Tag: propriedade vocabular
Não troque as bolas. Obter quer dizer ganhar, granjear, conquistar o que se deseja, o que se busca. Por isso só o use em sentido positivo: O time obteve vitórias (nunca obteve derrotas). Paulo obteve 90 pontos no concurso. Maria obteve o cargo pelo qual lutou durante dois anos.
A propriedade vocabular pega bem como usar o cinto de segurança, pedir licença ao interromper uma conversa, dar boa-tarde ao entrar no elevador, distinguir penalizar e punir. Penalizar significa causar pena, solidariedade, pesar. Punir é castigar: A situação dos imigrantes venezuelanos nos penaliza. É preciso punir quem desrespeita os limites de velocidade.
Realizar virou modismo. Não o use no lugar de fazer, promover, celebrar. Use-o só no sentido de tornar real. Em vez de “realizar missa, batizado e casamento”, é melhor celebrar. Em vez de “realizar curso ou oficina”, promover (quando é instituição) e ministrar (quando é professor). Em vez de “realizar show”, estreia ou apresenta o show. Em vez de “realizar exposição”, abrir exposição, inaugurar, apresentar. […]
Sabia? Os adjetivos quente e frio se usam para tempo, não para temperatura: tempo quente, tempo frio, dia quente, dia frio, tarde quente, tarde fria. A temperatura é alta ou baixa, elevada ou reduzida.
Sabia? Na língua existem verbos-ônibus. Eles funcionam como transporte coletivo. Cabem em 42 contextos e um pouco mais. Imprecisos, causam má impressão. Denunciam o redator preguiçoso ou pobre de vocabulário. Fazer é um deles. Ultimamente ganhou novo assento. É o tal de fazer aula disto e daquilo. Ou fazer um câncer, uma tuberculose, um aneurisma. Cruz-credo! É possível substituí-lo por outros mais precisos. Com um […]
E a febre do defender continua. Eta modismo persistente! Já me insurgi, em artigo de três anos atrás, contra o uso abusivo desse verbo. Mas não tem jeito. Defender virou ônibus: sempre cabe mais um. O uso insistente de um único verbo para expressar situações diferentes é, no fundo, sintoma de pobreza vocabular. O natural de uma língua é enriquecer com o passar do tempo. […]
Eta vida dura! Venezuelanos são obrigados a deixar o país onde vivem pra se aventurar em outro. Ninguém deixa tudo pra trás por capricho ou brincadeirinha. Abandona familiares, amigos, casa, cachorro e papagaio por necessidade. Ou parte, ou morre. A preferência recai nas nações vizinhas. Entre elas, o Brasil. A imprensa, claro, acompanha os acontecimentos. Mas não raro tropeça na propriedade vocabular. É o caso […]
Liderança = a qualidade do líder, o espírito de chefia: O regimento prevê voto de liderança. O chefe deve ter liderança. O técnico, sem liderança, não conseguiu evitar o conflito. Esta é a sala da liderança do partido. Líder = pessoa que exerce a liderança: Os líderes (não: as lideranças) do Congresso discutiram o projeto hoje. O presidente vai negociar com os líderes (não: lideranças) […]
“A secretaria afirma que não há razão para alarde, mesmo que um surto seja considerado”, escrevemos na pág. 27. Ops! Cadê a propriedade vocabular? O gato roubou. Melhor devolver: A secretaria afirma que não há razão para alarde, mesmo que ocorra um surto. A secretaria afirma que não há razão para alarde, mesmo que um surto seja registrado.
Olho vivo, moçada! As palavras adoram pregar peças nos falantes. É o caso de caro e barato. Os dois adjetivos estão embutidos na palavra preço. Quem diz preço caro ou preço barato cai na cilada das matreiras. O preço é alto ou baixo. O bem ou serviço sim, são caros ou baratos: Os preços no Brasil foram mais baixos. Agora, com a inflação, estão pra […]