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Ouvintes e telespectadores atentos à fala do jurista ficaram com a pulga atrás da arelha. Pedalada é proibido? Pedalada é proibida? Eis construção pra lá de manhosa. Pra acertar, fique de olho na companhia do sujeito. Se ele vem acompanhado de artigo ou pronome, verbo e adjetivo se flexionam. Caso contrário, mantêm-se imutáveis. Veja exemplos: Pedalada é proibido. Pedaladas é proibido. A pedalada é proibida. […]
“Pedalada é absolutamente proibido pela lei”, disse Miguel Reale Júnior na Câmara dos Deputados. O jurista justificava o pedido de impeachment da presidente Dilma apresentado por ele. Vamos combinar? Como não existe meia gravidez, não existe meio proibido. Ou é proibido. Ou não é. Conclusão: o absolutamente sobra. “Pedalada é proibido por lei” é suficiente. Dá o recado.
“Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro.”
Brasília está em chamas. O fogaréu se espalha Brasil afora. De norte a sul do país, só se fala naquilo — o futuro do governo Dilma. A presidente cai ou fica? Há pressão dos dois lados. Uma é pra lá de divertida. Trata-se dos patos da Fiesp. A Federação das Indústrias de São Paulo povoou o gramado do Congresso de simpáticas aves amarelinhas. Uma frase […]
A palavra que mais se ouve? É impeachment. Se não sai da boca do povo, que tal saber mais sobre ela? Impeachment é inglesa. A tradução: impedimento. Nós criamos o verbo impichar — 100% nacional. Impeachment está previsto na Constituição. Não tem nada a ver com golpe. Presidente, governador, prefeito ou ministro de tribunal que abusa da função comete crime de responsabilidade. Pode ser impichado. […]
Familiares têm caras diferentes. Mas conservam alguma coisa que as identifica. É o caso das classes de palavras. Conjunções, por exemplo, não têm plural. Locuções conjuntivas também não. Por isso, não dê a vez a de formas que ou de maneiras que. Por causa do clã, o s fica fora: Não saiu, de forma que economizou dinheiro. Você sabe identificar uma locução conjuntiva? Se não, […]
Seja grato. Agradeça. Mas agradeça com elegância. O verbo pede objeto direto de coisa e indireto de pessoa. Assim: Agradeceu o presente. Agradeceu ao pai. Agradeceu o presente ao pai. Agradeço ao diretor pela promoção. Na substituição do alguém pelo pronome, é a vez do lhe: Agradeço-lhe pela colaboração. Agradeço-lhe a atenção. Agradeci-lhe os cuidados com as crianças.
Acho que? Eu, particularmente, acho que? Com o tal achar, o enunciado fica fraco, inconvincente. Em vez de “Acho que a inflação vai baixar”, basta “A inflação vai baixar”. Mais: o particularmente, que costuma acompanhar o verbo molengão, também sobra. (Eu, particularmente, acho que) a inflação vai baixar.
“A secretaria afirma que não há razão para alarde, mesmo que um surto seja considerado”, escrevemos na pág. 27. Ops! Cadê a propriedade vocabular? O gato roubou. Melhor devolver: A secretaria afirma que não há razão para alarde, mesmo que ocorra um surto. A secretaria afirma que não há razão para alarde, mesmo que um surto seja registrado.
Brasília ganhou uma loja especializada em croissants. Chama-se Croasonho. O nome vem do casamento da delícia com o sonho dos idealizadores do produto. Liana Sabo, que, além de comes e bebes entende de português, estranhou a grafia. A razão: um s entre duas vogais soa z. É o caso de mesa, camisa, surpresa. E, claro, croasonho. Pra manter a pronúncia, o s deveria ser dobrado? […]