Autor: Denise Rothenburg
O governo não vai trocar seu líder, André Moura, assim, de sopetão, só porque o candidato Rogério Rosso, defendido pelo deputado, perdeu a Presidência da Câmara para Rodrigo Maia, do DEM. “A hora é de juntar, e não de espanar”, comenta-se no Palácio do Planalto. O líder, entretanto, terá que entregar o que o governo deseja: resultado nas votações. Se não der, aí sim, estará sob risco. A aposta é de que Moura é bem capaz de se “adaptar”. Resta saber se terá prestígio diante do novo eixo de poder, deslocado da sua “turma”, aquela que seguia o comando de Eduardo Cunha e agora está pulverizada. O Centrão, aliás, acabou enquanto grupo político com poder de dominar a cena na Câmara, haja vista a pequena quantidade de votos destinada a Rosso, comparada com os quase 300 que compunham o grupo.
Nova temporada
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não pretende estimular, tampouco barrar, as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e pode, inclusive, se chamuscar nesse campo com a sua base eleitoral, no Rio de Janeiro. É que está para ser instalada a CPI da Lei Rouanet, que dificilmente deixará de chamar para deporem artistas radicados no Rio.
O dia em que o PTdoB…
A primeira pessoa a chegar à reunião do PT defendendo o voto em Rodrigo Maia no segundo turno foi o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE): “Vocês enlouqueceram? Querem ficar isolados? É um erro político! Isso aqui é o parlamento, não o governo!! Vocês querem dar a vitória a Eduardo Cunha?”, disse Sílvio, com sua verve tradicional.
…Mandou no PT
A partir daí, a tendência de seguir o PSol e não votar no segundo turno esmoreceu. O PT ontem à noite, logo depois do resultado, comentava que o lance da hora é ver como reagirá o Centrão.
Abaixo da cintura
Uma das mágoas do grupo que apoiou Rogério Rosso é com o deputado Alberto Fraga (DEM-DF). Há quem aposte que o zun-zun-zum das fitas de Durval Barbosa — aquelas que derrubaram José Roberto Arruda — influenciou alguns deputados. O fato de Fraga ser do DEM foi um agravante.
Entre 9 e 10 de agosto
Diante do resultado de ontem na Comissão de Constituição e Justiça, ninguém duvida que a cassação de Eduardo Cunha será um dos primeiros temas quando o Congresso voltar do recesso, mas não deve ser na primeira semana. Isso porque a legislação eleitoral deixou a temporada de convenções das eleições municipais aberta até 5 de agosto. Logo, vai se esperar esse período para garantir o quórum alto prometido por Rodrigo Maia.
CURTIDAS
É por aí/ Antes de fechar o apoio a Rodrigo Maia na madrugada de ontem, o líder do PR, Aelton de Freitas, telefonou para o ministro dos Transportes, Maurício Quintela, para saber se a bancada poderia seguir por esse caminho. Quintela pediu 10 minutos e, depois, ligou para Freitas dando sinal verde.
Quem te viu, quem te vê/ Enquanto Luiza Erundina fazia seu discurso de candidata pelo PSol na disputa pela Presidência da Casa, alguém do PT cochichava: “E o governo Itamar?”, citando o período em que o partido, numa posição radical, proibiu Erundina de ser ministra e ela terminou punida por aceitar o cargo.
Essa cadeira tem dono/ Na Presidência da Câmara, a cadeira de espaldar mais alto tem uma placa sobre a mesa colocada estrategicamente à sua frente: “Favor não sentar”. Ontem, uma pessoa distraída terminou ocupando esse posto. Delicadamente, uma representante do cerimonial se aproximou e pediu que aquela cadeira ficasse vazia. “É preciso respeitar a liturgia e a simbologia do cargo.”
Por falar em simbologia…/ A visita do presidente Rodrigo Maia ao chanceler José Serra foi um gesto para agradecer o esforço do ministro de Relações Exteriores na véspera, quando, depois de duas horas de agonia, a Embaixada do Brasil em Santiago finalmente localizou o registro de nascimento, provando que Rodrigo Maia tem nacionalidade brasileira, embora nascido no Chile, nos tempos do exílio de seu pai, César Maia.
