Autor: Denise Rothenburg
Coluna Brasília-DF
Enquanto o ministro Sérgio Moro se aquece para o “depoimento” ao Congresso Nacional e Paulo Guedes gasta energia resolvendo a nova equipe do BNDES, o IV Congresso Luso-Brasileiro dos Auditores Fiscais, em São Paulo, colocou na roda mais um tema que o presidente Jair Bolsonaro resiste: chamado imposto sobre pagamentos, novo apelido da antiga Contribuição sobre Movimentação Financeira. O secretário da Receita, Marcos Cintra, se referiu ao imposto sob uma nova ótica e agradou à plateia de fiscais. “Ele trouxe uma abordagem de forma didática e mudou a cabeça de muita gente sobre o assunto”, comentou o presidente da Federação Brasileira dos Fiscais de Tributos Estaduais, Juracy Soares.
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A visão do secretário é a de que, com as mudanças nas relações de trabalho a partir das novas tecnologias, a folha de salários minguou e é preciso aliviar o peso sobre a folha e ampliar a base de arrecadação. “A grande sacada desse imposto é alcançar a economia que está fora do sistema”, diz Soares. “Uber não tem folha de pagamento, Airbnb não tem, porém, todos se valem de sistema de pagamento”, afirma. Ele defende que imposto sobre movimentação financeira seja “desdemonizado”.
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Em tempo: falta combinar com o Congresso Nacional e com o presidente Jair Bolsonaro, que, no passado, já criticou Cintra por tocar nesse assunto. O secretário, um técnico qualificado que conhece o tema, acredita que é por aí que o governo conseguirá cobrar menos de quem paga atualmente, e cobrar daqueles que não pagam.
Onde mora o perigo
A forma como o presidente Jair Bolsonaro fritou o ex-presidente do BNDES Joaquim Levy deixou muita gente preocupada com a perspectiva de auxiliares ficarem com receio de falar a verdade para o presidente. Dilma Rousseff sofreu desse mal quando era presidente. Acabou sem ter a exata noção dos problemas políticos do governo.
Hoje tem ensaio
Os senadores petistas não querem saber de improviso na hora de interrogar o juiz que condenou Lula. Por isso, desde ontem se reúnem para combinar a estratégia e perguntas ao juiz. “Não iremos desarticulados”, avisa o senador Paulo Rocha (PT-PA).
Primeiros passos
Pelo jeitão das discussões da reforma previdenciária a partir desta terça-feira, os parlamentares terão uma ideia sobre a possível data para aprovação e também a base de economia de recursos a resultar da proposta. Até aqui, dizem alguns, a única certeza é a idade mínima.
O inferno é aqui/ Não foi só o maestro Renato Misiuk e sua orquestra que embalaram a abertura do IV Congresso Luso-Brasileiro dos Auditores Fiscais na Sala São Paulo. Chamado a fazer um pronunciamento, o deputado Luiz Flávio Gomes (PSB-SP) arrancou risadas da plateia ao enumerar os presidentes da República, de João Batista Figueiredo para cá, como as nove camadas do Inferno tupiniquim, em comparando-os com os de Dante Alighieri.
O inferno é agora/ Sim, ele acredita que o nono inferno é o governo do presidente Jair Bolsonaro. Diz ele, a boa notícia é que o nono é o último inferno. Ou seja, Gomes ainda acredita que haverá paraíso.
Há controvérsias/ O secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho, entretanto, trocou o nono inferno. Tirou Bolsonaro e incluiu o ex-governador Sérgio Cabral, preso pelos desvios da Lava-Jato. Diz o secretário, um caso patológico. Não deixa de ter razão.
Por falar em Lava-Jato…/ O ex-senador e ex-presidiário Gim Argello foi visto passeando com toda a família na praia do Pepê, no Rio de Janeiro. Nada como a liberdade.
Coluna Brasília-DF
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, é aconselhado por alguns amigos e aliados a adiar a sua ida ao Senado esta semana. O ministro estará quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça para expor aos parlamentares a sua visão dos diálogos que, desde o último domingo, o deixam na constrangedora situação de ter que se explicar.
