Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
Apesar dos esforços da campanha bolsonarista, o faroeste caboclo promovido por Roberto Jefferson trouxe sérios danos à estratégia de Jair Bolsonaro de virar todas as expectativas para este domingo. A sequência de crimes cometidos pelo ex-deputado contém um extenso rol de ilícitos, e o candidato à reeleição terá de enfrentar esse desgaste na semana decisiva da eleição.
Roberto Jefferson desafiou a lei, ao jogar granadas e disparos contra agentes da Polícia Federal. Pôs em xeque a política armamentista estimulada pelo governo, porque demonstrou que não existe o menor controle sobre o uso de armas no Brasil. E, por fim, reproduziu o discurso do ódio contra o Judiciário, ao dirigir termos inaceitáveis a uma mulher e ministra do Supremo Tribunal Federal.
O candidato à reeleição pode tentar, quantas vezes quiser, tentar se desvincular desse episódio lamentável. Mas é muito difícil reduzir tantos danos em tão pouco tempo. É certo que a campanha de Lula aproveitará o episódio, de várias formas, para convencer eleitores indecisos a não votar em Bolsonaro. Em seu ato tresloucado e criminoso, Roberto Jefferson extrapolou os limites da lei e externou ao limite do intolerável as bandeiras defendidas pelo bolsonarismo.
Se havia alguma intenção de mudar o rumo da eleição, o tiro saiu pela culatra.
Sarney vota Lula
Em carta aberta, o ex-presidente José Sarney declarou o voto a Lula no próximo domingo. “O voto em Lula — que já tem seu lugar na História do Brasil como quem levou o povo ao poder e como responsável por dois excelentes governos — é voto pela democracia, pela volta ao regime de alternância de poder, pela busca do Estado de Bem-Estar Social. A diferença é clara”, escreve Sarney.
Interesses escusos
No texto, o ex-presidente condena o chamado Orçamento secreto, prática nefasta que contaminou o bom funcionamento do Congresso. “O atual contrato “secreto” entre o Executivo e o Legislativo, fixado em valores agigantados diante dos parcos recursos do Orçamento da República, é campo privilegiado para os interesses escusos”, lamenta o ex-presidente.
Destino do Brasil
Por fim, Sarney define o significado deste segundo turno para a história do país. “No próximo domingo, o eleitor decidirá se vota pelo fim da democracia ou por sua restauração. Esse voto não é para quatro anos de governo: é um voto para o destino do Brasil.”
Cenário sombrio
Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles deu um diagnóstico sombrio sobre as contas públicas. “Na minha avaliação, o tamanho do buraco deixado é mais próximo de R$ 400 bilhões, estimado por entidades independentes, do que dos R$ 150 bi que o governo está falando”, disse em entrevista à GloboNews.
Vacina, sempre
No Dia Mundial de Combate à Poliomielite, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi às redes sociais para lembrar a importância da vacinação. “Em setembro, a OMS declarou o Brasil como país de muito alto risco para pólio devido à dificuldade no acesso aos postos, falta de campanha nacional e escassa vigilância do vírus”, alertou a apoiadora de Lula.
Convicto
Coordenador da campanha de Jair Bolsonaro, o ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, está convencido de que tem um material robusto para denunciar o suposto desequilíbrio nas inserções eleitorais em rádios. “Eu tenho 22 anos de experiência exatamente nisso. Sou pioneiro na pesquisa e auditoria de mídia no Brasil. A campanha não poderia estar melhor servida”, disse. O TSE aguarda.
Sabatinas do Correio
Nesta semana eleitoral decisiva, o Correio programou sabatinas com os candidatos à Presidência da República. Na quinta-feira, é a vez de Lula. Às 8h, ao vivo, o petista participa do Podcast do Correio, na Clube 105FM, com transmissão em todas redes sociais do Correio Braziliense, e exibição na TV Brasília, às 13h10.