A vez dos políticos

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Demorou, mas a Operação Lava-Jato desaguou nos políticos. Com os três ex-parlamentares presos (André Vargas, do PT; Pedro Corrêa, do PP e Luiz Argôlo, do SDD), aqueles que têm mandato começam a ficar mais preocupados. Muitos deles sabem que, mais cedo ou mais tarde, terão o mesmo destino.

  O que mais preocupa alguns personagens, segundo advogados, é a paciência dos procuradores que, aos poucos, vão montando o quebra-cabeça. Vargas surgiu pela primeira vez no noticiário suspeito de envolvimento com o doleiro com Alberto Yousseff em abril do ano passado. Apenas agora, um ano depois, Vargas é preso.O mesmo vale para Luiz Argôlo e Pedro Correa, também citados no ano passado. Quanto ao pepista, um detalhe: Ele deixou de ser réu primário, uma vez que foi condenado no processo do mensalão e cumpre a pena em prisão domiciliar. Aqueles que, como Corrêa, foram condenados em outros processos são os mais preocupados. Não é para menos.

Renan fecha com Michel, Eduardo Cunha ainda não

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Câmara é Cunha, Senado é Michel

Michel Temer mal havia se sentado na cadeira de coordenador político do governo quando os petistas comentavam em conversas reservadas ainda na noite de terça-feira que a Câmara não dará trégua ao Planalto. Leia-se Eduardo Cunha, o mais recente filiado ao grupo de alto comando peemedebista. Ao longo dos próximos dias, Cunha pretende mostrar que o vice-presidente da República é bom, mas não é Deus. A PEC de redução do número de ministérios foi só uma amostra. No Senado, Renan Calheiros, por sua vez, pareceu mais cordato. Deixou, por exemplo, correr frouxa a leitura da CPI do BNDES, dando tempo de que alguns retirassem as assinaturas, conforme divulgado ontem.

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Vem por aí a nova temporada Câmara versus Senado dentro do PMDB. Temer, que de bobo não tem nada, já chamou a bancada da Câmara para uma reunião. Ele sabe que os deputados hoje atendem muito mais ao comando de Eduardo Cunha do que ao do governo ou dos líderes partidários. Esse parece ser hoje o maior desafio de Michel.

E uma das últimas marcas…

Mal o governo acerta um novo coordenador político e já vem ministro irritando a presidente Dilma Rousseff. Ontem, no Senado, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, provocou ira em alguns dilmistas ao mencionar a necessidade de adquirir a coragem de revisitar o sistema de partilha na exploração de petróleo do pré-sal.

…Balança

Há dois dias, Dilma disse com todas as letras que o sistema de partilha da produção (e não o de concessão) é o acertado porque deixa a riqueza na mão do Estado. Para quem já perdeu o discurso dos juros baixos, da conta de luz mais barata e das casas mais mobiliadas, era só o que faltava. No Planalto, há quem assegure que, nesse quesito, não dá para abrir mão, ainda que a Petrobras esteja enfrentando problemas.

“O articulador do governo precisa ser um negociador de sequestro. É sujeito que fala com todo mundo: com o sequestrado, com a polícia, com a mãe do sequestrador, com o sequestrador e ainda leva o dinheiro do resgate”

Magno Malta (PR-ES), senador

E o Vaccari, hein?

Vencida a disputa interna sobre ir ou não à CPI da Petrobras, o tesoureiro petista João Vaccari Neto corre o risco de ouvir poucas e boas se tentar enfrentar os deputados ou constrangê-los citando doações de campanha. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), por exemplo, está pronto para dizer que denunciado, ali, só Vaccari.

CURTIDAS   

E o salário, ó…/ Mozart Viana vai para o governo, ok, mas há quem diga que terá trabalhar de graça. A aposentadoria que ele recebe do Poder Legislativo não permite a acumulação.

Arquivo morto/ Os peemedebistas se deslocavam da mesa de jantar para a outra sala no Jaburu quando, de repente, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, olha para a imensa arca de madeira encostada na parede e não se contém: “Aqui, Michel vai guardar os currículos”. Foi uma risada geral. Só mesmo um móvel daquele tamanho para Michel Temer guardar as pastas com as qualificações de cada interessado ou indicado aos cargos de segundo escalão.