O maior risco é ser pego desprevenido, ou seja, que o The Intercept abasteça a oposição com novas revelações quando Moro estiver depondo. Porém, agora é tarde para o ministro recuar. A área política do governo já foi alertada de que, se Moro mudar de ideia e faltar à sessão da CCJ, vai tirar o discurso para que não haja uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
O colegiado é manhoso. Se Moro passar no teste, pode até recuperar o lastro para ser, no futuro, candidato. A carreira jurídica, porém, na avaliação dos senadores, está interrompida, a preços de hoje. A política dependerá do teste da semana.
Certo versus duvidoso
Depois de versões ainda nãoconfirmadas de um Ministério Público em pé de guerra por causa da Lava-Jato, algo que envolve até suspeitas de que um procurador teria vazado os diálogos para o site The Intercept, já tem gente tentando convencer o presidente Jair Bolsonaro a reconduzir Raquel Dodge. Afinal, o modus operandi da procuradora e sua correção já são conhecidos.
Duvidoso versus certo
O problema é que a recondução criaria um clima de desprezo à lista tríplice. Raquel não participou da disputa interna. E a sua escolha por Bolsonaro passaria a ideia de que o governo não quer saber dos procuradores interferindo na definição do seu chefe.
Agora vai I
Está tudo pronto para a retomada das obras da Ferrovia Transnordestina em agosto, com a expectativa do aporte de R$ 257 milhões ainda este ano. O anúncio foi feito pelo presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, deputado Léo Motta (PSL-MG).
Agora vai II
A obra se arrasta há 12 anos. Em março, a concessão da ferrovia rendeu aos cofres públicos R$ 2,7 bilhões, menos da metade do que já foi gasto ali. Ainda estão previstas as concessões da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol) e da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). A meta é dobrar, até 2025, a participação ferroviária na malha de transportes — hoje em 15%.
Gim e Dirceu/ O ex-senador Gim Argello e o ex-ministro José Dirceu têm algo em comum: ambos fugiram de delação premiada. Gim, em nome da família. Dirceu, em nome do partido.
Alma do negócio/ Com a saída de Santos Cruz, o governo deve intensificar as campanhas publicitárias. Afinal, até ali prevalece a máxima: “propaganda é a alma do negócio”.
E o Doria, hein?/ O governador de São Paulo, João Doria, começa sua pré-campanha 2022 da mesma forma que Jair Bolsonaro fez a partir de 2015. Jantares, almoços, entrevistas. Tudo sem dizer que é candidato. Só tem uma diferença: O então deputado Jair jamais brigou com um coronel da PM em público.
Inspirador/ O empresário Wilson Poit lança em Brasília o livro sobre empreendedorismo com prefácio de Jorge Paulo Lemann. O não você já tem, então vá à luta conta a transformação de um garoto que viveu sem energia elétrica até os 11 anos e criou uma das maiores empresas de aluguel de geradores, depois de uma sucessão de negócios malsucedidos. Na Livraria Cultura do Iguatemi, nesta segunda-feira, partir das 18h.
Chico Buarque e Carluxo/ Em 2003, quando Lula assumiu, Chico Buarque queria ser o “ministro da merda”, contratado apenas para apontar “isso vai dar problema”. Pois, no governo Bolsonaro, esse cargo é ocupado pelo vereador Carlos Bolsonaro. O chamado 02 se antecipa aos problemas, conforme a visão do presidente.
Coluna Brasília-DF
As exaltadas reclamações do ministro da Economia, Paulo Guedes, por causa da retirada do regime de capitalização da reforma previdenciária foram consideradas precipitadas e o dèbut do ministro na aposta do caos — recurso usado pela área mais ideológica do governo, quando as coisas não saem como eles desejam. Porém, em relação à economia, é preciso ter mais calma antes de sair brigando. Afinal, avisam os líderes, essas foram apenas as primeiras alterações. Os movimentos de ontem ainda não têm volume para mexer com humores no Congresso, mas, se crescerem, a coisa complica.
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À primeira vista, os sindicatos e associações de classe veem a emenda repleta de brechas para mudanças por lei, ou seja, com um quórum mais baixo que os 308. É aí que se dará grande parte da discussão, assim como professores e regra de transição. A batalha começa agora. E, num Congresso cada vez mais independente, as reclamações não ajudam o governo.
Estações separadas
As declarações do ministro da Justiça, Sérgio Moro, tentando convencer o público de que a maioria dos diálogos é normal e, de quebra, pode ter havido apenas um “descuido formal” podem ajudar na seara política. Mas, na jurídica, a toada é outra, avisam ministros do STF. Essa novela do The Intercept, aliás, ainda não terminou.
