Feliz ano novo é…

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Posse do Lula, em 1º de janeiro de 2003. Foto: Senado Federal.

 

          Feliz ano novo, mas com os velhos ideais de justiça e solidariedade. Ano novo sim, mas com os velhos e fiéis amigos que restaram, que não abandonaram o barco, mesmo diante das tempestades anunciadas no horizonte. Ano novo para todos que possuem fígado sadio, pronto para aguentar as torpezas da água ardente e para aqueles que creem ainda que novas jornadas e descobertas são possíveis com o uso de velhas e malfadadas fórmulas. Novo ano sim, mas apenas para os inocentes, crianças e idosos, que sonham e imaginam sempre um paraíso distante. Feliz ano novo para aqueles que seguem os mandamentos sagrados e, nem por um instante, acreditam nos homens, mesmo que não os desprezem. Feliz ano 2023, quando a Terra, mais uma vez, completa seu movimento de translação, viajando à 107.000 Km por hora, em torno de sua estrela, indiferente ao destino da humanidade.

         Feliz ano novo com tudo de bom que o passado nos legou. Feliz ano ano novo com a velha e boa ética de sempre. Feliz ano novo com os velhos sonhos de juventude, dos jeans surrados, da cabeleira comprida e das apostas num mundo melhor. Feliz ano novo, com a esperança de que aqueles loucos anos de esperança e de simplicidade de vida venham a acontecer de verdade.

         Um novo tempo chega com o desejo antigo de casas abertas, de ruas limpas e sem a violência moderna que nos aprisiona em celas fortificadas, sem as velhas carrancas a assombrar a todos, sem a velha censura e sem o renascimento dos ministérios da verdade. Feliz ano novo com juízes mergulhados em velhos alfarrábios de leis, que sequer eram vistos pela população. Feliz ano novo, com a volta das fofocas inocentes e não com o assassinato de reputações feitas agora por meio das chamadas fakes news. Que 2023 chegue com os novos computadores super potentes, mas sem esquecer das cartas e dos bilhetinhos, mais íntimos e mais realisticamente humanos. Feliz ano novo, mas com as velhas paixões do passado. Feliz ano novo, mas com a antiga saúde e ânimo de juventude, as boas lições do passado. Feliz ano novo, mais sempre na esperança de que, um dia, esse velho e cansado país encontre seu lugar entre as nações desenvolvidas do planeta.

         Feliz ano novo, sem as velhas picuinhas e sem os novos mimimis. Feliz ano novo, mas com atenção renovada ao que sempre alertaram os mais vividos. Feliz ano novo, mas com o olhar focado no retrovisor do passado, para que a noção de direção não se perca.

         Feliz ano novo e ouvidos atentos e ligados em velhas promessas dos vendedores de ilusão. Feliz ano novo a todos, mesmos para aqueles que apontam caminhos velhos e rotas para o precipício. Quem sabe aprendam com erros do passado e tomem tenência e se aprumem. Feliz ano velho para todos os que acreditam que ideologias são como ficção. Existem apenas dois lados: o do bem e do mal. Essa é uma lição antiga que vale também para cada ano novo.

         Feliz ano novo para aqueles que não acreditam em nada, inclusive na existência de votos de um feliz ano novo. Feliz ano novo apesar de tudo. Feliz e novo ano!

 

A frase que foi pronunciada:

“Todo novo começo vem do fim de algum outro começo.”

Sêneca

Imagem: reprodução da internet

 

Curiosidade

Foi em 2006 que, na cidade de Tann, na Alemanha, uma cervejaria criou a Pabstbier, ou “cerveja do Papa”. No rótulo, está escrito: “Dedicada ao grande filho de nossa pátria, Bento XVI”.

Papa Emérito Bento XVI. Foto: vaticannews.va

 

Crime

Depois de vários comentários em uma postagem fake, onde usaram o nome do jornalista Alexandre Garcia como autor, é possível atestar como nesse mar da Internet navegam tantos piratas.

Foto: facebook.com/alexandregarciaoficial

 

Ad aeternum

Desde 2009, anuncia-se que o país terá mais de 15 mil telecentros. Por onde estão?

Guardião

Existe uma pessoa do PMDB que nunca escondeu a animação com o novo tempo de Simone Tebet. Seu fã é Pedro Simon, ex-senador, que acompanha passo a passo da futura ministra.

Simone Tebet. Foto: WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO

 

Piadas alheias

Bombam informações na Internet sobre porta dos fundos, saídas, merecimento, é do feitio. Por outro lado, fala-se em grades. Estar atrás de uma porta é sempre melhor.

Ilustração: reprodução da internet

 

História de Brasília

Os japoneses saíram, os mercadinhos não foram reformados, as mesmas portas que estavam caindo já caíram ou vão cair, e nenhuma providência foi tomada. Como resultado, a frequência aos mercadinhos diminuiu demais, e os que ficaram, estão ameaçados de grande redução no volume de vendas. (Publicada em 15.03.1962)

Ecos

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Charge do Hubert

 

         Quando, em 2005, o filósofo e semiólogo Umberto Eco (1932-2016) deixou escapar, em um artigo, a afirmação de que “a internet deu voz a uma legião de imbecis”, o que, à primeira vista, parecia um comentário vindo de um professor e linguista cansado do ofício, transformou-se na mais acurada e crua análise do que viriam a ser as mídias sociais neste século XXI.

         Arrastada para o campo amoral da política, as mídias sociais ganhariam ainda mais visualidade e despudor ao influenciar os debates, tanto nas trincheiras dos partidos como junto às defesas dos eleitores e cidadãos. De fato, os imbecis, por sua multiplicação geométrica estão em toda a parte, quer no lado dos ideólogos, quer do lado da sociedade. As mídias sociais abriram palanques para todos. Até mesmo os insuspeitos intelectuais da política, com assento nas altas cortes, usam-na em desfavor da lógica, deixando transparecer sua volúpia e falsa ilustração acadêmica. Ninguém que venha se expor nas redes está livre de vir, algum dia, a ficar nu diante de todos, mesmo sem perceber. Não chega a ser surpreendente que as mídias sociais tenham, por sua disseminação, dado a oportunidade para que se perceba que, nesses debates sem fim, têm feito com que todos tenham razão, embora nenhuma das partes esteja absolutamente certa.