Queridinho?/ O deputado Fernando Marroni (PT-RS) viveu seus minutos de fama no lançamento do livro de João Paulo Cunha com reflexões sobre a temporada na Papuda por causa da condenação no processo do mensalão. “Pô, o Pepe (Vargas) vai para o lugar da Ideli (Secretaria de Direitos Humanos) só para você não deixar de ser deputado.” Marroni é suplente de Pepe na Câmara.

Por falar em lançamento…/ O PT prestigiou seu ex-parlamentar. Mais de 400 livros foram vendidos na noite de autógrafos em Brasília. Por lá, passaram vários integrantes do partido dos áureos tempos do governo Lula, inclusive Professor Luizinho. Já a turma enroscada no petrolão preferiu ficar distante. Alguns, especialmente de outros partidos, receberam convites em mãos e alegaram outros compromissos.

Dilma e o PMDB

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E o abacaxi vai para…

Os peemedebistas lavam as mãos para o fato de a presidente Dilma Rousseff oferecer a Secretaria de Relações Institucionais ao ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha. Primeiro porque, pelo andar da carruagem no parlamento, corre o risco de o ministro da SRI, sendo do PMDB, terminar derrotado pelo próprio partido. A confusão não vai passar colocando a legenda na SRI, especialmente, porque o PMDB continua desconfiado de que Aloizio Mercadante não está totalmente afastado das articulações políticas.

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Dilma, entretanto, quer mais comprometimento do PMDB com o governo. Parte da bancada da Câmara, embora diga que não deseja ministério, garante que Dilma havia acenado com uma vaga no primeiro escalão — especificamente no Turismo, para o ex-deputado Henrique Eduardo Alves. Até agora, a nomeação não saiu e a equação Câmara-Senado está desequilibrada. Os deputados têm duas vagas — Portos e Aviação Civil — enquanto só senadores têm quatro — Agricultura, Minas e Energia, Pesca e Turismo. O que os deputados não esperavam era o abacaxi da SRI, onde não há caneta nem verbas. 

O “X” de Renan

Aliados de Renan Calheiros juram que o problema maior do presidente do Senado não é perder o Ministério do Turismo. É não ter sido chamado a dar seu parecer sobre as pastas entregues ao partido no Senado, leia-se Kátia Abreu, para Agricultura; Eduardo Braga, para Minas e Energia; e Helder Barbalho, para Pesca.

Por falar em segundo escalão…

O PR resiste a indicar outro nome ao Dnit. O do ex-deputado Luciano Castro está há mais de um mês nas mãos do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com todas as certidões negativas. Ou seja, na avaliação do PR, só falta nomear.

Ser ou não ser

João Vaccari Neto está numa saia justa: ele havia comentado para alguns integrantes do partido que não planejava comparecer à CPI. Seu advogado mandou que fosse e se defendesse. Ocorre que, agora, o partido não quer que Vaccari faça marola por ali, às vésperas da manifestação de rua convocada para o dia 12.

Terceirização no STF

A ação que os sindicatos deram entrada corre o risco de ficar que nem a reforma política. Só ser avaliada depois que o Congresso decidir sobre o tema. O projeto estará em pauta na Câmara esta semana e, se for aprovado, é bem provável que os sindicatos tenham problemas em ver passar a ação no STF. 

CURTIDAS    

Melô do PMDB/ O que mais irrita os peemedebistas é se sentirem que nem a música que ficou famosa na voz de Adriana Calcanhoto: “Futebol sem bola, Piu-piu sem Frajola, sou eu assim sem você…” No caso do PMDB, a rima deixa a desejar: “Aviação Civil sem Infraero; Agricultura sem Conab; Minas e Energia sem Eletrobras…” É, pois é.

Dilma e os líderes/ A presidente convidou todos os presidentes de partido e líderes hoje à tarde para discutir o ajuste fiscal e medidas de promoção da competitividade na indústria. É nesses encontros que dá seus recados políticos gerais.