O homem dos bancos
A capitalização era vista desde o início do processo de discussão da proposta do governo como um acerto entre o ministro Paulo Guedes e os bancos. Essa versão prevaleceu. Há quem diga que serão, pelo menos, mais 20 anos para convencer o Congresso a apresentar.
O jeitão da coisa
A pesquisa XP Investimentos divulgada esta semana mostra que a populartidade do presidente Jair Bolsonaro estabilizou em 34%, o mesmo de ótimo e bom registrado em maio, mas chegou a reduzir em dois pontos percentuais aqueles que consideram o governo culpado pela atual crise econômica. Aliás, nesse quesito, os governos Lula e Dilma surgem como campeões.
Virada da Previdência
A mesma pesquisa apontou uma inversão em relação à reforma previdenciária: antes eram 51% contrários e 44% favoráveis. Agora, 65% consideram a reforma necessária, sendo 52% dos que concordam total ou parcialmente com a proposta. Os que discordam ficaram em 41%. Daí, talvez, explique-se a não adesão à greve geral proposta pelas centrais sindicais.
Salvo por Heleno/ A reação incisiva do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, falando até em prisão perpétua para o presidente Lula por tentar colocar em dúvida o atentado a Bolsonaro, foi uma forma de evitar que o próprio presidente se manifestasse. No entorno de Bolsonaro, muitos dizem que é muito difícil para o presidente e seus familiares relembrarem aquele 6 de setembro.
Climão no PSL I/ A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) promoveu um debate sobre as duas reformas, da Previdência e dos tributos. Num andar, estavam os deputados Luiz Miranda (DEM-DF) e Sargento Curgel (PSL-RJ) sobre a tributária. Noutro, Joice Hasselman discutia a previdenciária.
Climão no PSL II/ A turma da deputada Joice Hasselman considera que o foco tem que ser a Previdência. Os tributaristas consideram perda de tempo discutir um projeto que já tem o parecer do relator de mérito.
Clóvis Rossi/ E o jornalismo fica mais pobre outra vez, num 14 de junho. Há dois anos, foi Jorge Bastos Moreno.
Coluna Brasília-DF
A saída do ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, está diretamente relacionada à decisão do governo em torno de uma estratégia de comunicação mais agressiva em prol da reforma da Previdência e de outros projetos governamentais. Até aqui, Santos Cruz resistia em investir em comunicação. E os ministros e o próprio presidente estão convencidos de que a reforma previdenciária terá mais segurança se for bem explicada de fora para dentro.
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Em tempo: A derrubada da capitalização do texto da reforma foi considerada, dentro do governo, como uma prova da falta de comunicação. Há quem esteja convicto de que faltou esclarecer a população a respeito.
Façam como ele I
Depois do caso envolvendo o vazamento de diálogos entre os procuradores, autoridades do Executivo e parlamentares passaram a usar o aplicativo Signal para troca de mensagens. É o preferido do analista de sistemas Edward Snowden (foto), famoso depois de ser acusado de espionagem e de vazar dados de segurança dos Estados Unidos.
Façam como ele II
O Signal é um aplicativo de software livre e de código aberto (FOSS) para Android, iOS e desktop que faz uso de criptografia de ponta a ponta, permitindo que os usuários enviem mensagens de grupo, texto, imagens, áudio e vídeo. Os usuários acreditam que as mensagens são encriptadas de ponta a ponta, bem como as chamadas telefônicas.
E a Previdência, hein?
Os parlamentares acreditam que ainda virão novos ajustes no texto. Porém, avaliam, o relator limpou bastante o campo. Pelo menos, à primeira vista.
Foco
Especialistas que deram uma olhada mais a fundo no texto estão desconfiados de que a desconstitucionalização será a grande batalha dessa fase pós-relatório. Assim como as regras de transição para servidores públicos, consideradas modestas pelos sindicatos e associações de várias categorias.
Curtidas
Largada/ As associações de classe passaram a quinta-feira destrinchando o relatório de Samuel Moreira sobre a reforma previdenciária. Vem por aí uma saraivada de pedido de destaques para votação em separado.
Por falar em Samuel…/ O relator passou com louvor na primeira fase de testes de articulação política. Se continuar assim, dali para voos mais altos será um pulo.
