Pintar o cabelo regularmente não aumenta o risco de câncer, indica maior estudo sobre o tema

Publicado em Beleza, Câncer, Comportamento, Envelhecimento, Estética, Idoso, Saúde
Foto: AFP

A dúvida é comum em salões de beleza e entre quem muda a cor do cabelo em casa mesmo. Será que o contato recorrente com as tinturas pode fazer mal à saúde? O senso comum diz que sim. Alguns estudos científicos também já mostraram que há o risco aumentado de surgimento de cânceres. Agora, o maior estudo sobre o tema mostra que é possível mudar a cor da cabeleira e/ou esconder os fios brancos sem tanta preocupação.

Depois de acompanhar 117.200 mulheres ao longo de 36 anos, pesquisadores da Universidade Médica de Viena concluíram que não é possível afirmar que pintar o cabelo usando tintas permanentes aumenta o risco de surgimento de cânceres. No início do estudo, nenhuma das participantes tinha a doença. Depois de mais de três décadas e meia, os cientistas concluíram que as que mudaram as cores das madeixas não ficaram mais suscetíveis ao surgimento de vários tumores. São eles: de bexiga, cérebro, cólon, rim, pulmão, sangue e sistema imunológico e boa parte dos cânceres de pele e de mama.

Houve um risco “ligeiramente aumentado” de carcinoma basocelular (um tipo de câncer de pele), câncer de mama negativo para receptor hormonal e câncer de ovário. O estudo mostrou ainda que a cor dos cabelos pode ter interferido na vulnerabilidade. Houve um risco “ligeiramente aumentado” de linfoma de Hodgkin em mulheres com cabelo naturalmente escuro, assim como de carcinoma basocelular naquelas com cabelo naturalmente claro.

A taxa de confiança nos resultados é de 95%. Segundo Eva Schernhammer, líder do estudo, novas investigações poderão explicar essas especificidades, além de ampliar a análise sobre esse tema. Na pesquisa que ele liderou, por exemplo, a maioria das mulheres acompanhadas era branca e estadunidense. O resultado pode não ser o mesmo em melhores com outros perfis e entre homens.

Certo alívio

Para a equipe, mesmo com a necessidade de novas investigação, os resultados obtidos  dão um certo alívio para o uso de tinturas permanentes. “Nosso estudo oferece algumas garantias contra as preocupações de que o uso pessoal de tinturas de cabelo permanentes pode estar associado a um risco aumentado de câncer ou mortalidade”, enfatiza Eva Schernhammer.  A pesquisa foi divulgada neste mês, na revista científica British Medical Journal.

Pelas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), também não é preciso se preocupar. A agência não classifica o uso pessoal de tinturas de cabelo como um fator de risco para cânceres. Já a exposição ocupacional a esses produtos, como ocorre com os cabeleireiros, é.

Isso ocorre porque as tinturas mais usadas têm, na composição, produtos químicos que podem fazer mal à saúde. A estimativa é de que 80% das tinturas usadas nos Estados e na Europa têm composições perigosas. Na Ásia e na América Latina, a porcentagem pode ser ainda maior, indicam os cientistas.