Quem quer? Todos querem emprego público. A concorrência cresce dia a dia. Muitos viraram profissionais de disputas. São os concurseiros. Eles sabem que não basta estudar o conteúdo de ponta a ponta. Boa parte dos candidatos o faz. Impõe-se sobressair. É aí que entra a redação. O texto tem a palavra final: diz quem entra e quem fica de fora. O blogue dá uma ajudinha […]
“Gente de todo o canto do mundo desembarca anualmente na cidade goiana”, escrevemos na pág. 23. Reparou? O artigo sobra. A passagem aceita duas redações. Uma: gente de todo canto do mundo (todo = qualquer). A outra: gente de todos os cantos do mundo (todos os = totalidade). Prefiro a segunda.
Advogado de defesa do padrasto do menino Joaquim, agora ao vivo, na TV: — Veja bem, veja bem, o delegado fala em possibilidades. Possibilidades não são provas. Se a polícia OBTER provas… Fico imaginando a petição de um advogado que desconhece a forma obtiver…
“…na sexta, jantam com o embaixador representante do Brasil na ONU, Antônio Patriota e, na segunda-feira, reúnem-se com o presidente do Conselho de Segurança da organização”, escrevemos na pág. 6. Repetimos erro pra lá de comum. Esquecemos a segunda vírgula do aposto. Melhor lembrar-se dela. Assim: …na sexta, jantam com o embaixador representante do Brasil na ONU, Antônio Patriota, e, na segunda-feira…
Posso escrever lage com g? Os dicionários só registram laje, com j. Eles mandam. Nós não temos saída. Obedecemos. Ou obedecemos. Mas, se for nome próprio, a história muda de enredo. Como no jogo do bicho, vale o que está escrito.
“O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura à biografias”, escrevemos na pág. 8 do Diversão&arte. Viu? A crase nos pegou. No caso, falta o artigo. O acento não tem vez sem ele. Melhor: O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura a biografias. O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura às biografias.
A redação trabalha com palavras. Palavras compõem períodos. Períodos formam parágrafos. Parágrafos constroem textos. As regras de ouro se referem a esse quarteto. Como diz o esquartejador, vamos por partes. Comecemos pelo primeiro membro. 1. Palavras curtas. Entre dois vocábulos, fique com o mais curto: Somente ou só? Só. Colocar ou pôr? Pôr. Chuva ou precipitação pluviométrica? Chuva. Lombada ou obstáculo transversal? Lombada. Presidente ou chefe […]
Como chegar lá? Desvendar os mistérios de cada regra constitui trabalho de decomposição. São técnicas que estão ao alcance de quem quer algo mais do que escrever. Quer escrever melhor. Em bom português: quer dar recados claros, simples, concisos e prazerosos. Texto difícil não tem vez. E não é de hoje. Montaigne, no século 16, disse: “Ao encontrar um trecho difícil, deixo o texto de lado.” […]
Escrever é verbo transitivo. Escreve-se para alguém. O alguém é o leitor. Não o perca de vista. Contemporâneo, ele vive no século 21. Tem à mão livros, jornais, revistas e o universo sem fim da internet. Cada época tem seu jeitão de falar e dizer. Um texto do padre Antonio Vieira (1608-1697) não se confunde com o de Marcelo Rossi. Ambos são pregadores e falam […]
“O fato central de minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poesia.”