Categoria: português
David Vip, médico que estava no comando do enfrentamento do coronavírus em São Paulo, se contaminou. Precisou isolar-se. Em entrevista, disse: “Não sou nenhum herói. Tive medo, como todo mundo. Senti que poderia obviamente correr risco de vida”. Leitores ficaram intrigados. Não seria risco de morte? A questão mereceu debates calorosos na seção de cartas. Uns defendiam risco de vida porque subentendiam o verbo perder […]
Os números mudam num piscar de olhos. A covid-19 ceifa vidas sem parar. Internet, rádios, tevês e jornais noticiam. Aí, não dá outra. “Até agora, há xx vítimas fatais”. Nada feito. Fatal é o que mata. O coronavírus mata. É fatal. A queda mata. É fatal. Veneno mata. É fatal. Acidente mata. É fatal. A pessoa infectada não mata — morre.
“É gripezinha”, diagnosticou Bolsonaro. Referia-se à Covid-19. Choveram críticas. Pancadas vieram da direita, da esquerda, do centro. Ufa! O presidente voltou atrás? Qual o quê! Gripezinha virou resfriadinho. Resultado: o diminutivo entrou na agenda. Curiosos correram atrás do jeito camaleão de falar. Os diminutivos são criaturas irracionais. Exprimem a linguagem do coração. Cheios de emoção, falam de carinho, ódio, ironia. Chamar um livro pequeno de […]
“Quando o amor quer falar, a razão deve calar-se.”
Protesto joga em times opostos. Depende da preposição: Protestos contra = oposição: Protestos contra o Congresso tomaram as ruas. Protesto por, a favor = clamor: Foram às ruas para participar de protestos a favor do governo.
Guarde isto: o sufixo formador de diminutivos é –inho. Ele pede licença à vogal átona do fim da palavra e se emenda ao radical: casa (casinha), menino (menininho), garota (garotinha), livro (livrinho), gripe (gripinha), resfriado (resfriadinho). A ponte O zê, que aparece em -zinho e -zinha, é ilustre convidado. Ele funciona como ponte que liga o radical ao sufixo: café (cafezinho), sofá (sofazinho), caju (cajuzinho), […]
As mãos. O dicionário dedica mais de uma página ao verbete mão: ela é a parte final dos nossos membros superiores; ela é a extremidade do membro de um quadrúpede (o mesmo que pata); ela é lance de um jogo de baralho; ela é uma camada de cal, tinta ou verniz; ela é um sentido no trânsito; ela é também auxílio, ajuda — “me dá […]
Bolsonaro dava entrevista. Estava tenso. Num momento de descontração, resolveu brincar. Disse que a imprensa inventa brigas “entre eu e o Moro, entre eu e o Mandetta”. A Neusa ouviu. Duvidou dos próprios ouvidos. Mais tarde, assistiu à reprise da fala. Era verdade. “Xô! Xô! Xô”, gritou ela. Explica-se a reação. A moça aprendeu na escola que o pronome eu não tem vez quando antecedido […]
São tempos de guerra. O coronavírus ataca com a rapidez do raio. Recolhimento é a ordem. Netos ficam longe dos avós. Escolas, cinemas, teatros mantêm as portas fechadas. A praia tem de ser esquecida. O trabalho é feito a distância. Ufa! Desesperar-se? Nem pensar. Vale a historinha que vem da China. Um monge educou muitos jovens. Velhinho, despedia-se do derradeiro discípulo que lhe pediu: — […]
“Um autor só é autor no momento em que escreve. Depois, passa a ser um leitor a mais da própria obra.”