Tag: regência
O jornal publicou que “Emirados Árabes se sobressaem na corrida espacial”. Tropeçou na regência. Por não ser pronominal, reina sozinho, absoluto. O jornal teria merecido nota 10 se tivesse escrito: Emirados Árabes sobressaem na corrida espacial. Mais exemplos? Ei-los: A Fiocruz sobressai nas pesquisas. O Congresso sobressairá na discussão da reforma tributária. O livro conta a saga de um brasileiro que sobressaiu no debate da […]
Que susto! Deu na TV: “Fiscais extorquiram delegada”. É difícil. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de delegada. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista.
O Flamengo conquistou a taça do Campeonato Carioca. Na partida contra o Fluminense, venceu por 1 a 0. “Campeão! Campeão! Campeão!”, gritava a torcida. Passado o alarido da festa, vale a curiosidade etimológica. Campeão A palavra campeão nasceu na Alemanha. Quando usava fraldas, tinha significado muito especial. Designava o cavaleiro medieval que combatia em campo fechado em defesa de uma causa. Não raro a causa […]
Está no site do Correio: “Ceilândia desobedece ordem de fechar o comércio”. Ops! Cadê a preposição? Obedecer e o derivado desobedecer exigem sempre a companhia do a: Obedeço aos superiores. Os servidores obedecem ao regimento. Ele desobedeceu ao juramento. Ceilândia desobedece à ordem de fechar o comércio.
Ir a = deslocamento breve: ir ao cinema, ir ao teatro, ir ao Rio, ir a Santos. Ir para = deslocamento duradouro. Em geral, implica mudança: Foi para Brasília na esperança de conviver com autoridades. Vai para Londres fazer o curso. Na busca de oportunidades, jovens vão para grandes centros.
Para viver um grande amor: regência de paquerar, namorar, abraçar e beijar
O amor é cego, mas não é surdo. Para mergulhar em paixão, cuidado com o vocabulário amoroso. No início da relação, os verbos têm uma marca. São transitivos diretos. Paquerar, namorar, abraçar e beijar dispensam intermediários. Todos eles mandam a preposição tentar outra freguesia: Maria paquera Luís. Luís paquera Maria. Maria namora Luís. Luís a namora. Luís abraça Maria. Maria o abraça. Maria beija Luís. […]
Trump presenteou o Brasil com 1.000 respiradores. Bolsonaro agradeceu. Vale dar uma olhadinha na regência de verbo tão educado. Agradecer pede objeto indireto de pessoa. Agradece-se a alguém por alguma coisa: Bolsonaro agradeceu a Trump pelo envio de respiradores. O filho agradece ao pai. Agradeceu ao ministro pela nota de apoio. Agradeço à direção da escola. Sem bobeira Na substituição do alguém pelo pronome, é […]
“As investigações do TSE desagradarão os Bolsonaros”, escreveu Elio Gaspari na coluna de hoje. Leitores estranharam a regência do verbo. Está correta? Na acepção de satisfazer, contentar, há forte preferência pelo verbo transitivo indireto (agradar a, desagradar a): As negociações agradaram a gregos e troianos. As negociações desagradaram a gregos e troianos. As investigações do TSE agradarão aos Bolsonaros. As investigações do TSE desagradarão aos […]
O suspense acabou. O ministro Celso de Melo liberou o vídeo da reunião ministerial citada por Sérgio Moro. Entre palavrões, xingamentos e ameaças, o presidente soltou esta: “Prefiro não ter informação do que ser desinformado”. Pisou a regência do verbo preferir. A gente prefere alguma coisa ou alguém a outra coisa ou a alguém: Prefiro cinema a teatro. Prefiro Machado de Assis a José de Alencar. Prefiro morar […]
Hoje é Dia do Abraço. Em tempos de pandemia, que impõem o afastamento social, o gesto carinhoso tornou-se o objeto de desejo de pequeninos e grandões. Daí por que vale a pena lembrar: abraçar joga no time de amar e beijar. Os três têm um denominador comum. Dispensam intermediários. Transitivos diretos, ligam-se ao complemento sem preposição: João abraça Maria. Maria abraça João. João a abraça. […]