 

Prêmio República/ O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, deu a largada para a terceira edição dessa premiação, voltada para ações de promoção da Justiça, de defesa do estado democrático de direito e dos direitos do cidadão. A premiada ONG Escola de Gente — Comunicação em Inclusão, da jornalista Cláudia Werneck, é parceira da iniciativa. A entrega do prêmio será em 5 de maio em Brasília.

Rollemberg e os 100/ A ordem do governador do Distrito Federal é preparar várias ações na área de saúde para a marca dos 100 dias. Ele planeja ainda ir às ruas praticamente todos os dias para verificar estoques de hospitais, visitar obras, rodoviárias, pontos de ônibus, ou seja conversar com os cidadãos.  

 

Sem pedido, sem ministério

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Henrique está só
 
Em conversas reservadas, ministros e aliados da presidente Dilma Rousseff afirmam que Henrique Eduardo Alves ainda não virou ministro porque, oficialmente, o que tem chegado aos ouvidos da presidente é que o PMDB não quer cargos. Eduardo Cunha, presidente da Câmara, repete insistentemente que não deseja vagas no governo. O mesmo dizem outros integrantes da bancada na Câmara, onde Henrique passou os últimos 40 anos. Os senadores também não se movimentam.

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No geral, é assim que a banda toca no governo: quem se descola às vezes recebe. Quem pede nem sempre tem preferência. Quando os interessados não se movimentam aí é que não sai nada mesmo. Se ninguém pedir por Henrique, ele não será ministro.

 
Não tem milagre…
 
Os petistas estão convencidos de que a recuperação do partido passa por três pilares: 1) Dilma governar de olho na recuperação da economia e delegar todo o resto; 2) Renovar o discurso partidário com prioridade à proteção do salário e da renda; 3) Evitar que Luiz Inácio Lula da Silva vá para o ralo com aqueles enroscados na Operação Lava-Jato. É por aí.
 
…Nem tucano
 
A aposta geral do partido de Lula, revelada apenas nas rodas mais fechadas, é a de que o PSDB não conseguirá ser o protagonista da eleição de 2018. Eles calculam que virá uma nova força, mais conservadora. Quem será ainda é uma incógnita para os lulistas.
 
BNDES na CPI
 
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, foi convocado para depor na CPI da Petrobras na semana que vem. A Comissão quer ouvi-lo sobre financiamentos a empresas ligadas à Sete Brasil e, ainda, sobre os pagamentos das empreiteiras. Há notícias de que está tudo em atraso.
 
Esquecidos
 
Os integrantes da CPI da Petrobras até agora não marcaram os depoimentos daqueles parlamentares investigados pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de receber dinheiro desviado pelo esquema da Lava-Jato. A ordem é esperar passar a onda de manifestações em 12 de abril.
 
Lembrados
 
A toada para esta semana será deixar o desgaste maior na conta do governo e do PT, com o depoimento de João Vaccari Neto e as pressões para que Erenice Guerra, ex-assessora de Dilma, seja convocada ao Congresso para explicar seus laços com o escândalo desvendado pela Operação Zelotes no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).
 
Semana nada santa
 
O saldo é estarrecedor: duas crianças vítimas de bala perdida, uma no Rio de Janeiro, outra em Jardim Paulista (PE). Nos arredores de Brasília, menina de 14 anos encontrada morta num matagal, com sinais de violência sexual. Isso para ficar apenas em alguns dos casos registrados. A insegurança está em toda parte. Os governos, não.
 
CURTIDAS   
 
Só?/ O líder do PSD no Senado, Omar Aziz (foto), do Amazonas, arrisca levar o prêmio sinceridade em audiências. Dia desses, ele foi ao ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, relatar a situação de calamidade em municípios afetados pelas cheias em seu estado e diante da disposição de Occhi em visitar as áreas afetadas “o mais breve possível”, Aziz foi direto: “Não, ministro. Visita para tirar fotografia a gente não precisa, não. O que eu quero é dinheiro”.