         O que se apresenta aqui como rede mundial são as ilusões geradas com o meio digital. A virtualidade dos debates levou-nos a um “não lugar”, onde tudo é possível. Onde mentira e verdade perdem seu valor moral e ético, mesmo que ambos os lados possam gerar realidades desastrosas. Onde toda essa tecnologia de ampliação da voz humana irá nos levar, é tarefa dada hoje aos pensadores e filósofos modernos, debruçados sobre a cabeça desse gigante de voz global. Uma das questões que se apresentam aqui para os estudiosos é conhecer as razões que levaram essa ampliação das mídias sociais a acelerar os sinais de antagonismo entre as pessoas, elevando as radicalizações humanas, como se fôssemos lançados de volta ao tempo das cavernas, onde o instinto de defesa parecia estar acima da razão.

         As mídias sociais polarizaram, ainda mais, as ideias, quando passou a ser conduzida pelos trilhos da política, reconduzindo a sociedade a um processo de animalização distante, cada vez mais, dos princípios de civilidade. Nesse caso particular, perdemos a capacidade de cidadania, trocada por valores e ditames políticos. Em um diálogo de mudos, entre vitupérios e palavras de baixo calão, abrimos espaço também para que os políticos e a elite estatal anunciem a regularização das mídias ou, simplesmente, a censura dos meios eletrônicos, como vem sendo anunciado agora, com ameaças e outras pressões.

          Na realidade, a liberdade no fluxo de informação sempre foi manipulada. O que as pessoas sabem ou pensam que sabem é, previamente, bem filtrado. Não existe, pois, o fluxo sem controle de informação, mesmo que leis de transparência anunciem essa possibilidade. Com isso, é possível prever que chegará um dia em que as mídias sociais se transformarão na voz mecânica do Leviatã, troando debaixo de sua cama. Dizendo o que fazer em cada dia. Proibindo você até de desplugar os computadores.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nessas condições não há lugar para a Indústria; porque o seu fruto é incerto; e consequentemente nenhuma Cultura da Terra; nenhuma Navegação, nem uso das mercadorias que possam ser importadas por Mar; nenhum edifício cómodo; nenhum instrumento de movimentação e remoção de coisas que exijam muita força; nenhum Conhecimento da face da Terra; sem conta do Tempo; sem Artes; sem Letras; nenhuma Sociedade; e o que é pior de tudo, medo contínuo e perigo de morte violenta; E a vida do homem, solitária, pobre, sórdida, bruta e curta.”

Thomas Hobbes, Leviatã

Thomas Hobbes. Foto: Wikimedia Commons

 

Aí pode?

Andam pendurados no caminhão no meio da madrugada recolhendo lixo deixado pelos moradores. Esses homens mereciam, no mínimo, o melhor plano de saúde do GDF. Pelos pulmões, pelas horas mal dormidas e, principalmente, pelo perigo que enfrentam quando vão respirando o lixo, sem segurança alguma. Vale lembrar que dirigir com o braço para fora gera multa, já o corpo de um gari, não.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

 

#Puerilsóquenão

Uma correria no parlamento para as mudanças de leis já configuradas e aprovadas. Uma delas é a que altera as regras para a escolha dos integrantes do Conselho Administrativo do CADE. Um dos argumentos é a economia, ao diminuir o número de integrantes do Conselho. A proposta apresentada, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, foi elaborada para modificar a Lei de Defesa da Concorrência. Em breve, deve chegar ao Senado.

Foto: CADE/Divulgação

 

História de Brasília

A fiscalização da Prefeitura está complacente demais. No HP3, próximo ao Colégio D. Bosco, há um senhor que construiu uma residência de madeira, com todos os requisitos de conforto, o que não quer dizer que seja provisório. (Publicada em 14.03.1962)

Coisa pública

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Foto: brasilparalelo.com

 

          De certa forma, pode-se afirmar que uma das principais causas, capaz de explicar a atual e profunda crise entre os Poderes do Estado, reside num pequeno e simples fato: a maioria dos ocupantes dessas três instituições desconhece ou finge não compreender o real sentido do que vem a ser uma República. Ignoram ou desprezam seu sentido, pois assim podem agir acima ou aquém das leis que definem uma República. Numa República, tomada ao pé da letra, a partir dos estatutos legais que a define, absolutamente tudo, incluindo aí o Estado, o governo, os Poderes pertencem e devem ser, como tais, considerados coisa pública, desse modo, abertos ao livre escrutínio dos cidadãos. Com isso, tem-se que a transparência é tomada como a alma cristalina do Estado.

         Sem esse poder translúcido, capaz de permitir a passagem da luz em todos os seus meandros, nada e ninguém está imantado pela natureza do que vem a ser uma República. Para aqueles que estão à frente do Estado a situação é a mesma: devem possuir uma moralidade transparente, aberta a inquisições de toda a espécie. Vendo, por ângulo, a crise que nesse instante parece tomar conta do país, tem sua fonte na falta de transparência dos atos e decisões tomadas pelas elites instaladas nos altos postos da República.

         O cidadão que vive absolutamente à margem das decisões de Estado, negociadas ao pé do ouvido, em conchavos e entendimentos feitos atrás de portas fechadas, ou nos inúmeros balcões de negócios que se estabelecem nas áreas de sombra de cada um dos Poderes, não só desvirtuam o sentido de República, como contribuem para sua falência. Primeiro, despertando o descrédito entre a população; depois, antepondo cada um desses Poderes uns contra os outros, em busca de vantagens que distam léguas do que seria moralmente aceito.

