Temer respira

Publicado em Política

A decisão dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral de ouvir mais testemunhas e conceder cinco dias de prazo para as alegações finais da defesa após esses novos depoimentos jogará a retomada do processo de cassação da chapa Dilma-Temer para maio. E o maior beneficiário é o presidente Michel Temer. Isso porque, ao adiar o julgamento, o TSE tirou um foco de tensão deste mês de abril, considerado período crucial para o avanço da reforma da Previdência na Câmara. Para um governo que, desde o início, vive a cada dia a sua aflição, a decisão de hoje e o clima da largada mostram que Michel Temer terá muito tempo até ter que voltar os olhos novamente para o que se passa no TSE.

Em tempo: O clima entre os ministros tribunal, conforme observaram vários advogados ouvidos pelo blog, indica que a estabilidade política do país será considerada, uma vez que, no geral, todos se mostraram muito cautelosos. Logo, as chances de cassação do mandato do presidente são remotas. Portanto, Temer ganhou hoje mais fôlego para levar adiante as reformas. E segue o baile.

O plano B de Lula

Publicado em coluna Brasília-DF

Recuperado do baque pela morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, o ex-presidente Lula se volta à
pré-campanha presidencial levando a tiracolo o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, sempre citado nos discursos do pré-candidato. Para bons entendores, está clara a mensagem do eterno presidente de honra do PT: Haddad é nome para concorrer à Presidência da República em 2018 caso o próprio Lula esteja impedido de disputar. Aliás, a amigos, Lula tem deixado isso muito claro. Por que Haddad? Porque é um dos nomes que, pelo menos até aqui, está longe da Lava-Jato.

Em tempo: Ciro Gomes procurou Haddad para fazer dele vice na chapa do ano que vem. E o fez sem
onsultar Lula. O ex-presidente não gostou. E em várias conversas deixa transparecer a indignação.
Que ninguém se surpreenda se Haddad surgir ainda como o nome para presidir o partido. Seria a forma de o
ex-prefeito rodar o Brasil para se aproximar dos petistas e construir a plataforma presidencial.

Pato manco

O desfecho do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral ainda vai demorar, o que pode dar ao presidente Michel Temer tempo de terminar o mandato. Porém, muitos consideram que só o fato de o TSE cogitar cassar a chapa e o presidente ter de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer no cargo vai minar a força que resta para aprovar a reforma previdenciária. No PSB, a contabilidade interna aponta apenas seis votos favoráveis ao projeto do governo em tramitação na Casa. No PTB e no PSDB, os votos também estão minguando.

Cabral, onde mora o perigo

Interlocutores de Sérgio Cabral comentam nos bastidores que uma delação do ex-governador será direcionada especialmente ao Poder Judiciário no Estado. Há quem diga, inclusive, que os tentáculos do esquema vão muito além do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Pelo sim, pelo não, melhor aguardar o que virá de Cabral do que acusar as pessoas sem provas.

Comparações

Importantes observadores do cenário político consideraram um erro o presidente Michel Temer deixar Renan Calheiros lhe escorrer pelas mãos. “O gênio que o aconselha a enfrentar Renan deve ser o mesmo que recomendou a Dilma Rousseff que voltasse os canhões contra Eduardo Cunha.”

Enquanto isso, no PSDB…

Os paulistas ligados ao governador Geraldo Alckmin querem que ele pressione o presidente do partido, Aécio Neves, a indicar ainda este ano o candidato tucano à Presidência da República. Aécio, no entanto, vai no estilo do avô: deixa estar para ver como é que fica.

E o Doria, hein? // O prefeito de São Paulo, João Doria (foto), está adorando o fato de ser citado para concorrer à Presidência da República. Como Eduardo Campos fez em 2013, Dória hoje caminha de costas para a candidatura. Só tem uma diferença: Campos era dono do PSB. Doria não manda no ninho tucano.