E no Planalto…/ A franqueza do senador não se limitou às reuniões com ministros e integrantes da bancada da Amazônia. Dia desses, numa reunião de líderes com a presidente Dilma Rousseff, ele se mostrou solidário às vésperas dos protestos de 15 de março: “Eu queria prestar minha solidariedade à senhora porque envolveram a senhora neste roubo na Petrobras, que é o maior roubo da história do Brasil”. Foi aquele silêncio, todos olhando para Dilma, que deu aquela arregalada nos olhos.
 
WhatsApp & decoro/ Desavisados, alguns deputados do PMDB tomaram um susto ao verem o deputado Newton Cardoso Júnior quebrando uma garrafa no braço do colega Laudívio Carvalho, também do PMDB. A garrafa era cenográfica. Os parlamentares estavam no Projac, um dos maiores centros de produção audiovisual do país.
 
Contra fluxo/ O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passou o feriado em Miami. Alguns aliados dele, do tipo que perdem o amigo, mas jamais uma piada, brincavam: “Sabe como é… Dólar alto… Pelo menos, lá ele escapa das vaias do movimento gay!”
 

Feliz Páscoa a todos!

Pepe procura PSDB

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E Pepe vai à oposição

Que dívida dos estados que nada. O que mais tem levado os ministros do Palácio do Planalto a procurar os senadores de oposição é a perspectiva de enquadramento da Petrobras na lei das licitações, a 8666, tirando a possibilidade de a empresa fechar contratos por carta-convite. O ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, procurou o líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima, e ouviu que esse assunto será tratado depois que o senador Ricardo Ferraço voltar dos Estados Unidos.

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Para quem não se lembra, a pedido de Ferraço, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) votará um projeto de decreto legislativo que pretende sustar o processo simplificado para contratação adotado pela Petrobras em 1998, por decreto do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Os tucanos ainda não se pronunciaram a respeito.

Cortes no BB

Para alegria do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o Banco do Brasil decidiu fechar agências deficitárias no exterior. Só na Europa, 12 serão transformadas em escritórios de negócios. Tudo sob a batuta do novo presidente do banco, Alexandre Abreu.

E os empresários?

Até agora, os integrantes da CPI da Petrobras não chamaram os empreiteiros para depor no colegiado. Há quem diga que tem gente com medo de ver um empresário chegar ali e, na cara da excelência, soltar algo do tipo “eu financei a sua campanha!”.

Aquecimento na periferia

Que 12 de abril, que nada. O Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, está de olho é no sábado, 25 de abril, data marcada para uma ronda de manifestações nas periferias das grandes cidades. É quando a Força Sindical pretende fazer uma prévia para um grande ato em 1º de maio.

Nuvens escuras

O Planalto deseja um nome alternativo ao do ex-deputado Luciano Castro (PR-RR) para ser apresentado pelo partido para comandar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit. O PR, entretanto, resiste. Mais uma crise em formação.

CURTIDAS   

Conversinhas/ Na última quarta-feira, uma deputada comentava com a outra: “Há tempos não sei o que é ir para o estado numa quarta-feira…” A outra: “Pois é, eu já marquei meu voo para hoje, às 16h30. Regime de urgência agora só se for infarto!”. É, pelo visto, as excelências não estão gostando muito de o presidente Eduardo Cunha ter colocado todo mundo trabalhando às quintas-feiras em Brasília.

Em plena semana santa…/ Vários deputados e senadores estão na Califórnia, na 4ª Missão de Estudos sobre Inovação, do Instituto das Américas. Nessa, foram além do senador Humberto Costa, os deputados Júlio Delgado, Rubens Bueno, Esperidião Amin e ainda o senador Ricardo Ferraço. A autorização para a viagem foi dada em dezembro do ano passado.

