Insônia mais obesidade: combo da pandemia aumenta risco de diabetes em 17%

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A dificuldade para dormir tem sido queixa recorrente na pandemia da covid-19. Assim como o aumento de peso. Juntas, essas complicações podem desencadear uma das doenças mais comuns na meia-idade e na velhice: o diabetes tipo 2. O alerta foi feita por cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia. Ao revisar dados de 1.360 pequisas sobre o tema, eles concluíram que o combo insônia mais obesidade pode aumentar em até 17% o risco de uma pessoa ter diabetes.

É a primeira vez que a insônia é apontada, em um estudo científico, como fator que pode levar ao diabetes tipo 2. Sozinha, a complicação eleva o risco de surgimento da doença em 7%. Se a pessoa também tiver o índice de massa corporal (IMC) superior ao considerado normal, o risco sobe para 17%.

Estudos anteriores já ligaram os cochilos diurnos ao risco aumentado de diabetes tipo 2. Segundo a equipe sueca, esses resultados corroboram o de agora. “O sono curto e a má qualidade do sono estão associados a uma alimentação menos saudável e padrões de refeição irregulares, incluindo pular o café da manhã”, escreveram. O artigo do estudo, liderado por Susanna Larsson e Shuai Yuan, foi divulgado, nesta semana, na revista Diabetologia.

Quase 3 quilos a mais

Os autores também enfatizam a necessidade de adoção de estratégias  que evitem o diabetes a longo prazo. Nesse aspecto, as preocupações com os impactos da pandemia ganham ainda mais força. Estudos têm mostrado o quanto a crise sanitária decretada em março tem afetado o sono e o peso da população em geral.

Divulgado em junho, um levantamento feito com 1.470 brasileiros mostra que 23% dos entrevistados engordaram, ganhando, em média, 2,8kg. A endocrinologista Rosita Fontes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e uma das integrantes da equipe que fez o estudo, lembra que o aumento de peso é piada nas redes sociais, mas requer cuidados.

No caso da insônia, um estudo da Fiocruz, UFMG e Unicamp mostra que 29% dos 44.062 entrevistados passaram a ter problemas na qualidade do sono. Além disso, 16% relataram piora nos problemas no sono. A pesquisa, divulgada em maio, também sinaliza a ocorrência de mudanças de hábito que facilitam o ganho de peso e o surgimento do diabetes. Por exemplo, o consumo de alimentos não saudáveis em dois dias ou mais por semana aumentou 5% (embutidos e hambúrgueres), 4% (congelados) e 6% (chocolates e doces).