         Até as leis privilegiam, aberta e exclusivamente, algumas classes de agentes públicos, concedendo-lhes vantagens financeiras, frontalmente contrárias à realidade das contas públicas e da população, o que obtém como consequência direta é a total desigualdade de tratamento, numa afronta aos princípios básicos da República.

          Numa República, comme il faut, não há espaços para vantagens, privilégios, foros de prerrogativa ou outros instrumentos de diferenciação. Talvez, em nosso caso particular, tenha sido o fator político, ideológico e partidário, aquele que mais contribuiu para o desvirtuamento do sentido de República, dando-lhe um caráter disforme e mais próximo das miudezas e picuinhas da pequena polícia.

         Ao ser transportada para dentro do Estado, a radiação prejudicial da política, a todos, contaminou com seu ar pestilento, transformando toda a máquina pública numa gosma nociva. Obviamente que, para bancar os custos dessa deformação dos conceitos de República, seria preciso recorrer aos cofres públicos, retirando, dessa poupança popular, os bilhões de reais necessários para fazer avançar essa locomotiva desgovernada.

          O que seria a administração pública correta, passa a absorver os aleijões da política, fazendo ruir todo e qualquer sentido de gestão do Estado. Quando ocorre, como é hoje nosso caso, da República perder seu sentido original de coisa pública, posto à disposição do bem comum, sem privilégios, sem opacidade do Estado, o resultado dessa distrofia é uma República aleijada, incapaz de cumprir seus objetivos e, como tal, prejudicial ao cidadão, tornado escravo de uma verdadeira máquina de moer carne humana.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os impostos transformam o cidadão em súdito, a pessoa livre em escrava e o Estado (nosso suposto servidor) em dono de nossas vidas e propriedades. Quanto maiores são os impostos e mais insidiosa a arrecadação de impostos, mais súditos e mais escravos somos do Estado.”

Arthur O. Fraser (1846-1910)

Arthur Fraser. Foto: Imagem: Eyewitness News

Confraternização

Alguns dos novos moradores que chagam à Brasília não suportam a frieza do tratamento da vizinhança. Segue o segredo para melhorar essa situação. Diga você o “Bom Dia!”, dê você o sorriso ou comece a amizade por você. Os que já estão na cidade há mais tempo sabem como é fácil fazer novos amigos. Nenhuma cidade do país teve tanta solidariedade como Brasília, nas suas primeiras décadas. Hoje permanece assim, com quem descobriu a fórmula.

 

Passeio

Uma beleza ver a criançada interagindo com a ciência e a arte. Veja, no Blog do Ari Cunha, as fotos da exposição no Sesi Lab, antigo Touring.

Fotos: arquivo pessoal Alessandra Lourenço da Silva

 

História de Brasília

Há uma divergência fundamental entre o pessoal da GEB e do TCB. Os militares teimam em não pagar a passagem, e os funcionários não podem fazer exceção. Das duas uma: ou a TCB estabelece passe livre para os soldados ou a GEB determina que fardado não poderá andar de ônibus a não ser pagando… (Publicada em 14.03.1962)

Concentração

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Congresso Nacional durante a votação dos vetos presidenciais 03/03/2020                      Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

 

           De acordo com dados recentes divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nessas últimas eleições de 2022, nada menos do que 90,7% de todos os recursos provenientes do Fundo Eleitoral ficaram concentrados em mãos de apenas 3,4% dos candidatos. Isso equivale a dizer que, dos milhares de candidatos que disputaram cargos eletivos em todo o país, apenas 950 deles tiveram acesso pleno aos R$ 2,5 bilhões liberados.

          Trata-se de uma concentração de recursos que, de certa forma, parece copiar o modelo que desde sempre tem existido dentro da sociedade brasileira, considerada hoje a que apresenta uma das mais desiguais do planeta. Segundo o IBGE, entre 2020 e 2021, 1% dos mais ricos do país chegava a ganhar mensalmente 38,4% mais renda do que os 50% mais pobres, ou metade da população.

         Essa desigualdade se alastra também pelo mundo. A cada 30 horas surge um novo bilionário no planeta, sendo que, no mesmo intervalo de tempo, mais de um milhão de pessoas cai para o patamar de extrema pobreza.

         O mundo político, tal qual é organizado em nosso país, copia as mazelas da desigualdade social existente aqui e além mar. Na verdade, o que temos em matéria de organização política é a predominância do chamado caciquismo, no qual os donos das legendas organizam a distribuição do dinheiro do pagador de impostos, via Fundos Eleitorais e Partidários, de acordo com critérios distantes anos luz de quaisquer princípios republicanos ou éticos.

          Por aqui, o grosso dos recursos desses Fundos vai parar em mãos de candidatos de etnia branca, ligados aos caciques, que escolhem, a dedo, quem tem chance de se eleger e quem não tem. Nesse butim legal, apenas o Partido Novo não utiliza os recursos do Fundo Eleitoral em suas campanhas. No geral, os candidatos negros chegam a receber 11 vezes menos que candidatos brancos e ligados às cúpulas partidárias. Esse tipo de desigualdade não fica restrito apenas a cor da pele.

         Pesquisas mostram que o Fundo Eleitoral, além de não incentivar a participação das mulheres na vida política nacional, destina menos de 30% para elas, mesmo havendo cota de gênero. Para piorar uma situação que em si já é desigual e injusta, o atraso no repasse dos recursos do Fundo Eleitoral para as campanhas para os candidatos chega a inviabilizar algumas campanhas.

         É preciso deixar claro aqui que os processos de desigualdades observados e existentes dentro do atual modelo político e partidário do país provocam consequências diretas também para a vida social, espelhando essa injustiça. A resolução dos grandes problemas nacionais passa também pelas instituições partidárias. Se essas são injustas e mal organizadas, também o será a sociedade.