O desgoverno das flores/ Em São Francisco, na Califórnia, o sujeito paga US$ 12 para visitar um orquidário e as estufas de flores raras num parque. Ali, vão crianças, idosos, escolas levam os alunos. No Brasil, entretanto, o orquidário do Ibama foi desfeito por ordem da direção do instituto, conforme publicado recentemente nos jornais. Na foto, tirada por um leitor que prefere anonimato, a transferência esta semana da maior orquídea do mundo, a da Malásia, ameaçada de extinção. Que dó.

Incerteza divina/ Eis que, de repente, vem pelo corredor o senador gaúcho Paulo Paim, do PT, e um jornalista pergunta: “Senador, o senhor vai para o PDT?” Todo mundo à volta olhou para o petista: “Só Deus sabe”, respondeu ele. O que vai depender será o jeitão do ajuste fiscal. “Ou o PT muda ou eu mudo”, completou.  

MINISTÉRIOS NA CORDA BAMBA

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Dilma prepara reforma

Custou, mas a presidente Dilma Rousseff começa a trabalhar algumas mudanças na estrutura de governo e de ministros. Aldo Rebelo, hoje na Ciência e Tecnologia, é considerado o nome para retornar à articulação política. A missão dele seria, basicamente, cuidar de Renan Calheiros, a quem o governo considera hoje o mais perigoso dos aliados. Mais até que o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha. 

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Além da mudança na articulação política, estão em curso os estudos para redução do número de ministérios, de 39 para 29 (não chega aos 20 sugeridos no projeto do PMDB, mas já é uma forma de dar discurso aos integrantes da base para evitar a votação da proposta de emenda constitucional dos peemedebistas).

Lages na Conab

Com Henrique Eduardo Alves certo no Turismo, o atual ministro, Vinícius Lages, entrou na lista para assumir a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Assim, o PMDB, que já tem o Ministério da Agricultura, terá outro espaço ali. Quem não vai gostar é o PTB, que hoje comanda a área e não abre mão. Esse é hoje um dos motivos da irritação do líder da bancada na Câmara, Jovair Arantes.

Faça, senão…

Os secretários executivos dos ministérios foram chamados ontem ao Planalto para receberem orientações sobre os cortes no Orçamento deste ano. Cada um deverá indicar o que dá para economizar e quais programas podem ser postergados sem traumas. Foi a forma que o governo encontrou de dar aos ministros alguma autonomia. 

 …Eu faço

Os ministros têm até a semana que vem para indicar os cortes em cada área. Se não fizerem o dever de casa, o Planalto cortará onde bem entender. Sem choro nem vela.

Tensão no ar

Além do estado de saúde de José Dirceu, os petistas estão preocupados com a manifestação marcada para 31 de março. Houve quem, inclusive, duvidasse da mobilização convocada pelo presidente do partido, Rui Falcão. Mas, dada a reunião do partido nesta segunda-feira em São Paulo, é isso mesmo que o PT quer: lotar as avenidas na terça, antes que o tesoureiro João Vaccari seja chamado a depor na CPI da Petrobras.

Por falar em Vaccari…

Há quem diga que o tesoureiro está se preparando psicologicamente para o caso de o juiz Sérgio Moro pedir a sua prisão. Afinal, muitos dos citados já estão na cadeia e há muita gente certa de que, em breve, os políticos sem mandato vão entrar nessa roda. Não é à toa que José Dirceu apresenta problemas de saúde.

CURTIDAS    

Supersecretaria/ A Secretaria de Direitos Humanos, hoje administrada por Ideli Salvatti (foto), vai encorpar. A ideia é que fiquem ali Mulheres, Igualdade Racial e outros setores que hoje têm status de ministro e vão perder o carro com bandeira verde e amarela. Esse desenho está praticamente pronto. É a forma de o Poder Executivo dizer que os cortes atingem a própria carne.

Geraldo na roda/ Os integrantes da bancada do PSB que foram a São Paulo para um almoço com o vice-governador Márcio França foram surpreendidos pela presença do governador Geraldo Alckmin. Ele, que iria só para um café, ficou o tempo todo na conversa. É por aí que o tucano pretende começar seu plano nacional de voo. 