Temer sentindo o terreno // O presidente Michel Temer aproveitou, ontem em São Paulo, para sentir o clima dentro do PSDB. Sabe como é. Quando as vaidades eleitorais afloram, eles não conseguem disfarçar as animosidades.

Dever de casa // O novo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Admar Gonzaga, estará hoje na plateia do julgamento da chapa Dilma-Temer anotando tudo. É que, se o julgamento se prolongar para depois de 16 de abril, ele tem de estar pronto para proferir o voto sem delongas.

Sob encomenda // A sessão destinada a ouvir o Poder Judiciário sobre a Lei de Abuso de Autoridade, à qual até o relator Roberto Requião faltou, foi vista pelos juízes como a prova de que as excelências estão decididas a aprovar a proposta com o claro objetivo de segurar o juiz Sérgio Moro e estancar a sangria da Lava-Jato

Operação isola PT

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

A oposição que o líder do PMDB, Renan Calheiros, faz à reforma previdenciária não é considerada tão ruim como muitos possam imaginar. Dentro do governo, há quem diga que o movimento do senador colocou o partido numa posição na qual o PT nadaria de braçada. Agora, com Renan na roda da oposição, o PMDB ocupa tudo, e as considerações dos petistas terminam em segundo plano. Renan também está gostando do jogo. Em Alagoas, seus índices de popularidade melhoraram no último mês.

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Vale registrar: enquanto a posição de Renan mantiver o PT num cantinho, o governo vai administrar essa situação. Mais à frente, porém, dará alguma vitória ao senador. Assim, ajuda ainda mais a melhorar os índices do peemedebista em Alagoas.

O troco

Depois da nota da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) em defesa do pagamento do Funrural pelos produtores rurais horas antes do Supremo Tribunal Federal concluir o julgamento, os agricultores que esperavam não ter que pagar planejam uma vingança. Vem aí uma chuva de ações contra o pagamento do imposto sindical que financia a entidade.

Por falar em Funrural…

A decisão do STF será mais um problema para a JBS-Friboi. É que a empresa não vinha recolhendo a contribuição. Agora terá que pagar tudo de uma lapada só. É conta para a casa dos milhões.

Meu foro, minha vida

Depois da condenação de Eduardo Cunha e da notícia do mensalão aos deputados do PP, ninguém quer saber de acabar com o foro privilegiado. E tem mais: o medo de muitos deputados agora é que Eduardo Cunha, ciente que o tempo de cadeia não será tão curto quanto imaginava, opte pela colaboração premiada.

Romaria

O anúncio do corte de R$ 42 bilhões no Orçamento levou vários deputados ao gabinete do ministro Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo. Estão todos preocupados com o futuro das verbas destinadas às bases eleitorais justamente agora, quando todos preparam o terreno para eleição do ano que vem.

Enquanto isso, no Ipea…

A previsão do grupo de conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que a inflação deste ano fechará abaixo do centro da meta e, para completar, o PIB fechará o ano com um aumento de 0,7%.

CURTIDAS

Tô chegando…/ Renan Calheiros deu um chá de cadeira de quase meia hora nos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Wellington Moreira Franco, na noite de quarta-feira. Esperaram calmamente. Sinal de valorização do senador. E de desconsideração de Renan.

…e de turma/ Renan demorou porque não queria conversar com os dois ministros longe dos demais senadores da bancada, como ocorreu na noite de terça-feira e resultou em especulações sobre a recriação do Ministério de Portos. Preferiu esperar que suas secretárias chamassem os demais. Só subiu depois que cinco deles tinham sido localizados.

A campanha de Osmar Serraglio/ O Ministério da Justiça inicia
neste domingo uma campanha publicitária para reforçar o plano nacional de segurança. O mote é a valorização da vida.

Muita calma nessa hora/ A coluna quis saber do senador Tasso Jereissati se ele concorrerá ao governo do Ceará em 2018 e em quem ele aposta para candidato do PSDB a presidente da República. A resposta: “Não sei o que vai acontecer na semana que vem e você querendo saber de 2018?!!!!”

