“55,91% pretende presentear os pais”, escreveu o Correio Braziliense. Ops! Maltratou a língua. Na pressa, esqueceu-se de pormenor pra lá de importante. Com percentagem, o verbo pode concordar com o número ou com o nome:
Dez por cento da população votou (concorda com população) ou votaram (concorda com dez).
Um por cento dos presentes saiu (concorda com um) ou saíram (concorda com presentes).
No caso, só aparece o número — 55 é plural. Sem escolha, o verbo vai atrás: 55,91% pretendem presentear os pais.
Atenção
Engana-se quem pensa que na concordância com percentagem vale tudo. Na verdade, vale quase tudo.
Em “30% das pessoas preferem o azul”, o número é 30, plural. O nome, pessoas, plural. Então não há saída: só o plural tem vez.
Veja este outro caso: 1% da população está indecisa. O número é 1, singular. O nome é população, singular. Vem, singular.
Há mais
Às vezes o número percentual se cansa de andar sozinho. Convida o artigo ou o pronome para acompanhá-lo. Aí, pronto. Fica fortíssimo. Com ele ninguém pode. A concordância se fará só com o numeral: Uns 8% da população ganham acima de 10 mil dólares. Os 10% do corpo docente mais qualificado abandonaram a escola. Este 1% de parlamentares definirá o resultado da votação.