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Distância regulamentar, mas…
O governo manteve um certo afastamento da eleição da Presidência da Câmara, mas ontem, não deu. Diante da candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PI), o Planalto ingressou para jogar no sentido de tirá-lo do segundo turno. Embora do PMDB, Castro é tido como alguém que poderia instalar um pedido de impeachment contra Michel Temer. Afinal, enquanto relator da reforma política, ele desconheceu a orientação partidária e fez o projeto que estava em sua cabeça. Do quarteto com chances, era considerado o menos confiável para o governo.
Em tempo: Temer passou o dia no celular, ao ponto de ser interrompido no encontro com prefeitos no fim da manhã, para receber informes de cada movimento. Diante da dificuldade em unir a base e certo de que virá um rosário de cobranças hoje ao seu gabinete, o presidente em exercício viajou para São Paulo. A agenda foi apenas uma desculpa para só voltar ao dia a dia da política depois que baixar a poeira da disputa pela Presidência da Casa.
Pacote de bondades
Antes das duras medidas que virão pela frente, Temer trabalha para marcar sua gestão com um rol de boas notícias na área social. Depois do reajuste do Bolsa Família, vem a prioridade de acesso aos programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, a lares com crianças vítimas de microcefalia.
Reforço
O ex-ministro do Esporte Aldo Rebelo, mesmo fora do Congresso, agiu para tirar seu partido do colo de Marcelo Castro. Por telefone, ele lembrou a alguns que Rodrigo Maia havia ajudado na eleição do comunista, quando Severino Cavalcanti perdeu o mandato. Para completar, enquanto relator da reforma política, cumpriu todos os acordos fechados com o PCdoB.
Terrorismo
A presença de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) frente a frente com os deputados foi a senha para deixar o recurso para análise posterior. Agora, até agosto, Cunha tentará organizar outro jogo para se segurar até janeiro do ano que vem. Faltou combinar com os adversários.
E Serra salvou Rodrigo
No fim da manhã, ao averiguar a documentação do candidato do DEM, a Mesa Diretora da Câmara percebeu a falta da certidão que comprovasse a nacionalidade brasileira (Rodrigo nasceu no Chile e foi registrado na embaixada). Sem a certidão brasileira, não poderia disputar o comando da Casa. Corre daqui, corre de lá, o ministro de Relações Exteriores, José Serra, acionou a Embaixada do Brasil em Santiago para que buscasse o documento. No início da tarde, estava resolvido. Foi por pouco.
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Os currais de cada um/ Morador da mesma rua em que funciona a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Heráclito Fortes (foto) faltou ao almoço com o presidente Michel Temer esta semana. Nem mesmo a deputada Tereza Cristina (PSB-MS), que foi pessoalmente convidar o colega, conseguiu tirá-lo de casa. “Não posso deixar os vereadores e o prefeito de Currais.”
O prestígio de cada um/ Nunca antes na história deste país um prefeito e três vereadores se sentiram tão prestigiados. Um deles chegou a ligar para a família, apenas para informar que Heráclito deixou de ir encontrar o presidente da República para ficar com eles. No pequeno município do Piauí, o deputado obteve 1.200 votos.
Aperfeiçoamento/ O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, recorreu a cursos de treinamento na área de imprensa, conhecido como media training. Os amigos, entretanto, consideraram exagero: “Até que parece que ele precisa”, comentaram alguns deputados.
Hora do chá de camomila/ A senha para o recesso branco dos senadores foi a briga entre Ronaldo Caiado e Lindbergh Farias ontem, no Senado (leia detalhes no blog da Denise, em www.correiobraziliense.com.br).
A vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) é tratada nessas primeiras horas como uma construção para tirar de cena Eduardo Cunha, o maior derrotado da noite. Rogério Rosso, considerado o candidato do centrão, e os 170 votos que obteve num pleito secreto indicam que, quando a cassação de Eduardo Cunha chegar ao plenário, o ex-presidente será despachado sem dó. O próprio Centrão esfarelou. Haja visto o semblante de seus maiores líderes quando anunciado 115 votos de diferença em favor de Maia, algo que nem o DEM esperava.
O líder do governo, André Moura (PSC-SE), que apostou no Centrão e é um dos maiores aliados de Cunha, também entra na corda bamba e não terá mais tanto prestígio. Se vai permanecer, o tempo dirá. Porém, está enfraquecido. Resta saber se a derrota de Rosso respingará no ministro Geddel Vieira Lima, apontado nos bastidores como alguém que teria trabalhado por Rosso.