Padilha e Moreira vão a Renan

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Os dois mais fiéis escudeiros do presidente Michel Temer __ ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de governo, Moreira Franco __ passaram foram gabinete do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, na noite de quarta-feira. Queriam conversar sobre os projetos de terceirização e reforma da previdência. Renan reforçou que o governo precisa ouvir e prestigiar mais a bancada do partido, que representa 1/4 da Casa. “O presidente não deve sancionar o projeto de terceirização. Ainda dá para consertar”, apelou Renan aos ministros. O encontro contou ainda com a participação do senador Romero Jucá e outros integrantes da bancada do PMDB, que foram chegando, uma vez que a ida dos ministros ao Senado não tinha sido previamente marcada.
Durante a conversa, os ministros acenaram ainda com a perspectiva de aproveitar as propostas de reforma trabalhista em tramitação no Congresso para ajustar as regras da terceirização, algo que já faz parte dos planos do governo, conforme publicado hoje na coluna Brasília-DF. (leia post abaixo).

Em tempo: Renan negou que esteja tratando de cargos, em especial, do desmembramento da área de portos do Ministério dos Transportes. “Isso não existe”. “O governo tem que ouvir e prestigiar a bancada do PMDB, é nisso que eu insisto, tem que ouvir a bancada em relação aos projetos do governo”, disse Renan.

Governo quer aproveitar reforma trabalhista para rever terceirização

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O governo quer aproveitar a reforma trabalhista para ajustar o projeto da terceirização aprovado na Câmara. Assim, não precisaria esperar a apreciação da proposta que tramita no Senado. Os benefícios são considerados incontáveis: a Câmara, que já votou a terceirização meio a contragosto, terá a oportunidade de oferecer um texto mais brando e o Senado, em especial, Renan Calheiros, que se opôs ao projeto, poderá dizer que a atitude da bancada do PMDB levou o governo a corrigir o texto. Todos da base saem com algum discurso.

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Em tempo: a fórmula foi discutida, inclusive, no jantar dos senadores na residência oficial do Senado, convocado por Aécio Neves para tentar distensionar a convivência na base aliada do Planalto. A ordem é melhorar o clima para a batalha da reforma previdenciária.

Ficamos assim

Do alto de quem comanda o PSDB e tem papel decisivo na definição de um caminho mais harmonioso ou bélico em 2018, o senador Aécio Neves (MG) avisou à cúpula do partido com raízes em São Paulo que não é obcecado por uma candidatura presidencial. Porém, enquanto presidente da legenda, ele avisou que deseja liderar o processo. Ou seja, a definição do nome passará por ele sem atropelos.

“O Tribunal de Contas do Estado do Rio é realmente um tribunal de exceção”

Chico Alencar (PSol-RJ), deputado federal, ao comentar que apenas a conselheira Marianna Montebello está fora do esquema desbaratado na Operação Quinto do Ouro ontem.

Dilma ontem…

Circula pelo WhatsApp um vídeo com pronunciamentos da presidente Dilma Rousseff de 2015 dizendo ser “urgente e necessário regulamentar o trabalho terceirizado”. O tema entrou até no pronunciamento de 1º de maio daquele ano, como algo capaz de dar “maior segurança para o trabalhador”.

…E hoje

O filmete termina com a mensagem dela de 2017 no Twitter, “a terceirização é o fim da CLT”, e uma pergunta estampada: “Qual Dilma mente? A de hoje ou a de ontem?”

Enquanto isso, no TCU…

O clima no Tribunal de Contas da União (TCU) e em muitos tribunais de contas pelo Brasil afora ficou tenso ontem. Sabe como é… Depois de tantos conselheiros presos no Rio, tem muita gente em estado de alerta sobre o futuro próximo.

O último a sair…/ Do rol de promessas que o PMDB do Rio de Janeiro apresentou nos últimos anos, resta o ex-prefeito Eduardo Paes, que já pensa em deixar o partido. Não está descartado o retorno ao PSDB.

