Numas férias arrumei um namorado em Vitória, o mais lindo e cobiçado da turma. Durante todo o ano foi uma troca de cartas esperadíssimas — e minha palavra tinha que ser suficientemente sedutora para fazer com que aquele garoto me esquecesse e suspirasse pela minha volta. Alguém quer melhor motivação para a escrita? No ano seguinte, outros gatos, em outros cenários, faziam parte do grêmio […]
“A gramática, como os andaimes, tem grande utilidade enquanto se está construindo a casa ou adestrando o estilo. Depois, a sua grande serventia é a ausência.”
Bem-vindo se escreve com hífen. É com o tracinho que deve aparecer nas placas das cidades: Bem-vindo a João Pessoa. Bem-vindo ao Recife. Bem-vindo a Brasília. De vez em quando, o vocábulo vem juntinho. Aí tem outro significado. Benvindo é nome de gente. Não tem nada com mensagem de boas-vindas: Bem-vindo, Benvindo.
“O fim chegou ao fim?”, perguntam leitores atentos. E explicam: “Parece que a palavra morreu e foi muito bem enterrada. No lugar da falecida, só dá final. Preste atenção. Na sexta-feira, deseja-se bom final de semana. Contado o último voto, o locutor anuncia que chegou o final da apuração. O juiz apita depois de 90 minutos de jogo. É o final da partida. E por […]
Auto- figura na vala comum. Pede hífen em duas oportunidades: 1. quando seguido de h (auto-história). 2. quando seguido de o. É a tal história dos iguais que se rejeitam. Duas letras iguais? Uma fica lá, a outra cá (auto-observação, micro-ondas, super-resistente, mini-inquérito, contra-argumento). 3. No mais, é tudo colado: autoescola, autodidata, autoconhecimento.
Com a reforma ortográfica, lidar com o prefixo co- ficou fácil como tirar chupeta de criança. Ele não aceita hífen nem a pedido dos deuses do Olimpo. Fica sempre coladinho à palavra que vem depois dele: coordenação, coerdeiro, coautor, coeleitor.
A reforma ortográfica enquadrou o adjetivo geral. O danadinho sempre se usa com hífen: direção-geral, diretor-geral, secretaria-geral, secretário-geral, procuradoria-geral, procurador-geral. E por aí vai.
Auxílio-moradia, auxílio-maternidade e outros auxílios se escrevem com hífen? Sim. Com auxílio, não basta ficar um lá e outro cá. É necessária uma separação maior. No caso, o hífen. Veja: auxílio-doença, auxílio-enfermidade, auxílio-funeral, auxílio-reclusão, auxílio-gás, auxílio-combustível, auxílio-moradia. E por aí vai.
Qual a regra para usar o prefixo trans? Trans é pra lá de fácil. Alérgico, o pequeno se enche de brotoejas diante do tracinho. Com ele é tudo colado: transnacional, trasamazônica, transumano, transregional, transubjetivismo.
O infinitivo na formação de palavras: 1. verbos terminados em -dir formam substantivos escritos com s: dividir (divisão), confundir (confusão), aludir (alusão), iludir (ilusão). 2. verbos terminados em -uzir formam substantivos terminados em -ção: seduzir (sedução), conduzir (condução), traduzir (tradução). 3. verbos terminados em -ar ora se grafam com s, ora com z. Por quê? A desinência formadora de verbos é -ar: martelo (martelar), […]