Quanto à oposição, depois de tanta cabeçada no primeiro turno, parece ter corrigido o rumo e terá algum ganhou na vitória de Maia. A CPI da UNE, por exemplo, é considerada natimorta. Maia também terá que ceder algum outro ponto aos oposicionistas. Um deles é o ritmo da votação da reforma da previdência. Que ninguém espere que venha uma tratorada, tipo a que Cunha protagonizou no impeachment. A Casa andará no ritmo do que for acertado pelo líderes, sem canetada. Paralelamente à reforma previdenciária, vem ainda o teto de gastos e a tentativa por parte da presidência da Casa de auxiliar os oposicionistas a empreender algum ganho aí para as áreas de saúde e educação.
No geral, ninguém tem mais dúvidas: O Planalto ganhou, mas a oposição também não se considerou derrotada. Se isso resultar num Parlamento voltado ao diálogo já estará de bom tamanho.
Ontem, o presidente da Casa, Renan Calheiros, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que se estranharam. Ontem, o caso foi mais grave. Numa discussão sobre aumento salarial, o deputado Lindbergh Farias, do PT, e Ronaldo Caiado, do DEM, quase foram as vias de fato, quando, criticado por Lindbergh, Caiado atacou: “Vou responder como médico”, disse Caiado, completando que o colega chegava com as “pupilas dilatadas” e deveria fazer exame “antidoping”. Lindbergh, furioso, respondeu: “Quem sabe de você é o Demóstenes e o Cachoeira”, disse, referindo-se ao senador do DEM que perdeu o mandato por envolvimento com Carlinhos Cachoeira, o empresário preso há alguns dias sob acusação de participar de esquema de desvio de dinheiro público. Segunda-feira começa o recesso branco e a esperança dos senadores que assistiram a cena é a de que o descanso sirva para acalmar os ânimos em plenário.
Sem condições de carimbar o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) no papel de anti-impeachment na briga pela Presidência da Câmara, o Centrão foi buscar no PMDB o nome para, num segundo turno, fazer valer a sua tese, de colocar como pano de fundo da disputa uma batalha entre contrários ao impeachment e favoráveis. E o nome é o do deputado Marcelo Castro que, numa votação secreta, foi indicado no final da manhã candidato do PMDB à sucessão de Eduardo Cunha. Castro votou contra o impeachment de Dilma. Portanto, chega sob encomenda para ganhar esse carimbo e tirar do candidato do DEM, Rodrigo Maia, os votos que lhe garantiriam o bilhete premiado para o segundo turno contra o Centrão, que tem vários candidatos, mas um grupo maior pende a Rogério Rosso (PSD-DF), que presidiu a comissão do impeachment com distinção.
A candidatura de Castro anima o PT e o PCdoB, leva uma parte do PDT e segura os votos do PMDB para levá-lo ao segundo turno. Mas, por ser um nome que votou contra o impeachment, afasta, na batalha final de amanhã, o centrão e grande parte daqueles que foram favoráveis ao afastamento de Dilma. Assim faz valer a tese impeachment/não-impeachment, em vez de grupo de Eduardo Cunha versus partidos que hoje desejam resolver logo o caso de Eduardo Cunha __ tese que Rodrigo Maia tentava emplacar. Por ser um nome que votou contra o impeachment, Maia era visto como o ideal para reunir as oposições de ontem e de hoje contra o grupo de Eduardo Cunha. Agora, está dependendo de obter o apoio do PSDB para tentar fazer frente aos centristas.
Enquanto essa briga cresce no seio da base governista __ com alguns vendo dedos palacianos nessa disputa que fez de Marcelo Castro candidato apenas para chegar ao segundo turno, mas não levar __ outros candidatos vão silenciosamente se organizando. Lá vem, por exemplo, o segundo vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo, que fechou o PR em torno do seu nome. Em 2015, quando candidato a segundo vice-presidente da Câmara, Giacobo obteve 322 votos, derrotando o deputado Lúcio Vale, candidato oficial da bancada. Agora, Giacoco sai do PR com 44 votos e está buscando apoios da mesma forma que conquistou da última vez: no varejão que se tornou o Parlamento. Vale lembrar que Giacobo ganhou 12 vezes na loteria. Talvez a Presidência da Câmara seja a 13ª.