         As políticas públicas são também reflexos dos modelos partidários, pois são exercitadas por entes políticos, ligados a partidos. Se os partidos não tomarem para si a responsabilidade de se organizarem como entidades totalmente montadas a partir de bases éticas e humanas, com especial atenção à boa administração dos recursos públicos, de forma equânime e justa, todo o resto e com ele o Estado, o governo e a própria sociedade estão fadados ao fracasso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Penso, logo existo.”

René Descartes

Imagem: Frans Hals – Portret van René Descartes.jpg

 

Homenagem

Um verdadeiro astro que passou por Brasília e deixou muitas histórias e ciência. Como membro fundador do Centro de Pesquisas Físicas, aponta a biografia dos arquivos da UnB, o físico Roberto Aureliano Salmerón deixou enorme legado. Faleceu em junho do primeiro ano de pandemia, aos 98 anos. Para quem cresceu em Brasília, esse nome se mistura à vizinhança e às revistas científicas de Física Nuclear de Altas Energias.

Roberto Aureliano Salmeron. Foto: Revista FAPESP

 

Salão Nobre

Em 15 de dezembro, 18 h, toma posse, no Tre-DF, o desembargador Demétrius Gomes Cavalcanti. Um coquetel no local, após a solenidade, será a oportunidade para cumprimentar o novo membro titular da Corte.

Desembargador Demétrius Cavalcanti. Foto: tre-df.jus

 

Guinada

Lucas Gabriel Lourenço de Paula, com vários diplomas em Tecnologia da Informação, pensa no sistema Azure na SUS. Atendimento agendado, sem fila, casos mais simples por consulta remota. No histórico, o registro dos médicos em serviço, histórico de atendimento. Ideias e meios existem. Com um pouco de vontade política, o SUS seria um diferencial no planeta.

 

INSS

Dados dos aposentados precisam ter segurança redobrada. O último trote recebido pelo José Felipe Ramos foi que seu dinheiro do mês ficaria preso porque, segundo o sistema, ele havia feito um empréstimo, o que não era verdade. Nesse caso, pegue o nome e matrícula do funcionário e um telefone fixo para conferir a veracidade no próprio INSS.

Imagem: pocosdecaldas.mg.gov

 

História de Brasília

Quanto aos salários em atraso, há uma informação boa: sairá a dinheiro no dia 14, porque a Prefeitura fêz um adiantamento à Fundação, enquanto o Tribunal de Contas registra a verba do novo ano financeiro. (Publicada em 13.03.1962)

Estado e ética

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

          Dizer que todos os cidadãos de um país estão aptos para a participação política é uma coisa. Outra diferente é afirmar que todos os cidadãos estão aptos para assumir o governo e de lá adotar as políticas que a nação anseia. A construção de uma democracia requer, desde seus primórdios, que haja, no seio da sociedade, uma comunidade moralmente boa.

         Esse pré-requisito é ainda mais cobrado daqueles que, por ventura, vierem a manifestar o desejo de governar. E é aí que a porca torce o rabo. É impossível se alcançar uma pacificação social, pressuposto necessário para toda democracia, quando se verifica que aqueles grupos que apoiam cidadãos sem escrúpulos políticos e que recorrem a instrumentos imorais, possuem os mesmos direitos políticos que quaisquer outros grupos dentro da sociedade.

         Tal impasse só parece ter solução adequada, quando os instrumentos da justiça entram nessa questão em busca de balizamentos legais que tornam uma e outra vontade, favoráveis ao estabelecimento da paz e da harmonia. Mais do que coerção, o Estado deve buscar e fazer prevalecer os valores e virtudes democráticas, porque sem elas não pode haver coesão social. O Estado, em si, é uma construção amoral e não imoral como pregam alguns. Isso quer dizer que as virtudes e vícios encontradas no indivíduo não podem e não devem ser transferidas para essa instituição. Para alguns, o Estado, mesmo sendo uma construção humana, é um ente inumano e indiferente a sentimentos e outras manifestações de ordem moral. Nesse sentido, qualquer um aceito no leme do Estado, desde que seu comportamento não afete a harmonia e a serenidade entre os cidadãos. Mas, em se tratando da correlação entre o ser humano e o Estado, é preciso estabelecer antes, alguns parâmetros que façam os cidadãos perceberem que as ações do Estado são justamente aquelas que escolheriam para decidir fatos corriqueiros em seu cotidiano.

         Os princípios da Declaração dos Direitos Universais do Homem, aceitas mundialmente, não devem ser o ponto de partida e a essência a ser buscada quando da construção de um Estado moderno e eficiente. De alguma forma essa capacidade do ser humano em cuidar de si e dos seus, deve ser também transferida ao Estado, dando a essa entidade de agir conforme esperam os homens, amparando-os e defendendo cada um quando necessário. Claro que isso é o ideal. Mas o Estado desconhece o que seja ideal e age segundo o desejo daqueles que estão com a mão no leme. E é aí, que a porca torce o rabo pela segunda vez. Nesse ponto temos que os vícios e as virtudes, quer queiramos ou não, são repassados ao Estado e deste para os cidadãos. Aqui verificamos que um mau Estado é sempre aquele que é comandado por indivíduos maus. O que não pode ser descartado aqui, à despeito de um Estado sem alma ou sentimentos, é que a ética se constitui no principal leitmotiv do Estado. Sem ela, nem o mais avançado modelo de Estado não possuirá forças para avançar e ser o que deve ser.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Na longa história do mundo, apenas algumas gerações receberam o papel de defender a liberdade em sua hora de perigo máximo. Eu não me esquivo dessa responsabilidade – eu a aceito. Não acredito que nenhum de nós trocaria de lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração. A energia, a fé e a devoção que trazemos para este empreendimento iluminarão nosso país e todos que o servem – e o brilho desse fogo pode realmente iluminar o mundo. E assim, meus compatriotas: não pergunte o que seu país pode fazer por você – pergunte o que você pode fazer por seu país.”