Nem tanto/ Dia desses, amigos tentaram saber do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, se esse é o pior momento que ele vive em sua carreira política. “O mensalão foi muito pior”, recorda o ex-relator da CPI dos Correios.

Imagina na Previdência!/ Virou o novo bordão, depois que faltaram quatro votos para aprovar a emenda constitucional que permitiria às universidades públicas cobrar por MBAs.

Moro em Brasília/ Presidente da comissão especial de revisão do Código de Processo Penal, o deputado Danilo Forte convidou o juiz Sérgio Moro (foto) e o advogado Sérgio Rocha para debater o projeto hoje, às 14h, na Câmara. “Aqui, não será recebido à bala”, comenta o deputado. Referia-se à frase de Ciro Gomes, que prometeu receber Moro à bala.

Minha bancada, meu escudo

Publicado em coluna Brasília-DF

Depois das farpas atiradas contra o governo em relação à reforma da Previdência, o líder do PMDB, Renan Calheiros, reabre sua artilharia contra o Planalto e, para isso, busca o apoio da bancada, o que terminou por causar desconforto em parte dos senadores do partido. Alguns parlamentares, como Simone Tebet, Waldemir Moka, Raimundo Lira, preferiam uma conversa direta com o presidente Michel Temer, em vez de uma nota, expondo as divergências em relação ao projeto da terceirização. Venceu, obviamente, a posição defendida por Renan e parte da bancada se sentiu usada pelo líder que procura se firmar numa posição de maior independência em relação ao governo.

Em tempo: o líder do governo, Romero Jucá, um dos maiores aliados de Renan, não compareceu à reunião dos peemedebistas convocados pelo comandante da bancada. Preferiu um tête-à-tête com Renan no início da noite. Sabe como é… Líder do governo, num movimento contra uma proposta que tem o apoio do Planalto, prefere ficar na encolha e resolver tudo nos bastidores.

Questão de prioridade

O Ministério das Cidades está reservando R$ 5 bilhões para asfaltamento de ruas pelo Brasil afora. Com R$ 1 bilhão, é possível deixar o Brasil com 3,3 mil quilômetros de faixa seletiva para ônibus, beneficiando 86 milhões de pessoas em cidades com mais de 10 mil habitantes. Não resolve o problema do transporte público, mas que ajuda, isso ajuda.

Ainda não acabou I

A dor de cabeça das grandes empreiteiras não acabará depois da delação de seus executivos. A exemplo do que foi feito com as empresas de Angra 3 (Technit, UTC, Queiroz Galvão e Empresa Brasileira de Engenharia), a Odebrecht, a Camargo Corrêa e a Andrade Gutierrez são as próximas que correm o risco de serem consideradas inidôneas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mesmo depois de todos os acordos que já assinaram.

Ainda não acabou II

“As empresas não são vítimas, são corruptoras. Há aí uma inversão de valores. Queremos prestigiar os acordos de leniência, mas é preciso ter mais uma cláusula dizendo que vão colaborar com o TCU e devolver o que roubaram”, diz o ministro Bruno Dantas à coluna.

Negócios diversificados

O mesmo Miguel Júlio Lopes, sócio da Advalor DTVM, tem ainda uma factoring com o mesmo nome e, em 2005, abriu uma empresa de serviços patrimoniais para compra e venda de imóveis próprios. A Advalor DTVM foi a empresa que, segundo a força-tarefa da Lava-Jato, movimentou R$ 6 milhões de alvos da operação. Miguel tem dito que está tudo dentro das normas legais.

CURTIDAS

Conselhos do mago/ Detentor de uma vasta experiência em pesquisas eleitorais, Carlos Montenegro (foto), do Ibope, almoçou ontem com um grupo de deputados na casa do líder do PTB, Jovair Arantes. “Vocês têm que reunir os políticos e reagir aos ataques, explicar que não são todos iguais e que o país precisa de políticos para sua boa condução.”