Tem para todos/ Com greve geral convocada para hoje, os governistas querem saber o que pesará mais: Se a Previdência ou o Lula Livre, que entrou na roda depois da divulgação dos diálogos.
Longa jornada/ Até ontem, mais de 100 deputados já haviam feito inscrição para debater a reforma da Previdência na semana que vem. Pode esperar sessões madrugada adentro.
E o Moro, hein?/ A demissão de Santos Cruz deixou o ministro da Justiça em segundo plano. Deputados avaliam que, se o site The Intercept não botar lenha na fogueira, a sessão do dia 19 será tépida.
General Luíz Eduardo Ramos Baptista Pereira substituirá Santos Cruz
Faltando menos de 30 dias para fechar seus primeiros seis meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro se vê numa situação de dispensar seu terceiro ministro, sendo o segundo do Palácio do Planalto e o primeiro militar a sair. Responsável pelo programa de parceria de investimentos e pela área de comunicação, o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, cuidava de quase tudo. Sobreviveu bem, até bater de frente com o grupo mais ligado ao escritor Olavo de Carvalho, que criticou o agora ex-ministro abertamente no Twitter. Santos Cruz será substituído pelo general de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, atual comandante militar do Sudeste, de forma a não deixar a ala militar descontente. Resolvida a área militar, falta agora evitar novos embates entre o novo ministro e a comunicação de governo.
Uma das ações em estudo no governo, de forma a dar um “freio de arrumação”, é mexer nas atribuições da Secretaria de Governo. Não está descartada uma maior autonomia ao setor de comunicação, vinculando-o diretamente ao Gabinete Presidencial. Ao longo desses seis meses, havia ruídos em praticamente todas as reuniões de comunicação, tanto com os primeiros comandantes da Secom quanto o atual, Fábio Wajngarten. Esse setor também tem muita influência dos filhos do presidente, em especial, Carlos Bolsonaro, que invariavelmente concorda com as crítica do escritor Olavo de Carvalho a autoridades do governo.
Desde o início, os técnicos da área de comunicação governamental reclamam de cortes nessa área, estratégica para que o governo possa expor seus projetos. Chegou ao ponto de o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamar com o presidente a respeito de cortes na campanha da Nova Previdência, crucial nesse período de apreciação da reforma nos plenários da Comissão Especial, da Câmara e do Senado. Há um consenso no governo que, para vencer a batalha, será preciso pressionar de fora para dentro do Congresso. E os sindicatos aplicaram cinco vezes mais em campanhas publicitárias. E Santos Cruz resistia a liberar mais recursos e estrutura para essa área.
Santos Cruz também teve um embate com o grupo politico mais afeito ao ex-presidente José Sarney, quando chamou o ex-senador Francisco Escórcio apenas para demiti-lo. Chiquinho, como é conhecido, funcionava no governo do ex-presidente Michel Temer como uma espécie de “posto avançado” do Executivo no Legislativo, dedicado a sentir a temperatura do Congresso em relação aos projetos do Planalto, de forma a antecipar possíveis problemas que possam afetar o diálogo entre os Poderes. Até aqui, não há um assessor da Secretaria de Governo que faça esse papel. Os parlamentares, por exemplo, reclamavam que Santos Cruz os recebia, mas os pleitos não tinham consequência. Eles esperam que o novo ministro tenha mais poder para atender levar avante os pedidos políticos. Ou que a Casa Civil, que mudou seus assessores, tenha mais condições de atender os parlamentares.
Relator da Previdência diz que saída dos estados pode ser “exclusão temporária”
Coluna Brasília-DF
Saiu, mas… Pode voltar. O relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), comentou com a coluna que os estados e municípios podem ter uma “exclusão temporária” da reforma. Esse promete ser um dos pontos que provocará mais debate no plenário, junto com a transição para o novo modelo dos servidores públicos e a desconstitucionalização. Vai depender do trabalho dos governadores e prefeitos por votos.
“Demonizou”
Deputados e senadores de partidos de centro, essenciais para aprovar a reforma, se referem ao modelo de capitalização proposto pelo governo como algo tão tóxico quanto a CPMF. Hoje, não dá para propor um imposto de cheque sem que haja uma celeuma. Da mesma forma, não será possível aprovar a capitalização.
Os fiadores
Sentados ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no início da noite, os líderes da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB); do PP, Arthur Lyra (AL), são considerados hoje fundamentais para aprovação da reforma da Previdência. Os líderes do governo ficaram em segundo plano.