John F. Kennedy, 1961

John Fitzgerald Kennedy. Foto: bbc.com

 

Agência Câmara

Nessa semana, a Câmara dos Deputados terá importante reunião na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. São denúncias entregues ao deputado Aureo Ribeiro, que, segundo ele, são “fatos de elevada gravidade”, e cabe a “envidar esforços para que os esclarecimentos sobre o conluio fraudulento sejam prestados, de maneira a coibir eventuais desvios de recursos públicos”.

Deputado Aureo Ribeiro. Foto: camara.leg

 

Firme e forte

Quando Michel Temer assumiu a Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores parece ter esquecido de que ele era aliado e vice da chapa. Com declarações desastrosas do PT sobre alguns técnicos nomeados por Dilma e pelo vice Alckmin quando governava SP, é bom que a turma esteja preparada para uma alternativa que, por ventura, possa aparecer.

Michel Temer. Foto: Cesar Itiberê/PR

 

Tempo certo

Por falar nisso, bem lembram algumas linhas do livro As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano: “Quando as palavras não são dignas como o silêncio, é melhor calar e esperar.”

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com estas chuvas, a escola no barraco fica imprestável, e é até uma maldade manter as crianças naquele local. (Publicada em 13.03.1962)

Vai que

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Lula. Foto: Ricardo Chicarelli – 19.mar.22/ AFP

 

Ouvia sempre essa frase falada pelo filósofo de Mondubim: “O afoito come cru e fervendo. Felizmente queimará os lábios e a língua, o que o impedirá de falar antes de pensar”. Agindo desembaraçadamente como se fosse, de fato, o chefe do Executivo, o proprietário da legenda petista tem pressa.

Alguns de seus bajuladores falam até em pedir a antecipação da posse, se possível para ontem. Vai que o tempo e os desdobramentos do que acontece hoje nas ruas de todo o país atalhe seus projetos. É preciso, pois, mostrar serviço e agir em todas as frentes como se fosse aquilo que ainda não é. Vai que toda essa pantomima, acompanhada de perto pela torcida de boa parte da imprensa, consiga desviar as muitas dúvidas, que não cessam de aparecer. Não custa nada lembrar também o que repetia o filósofo de Mondubim: “A pressa é inimiga da perfeição e mãe do fracasso”.

Com uma estratégia dessa natureza, que parece forçar os acontecimentos, o negócio é não dar tempo para que os ventos mudem de rumo. Vai que a mudança na direção dos ventos obrigue aqueles que não possuem bússola ou direção a ficarem a meio caminho, parados no marasmo e na calmaria.

Para justificar tamanha correria, é preciso primeiro construir narrativas do tipo: “Nesses últimos quatro anos, o Brasil ficou estagnado”. Vai que o mundo, indiferente, acredite nessa hipótese. Há um modo para apressar a chegada do ano novo: sair correndo e gritando, sem parar, que esse dia chegou. Pode não resultar em coisa alguma, mas, ao menos, o tempo e o espaço serão percorridos de tal modo que, quando o dia chegar de fato, de tão exaustos, ninguém perceberá.

Vai que, por uma dessas incongruências da vida, esse tempo linear nunca aconteça. Ou passe a acontecer quando já se sabe ser tarde da noite. Outra característica da pressa é que ela impede a apreciação da paisagem em volta. Vai que, nessa paisagem, vislumbre-se o nervosismo de milhões de brasileiros agitando bandeiras do país. A pressa e a afoiteza ganham ainda mais contradições, quando se verifica que não é a velocidade imprimida e sim a direção que importa. Vai que, com essa correria, não se observe, a tempo, o sinal de rua sem saída ou o aviso de abismo à frente. A pressa, já ensinava o pai da História, Heródoto, gera o erro e a confusão. Por outro lado, é preciso ter em mente que mais proveitoso que a pressa é estar munido de meta. A ansiedade entorpece os sentidos.

Vai que, nessa destrambelhada correria, esse nosso distraído e agitado atleta esqueça de vestir as próprias calças e alguém grite: “ele está nu!” Vai que essa nudez lhe exponha a alma e todos passem a ver de que material é feita. O problema com a pressa é que ela gera promessas que não poderão jamais serem cumpridas. Ou por falta de lastro na razão, ou um tempo para reflexão. O que fica do trem que passa veloz é apenas a impressão de sua imagem que passou.

Vai que essa pressa toda seja um jeito inconsciente de não parar para pensar nas consequências que virão. Pode ser que não e tudo não passe de uma tentativa de correr atrás de todo o tempo perdido, na tentativa vã de reescrever um passado breve, como todo o passado, mas cheio de acontecimentos ruinosos que deixaram um rastro de escombros por todo o país. Vai que as pessoas fiquem sabendo que a pressa é também cega e parece correr num túnel escuro. Vai que tudo isso acabe sem sentido, bem na data que deveria começar.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os homens ocasionalmente tropeçam na verdade, mas a maioria deles se levanta e sai correndo como se nada tivesse acontecido.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

 

Solidariedade

No Varjão, o Centro Social Comunitário Tia Angelina vai fazer uma festa de Natal para a criançada. Cestas básicas e panetones são bem-vindos como doação. Todas as crianças já foram apadrinhadas com material escolar. Quem quiser participar, a entrega das cestas básicas será até o dia 27 deste mês. A festa será no dia 9 de dezembro. Mais informações pelo número 34682480.

 

Erramos

Fundada em 2017, Bäckerei, que significa “padaria” em alemão, é o nome certo da confeitaria que fica no Brasília Shopping e não usa gordura trans nos produtos. Publicamos Bakery.

Foto postada por Kleber Porciuncula, no Google

 

Consumidor

Começa a ser uma alternativa muito importante para os brasileiros. As receitas de manipulação passaram a ter validade depois da aprovação do projeto da ex-senadora Ana Amélia. O controle é rigoroso e, para a manipulação, é preciso a receita médica e documento do paciente.