Apostas do mago I/ Ele fez ainda cenários sobre 2018. Disse que Lula é figura certa num segundo turno da eleição presidencial do ano que vem, se estiver em condições jurídicas de concorrer. “Agora, ganhar a eleição é outra história.”

Apostas do mago II/ Em relação aos senadores José Serra e Aécio Neves, “não vejo na disputa”. Quanto ao prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin, é preciso clarear mais o ambiente para se ter uma ideia.

Apostas do mago III/ Alguém quis saber das chances de Jair Bolsonaro. Montenegro limitou-se a dizer: “Tem hoje entre 10% e 12%”. E o PMDB? “Não terá um representante”. Os deputados ficaram meio boquiabertos com as afirmações de Montenegro. Sabe como é… Com a Lava-Jato por aí, todos consideram muito difícil fechar hoje uma aposta para 2018.

TSE & Holofotes

Publicado em coluna Brasília-DF

O pedido do ministro Herman Benjamin para que o processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer seja colocado na pauta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) jogará luz sobre os movimentos dos personagens citados nos bastidores para assumir a Presidência da República, caso a Corte decida cassar a chapa. Nesse rol, entrou na lista o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vem fazer companhia ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, citado em primeira mão aqui nesta coluna há praticamente um mês, e ao ex-ministro Nelson Jobim. Os três têm algo em comum: consideram a necessidade de separar quem aplicou dinheiro de caixa dois em campanha daqueles que enriqueceram às custas de doações ou cobraram propina.

Renan na lida
O líder do PMDB, Renan Calheiros, tem trabalhado diuturnamente nos bastidores no sentido de mostrar aos parlamentares a necessidade de aprovar o projeto que trata do abuso de autoridade. Aliás, o discurso dele semana passada, à noite, criticando o trabalho dos investigadores, foi feito àquela hora justamente para servir de alerta ao
público interno.

Janela
A demora do ministro Edson Fachin em levantar o sigilo da delação da Odebrecht é outro ponto que aumenta o ânimo dos políticos em aprovar as leis de interesse deles o mais rápido possível. É que, quando tudo vier a público em detalhes, muitos perderão a força para fazer valer sua vontade no parlamento.

Herman Moro
Observadores do processo no TSE têm comparado o ministro Herman Benjamin ao juiz Sérgio Moro. Porém, lembram que o papel do TSE é auxiliar, secundário, e não pode se sobrepor ao principal, ou seja, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em suma, há quem diga que Benjamin não tinha nada que ouvir delatores, apenas analisar as contas de campanha. Os crimes de corrupção, se passiva ou ativa, são julgados em outras instâncias.

Se cochilar…
Os parlamentares querem aproveitar o fraco movimento nas manifestações de apoio à Lava-Jato para votar, o mais rápido possível, os projetos que tratam do abuso de autoridade. A ideia é tramitar paralelamente ao fim do foro privilegiado, no qual há quem planeje embutir a proposta de diferenciar o caixa dois de campanha ao uso do dinheiro para outros fins. A avaliação dos parlamentares é a de que o estrago político já foi feito e, portanto, a ordem agora é tentar reduzir os efeitos.

Previdência & tempo
O que o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) fala, em público, sobre não estar disposto a se suicidar politicamente para aprovar a reforma previdenciária, a maioria dos parlamentares
do PP fala nos bastidores. E quanto mais perto da eleição, pior será.

CURTIDAS

Amigos, amigos…/ O líder do PMDB, Renan Calheiros (foto), não perde uma oportunidade de lembrar ao presidente do Senado, Eunício Oliveira, que não dá para se afastar dele. Dia desses, Renan começou assim uma conversa telefônica com Eunício: “Meu presidente, não abandone seus aliados!”

Nem vem/ As críticas de deputados, senadores e empresários à presidente do BNDES, Maria Sílvia, não tiraram o sono do governo.