Numa campanha curta e diante de uma profusão de candidatos, as alas da Câmara ligadas ao governo se viram como podem para detonar o adversário. Da mesma forma que alguns tentam carimbar Rogério Rosso como o candidato de Eduardo Cunha para ver se enfraquecem a candidatura dele, o centrão agora se refere a Rodrigo Maia (DEM-RJ) como o candidato de Lula “a fim de atrapalhar o impeachment”. Como a eleição é em dois turnos, o objetivo dos centristas é, na segunda rodada, transformar a eleição em um plebiscito contra ou a favor do impeachment e repetir o placar de 367 a 137. Falta combinar com o adversário. Maia foi um dos propulsores do impeachment e, se for por esse caminho, base contra base, e num jogo de carimbos à margem da política, quem vai perder é o governo.
O “x”da profusão
O surgimento de tantos candidatos a presidente da Câmara tem um motivo translúcido: a falta de instrumentos para o toma lá dá cá em que a política nacional se viciou ao longo dos anos. Não há uma presidência de comissão ou demais cargos da Mesa Diretora para contemplar quem retirar candidaturas. Para completar, quem sentar naquela cadeira assumirá a presidência da República em setembro, quando Michel Temer irá à China.
De ovos & galinhas
O deputado Paulinho da Força (SD-SP) ainda tentava ontem um acordo para que o centrão ficasse com o mandato-tampão e o PSDB com 2017. O problema é que, dizem alguns, não dá para confiar em todos os representantes do grupo. “Daqui a seis meses, o cenário é outro e quem acreditou no acordo terminará prejudicado”, dizia um tucano.
Contabilidade I
Sem o toma lá dá cá tradicional, os partidos fazem suas contas. O centrão aposta que Rogério Rosso (PSD-DF) tem 120 votos; Rodrigo Maia (DEM-RJ), 90; e Giacobo (PR-PR), 70. Os demais, avalia o grupo, estão com menos de 30.
Contabilidade II
Fora da contagem do centrão, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) aposta no relacionamento pessoal para emplacar seu nome: “Aqui, o que conta na hora de eleger é a simpatia e o respeito aos colegas”, diz ele.
De olho em 2018 I
As razões para o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, elogiar tanto a candidatura de Rogério Rosso ao comando da Câmara vão além das qualidades de agregador do líder do PSD. A ideia é tentar fazer com que Rosso saia de um potencial adversário a aliado, candidato ao Senado. Falta combinar com o próprio Rosso e os eleitores.
De olho em 2018 II
Rodrigo Rollemberg se aproveita para tentar ganhar pontos na frente de outro adversário, Tadeu Filippelli, do PMDB. No papel de assessor especial do presidente Michel Temer e instalado no 3º andar do Planalto, Filippelli não tem muita liberdade para se mover nesta seara das candidaturas ao comando da Câmara, sob pena de terminar irritando outros partidos aliados ao governo.
Haja energético I/ Um grupo de integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara promete fazer de tudo para liquidar ainda hoje a votação do parecer sobre o recurso que Eduardo Cunha (foto) apresentou. Há quem diga que será uma prévia da eleição jogada até a madrugada.
Haja energético II/ A eleição, marcada para esta quarta-feira, também não será tranquila. A expectativa é a de que vare a madrugada, como ocorreu quando da eleição do azarão Severino Cavalcanti (PP-PE), em 2005, quando o PT, com dois candidatos, perdeu.
A hora delas!/ Alguns candidatos espalharam moças bonitas pela Câmara distribuindo panfletos. Rosso e Carlos Gaguim (PTN-TO) saíram na frente nesse quesito. “Eu estou com a campanha na rua. São tantos candidatos que quem obtiver 50 votos estará no segundo turno. Essa história de Centrão não existe. Agora, é cada um por si”, diz Gaguim.
Clube do Mickey/ Alguns candidatos tiveram o trabalho de pesquisar: pelo menos 16 deputados são considerados votos perdidos para a Presidência da Casa. Estão no exterior e não devem voltar a tempo de eleger o futuro comandante.
O líder do PSD, Rogério Rosso, acaba de anunciar que será candidato a presidente da Câmara. Embora tenha dito que só sairia candidato se houvesse consenso, o deputado foi convencido por parlamentares e apresentar logo o seu nome, de forma a segurar os votos daqueles que estão fechados com ele. Rosso cresceu na Casa ao comandar a Comissão Especial do Impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ali, tornou-se respeitado por todas as forças da Casa, inclusive a oposição. No centrão, ele concorre ainda com o deputado Beto Mansur, primeiro-secretário, que passou a ter mais visibilidade recentemente,por presidir sessões polêmicas e se sair bem. Mansur leva a vantagem de estar no quinto mandato, o que não lhe deixa o carimbo de candidato de Eduardo Cunha. Esse carimbo hoje está com Rosso e é o maior problema do candidato do DF à Presidência da Casa.
