Categoria: português
“A vacina é alvo do seu próprio sucesso”, escrevemos na pág. 6. Ops! Reparou na redundância? Seu e próprio dão o mesmo recado. Em tempos de mês mais longo que salário, economizar é preciso. Melhor cortar: A vacina é alvo do próprio sucesso.
Persiste a dúvida: “Vejo tesouros, no chão, aflorar” ou “aflorarem”? Ambas as formas estão corretas? A dúvida é de Alexandre Pinheiro Neto, de Belo Horizonte. O lógico seria o verbo concordar com o sujeito (tesouros). Mas, quando se trata de infinitivo, a razão nem sempre dita as regras. Com os verbos mandar, fazer, deixar, ver e ouvir, a flexão é facultativa: Vejo tesouros, no chão, […]
Por que castanha-do-pará se escreve com hífen e calcanhar de aquiles se grafa livre e solto? Discriminação? Talvez. A reforma ortográfica cassou o tracinho dos vocábulos compostos de três ou mais palavras ligados por conjunção, preposição, pronome. É o caso de pé de moleque, tomara que caia, dor de cotovelo, testa de ferro, mão de obra, mula sem cabeça. Mas não generalizou. Deixou duas exceções. […]
Aquiles é nome próprio. Escreve-se com a inicial maiúscula. Mas calcanhar de aquiles não tem nada a ver com gente. Trata-se de expressão que quer dizer ponto fraco. Grafa-se com letra pequenina. A metamorfose não é exclusividade do herói dos gregos. A língua portuguesa tem outros exemplos pra dar, vender e emprestar. Quer ver? Pois não: xerox (ele é xerox do irmão), amélia (mulher submissa), […]
“Está acreditando no Poder Judiciários”, escrevemos na pág. 3. Ops! O dedo nos traiu. Os olhos nem viram. Melhor mandar o esse pra casa: Está acreditando no Poder Judiciário.
“Quem fala demais dá bom-dia a cavalo”, diz o brasileiro sabido. “Não é por acaso”, ensinam os árabes”, que nascemos com dois olhos, dois ouvidos e uma boca. É para observar mais, ouvir mais e falar menos.” A lembrança vem a propósito da falação de Joesley Batista. O homem não tem freios na língua. Resultado: caiu na rede da Justiça. A operação recebeu o nome […]
A política se transformou em crônica policial. Dois verbos sobressaem. Um deles: mentir. Mente-se com a naturalidade de quem anda pra frente. O outro: aderir. Apanhados pela boca della verità tupiniquim, os falsários aderem à delação premiada. Revelam a verdade e reduzem os anos atrás das grades. As duas ações têm um denominador comum. Conjugam-se do mesmo jeitinho: minto (adiro), mente (adere), mentimos (aderimos), mentem […]
Ora ou hora? Depende: Hora, com h, significa 60 minutos: A velocidade na via é de 80km por hora. Ganho R$ 120 por hora de trabalho. Divirta-se a qualquer hora. Como diz o outro, toda hora é hora. Ora, sem h, quer dizer por enquanto, por agora: Por ora, a velocidade da via é de 80km por hora. O governo não pretende, por ora, privatizar […]
“Joesley chora ao chegar à sela da PF”, escreveu o Estadão. Francisco Rabello viu. E ironizou: “Decerto Joesley pensou que seria encilhado, cavalgado e esporado. Por isso chorou.” Viu? O jornal trocou as letras: sela é arreio de cavalgadura; cela, quartinho de frades, freiras, presidiários.
As qualidades do estilo? São três. Uma: clareza. Outra: clareza. A última: clareza. O Correio cochilou. Na primeira página de hoje, escreveu: “Cama de concreto e água fria na cadeia”. Pobre do leitor. Numa primeira passagem de olhos, ele entende que a cama era de concreto e água fria. O problema? A ordem de colocação dos termos. Melhor jogar limpo. Assim: Na cadeia, água fria […]