Campanha do bem/ A Frente Parlamentar de Combate ao Contrabando e o Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro, coalizão formada por mais de 70 entidades representativas de setores afetados pela ilegalidade, lançam amanhã a campanha nacional O Brasil que nós queremos.Tudo para ver se conseguem unir forças entre sociedade civil e legislativo para contribuir no combate que envolve o comércio de produtos ilegais.

Ministro do bem/ O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, será o anfitrião do lançamento da campanha. Vai aproveitar o evento para ver se gera alguma notícia positiva capaz de tirá-lo do enrosco da Carne Fraca.

Troféu saia justa

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O governo passou a última semana buscando saídas para afastar o delegado Maurício Moscardi da coordenação da Carne Fraca e da Lava-Jato. O problema, entretanto, é que as duas investigações atingem a classe política, em especial, autoridades do próprio governo. Portanto, qualquer movimento pode parecer provocação. Sorte de Moscardi, o delegado que já falou que a “PF havia perdido o timing para prender Lula” e desmobilizou toda a equipe inicial da força-tarefa da Lava-Jato. Há quem diga que, enquanto Osmar Serraglio estiver no governo e as autoridades não souberem exatamente o que Moscardi tem na manga, o delegado também vai ficando.

Alien versus predador
Assim os políticos classificam a disputa entre os delegados da Polícia Federal e os procuradores em torno da prerrogativa de investigação de crimes de corrupção. Há, inclusive, quem cogite aproveitar essa disputa para tentar jogar um contra o outro e promover uma divisão na Lava-Jato, de forma a colocar a operação em banho-maria.

Cunha, Cleto e os Batistas
A aposta do mercado é a de que a JBS, abalroada pela Operação Carne Fraca, vai colocar novamente Fábio Cleto e Eduardo Cunha frente a frente com os investigadores. Isso porque a CEF foi uma das principais financiadoras do grupo JBS quando da compra da Alpargatas e do pagamento de debêntures para o BNDESpar, de forma a não deixar o banco de fomento com a maior parte do capital da empresa.

Ministros de resultados
Quem teve a curiosidade de perguntar a amigos de Michel Temer como estava a situação dos ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e de Wellington Moreira Franco, da Secretaria de Governo, ouviu o seguinte: “Eles só não podem aparecer muito, mas funcionam muito bem”. Os bons resultados do governo nas votações tiveram todo o empenho de Padilha. E o sucesso das concessões foram obra de Moreira Franco.

Para bons entendedores…
Com Lula em alta no Nordeste, a fala do presidente Fernando Henrique Cardoso que menciona Geraldo Alckmin como o mais posicionado para concorrer à Presidência da República em 2018 ganhou visibilidade. A leitura de alguns tucanos é a de que FHC está dando recado direto ao presidente do partido, Aécio Neves, para que o senador por Minas Gerais comece a cogitar a hipótese de não concorrer ao Planalto no ano que vem.

Onde mora o perigo
Em suas rodas de conversa na sala de café, os senadores são quase unânimes em debitar na conta dos deputados todas as tentativas fracassadas de votar uma proposta de reforma política. Um deles dizia: “Mandamos uma proposta inteira para a Câmara e voltou só a janela (para troca de partido)”.

Reformas/ Reservadíssima, a primeira-dama do Senado, Mônica Paes de Andrade Oliveira, resolveu colocar tapumes em toda a área verde e ainda mandou reformar a piscina. Os fotógrafos estão irados. Não com a troca dos azulejos da piscina, mas com o fim das fotos de quem sai e entra na casa.

Memórias do cárcere/ Só agora, aqueles que passaram uma temporada em Curitiba começam a falar sobre o assunto. O lobista Fernando Baiano, metódico e obcecado por limpeza, não esquece o dia em que Nestor Cerveró passou mal e a sujeira terminou respingando em seus objetos pessoais, livros e roupas. Foi, na visão dos amigos dele, o pior dia na cadeia.

Governo de resultado/ Quanto ao volume de votos registrado para aprovar a reforma da Previdência, os governistas não consideram tão grave. O que interessa é o resultado. “Agora, lá se foram as classificatórias. Falta o mata-mata, a reforma da Previdência”, afirma um amigo de Temer.