Coluna Brasília-DF
Dois fatos levam os parlamentares a separarem as estações, em relação ao caso dos diálogos dos procuradores e do ministro Sérgio Moro. Primeiro, para os petistas, o ato concreto é que quem apresentou a denúncia do triplex no Guarujá sem provas suficientes contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o procurador Deltan Dallagnol, portanto é nele que devem mirar seus canhões. Ainda não tem data para o procurador dar explicações ao Congresso. A ordem é esperar um pouco mais antes de colocá-lo para falar a respeito.
Em segundo lugar, a citação a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nos diálogos, como o caso de Luiz Fux, arrisca provocar uma união dos juízes e fazer com que eles não sejam tão implacáveis com o atual ministro da Justiça. Afinal, Moro, se sair do ministério, não conseguirá mais emplacar no Supremo. Por isso, a prioridade hoje é centrar fogo em que não havia elementos para o Ministério Público pedir a condenação do ex-presidente e que, quem mais forçou a mão foi o procurador. Se isso ficar configurado, melhor para o réu. No caso, Lula.
Vai ser por aí
Deputados e senadores que detêm poder de comando começam a trabalhar para que o governo perca no que consideram acessório, caso do decreto das armas, e vença no prioritário, a economia. E tem um detalhe: os louros devem ficar com o Parlamento, que modificará toda e qualquer proposta.
CURTIDAS
Área campeã/ Nunca antes na história um ministro da Educação de qualquer governo esteve tantas vezes no Congresso num único semestre. O deputado Professor Israel (PV-DF) garante que, tirando a convocação do ex-ministro Vélez, Abraham Weintraub responderá ao terceiro chamamento.
Padre & missa/ Não são poucos os senadores do Partido dos Trabalhadores dispostos a abusar da ironia quando ele for ao Senado, na semana que vem. “Não vamos fazer o que ele fazia, precipitar condenações”, avisa o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Assim caminha o Congresso/ A deputada Bia Kicis (PSL-DF) usou o Twitter ontem para reclamar da obstrução na Comissão de Constituição e Justiça. Ali, sempre foi assim: Minoria obstruir e quem tem maioria acaba com a obstrução. Até agora, o governo não construiu a sua maioria e só vai vencer se negociar.
Gestos & palavras/ Até aqui, não houve um só gesto do presidente Jair Bolsonaro que demonstrasse desprestígio do ministro Sérgio Moro. A ideia de levá-lo ao estádio Mané Garrincha, entretanto, foi considerada mais um teste do que propriamente… aquela força.
Que Santo Antônio nos proteja!
Coluna Brasília-DF
A presença do ministro da Justiça, Sérgio Moro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado no próximo dia 19 foi definida a dedo. Será uma semana para que ele tenha conhecimento do que falta vir a público. Além disso, caso o ministro consiga pular essa fogueira e seja indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o Senado será a Casa responsável por selar o seu destino. E, conforme o leitor assíduo da coluna já sabe, se essa indicação fosse feita hoje, o nome de Moro seria rejeitado. Para completar, o fato de ser véspera de feriado pode ajudar a esvaziar a sessão, apesar de todo o ímpeto da oposição em emparedar o ministro.
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A avaliação geral é a de que, depois que Moro chegou ao evento da Marinha ao lado do presidente Jair Bolsonaro e a imagem de todos os oficiais batendo continência ao presidente com o ministro ao lado, o recado está dado: o ex-juiz não sai, como, aliás, a coluna já havia registrado. Agora, se voltará a ser forte, depende mais do ministro, do que vem por aí e da audiência no Senado. A Casa sempre foi uma faca de dois gumes. Houve ministro que saiu de lá para pedir demissão, caso de Luís Carlos Mendonça de Barros, no governo Fernando Henrique Cardoso, ou mais forte, como Dilma Rousseff, quando ministra da Casa Civil de Lula.
“Traíra”
Embora mantenha a tese de que o celular do procurador Deltan Dallagnol foi hackeado, a Polícia Federal não descarta a hipótese de uma pessoa com acesso ao grupo de Telegram do procurador tenha vazado as mensagens. Afinal, vingança é um prato que se come frio.
O que eles pensam
Entre os senadores, prevalece o seguinte raciocínio sobre o episódio envolvendo o ministro da Justiça: se fosse algum político ou ministro de Dilma Rousseff, já haveria uma legião, talvez até o próprio Moro, pedindo que fosse preso.
