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A oração reduzida de gerúndio exige a posposição do sujeito: Chegando a tempo, poderá participar da sessão. Passando a pandemia, voltará tudo ao que era antes no quartel de Abrantes. (Jamais escreva: A tempo chegando…, A pandemia passando…)
Vingar permanece em cartaz. A língua não leva desaforo pra casa. Mal colocada, revida. O negócio de um cabeleireiro ia de vento em popa. Mas ele queria aumentar a freguesia. Contratou um marqueteiro, pintou e exibiu esta placa: “Corto cabelo e pinto”. Os fregueses sumiram. As freguesas, solidárias, também. Alertado, ele trocou a ordem: “Pinto e corto cabelo”. O negócio prosperou.
“Com covid-19, Bolsonaro passeia de moto e conversa com garis sem máscara”, escreveu o site do Correio. Quem está sem máscara — Bolsonaro ou os garis? O texto sugere que são os garis. Mas é o presidente. Melhor deixar clara a informação. Basta mudar a ordem dos termos. Assim: Com covid-19, Bolsonaro, sem máscara, passeia de moto e conversa com garis.
Palavras e frases devem conversar sem tropeços, ecos ou repetições. O resultado é a harmonia. Como alcançá-la? Há caminhos. Um deles: o metro. A colocação dos termos é a chave — o mais curto (com menor número de sílabas) deve vir na frente do mais longo. Leia em voz alta as duas frases: O presidente pediu aos deputados que votassem a PEC em regime de […]
“Uma palavra posta fora do lugar estraga o pensamento mais bonito.”
“Bolsonaro repete que nazismo é de esquerda no Museu do Holocausto”, escreveu O Globo em chamada de capa. Leitores ficaram com a pulga atrás da orelha. O nazismo só seria de esquerda no Museu do Holocausto? Não. Mas o texto diz que sim. Qual o problema? A colocação do termo “no Museu do Holocausto”. Pra acabar com a ambiguidade, ele tem de ser separado. Há […]
Sérgio Cabral resolveu soltar a língua. Abriu o jogo e contou tim-tim por tim-tim o esquema de propinas montado no governo do Rio. A certa altura do depoimento, avaliou os estragos da roubalheira. Disse: “Se nós não tivéssemos feito os contratos, teria-se feito mais na saúde”. Viu? O ex-governador pisou a língua. Tropeçou feio na colocação do pronome átono. Talvez tenha faltado à aula quando […]
Na língua existem criaturas errantes. São os pronomes átonos. Me, te, se, lhe, o, a adoram bater perna. Ora aparecem antes do verbo. Ora, depois. Há também os que se metem no meio. Mas, apesar da flexibilidade, muitos abusam. Cometem pecados. Sete se destacam. 1. Iniciar a frase com o fracote O pronome se chama átono porque é fraco. Tão fraco que precisa de apoio. […]
“Os simpáticos ao PT fazem hoje um ato pela democracia no Hotel Nacional, em Brasília”, escrevemos na pág. 5. Viu? A colocação dos termos deu ambiguidade ao período. Parece que o ato é pela democracia no Hotel Nacional. Não é isso. O jeito é apelar para a vírgula ou mudar a ordem do adjunto adverbial: Os simpáticos ao PT fazem hoje um ato pela democracia, […]
Antes do verbo? Depois do verbo? Xô, decoreba! Xô regras sem fim. Os bons gramáticos concordam que a colocação dos pronomes átonos no Brasil tomou rumos próprios. Reduzem-se a duas regras: 1. Não inicie o período com os pequeninos me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as. 2. Ponha o pronome sempre na frente do verbo: Dize-me com quem andas e te […]