Parecer é verbinho curioso. Mais flexível que arbusto na ventania. Mais volúvel que o coração dos apaixonados. Ora anda de mãos dadas com o sujeito. Concorda com ele em pessoa e número. Ora cai de amores pelo predicativo. Faz de conta que nem conhece o pobre sujeito. O malandro joga dos dois lados.
Sem saber disso, os candidatos a uma vaga na universidade ou no serviço público morrem de medo. Volta e meia ele figura em questões ardilosas. Os desavisados caem como peixe. Olho vivo!
Dois casos
1. Parecer pode ser tratado como os demais verbos. No caso, concorda com o sujeito: O cachorro parece manso. Os candidatos parecem nervosos.
2. Há ocasiões em que ele é mais igual que os outros. Concorda com o predicativo (termo que vem depois dele). Quando? Só se o sujeito for o, aquilo, isso, isto, tudo, que: Isto parecem histórias. Tudo parecem ciladas armadas contra os pobres falantes. Aquilo parecem recordações muito antigas.
Viu? O verbo ignora o sujeito (isto, tudo, aquilo). Fica atraído, caidinho pelo vizinho, o predicativo (histórias, recordações, ciladas).
Poderia, de acordo com o humor, concordar com o sujeito: Isto parece histórias. Tudo parece ciladas. Aquilo parece recordações muito antigas.
Há mais
O verbo versátil às vezes vem em frases assim: Os jogadores parecem estar doentes. Os jogadores parece estarem doentes.
Qual a forma correta? As duas. Quando o sujeito está no plural, parecer é outra vez volúvel. Ora se inclina por uma construção; ora por outra.
Ops! Cuidado com a armadilha. Só um verbo vai para o plural.