Ex-senadora Ana Amélia. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

 

História de Brasília

O DFL andou cortando luz de diversas residências em Taguatinga. Não houve explicação para essa atitude. Fica, entretanto, constatado que não foi por falta de pagamento, mesmo porque o Departamento nunca cobrou uma única conta. (Publicada em 13.03.1962)

Sucupira é aqui

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Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

           Estivesse vivo hoje, por certo, o dramaturgo Dias Gomes (1922-1999) ficaria espantado com a verossimilhança entre sua peça “Odorico, O Bem-Amado”, de 1960, e o que ocorre atualmente na cena política do país neste ano do nosso Senhor de 2022. É a realidade imitando a ficção e elevando a imaginação aos píncaros da criatividade. De fato, o Brasil é hoje uma imensa Sucupira, local fictício onde se desenrola a trama. Na verdade, desde sempre, o Brasil, pelas próprios personagens e lideranças políticas caricatas, é um país onde a realidade e ficção sempre andaram de mãos dadas. Tanto que é difícil saber, ao certo, onde começa uma e termina outra.
           Certo também é que, no atual contexto político, fica fácil saber a quem melhor encarnaria o personagem de Odorico Paraguaçu, por seu histrionismo e por suas falas amalucadas, cheias de nonsense. Na ficção, Odorico é o prefeito de Sucupira, retratado como um político corrupto, demagogo e que ilude a inocente população local com seus discursos verborrágicos, repletos de neologismos e de ameaças mirabolantes. Odorico é um ufanista, defensor do nepotismo e, na peça, acredita, com segurança, que irá resolver todos os problemas locais de sua administração, como os problemas centrais do planeta, através de medidas como a exportação do azeite de Dendê. “Vamos temperar o Brasil com azeite de Dendê e, prafrentemente, vamos temperar o mundo e o mundo vai se curvar ante o Brasil, ao provar do nosso Acarajé, do Vatapá e do nosso Caruru. Vamos acarajeizar a América, vamos vatapazar a Europa. Para esse meu coração verde amarelecido, que nada de braçada no mar das ufanias, mormentemente considerando que isso representa mais divisas para nosso país, o equilibrismo de nossa balança de pagamentos e quiçá, a salvação da nossa mui amada e afazmente individada pátria.”
           Vivêssemos na terra do nunca, onde até a maldade é de mentirinha, esse seria um discurso apenas hilário. Mas a realidade não tem graça alguma e torna-se até ameaçadora, quando vemos esse tipo de político, milagrosamente ainda aceito pela população iletrada, brandir suas promessas agourentas, cheias de maus presságios.
          Com relação ao petróleo, nada mais atual do que o discurso de Odorico: “Para o problema do petróleo, eu já criei a Petropira, que é para explorar o petróleo de Sucupira, emboramente esses retaguardistas, esses retogradistas, corugistas, digam que não existe petróleo em Sucupira. Mas nós vamos assinar um contrato de risco com a Petrobras, desses em que o risco é todo dela e o petróleo é todo nosso.” Nada mais semelhante ao que escutamos hoje.
          Quando perguntado sobre a posição política desse gênio da raça, filho legítimo do cabrestismo ou voto de cabresto, a resposta é de uma atualidade ímpar: “eu sou partidário da democradura e que bota os pés no hoje com os olhos no depois de amanhã.” Qualquer semelhança é pura coincidência!
          Para que tão nobre e impoluto personagem prossiga sem atropelos em sua caminhada, agora na vida real, levando à frente toda essa farsa sociopolítico-patológica, como definia o próprio Dias Gomes, é que o Tribunal Superior Eleitoral, na figura de seu comandante, mandou censurar, severamente, todas as críticas que porventura venham a ser feitas a esse político de passado ruinoso. É a justiça tentando reescrever a realidade, dando cores fantasiosas aos fatos, numa autêntica medida “marronzista” e “badernenta”. É a história entrando para os anais e menstruais desse país surreal.
A frase que foi pronunciada:
“Vai ter uma confabulância político-sigilista sobre as nossas candidaturas”
Odorico Paraguaçu
Odorico Paraguaçu. Foto: Acervo TV Globo
Contra a lei
Ligações não reconhecidas, cobrança de portabilidade indevida, cobrança de serviço cancelado, propaganda enganosa, telefones fixos sem funcionamento. A população, que teria uma agência nacional para protege-la, está completamente abandonada. A OI, por exemplo, que traz na conta a informação que está em recuperação judicial, não disponibiliza um número que funcione para receber as ligações dos clientes que reclamam sobre os telefones fixos, que não funcionam mais. Basta dar uma volta pelo Reclame aqui. Não há interesse nem em responder os registros no site.
Imagem: SOPA Images/Getty Images
Contra o edital
Uma lástima alguns concursos oferecidos pelo GDF. É preciso considerar o Edital durante a contratação. As vagas disponíveis não são preenchidas pelos cargos oferecidos. O resultado é que o proponente assume o trabalho e, por ter um novo emprego, não reclama. Na realidade, a insatisfação pessoal é nítida quando se empenha dois anos de estudos para não ser o que estudou para ser.
Foto: Divulgação/Sejus
Contra o orçamento
Pelo menos os milhões tirados dos contribuintes e usados para a construção do Buritinga serviram para nortear alguns endereços: “próximo ao Buritinga, retornando o Buritinga.” No mais, está inservível e abandonado.
Centro Administrativo do governo do Distrito Federal, em Taguatinga — Foto: Isabella Calzolari/G1
História de Brasília
Quando surgirem os primeiros casos de polio em Brasília, aí então o ministro Souto Maior sairá em campo, correndo, para trazer vacinas Sabin para o Distrito Federal. Criminoso abandono. (Publicada em 11.03.1962)

O remédio para a memória

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Charge do Duke

 

          Um dos atores principais nessa e em outras eleições, tanto no Brasil como no resto mundo, tem sido a mídia jornalística. Ela atua, de modo ativo, trazendo o mundo político à tona, com informações aos leitores e eleitores sobre as andanças e até as estripulias de cada candidato ao longo de seus mandatos.