Mulheres em litígio/ A primeira-dama da Bahia, dona Aline, e a ex, Fátima, estão em pé de guerra. Até o jardineiro do Palácio de Ondina foi motivo. Fatinha, a mulher do atual ministro da Defesa, Jaques Wagner e ex-governador, tinha pedido para manter o senhor que cuidava dos jardins do palácio. Aline não quis saber. Dispensou o jardineiro. Queria mudar tudo. Eu, hein!

Enquanto isso, no Planalto…/ A escolha de Edinho Silva para a Secretaria de Comunicação Social foi vista por muitos parlamentares como a forma de o governo contornar as dificuldades de aprovar o marco regulatório da mídia no Congresso. Virá agora o exercício do controle econômico. O tesoureiro vai cuidar das verbas de publicidade. Tudo que o PT queria.   

 

O vai-e-vem do PMDB

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PMDB, o pêndulo

O PMDB vive hoje o melhor de dois mundos: o governo deseja agradar o aliado para tentar superar a crise política e econômica. A oposição, da sua parte, apoia os gestos dos peemedebistas de forma a fustigar o Planalto. Diante desse duplo assedio, a legenda age ora governo, ora oposição. Ocorre que, alguns começam a se cansar desse jogo que só tem um beneficiário: o próprio PMDB.

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O Planalto está preocupado, mas não tem alternativa segura a essa dobradinha Renan Calheiros/Eduardo Cunha. A oposição se sente usada, mas também não vê saída. O PSB, que já percebeu o jogo, estende a mão ao Planalto: “Não há necessidade de ocupar cargos, mas é preciso frear qualquer tentativa de impeachment, de forma a garantir o que foi a vontade das urnas e dar sustentação aos bons projetos para que o país (leia-se, governo) não fique refém da chantagem do PMDB”, afirma o deputado Glauber Braga (RJ).

Caminhoneiros, o retorno

Os mesmos caminhoneiros que há alguns dias ocuparam as estradas e pararam o país, prometem voltar ao movimento na sexta-feira, caso a reunião de hoje não traga nenhum resultado. Eles se mostram cansados dessa estratégia do governo, de usar uma reunião para marcar outra mais à frente.

Delcídio, o líder

Os senadores governistas começam a pensar seriamente em fazer do senador Delcídio Amaral (PT-MS) líder do governo. Tudo para que ele não saia do partido e vá reforçar a oposição.

Sutis diferenças

Enquanto Dilma se reunia com as mulheres, Renan Calheiros auscultava os pares. Ele, aliás, dedica-se a essa tarefa de segunda a quinta-feira. Tudo para ter a temperatura exata da crise no Senado e conduzir de forma a não ser arrastado pela correnteza. Até aqui, funcionou.

A porta da rua…

…É serventia da casa. Esse é resumo da conversa entre Lula e o senador gaúcho Paulo Paim, que foi convidado a ingressar no PDT. Lula tem sido incansável na defesa do patrimônio do partido e anda cansado de ver gente olhando ansioso para fora do PT.

Ministros, só três

Quanto mais os aliados pressionarem por uma reforma completa no governo, menos Dilma mexerá na equipe. Até aqui, ela tem o compromisso de nomear Henrique Eduardo Alves para o Turismo, além dos novos ministros da Educação e da Secretaria de Comunicação da Presidência República. E olha que Henrique gostaria mesmo era assumir a Integração Nacional, loteamento hoje ocupado pelo PP, o partido mais enroscado na Lava-Jato.

Desconfiado/ Irritado com o presidente da Câmara por causa da retirada do projeto que atrelava a correção das aposentadorias e pensões às regras do salário mínimo, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força Sindical, comentava para quem quisesse ouvir: “Ele (Eduardo Cunha) já estar se entendendo com o Planalto”.

“Vai trabalhar, deputado!”/ As excelências começam a reclamar do fato de o presidente da Casa, Eduardo Cunha, instituir agenda cheia nas quintas-feiras. Na reunião da bancada do PMDB, por exemplo, a primeira fala foi do deputado Leonardo Quintão (foto), de Minas Gerais, que pediu o fim da pauta cheia no que grande parte das excelências considera “fim de semana nas bases”.