Enquanto isso, nas redes sociais…/ A mensagem que o presidente do PT, Rui Falcão (foto), colocou no Facebook, em janeiro, convidando as pessoas a se filiarem ao partido viralizou nas redes, por causa dos comentários. Olha só: “Com a carteirinha, tenho direito a cela especial?”, “Não sei se meus crimes estão à altura do PT. Já colei em prova, peguei brigadeiro antes dos parabéns e apertei todos os botões do elevador. Serve ou é preciso algo mais relevante?” ou “Se filiando ao PT, quanto tempo leva para a PF me acordar aqui em casa? É que eu gosto de dormir até mais tarde (…)”.

O outro lado da terceirização

Publicado em Política

Servidores públicos estão pra lá de desconfiados da proposta de terceirização aprovada pela Câmara. A avaliação de diversas categorias foi a de que o governo deu um chega pra lá nos concursos públicos (que custam dinheiro), abriu a porta da esperança à contratação de apadrinhados e, de quebra, um portal para essas admissões, sem desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso porque os gastos com os terceirizados muitas vezes não entram nas despesas com pessoal e sim, na prestação de serviços. Atos de protesto virão.

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Em tempo: o governo tem um discurso afinado entre seus mais fiéis escudeiros para responder àqueles que consideraram a terceirização um alerta de que a reforma da Previdência não passa. Não houve tanta mobilização do Planalto para a votação esta semana. Para a Previdência, estão todos trabalhando dia e noite.

Serraglio à deriva

Até os aliados de Osmar Serraglio comentam que o delegado Maurício Moscardi, da operação Carne Fraca, deixou o ministro da Justiça, chefe da PF, no pior dos mundos: se criticar o trabalho da polícia, será acusado de tentar interferir nas investigações. Se defender, dirão que tenta agradar para ver se consegue abrigo. Da parte do governo Michel Temer, a ordem é deixa estar para ver como é que fica.

Menos, Meirelles, menos!

Depois do discurso contra a reforma da Previdência, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, solta a voz contra o aumento de impostos admitido pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Meirelles não pode fazer esse tipo de declaração porque desmerece a credibilidade dele. Ele tem que ser fator de estabilização e não de desestabilização. A maior virtude do Meirelles é a confiança. O Brasil é a 7ª economia do mundo, ele não pode se expor falando: “Se vender uma hidrelétrica, se isso, se aquilo”, disse Renan à coluna.

Menos, Meirelles, menos II

O senador lembra ainda que o Congresso tem ajudado de todas as formas e que, só na repatriação e na devolução dos recursos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foram R$ 150 bilhões. Esse dinheiro seria suficiente para cobrir o deficit. “Há muita improvisação”, completa.

Por falar em Renan…

O ministro Edson Fachin negou aos advogados do senador acesso à delação da Odebrecht. Eles recorreram à 2ª Turma. “A gente tem que se informar pelo Youtube”, ironizou em conversa presenciada pela coluna.

CURTIDAS

Aliança tática/ Crítico da reforma da Previdência, o senador Paulo Paim (foto) (PT-RS) foi chamado para expor sua visão na reunião do PTB que discutiu o tema. Sinal de que não tem alinhamento direto ao projeto do governo.

Apartheid legislativo/ O senador Eumano Ferrer (PMDB-PI) resolveu separar aqueles que têm mais seis anos de mandato daqueles que terminam o trabalho em janeiro de 2019. Na última terça-feira, por exemplo, fez um jantar só para a turma que não será forçada a disputar eleição em 2018. Os “patos mancos”, como dizem os americanos, não foram chamados nem para o café.

Carne Forte I/ Desde que o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) assumiu a primeira vice-presidência da Câmara, os almoços de quarta-feira na casa dele foram transferidos para lá. Dia desses, o presidente da sessão mencionou: “Quem estiver nas comissões e no almoço do deputado Fabinho, compareça ao plenário para votar”.