         Seria de grande proveito para a população se, às vésperas das eleições de outubro, essa mesma mídia jornalística voltasse sua atenção para a realização de um modelo especial de retrospectiva, como os que são feitos, a cada final de ano, só que desta vez apresentando ao grande público a performance de cada político na legislatura que finda, mostrando sua atuação quer no parlamento ou em qualquer atividade pública.

         Ao reviver a performance desses personagens, os eleitores seriam naturalmente levados a um despertar de consciência e mesmo de clarividência, capaz de possibilitar a reavaliação, com muito mais critério e racionalidade, de seus votos. De certo que, ao refrescar a memória do distinto público que vota, muitos dos atuais candidatos à reeleição seriam descartados de imediato. É com a falta de memória dos eleitores que esses eternos candidatos contam para se reelegerem ano após ano. O pior é que a cada nova legislatura, eles voltam ainda mais escolados e sabidos nas artimanhas da engabelação. Para fugirem a perseguição dos eleitores por suas atuações contra a vontade popular, esses verdadeiros especialistas em política com p minúsculo, misturam-se a bancadas mais numerosas, onde a defesa mútua de interesses dificulta punições individuais.

          Eis aí a roda viva das agruras do cidadão. O eleitor desmemoriado é um perigo para si e para o país. Essa amnésia coletiva transforma nossa democracia num jogo em que o lado perdedor nem ao menos percebe que foi novamente enganado. Por isso é preciso rever, com toda a atenção, a atuação desses candidatos em cada matéria de interesse para o cidadão que foi votada no Legislativo. Importante é também rever o comportamento ético desses políticos dentro dos quadros do governo.

          Ao rememorar como se portou em votações como a prisão em segunda instância, a nova Lei de Improbidade Administrativa, o aumento de verbas para o Fundo Partidário, Fundo eleitoral e outros projetos, como as suspeitíssimas emendas secretas, o eleitor poderia ter uma visão menos embaçada pelo tempo, decidindo com mais firmeza e justiça na hora do voto. É na cabine de votação que os destinos comuns a todos são traçados em questão de segundos. A questão aqui é entender os mistérios que levam um simples gesto de apertar um botão, mudar o destino de toda uma nação.

          No caso específico das chamadas emendas secretas, é preciso refrescar a memória do eleitor, mostrando, com todas as letras, quais políticos votaram favorável a essa matéria. A razão é simples: quando o cidadão e eleitor for buscar na Farmácia Popular os remédios para as crises asmáticas, hipertensão ou diabetes, ou até a fralda geriátrica, e lá for informado de que esses medicamentos estão em falta na prateleira, ficará sabendo que o governo cortou 60% do orçamento desse programa para atender prioritariamente às emendas secretas e sem controle externo. Aí, nesse caso, melhor pedir ao balconista um remédio para a memória. Se tiver…

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“Os mais perigosos inimigos não são aqueles que te odiaram desde sempre. Quem mais deves temer são os que, durante um tempo, estiveram próximos e por ti se sentiram fascinados”

Mia Couto

Mia Couto. Foto: AFP PHOTO/FRANCOIS GUILLOT

 

Proativo

Em pouco menos de um mês, as chuvas vão chegar e as faixas de pedestres ainda não receberam reforço de tinta. Nem as linhas de asfaltos e sinalizações necessárias. Agora é o momento para limpar as bocas de lobo, recolher lixos em áreas abertas.

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

 

É sério?

Se, em vários países sérios, que honram o direito à privacidade, o compartilhamento de dados entre órgãos públicos é fato, não há como compreender que essa prática não seja adotada no Brasil.

Na real

Com tanta verba destinada à Secretaria de Educação, parece impossível imaginar que alguém carimbe a mão de um aluno para não repetir a alimentação. Caso a Secretaria de Educação não entenda, uma das razões para se frequentar as escolas é justamente o lanche e o jantar. Certamente não é o excelente nível de instrução dispensado.

Foto: Reprodução

 

Pressa

As comissões do Senado estão com um tempero diferente. Os parlamentares se ouvem mais nervosamente porque muitos estão em campanha. Foi o caso do senador Romário, quando tentou driblar o senador Omar Aziz. Mas não deu certo. Teve que aguardar a vez para o pronunciamento.

Senador Romário. Foto: senado.leg.br

 

História de Brasília

Já começaram a retirar as cadeiras novinhas, de formica, para colocar no barracão imundo. Dentro em pouco, nem mel nem cabaça. Ninguém é responsável, e a escola continua funcionando num barraco horrível. (Publicada em 10.03.1962)

Arte e verdade no mundo falso da política

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Reprodução/Multishow 11.09.2022

 

Quem quer viver às custas da aprovação popular incorre num antigo erro de estratégia, quando torna pública sua preferência por um lado do espectro político, desprezando e descartando, assim, parte dos seus seguidores e fãs, que não se enquadram em suas posições. Fica a meio caminho. Pior ainda quando essas preferências políticas são exacerbadas e radicais. Aí mesmo que o racha em seus seguidores se acentua. Parte daqueles que se achavam fãs viram opositores e passam a desprezar tanto a obra como o autor. É da condição humana.

Há aqueles que nunca se deixam confundir, separando o que é a obra e o que é seu autor. Fossem conhecidas todas as facetas humanas de cada um dos ídolos que desfilam na vida artística, pelo menos metade deles seria banida da preferência popular. É nessa condição, e até por um instinto de marketing e de preservação da fidelidade de seus seguidores, que muitos artistas declinam da condição de se fazerem propagandistas e defensores de políticos, sejam eles quem forem.