Por falar em trabalho…/ Essa historia de “shopping” na Câmara animou muitos. Já tem deputado falando em montar ali uma academia, um restaurante. Bem… Houve tempo em que a tarefa das excelências era propor leis, analisar o Orçamento da União e fiscalizar os atos do Poder Executivo. Agora querem montar restaurante, academia? Eu, hein…

Dilma e as mulheres/ A decisão de receber a bancada feminina tem um motivo singelo: nenhuma da deputadas no exercício do mandato apareceu enroscada na Operação Lava-Jato. E, para completar, a mulherada da Câmara e do Senado é conhecida por falar o que pensa à chefe do Poder Executivo.

Dilma e as mulheres

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Pelo menos parte da bancada feminina tem encontro marcado hoje com a presidente Dilma Rousseff para um jantar no Alvorada. A idéia é estreitar laços e, ao mesmo tempo, ouvir o que elas têm a dizer sobre seu governo. E, pode ter certeza, leitor, parte das convidadas está disposta a reproduzir a verdade nua e çrua perante Dilma, coisa que poucos fazem.

PDT EM RETIRADA

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Divórcio marcado

O presidente do PDT, Carlos Lupi, tem dito a amigos que até julho seu partido deixará o Ministério do Trabalho. A avaliação dele, feita em conversas reservadas, é a de que o modelo petista se esgotou e, para completar, a pasta foi esvaziada ao longo dos últimos anos. A ideia de Lupi é buscar uma carreira-solo para os pedetistas em 2018, assim como em 2016. A hora é descolar para, quem sabe, logo ali na frente, virar alternativa de poder.

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Nesse caminho, Lupi tem procurado ainda fortalecer o partido. Ele já conversou com o senador Marcello Crivella, com um convite para que se filie ao PDT a fim de concorrer à prefeitura do Rio no ano que vem. A ideia é dar ao senador poder de agregar além do eleitorado evangélico fiel ao PRB, atual partido de Crivella. O parlamentar ainda não decidiu se aceitará o convite. Tem até outubro para escolher o caminho a seguir.

Assédio aos petistas

Os convites para senadores petistas mudarem de partido não se restringem ao do PSB a Marta Suplicy nem ao do PSDB a Delcídio Amaral. O PDT procurou o senador gaúcho Paulo Paim.

Anistia em tempo de orçamento curto…

A lei da biodiversidade em discussão no Senado pretende anistiar empresários que deveriam pagar multa por pesquisas sem autorização legal. O valor global chega ao patamar de R$ 290 milhões e um dos maiores devedores é a Natura. Um dos patrocinadores da anistia no Senado é o PT. Há quem aposte que Joaquim Levy não foi avisado dessa sacolinha de bondade.

“Se o PT ficar com a cabeça em 2018, não passará por 2016. Eleição tem que ser consequência de projeto e não obsessão”

Walter Pinheiro (PT-BA), senador

O alvo

A insistência da cúpula petista em manter João Vaccari Neto na tesouraria partidária transformou-o em principal foco da oposição (e do próprio PMDB) para desgastar ainda mais o PT dentro da Operação Lava-Jato e da CPI. Ali, ninguém fala nos parlamentares envolvidos. Só em Vaccari, na campanha da presidente Dilma Rousseff e no PT. Até aqui, falharam todos os planos do relator Luiz Sérgio (PT-RJ) para expor outros partidos.

Mudança de hábito

Geralmente, o governo enviava uma medida provisória ao Congresso e os parlamentares que aprovassem e ponto. Desta vez, em relação ao salário mínimo, o governo perguntou aos congressistas se poderia enviar a MP. O Planalto e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, aos poucos vão se entendendo.