Tem pra todos
Os parlamentares vão se dividir em dois grupos para investigar os diálogos entre Moro e procuradores. O deputado Carlos Jordy, do PSL, encabeça um pedido de CPI para apurar quem vazou, enquanto o PDT pede outro para averiguar o conteúdo dos diálogos.
Enquanto isso, no Supremo…
Os ministros estão revoltados com o teor dos diálogos entre Moro e os procuradores. A ordem ali, agora, é ter uma pauta e atitudes que restabeleçam a imparcialidade da Justiça. Nesse sentido, não será surpresa se tomarem alguma decisão colegiada, sem “fulanizar”, que beneficie Lula.
CURTIDAS
Inimigos íntimos/ É bom o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, abrir o olho. O PSL ajudou a evitar que a sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara votasse o pedido de adiamento da presença dele hoje. Sinal de que nem tudo são flores na relação entre o partido do presidente Jair Bolsonaro e aquele que ocupa o cargo civil mais importante dentro do Planalto.
Tem que ir/ Como o requerimento de adiamento não foi votado, Onyx terá que comparecer hoje para explicar o decreto das armas. E, obviamente, não terá como escapar de perguntas sobre o caso envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Depois de Corpus Christi/ Deputados calculam que será possível votar o parecer da reforma da Previdência em 26 de junho na Comissão Especial, deixando julho para o plenário.
Orai e vigiai/ Cresce a sensação de que será mais fácil aprovar a Nova Previdência sem a inclusão dos estados no texto. Por isso, não dá para os governadores ficarem tranquilos nem depois da apresentação do substitutivo do relator, Samuel Moreira (PSDB-SP).
Crise?/ Até aqui, o governo aprovou quase tudo o que quis. O crédito orçamentário de R$ 248,9 bilhões está aprovado e a reforma da Previdência caminha. Já tem gente dizendo que Jair Bolsonaro só se faz de sonso. E, nessa toada, está mudando a relação com o Parlamento.
Coluna Brasília-DF
Se o ministro da Justiça, Sérgio Moro, fosse indicado hoje para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, a tendência do Senado seria rejeitar a indicação do governo. Para completar, o silêncio do presidente Jair Bolsonaro sobre o caso nas primeiras 24 horas indica que a estratégia do Planalto é esperar essa crise decantar, da mesma forma que fez em relação ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro. No Congresso, porém a leitura é de que o caso é a chance perfeita para tentar deixar o ministro menor.
Bolsonaro, entretanto, tem se cercado de cuidados. O pacote anticrime, por exemplo, não foi levado pessoalmente por Jair Bolsonaro ao Congresso, e, há alguns dias, o presidente mencionou se não seria a hora de indicar um evangélico para o STF. Embora os filhos do presidente tenham defendido o ministro Moro e o ex-juiz tenha muito respaldo popular, a ordem, no governo, é deixa estar para ver como é que fica, concentrando o caso no Poder Judiciário.
Tem mais
O The Intercept Brasil ainda tem muito material para soltar. Vêm por aí diálogos entre os procuradores criticando os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Tem menos
Começou um movimento, ontem, no sentido de tentar deixar apenas os procuradores na linha do fogo cruzado, e preservar o ministro Sérgio Moro. Afinal, o ministro sabe muito de muita gente. Resta saber se vai colar.
Tem eles
Integrantes dos partidos de centro enroscados na Lava-Jato vibraram com os indícios de que o ex-juiz feriu o Código de Processo Penal. Se o caso dos diálogos esquentar mais um pouquinho, alguns pensam em pressionar pela queda do ministro. Por enquanto, a ordem é aguardar.
Enquanto isso, no PT…
A ordem é não sossegar enquanto Sérgio Moro não cair. Só tem um detalhe: Bolsonaro não vai demitir o ministro por pressão do Partido dos Trabalhadores.
A calhar
O caso divulgado pelo site The Intercept Brasil serviu como uma luva para que o relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), aproveite esta terça-feira para amarrar melhor a proposta com os governadores.
Às ruas/ Simpatizantes do governo preparam nova manifestação para 7 de julho em apoio ao ministro da Justiça, Sérgio Moro. A antecedência da convocação é para garantir uma mobilização capaz de superar a de 26 de maio, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Adesão aumentou/ Pesquisa da Arko Advice com 109 deputados detectou um aumento no apoio à reforma previdenciária. Em março, esse apoio era de 55,96%, hoje é de 75,22%. Obviamente, pregam mudanças no texto.