A contar pela guerra aberta na Câmara e as desconfianças políticas que minam as perspectivas da base construída no Senado, o presidente em exercício, Michel Temer, terá que renovar o fôlego para chegar a agosto com o mesmo poder que emana hoje. Isso porque cresce, entre alguns aliados, a tese de que o projeto para estes dois anos tem como pilares apenas Temer, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Wellington Moreira Franco. Do PMDB, gravitam nesse espaço restrito os senadores Romero Jucá, Eunício Oliveira e Renan Calheiros, nessa ordem. De fora do grupo, apenas têm mais acesso os nomes vistos por esses com perspectiva de poder, o dos ministros José Serra e Henrique Meirelles. Os demais estão à margem.
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Tudo bem, dizem alguns, que 2018 está longe e ainda tem muita água de Lava-Jato para rolar sob a ponte. Porém, se o governo não monitorar de perto os grupos a fim de dissipar desconfianças de que o poder é um clube fechado para poucos, a tendência será o curto-circuito da base na Câmara se expandir no Senado. Afinal, se já tem gente falando dessas insatisfações em conversas reservadas com a coluna, é sinal de que nos jantares fechados dos parlamentares isso está se tornando voz corrente.
E o Brasil se inclina…
Pesquisa do Instituto DataSenado incluiu pela primeira vez a pergunta %u201CNa política se fala em esquerda e direita. Em uma escala de 0 a 10, onde 0 representa a posição%u201D mais à esquerda e 10, a posição mais à direita, em que número você estaria?%u201D
%u2026À direita
O resultado: 20% dos entrevistados se definiram de esquerda, com respostas de 0 a 3. Já 41% se apresentaram como %u201Cde centro%u201D (4 a 6), 32% de direita (7 a 10) e 8% não souberam responder. Somados, centro e direita representam 73%, enquanto centro e esquerda ficam com 61%. Os dados da amostragem estarão disponíveis na página do Senado na próxima semana.
O diabo mora nos detalhes
Tarimbados em discursos, alguns senadores consideraram um erro o presidente em exercício, Michel Temer, mencionar medidas %u201Cimpopulares%u201D na reunião com os representantes da Frente Parlamentar do Agronegócio. O conselho que ele recebeu de muitos foi trocar a expressão %u201Cimpopulares%u201D por %u201Cnecessárias%u201D.
Mensalão & petrolão
Os investigados na Lava-Jato fizeram as contas e começam a ficar preocupados com a perspectiva de ter que encerrar a carreira política mais cedo. É que o mensalão levou sete anos para ser julgado. O petrolão está no terceiro ano. Ninguém quer ir para a eleição de 2018 com a pecha de investigado. Nesse sentido, vêm por aí apelos para que Rodrigo Janot e o Supremo Tribunal Federal ampliem a força-tarefa para avaliar logo o caso dos políticos.
E agora, Temer?/ Como se não bastassem os problemas, vem mais este: o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) indicou o médico e ex-deputado Heraldo Rocha para a Funasa. E o deputado Claudio Cajado recomendou a mulher, Andreia Xavier, ex-prefeita de Dias D%u2019Ávila, para o mesmo cargo. Nos bastidores, há quem diga que esse será um teste de fogo para o governo: se aceita a mulher de Cajado, vai preterir um técnico conceituado. Se aceita o médico, dirão que rejeitou uma mulher. Não tem saída fácil aí.
Enquanto isso, no Senado…/ Os petistas estão cada vez mais abatidos. A maioria tem dito que o %u201Cimpeachment está resolvido%u201D, enterrando assim qualquer perspectiva de recuperar o poder no Planalto e olha cada vez para 2018. Nem mesmo a visita de Lula a Brasília reanimou o grupo.
Plano A/ Lula, entretanto, não está tão preocupado com o abatimento dos senadores. O que lhe tira o sono é a ausência de povo na rua defendendo o PT, lembrando as realizações sociais dos governos. Por isso, ele começa agora um périplo pelo país. A primeira parada será Pernambuco. A prioridade é dar uma injeção de ânimo para as eleições deste ano.
