Categoria: português
Sabia? Há uma gangue especializada em roubar pontos e reputações. São três criaturas com uma característica — escrevem-se com azul. Diante delas, abra os olhos, limpe os ouvidos e vá em frente. Azul-marinho (ou marinho), azul-celeste e azul-ferrete são invariáveis: blusa azul-celeste, blusas azul-celeste, vestido azul-ferrete, vestidos azul-ferrete; calça azul-marinho, calças azul-marinho, sapato azul-marinho, sapatos azul-marinho; carro marinho, carros marinho, bicicleta marinho, bicicletas marinho.
Bastante é palavra encapetada. Pode ser adjetivo ou advérbio: Quando adjetivo, modifica o substantivo e se flexiona em número: motivos bastantes, bastantes vezes, bastantes recursos. Quando advérbio, é invariável: comer bastante, bastante caros, bastante tarde. Superdica: na dúvida, substitua bastante por muito. Se for adjetivo, o dissílabo se flexiona (motivos muitos, muitas vezes, muitos motivos). Se advérbio, mantém-se invariável (comer muito, muito caro, muito tarde).
Ora se ouve biópsia. Ora, biopsia. E daí? As duas formas existem. Prefira biópsia, mais usual. A razão: a língua é como a mulher de César. A primeira-dama imperial não só tem de ser honesta. Tem de parecer honesta. A linguinha nossa de todos os dias não só tem de ser correta. Tem de parecer correta.
Bimensal é duas vezes por mês, quinzenal (revista bimensal). Bimestral significa uma vez a cada dois meses: prestações intermediárias bimestrais.
Abriu-se a janela partidária. Parlamentares podem mudar de sigla. É uma festa. Na farra, pintou a dúvida: qual o plural de troca-troca? A duplinha não goza de privilégios. Segue a regra do casal formado por palavras repetidas. Só a última ganha s. É o caso de pula-pulas, quebra-quebras, quero-queros, tico-ticos. E, sem dúvida, troca-trocas.
Desde que nasceu, a vírgula provoca discussões. Alguns dizem que empregá-la é questão de gosto. A gente põe o sinalzinho onde tem vontade. Outros afirmam que basta ler a frase. Parou pra respirar? Pronto. Taca-lhe a marca da pausa. Aí surge um problema. Como os gagos e os asmáticos se virarão? Há, também, os exagerados. Esbanjadores, usam todas as vírgulas a que têm direito — […]
1.Seja natural: converse no papel. Imagine que o leitor esteja à sua frente, comendo um sanduíche e tomando um suco. 2. Mantenha a objetividade: sem encher linguiça, vá direto ao assunto. Dê o recado. 3.Respeite a concisão: diga o que deve ser dito com o número de palavras suficiente. Nem mais. Nem menos. 4. Use frases curtas: Uma frase longa, ensinou Vinicius, não é nada […]
Conhece o teste do telefone? Ele funciona mais ou menos assim. Um grupo de pessoas se senta ao lado uma da outra. A primeira lê uma história cheia de pormenores. A segunda, sem ler, cochicha a narrativa no ouvido do vizinho. A terceira faz o mesmo. E, assim, sucessivamente. O resultado é espantoso. O último texto não tem nem parentesco com o primeiro. Quer um […]
“Não há porque deixar de votar questões constitucionais”, escrevemos na pág. 7. Ops! Tropeçamos de novo no emprego do porquê. Quando for substituível por “a razão pela qual”, o dissílabo escreve-se por que. Assim: Não há por que deixar de votar questões constitucionais.
Em campanha, os políticos fazem o que mais sabem fazer — falam. Sobram discursos. Com eles, volta ao cartaz um pluralzinho pra lá de especial. Uns o chamam de plural de modéstia; outros, de majestático. No fundo, no fundo, ele não passa de um enganador. É singular. Mas faz de conta que não está nem aí pro número a que se refere. A pessoa usa nós, mas […]