Carne Forte II/ A crise da carne fez com que o restaurante ganhasse visibilidade, mensagens em defesa dos produtos brasileiros e mais adeptos. Ficou combinado que, a cada quarta-feira, um deputado financiará a comida. Semana que vem, o deputado Sérgio Reis ficou de levar um porco pantaneiro.

O Youssef da JBS

Publicado em coluna Brasília-DF

A Operação Carne Fraca fez com que a Polícia Federal do Paraná colocasse novamente os holofotes sobre o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília desde o ano passado. Para muitos procuradores, policiais e até integrantes do setor agropecuário, Lúcio Funaro está para a JBS como Alberto Youssef esteve para as empresas enroscadas no Petrolão. Era Funaro quem fazia as intermediações de muitos negócios dos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos do grupo, que também custeou a campanha de muitos parlamentares.

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A teia de negócios faz de Funaro o elo entre a Lava-Jato e a Carne Fraca. Porém, há uma diferença entre Youssef e Funaro: o primeiro optou pela colaboração premiada. Funaro tem dito repetidamente que não falará.

Odebrecht II, a missão
Quando o Petrolão fisgou a Odebrecht, a empresa reduziu as atividades. Agora, a FriBoi, do grupo JBS, chamou representantes de toda a cadeia produtiva — criadores de gado, produtores de ração, etc — e avisou que vem aí uma redução de 50% no abate. Ou seja, vai sobrar boi gordo no pasto, uma vez que o grupo é responsável hoje por metade do abate brasileiro.

A estratégia mudou
O governo decidiu inverter o roteiro montado para votar a reforma previdenciária. Em vez de deixar a negociação para o plenário da Câmara, vai tratar das mudanças no texto ainda na Comissão Especial. Assim, dá discurso para a base chegar ao plenário e passar o rolo compressor.

#Ficaadica
A retirada dos servidores estaduais do texto da reforma da Previdência foi um aviso aos governadores que até aqui não haviam se mobilizado para ajudar o governo federal a tratar da proposta no Congresso. A partir de agora, quem quiser “carona” num texto da União, terá de ajudar na busca dos votos para aprová-lo.

Renan sugere um pacto
Resumo do discurso de uma hora do líder Renan Calheiros ontem no plenário da Casa: Ok, podem acabar com o foro privilegiado e endurecer o combate à corrupção. Mas, em troca, que venha também a lei do abuso de autoridade. Não dá para os procuradores vazarem nomes de políticos e ministros sem apresentar, ao menos, o contexto em que os nomes foram citados.

E a lista fechada miou
A avaliação de muitos políticos é a de que, neste momento, será muito difícil aprovar a lista fechada dentro de uma reforma política. Alvaro Dias, por exemplo, disse ao CB.Poder que não apoia. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, também tem dúvidas.

CURTIDAS

Cadê o Ricardinho? // Ricardo Saud, da JBS, que cuidava das relações da empresa com o meio político, sumiu do Congresso. Amigos dele garantem que a ideia é seguir para os Estados Unidos.

Gilmar na área // O baixo clero da Câmara e do Senado está mesmo para lá de entusiasmado com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes: “Ele tem coragem e fibra para dizer tudo o que nós não gostaríamos de falar”.

Meu filhão I // Antes do discurso em que colocou para fora tudo o que estava acumulado em relação aos procuradores, Renan Calheiros (foto) fez questão de defender o filho Renan Filho junto a um grupo de jornalistas. “O governador de Alagoas não recebeu um centavo de ninguém. As doações dele foram via partido. Não há motivos para citá-lo”, comentou.

Meu filhão II // Enquanto Renan defendia o governador de Alagoas, a mãe do ministro Alexandre Moraes chamou a atenção ontem no hotel em que se hospedou em Brasília. Em voz alta, no café da manhã, anunciou que o filho tomaria posse naquela tarde no STF. Sabe como é, mãe é mãe!