Distante/ No rol da galeria de líderes do PP, as fotos seguem a seguinte ordem: Pedro Henry, José Janene, Mário Negromonte, João Pizzolatti e Nelson Meurer, todos enroscados em alguma investigação. %u201CEsta parede é complicada, né?%u201D, comenta o atual líder, Aguinaldo Ribeiro, diante da constatação da pergunta: “E o seu nome, onde está” E ele responde: “Lá embaixo, longe”. E o interlocutor completa: “Melhor assim, né?”.
Os petistas não terão candidato a presidente da Câmara. Ali, tem um grupo simpático a Marcelo Castro, do Piauí, adversário de Eduardo Cunha dentro do PMDB, e, quem diria, a Rodrigo Maia (DEM-RJ). Há ainda uma ala esperando para ver o que fará o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), que tem trânsito em todos os partidos da Casa, era um dos mais próximos de Ulysses Guimarães e mantém laços no DEM e também no PSDB.
Oficialmente, porém, Heráclito não saiu candidato ainda porque aguarda uma definição do PSB, que tem Júlio Delgado e Hugo Leal dispostos a concorrer. Júlio, entretanto, está encontrando dificuldades: uma ala do PT o rejeita por causa do parecer contra José Dirceu, nos tempos do mensalão. No Centrão, o nome dele é vetado, porque foi um adversário feroz de Eduardo Cunha.
O telespectador…
O ex-presidente da Câmara está sendo aconselhado a entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal a fim de tentar conseguir o direito de votar na eleição para o sucessor. Ele continua afastado do mandato; portanto, terá que se contentar em acompanhar a sessão pela tevê e internet.
…O articulador
Diante da forma ostensiva com que o líder do PTB, Jovair Arantes, está enfrentando Waldir Maranhão (PP-MA) na disputa pela data da eleição do futuro presidente da Casa, ninguém tem dúvidas de que toda essa movimentação tem um nome: Eduardo Cunha.
“Temos que pensar no dia seguinte à eleição e, nesse clima de guerra, ninguém está pensando”
Antônio Imbassahy (BA), líder do PSDB, ao anunciar de antemão que o partido não terá candidato a presidente para o mandato-tampão.
Ciumeira
Senadores e deputados do PMDB ficaram pra lá de irritados com o fato de a líder do governo, Rose de Freitas, ter entregue ao senador Humberto Costa (PT-PE) a relatoria da MP 723, que prorroga por três anos o prazo de revalidação do diploma e do visto temporário do médico intercambista do Projeto Mais Médicos.
Enquanto isso, na CNI…
A ideia do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, ao falar em jornada de 80 horas semanais tem um objetivo político: equilibrar o jogo com o deputado Paulinho da Força (SD-SP), aliado de primeira hora de Michel Temer e árduo defensor das 40 horas.
Bem longe/ O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi para a Bahia. Quer manter distância regulamentar das conversas secretas para a Presidência da Câmara. O da Casa Civil, Eliseu Padilha, também sai de cena neste fim de semana com a mesma finalidade. Sabem que, com qualquer passo em falso nesse tema, quem perde é o Poder Executivo.
Sai daí rapidinho!/ O líder do governo, André Moura (foto), refugiou-se em Sergipe. Depois da reunião de quinta-feira, em que ficou à mesa como que apoiando a decisão do Centrão de eleger o presidente da Câmara na terça-feira, achou melhor não influir na movimentação de ontem.
Errou nas contas/ No evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o presidente em exercício, Michel Temer, mencionou que estava em seu 48º dia de governo. Epa! Ele completa dois meses na próxima terça-feira.
Suassuna, o retorno/ O ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB) começa a trabalhar o retorno ao cenário político. Hoje, participará de uma homenagem à família Suassuna, em Catolé do Rocha, interior da Paraíba. Suassuna planeja concorrer ao Senado em 2018, em parceria com o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima.
Entrou mais um, agora, são cinco:
Beto Mansur (PRB-SP)
Carlos Gaguim (PTN-TO)
Fábio Ramalho (PMDB-MG)
Fausto Pinato (PP-SP)
Marcelo Castro (PMDB-PI)
Até aqui, são quatro os candidatos registrados para concorrer à Presidência da Câmara (ordem alfabética):
Carlos Gaguim (PTN-TO)
Fábio Ramalho (PMDB-MG)
Fausto Pinato (PP-SP)
Marcelo Castro (PMDB-PI)