E o Cid, hein?/ Alguns deputados que tiveram acesso ao diagnóstico que levou o então ministro da Educação a ser internado descobriram esta semana que não passava de uma sinusite leve no seio frontal direito. Em conversas reservadas, as excelências comentavam ontem ter sido a primeira vez que uma sinusite leve foi caso de internação.Para bons entendedores…/ Mais sutil que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, impossível. Sem mencionar Guido Mantega (foto) ou qualquer integrante da equipe do ex-ministro, Tombini disse aos senadores (pelo menos os parlamentares assim entenderam) que essa política de Joaquim Levy é melhor, diante do cenário nacional. “Quando a política fiscal é rigorosa, facilita para quem conduz a política monetária.”

Limão & limonada/ Com o dólar alto, o governo finalmente pretende levar avante uma política de promoção das exportações. Já vem tarde.

E a CPI do HSBC, hein?/ Aí vem mais uma CPI. Ali, o PT ficou com a presidência. Um do planos do partido é tentar explorar aqueles personagens que hoje são oposição ao governo e empatar o jogo de exposição do PT em curso na CPI da Petrobras. A conferir.

 

Jeitinho nos Transportes

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Jeitinho nos transportes

O ex-deputado Edson Giroto (PMDB-MS) teve a nomeação para secretário executivo do Ministério dos Transportes vetada no Palácio do Planalto por causa de processo que responde na Justiça. Foi, então, nomeado “assessor especial” do ministro Antônio Carlos Rodrigues, conforme publicação no Diário Oficial da União em 9 de março. No dia seguinte, a Seção 2 do informativo trouxe uma portaria do ministro nomeando Giroto “eventual substituto” do secretário executivo. Depois dessa data, o DOU apresenta inclusive portarias de Giroto, como se fosse secretário executivo substituto desde fevereiro. É, pois é.

Pecado original

A relação entre Dilma Rousseff e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é azeda desde os idos de 2007, quando o deputado, então relator da CPMF na Comissão de Constituição e Justiça, segurou enquanto pôde a proposta. Naquela época, Dilma se negava a nomear Luiz Paulo Conde para comandar Furnas. O projeto só andou depois que Lula mandou a ministra publicar a nomeação.

Ampliar para diluir

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) quer convocar, à CPI da Petrobras, os tesoureiros de todos os partidos citados na Operação Lava-Jato. Só tem um probleminha: até aqui, o único tesoureiro citado foi João Vaccari Neto, do PT. Quanto às demais legendas, não houve menção direta. Portanto, o pedido de Maria do Rosário deve ir para a gaveta na terça-feira.

Largada

O PT gostou do acordo de leniência fechado com o grupo Setal, especialmente a parte que fala sobre o cartel deflagrado no fim dos anos 1990, ou seja, no período de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). É o ensaio do retorno do velho discurso de colocar a culpa em quem saiu do poder há 12 anos.

Gestos políticos…

O aniversário de 70 anos da senadora Marta Suplicy (PT-SP) foi lido por muitos como um movimento em direção aos personagens que hoje podem ajudar a encontrar uma solução para a crise. Lá estavam PSB, PMDB, PDT, PPS, PSDB, entre outros.

…Muito simbólicos

Dada a quase inexpressiva presença de petistas, muita gente ficou com a impressão de que, embora o PT seja o detentor da Presidência da República, há um ensaio no sentido de deixá-lo de fora desse processo.

CURTIDAS    

Campanha em curso/ Os senadores Cristovam Buarque e José Antônio Reguffe, ambos do PDT-DF, lideram uma lista de assinaturas para pedir à presidente Dilma Rousseff que vete o aumento dos recursos destinados aos partidos políticos.Quem avisa…/ Na comemoração antecipada de 22 de março, Dia Mundial da Água, o presidente do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz (foto), aproveitou para lembrar que o Distrito Federal tem hoje o abastecimento seguro, mas, se não cuidar desde já, pode virar São Paulo.

…Experiente é/ Cedraz fala com propriedade sobre o tema. Foi relator do Código Nacional de Recursos Hídricos e teve como principal assessor o atual presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), Vinícius Benevides.

$$$/ O PT vive uma guerra interna pelas verbas de publicidade e o controle da comunicação da Presidência. A tese em curso entre alguns integrantes do partido é a de que tem algum setor partidário a fim de “queimar” o porta-voz Thomas Traumann.