FHC e Mourão/ Até aqui, o vice-presidente Hamilton Mourão e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foram as autoridades que saírem em defesa de Moro. Nenhum dos dois quer ver comprometido o que foi apurado pela Lava-Jato.
Por falar em Mourão…/ O jornalista André Gustavo Stumpf deixou o comando da comunicação social da Vice-Presidência. Sua experiência fará falta por ali.
Para governadores, modelo de capitalização não fecha a conta na Previdência
Cresce entre os parlamentares a ideia de que a manutenção dos sistemas de Previdência estaduais no texto da reforma não combina com o modelo de capitalização proposto pelo governo. Isso porque não garante uma renda àqueles que recebem valores mais modestos, até dois salários mínimos, por exemplo. Além disso, já se sabe que o custo de transição do sistema de repartição para o de capitalização é alto e, até aqui, os estados não disseram se vão arcar, cada um, com essa fatura ou se vão deixar a conta para o governo federal. Diante das dificuldades nas contas dos estados, alguns governadores não terão meios de garantir os recursos dessa passagem. Logo, avisam as excelências, mantida a Previdência dos estados no projeto da reforma, não dá para permanecer com a capitalização.
PT sob teste
O fato de a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ter entrado na convocação da greve geral contra a reforma da Previdência colocou o partido sob foco. Afinal, nas hostes governistas, a greve é vista mais como uma prova para verificar a capacidade de mobilização dos sindicatos do que um movimento capaz de medir o nível de apoio da população às mudanças no sistema de aposentadorias.
Se arrependimento matasse…
Muitas autoridades do governo consideram que o presidente Jair Bolsonaro perdeu tempo por não ter aprovado a reforma previdenciária antes da posse, ainda que fosse o texto do governo de Michel Temer. Assim, poderia avançar agora com a capitalização. Ao que tudo indica, terá mesmo de se contentar com idade mínima.
E não é que mudou?
Ok, a reforma da Previdência ainda não chegou ao ponto de votação e, esta semana, terá o crédito sumplementar de R$ 248,9 bilhões na roda. Mas, no geral, a avaliação é de que a estratégia de Bolsonaro em relação ao Congresso até aqui não deu tão errado como era de se supor. Os projetos caminham, e o Parlamento faz
o seu papel.
Onde mora o perigo
Quem acompanha tudo por dentro acredita que o único risco no momento é o presidente ficar incomodado com o protagonismo do Congresso. Até aqui, quando se incomodou, foi buscar apoio nas ruas.
“Contingenciar, cortar, reduzir, não importa a denominação. É um sinal de um retrocesso civilizatório para a educação e triste para o futuro do nosso país”
Da deputada Flávia Arruda (PL-DF),engrossando a lista daqueles que veem essa área estratégica em descompasso total.
Outros tempos I/ A decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de cancelar a sessão em homenagem ao Dia Mundial de Jerusalém, requerida pelo deputado Evandro Roman (PSD-PR), foi um pedido do PSL e evitou que o plenário se transformasse numa arena.
Outros tempos II/ O Dia Mundial de Jerusalém é comemorado nos territórios palestinos com queima de bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Informados da sessão, deputados evangélicos e do PSL, ligados a Israel, entraram no circuito e criaram um alvoroço nos bastidores.
Outros tempos III/ Os pesselistas telefonaram, primeiro para o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA), e pediram que ele conversassse com o seu colega de partido e o convencesse a desistir da sessão. Roman fincou o pé. Foi aí que apelaram a Maia, e a sessão terminou cancelada.
Outros tempos IV/ Em 14 de junho de 2018, o mesmo Evandro Roman presidiu uma sessão idêntica sem estresse por parte dos deputados simpáticos a Israel. Agora, os bolsonaristas planejavam cerrar fileiras para protestar no plenário neste 12 de junho. No ano passado, o presidente Rodrigo Maia enviou, inclusive, um discurso pregando a paz e o diálogo. Desta vez, não teve conversa. O presidente não quer só pregar a paz. Quer paz na Casa.
Ética em segundo plano/ Até aqui, nada do Conselho de Ética do Senado.
Colaborou Rodolfo Costa