Autor: Dad Squarisi
“No Acampamento Rabelo, da Vila Planalto, está localizada a Praça Nelson Corso. O espaço existe há 18 anos e recebeu essa denominação após a morte do pioneiro que carregava o mesmo nome”, escrevemos na pág. 25. Carregar o nome? É impropriedade vocabular. Melhor “que tinha o mesmo nome”.
Eu cansei, você cansou, nós cansamos. A exaustão tem nome e endereço. Chama-se realizar. Encontra-se em jornais, rádios e tevês. Locutores, publicitários, repórteres, personagens de novelas & sociedade ilimitada transformaram o polissílabo em verbo-ônibus. O nome diz tudo. O transporte coletivo carrega 56 passageiros sentados e 24 em pé. O verbo, coitado, verga-se ao peso de significados que nada têm a ver com ele. A […]
Henrique Flores escreve: “Impresso ou imprimido? Nunca sei quando usar um ou outro. Pode me dar uma luz? Imprimir, Henrique, é verbo generoso. Tem dois particípios. Um é regular (imprimido). Outro, irregular (impresso). O emprego de um ou outro depende da companhia: 1. Com os auxiliares ser e estar, é a vez de impresso: O livro foi (está) impresso. 2. Com ter e haver, imprimido […]
Rafael Silva quer saber: “Li no jornal que “a presidente adiou a decisão pra depois”. Fiquei encucado. O “adiar pra depois” soou como subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora. Estou certo? Trata-se de pleonasmo?” Palmas pra você, Rafael. Adiar é verbo pra lá de mascarado. Ao menor descuido, a gente deixa-se enganar. Não caia na dele. Pode-se trocar uma […]
“Por isso ou porisso?”, pergunta Mário Feitosa. Mário, guarde isto: por isso significa “por essa razão”. Ninguém escreve “por essa” junto, não é? Por isso segue a trilha. É um pra lá e outro pra cá.
Diana Duarte escreve: “Maciez se grafa com z. Cortês com s. Por quê? Nunca sei. Quando tenho um dicionário à mão, peço-lhe socorro. Mas nem sempre o paizão está por perto. Aí, chuto. Mas nem sempre acerto. Pode me ajudar?” Seja esperta. Antes de tudo, veja se você está diante de substantivo ou adjetivo. Se o substantivo deriva do adjetivo, o zê pede passagem: macio […]
“O livro é um pássaro com mais de 100 asas para voar.”
Vão longe os tempos em que ela era a rainha do lar. Ou os tempos descritos pelo Padre Vieira. “A mulher”, dizia ele, “só deve sair de casa em três ocasiões: no batizado, no casamento e no enterro”. Os ventos mudaram. Embarcando na onda libertária da segunda metade do século passado, ela deu o grito de independência ou morte. Enfrentou preconceitos. Desfilou barriga grávida pelas […]
É mulherzinha pra cá, mulherzinha pra lá, mulherzinha pracolá. O diminutivo ganha espaço cada vez mais generoso em casa e na rua. Grifes famosas lançam moda pra mãe e filha. São vestidos, calças, sapatos, bolsas etc. e tal iguaizinhos pra umas e outras. Daí a necessidade da forma que vale por duas — indica tamanho pequeno e exprime carinho. Vale a questão: como fazer o […]
Volta e meia, digo “nunca jamais”. É redundância? (Pedro Souza) É. Só use a dupla em brincadeirinhas. Ou, se for o caso, em sentido literário. “É segredo cuja chave ninguém nunca jamais soube onde ficava”, escreveu Machado de Assis. Mas, vale lembrar, Machado é Machado. Tem licença poética. Com ela, pode tudo.

