e não abre mão. Esse é hoje um dos motivos da irritação do líder da bancada na Câmara, Jovair Arantes.
Faça, senão…
Os secretários executivos dos ministérios foram chamados ontem ao Planalto para receberem orientações sobre os cortes no Orçamento deste ano. Cada um deverá indicar o que dá para economizar e quais programas podem ser postergados sem traumas. Foi a forma que o governo encontrou de dar aos ministros alguma autonomia.
…Eu faço
Os ministros têm até a semana que vem para indicar os cortes em cada área. Se não fizerem o dever de casa, o Planalto cortará onde bem entender. Sem choro nem vela.
Tensão no ar
Além do estado de saúde de José Dirceu, os petistas estão preocupados com a manifestação marcada para 31 de março. Houve quem, inclusive, duvidasse da mobilização convocada pelo presidente do partido, Rui Falcão. Mas, dada a reunião do partido nesta segunda-feira em São Paulo, é isso mesmo que o PT quer: lotar as avenidas na terça, antes que o tesoureiro João Vaccari seja chamado a depor na CPI da Petrobras.
Por falar em Vaccari…
Há quem diga que o tesoureiro está se preparando psicologicamente para o caso de o juiz Sérgio Moro pedir a sua prisão. Afinal, muitos dos citados já estão na cadeia e há muita gente certa de que, em breve, os políticos sem mandato vão entrar nessa roda. Não é à toa que José Dirceu apresenta problemas de saúde.
CURTIDAS
Supersecretaria/ A Secretaria de Direitos Humanos, hoje administrada por Ideli Salvatti (foto), vai encorpar. A ideia é que fiquem ali Mulheres, Igualdade Racial e outros setores que hoje têm status de ministro e vão perder o carro com bandeira verde e amarela. Esse desenho está praticamente pronto. É a forma de o Poder Executivo dizer que os cortes atingem a própria carne.
Geraldo na roda/ Os integrantes da bancada do PSB que foram a São Paulo para um almoço com o vice-governador Márcio França foram surpreendidos pela presença do governador Geraldo Alckmin. Ele, que iria só para um café, ficou o tempo todo na conversa. É por aí que o tucano pretende começar seu plano nacional de voo.
Mulheres em litígio/ A primeira-dama da Bahia, dona Aline, e a ex, Fátima, estão em pé de guerra. Até o jardineiro do Palácio de Ondina foi motivo. Fatinha, a mulher do atual ministro da Defesa, Jaques Wagner e ex-governador, tinha pedido para manter o senhor que cuidava dos jardins do palácio. Aline não quis saber. Dispensou o jardineiro. Queria mudar tudo. Eu, hein!
Enquanto isso, no Planalto…/ A escolha de Edinho Silva para a Secretaria de Comunicação Social foi vista por muitos parlamentares como a forma de o governo contornar as dificuldades de aprovar o marco regulatório da mídia no Congresso. Virá agora o exercício do controle econômico. O tesoureiro vai cuidar das verbas de publicidade. Tudo que o PT queria.
PMDB, o pêndulo
O PMDB vive hoje o melhor de dois mundos: o governo deseja agradar o aliado para tentar superar a crise política e econômica. A oposição, da sua parte, apoia os gestos dos peemedebistas de forma a fustigar o Planalto. Diante desse duplo assedio, a legenda age ora governo, ora oposição. Ocorre que, alguns começam a se cansar desse jogo que só tem um beneficiário: o próprio PMDB.
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O Planalto está preocupado, mas não tem alternativa segura a essa dobradinha Renan Calheiros/Eduardo Cunha. A oposição se sente usada, mas também não vê saída. O PSB, que já percebeu o jogo, estende a mão ao Planalto: “Não há necessidade de ocupar cargos, mas é preciso frear qualquer tentativa de impeachment, de forma a garantir o que foi a vontade das urnas e dar sustentação aos bons projetos para que o país (leia-se, governo) não fique refém da chantagem do PMDB”, afirma o deputado Glauber Braga (RJ).
Caminhoneiros, o retorno
Os mesmos caminhoneiros que há alguns dias ocuparam as estradas e pararam o país, prometem voltar ao movimento na sexta-feira, caso a reunião de hoje não traga nenhum resultado. Eles se mostram cansados dessa estratégia do governo, de usar uma reunião para marcar outra mais à frente.
Delcídio, o líder
Os senadores governistas começam a pensar seriamente em fazer do senador Delcídio Amaral (PT-MS) líder do governo. Tudo para que ele não saia do partido e vá reforçar a oposição.
Sutis diferenças
Enquanto Dilma se reunia com as mulheres, Renan Calheiros auscultava os pares. Ele, aliás, dedica-se a essa tarefa de segunda a quinta-feira. Tudo para ter a temperatura exata da crise no Senado e conduzir de forma a não ser arrastado pela correnteza. Até aqui, funcionou.
A porta da rua…
…É serventia da casa. Esse é resumo da conversa entre Lula e o senador gaúcho Paulo Paim, que foi convidado a ingressar no PDT. Lula tem sido incansável na defesa do patrimônio do partido e anda cansado de ver gente olhando ansioso para fora do PT.
Ministros, só três
Quanto mais os aliados pressionarem por uma reforma completa no governo, menos Dilma mexerá na equipe. Até aqui, ela tem o compromisso de nomear Henrique Eduardo Alves para o Turismo, além dos novos ministros da Educação e da Secretaria de Comunicação da Presidência República. E olha que Henrique gostaria mesmo era assumir a Integração Nacional, loteamento hoje ocupado pelo PP, o partido mais enroscado na Lava-Jato.
Desconfiado/ Irritado com o presidente da Câmara por causa da retirada do projeto que atrelava a correção das aposentadorias e pensões às regras do salário mínimo, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força Sindical, comentava para quem quisesse ouvir: “Ele (Eduardo Cunha) já estar se entendendo com o Planalto”.
“Vai trabalhar, deputado!”/ As excelências começam a reclamar do fato de o presidente da Casa, Eduardo Cunha, instituir agenda cheia nas quintas-feiras. Na reunião da bancada do PMDB, por exemplo, a primeira fala foi do deputado Leonardo Quintão (foto), de Minas Gerais, que pediu o fim da pauta cheia no que grande parte das excelências considera “fim de semana nas bases”.
Por falar em trabalho…/ Essa historia de “shopping” na Câmara animou muitos. Já tem deputado falando em montar ali uma academia, um restaurante. Bem… Houve tempo em que a tarefa das excelências era propor leis, analisar o Orçamento da União e fiscalizar os atos do Poder Executivo. Agora querem montar restaurante, academia? Eu, hein…
Dilma e as mulheres/ A decisão de receber a bancada feminina tem um motivo singelo: nenhuma da deputadas no exercício do mandato apareceu enroscada na Operação Lava-Jato. E, para completar, a mulherada da Câmara e do Senado é conhecida por falar o que pensa à chefe do Poder Executivo.
Pelo menos parte da bancada feminina tem encontro marcado hoje com a presidente Dilma Rousseff para um jantar no Alvorada. A idéia é estreitar laços e, ao mesmo tempo, ouvir o que elas têm a dizer sobre seu governo. E, pode ter certeza, leitor, parte das convidadas está disposta a reproduzir a verdade nua e çrua perante Dilma, coisa que poucos fazem.