Categoria: português
Ferreira Gullar disse que a crase não foi feita pra humilhar ninguém. Pode ser. Mas que dá nó nos miolos, isso dá. Como desatá-lo? É fácil como andar pra frente. Primeiro passo: desvendar o segredo do acentinho Crase é como aliança no dedo esquerdo. Avisa que estamos diante de ilustre senhora casada. A preposição a se encontra com outro a. Pode ser artigo ou pronome […]
O candidato passou despercebido no meio da multidão? Ou passou desapercebido? Olho vivo, moçada. Uma letra faz a diferença. Despercebido significa ignorado, sem ser notado. Desapercebido quer dizer desprevenido: O candidato passou despercebido. O contrabando atravessa a fronteira do país despercebido. No supermercado, encheu o carrinho de compras. Na hora de pagar, cadê? Estava desapercebido. A carteira tinha ficado em casa. Ufa!
Tanto faz. Uma forma e outra merecem nota 10: O presidente eleito toma posse no dia 1º de janeiro. O presidente eleito toma posse dia 1º de janeiro. Fez comício na quinta-feira. Fez comício quinta-feira. Descansou no domingo. Descansou domingo.
Flexionar azul-marinho rouba pontos e compromete reputações. A duplinha é invariável: calça azul-marinho, calças azul-marinho, sapato azul-marinho, sapatos azul-marinho; carro marinho, carros marinho, bicicleta marinho, bicicletas marinho.
Que horas são? É meio-dia e meia (hora). Se preferir, 12h30. A abreviação é desse jeitinho — sem espaço e sem plural.
Onde ou aonde? Quase sempre onde. Aonde só se usa com verbo de movimento que exige a preposição a: Onde você mora? Aonde ele foi? Não sei aonde ele foi. Você sabe aonde ele foi?
Intervir é filhote de vir. Ambos se conjugam do mesmo jeitinho: venho (intervenho), vem (intervém), vimos (intervimos), vêm (intervêm); vim (intervim), veio (interveio), viemos (interviemos), vieram (intervieram). E por aí vai.
Olho vivo! Muita gente escreve “possue”. Bobeia. Melhor abrir os olhos: eu possuo, ele possui, nós possuímos, eles possuem. (A regra vale para a turma uir. Entre eles, contribuir e retribuir: contribui, retribui).
Rubrica e fabrica (ele fabrica) são irmãzinhas inseparáveis. A força delas mora na casa do meio — bri.
Olho vivo! “Vigir” não existe. A forma é viger. Intolerante, ele odeia o a e o o. Por isso só se conjuga nas formas em que essas vogais não aparecem depois do g. A 1ª pessoa do presente do indicativo (eu vigo) não tem vez. Nem o presente do subjuntivo. Que eu viga? Uhhhhhhhh! Nas demais, é regular. Conjuga-se como viver: vives (viges), vive (vige), vivemos (vigemos), vivem (vigem), […]