Quem quer viver às custas da aceitação popular e com isso angariar clientes fiéis, dentro do espírito capitalista, deve antes de tudo escolher o caminho do meio, aceitando tanto quem é contra como quem é a favor. Acostumados a viver da bajulação do público, muitos artistas acabam adentrando para o mundo do faz de conta e da ilusão passageira da fama. Os que optam por caminhos radicais, conhecem o ostracismo mais cedo.

Vivessem todos de acordo apenas com suas preferências, fazendo, dessas opções, um dogma, não haveria harmonia humana, e sim um eterno embate e divisões insanas. Deixar-se contaminar por critérios momentâneos e ocasionais é a receita certa para o fracasso. Ainda mais quando esses critérios dizem respeito apenas a escolhas pessoais e subjetivas, algumas delas, como é o caso das eleições, reguladas por lei, obrigando o sigilo absoluto do voto.

Houve um tempo em que, nas redações de jornais, a regra era simples: Jogador de futebol, joga bola. Cantor, canta. Artista plástico pinta ou borda. Nenhum deles fala ou transmite opiniões, sobretudo de cunho político. Mesmo assim, era comum ouvir absurdos vindos desses personagens. Insistir para que artistas, que conhecem e exercem muito bem seus ofícios, falem sobre suas preferências políticas e sobre sua visão do país é, por outros meios, fazer com que parte de seu público o abandone no meio do caminho.

Quer afundar um cantor ou compositor, peça que ele externe sua visão e posição política. O fã ou fanático, que a tudo endeusa, não quer enxergar o lado humano de seus ídolos e muito menos suas fraquezas. Ao conhecer seu artista de perto, sem as lentes filtradas da propaganda, muitos fãs se decepcionam com o que passam a conhecer.

Calados e focados em suas obras, todos os produtores de arte e entretenimento se aproximam de Deus e assim são vistos pelo pessoal que o aplaude. Forçar os artistas para que desçam à terra e se posicionem sobre o momento é uma forma de transformá-los em ídolos de barro fino, que serão facilmente despedaçados.

Quem quer fazer proselitismo do tipo político que o faça pelo conteúdo e expressões de sua arte e nunca por declarações do tipo “palanqueira”, enredado pelo ilusório discurso político, que muda como se muda de roupa.

Antigamente, o sentido de beleza se confundia com a verdade e a verdade era o que os artistas perseguiam. Nessa condição, os artistas passam a representar as primeiras vítimas da política. Arte e verdade, mesmo cada uma pertencendo aos distintos mundos da estética e da ética, são, portanto, antagônicas dos conceitos da política e da mentira.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso é – ou deveria ser – a mais elevada forma de arte.”

Charles Chaplin

Jackie Coogan e Charles Chaplin em ‘O Garoto’. Em vídeo, trailer da versão restaurada.

 

Morte natural

Na Alemanha, a NTV deu a matéria da morte do índio Tanaru ou “Índio do buraco” quase da mesma forma que a imprensa brasileira. Não fosse o último parágrafo com a fala de Fiona Watson, da Survival Internacional, que afirma ser aquela região considerada o Oeste Selvagem do Brasil, onde as disputas por terras são resolvidas com armas. “Simbolizou tanto a terrível violência e crueldade feita aos povos tribais em nome da colonização e ganho econômico, quanto sua resistência.”

 

Celebração

Coordenadas pela ex-chefe do cerimonial do Senado, Mônica Freitas, que ciceroneou o príncipe Charles quando conheceu o parlamento brasileiro, 8 amigas vão fazer uma homenagem póstuma à rainha Elizabeth com um chá das 17h no dia da Coroação. A turma se reunirá um pouco mais cedo (16h), para ver as fotos do príncipe em Brasília.

Rainha Elizabeth II em seu casamento. Foto: Topical Press Agency/Getty Images

 

História de Brasília

Quando uma criança deseja ir ao sanitário, vai em casa, porque a escola não dispões de instalações, nem água corrente. Vivem como pacaás velhos, em plena Capital da República. (Publicada em 10.03.1962)

 

 

 

Torre de Babel

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Por ocasião das comemorações dos 10 anos de governos petistas, a filósofa Marilena Chauí, para gaudio do chefão da sigla, que se encontrava presente, afirmou, de forma um tanto crua, que odiava a classe média brasileira e que as pessoas na hierarquia média social representavam o atraso de vida, a estupidez, era reacionária, conservadora, ignorante, petulante, arrogante, terrorista, uma abominação política, uma abominação ética, violenta, e uma abominação cognitiva por ser ignorante, entre outros adjetivos, dignos de uma acalorada discussão de boteco.

Não suspeitava a douta professora que o que estava fazendo naquele momento, além do papelão e da sabujice, era seguir à risca o que previu o semioticista Umberto Eco (1932-2016), em seu tratado “Relativismo”, de 2005. Nesse trabalho, o filósofo denunciou que as redes sociais e a mídia iriam pôr um fim na cordialidade e acentuar a polarização entre os indivíduos, minando o compartilhamento de ideias e que toda essa animalidade, que hoje nos envergonha, iria se estender também para a política. É o que presenciamos hoje nos debates, não apenas entre os políticos, mas englobando a todos, inclusive pessoas a quem, por sua formação acadêmica, esperávamos um mínimo de civilidade e educação.

Dizia Eco que essa mudança ou regresso ao primitivo não seria tanto culpa da grosseria da mídia e se daria muito mais pelo fato de que as pessoas hoje só falam pensando em como a mídia irá noticiar o que foi dito. “Temos a impressão nos dias de hoje de que certos debates acontecem a golpes de facão, sem fineza, usando termos delicados como se fossem pedras”, previu o escritor do best seller “O Nome da Rosa”.

De fato, Chauí usou as palavras como quem atira pedra sobre a classe média, uma parcela da população de mais de cem milhões de brasileiros e que, desde 2002, vem empobrecendo a olhos vistos, por conta, sobretudo, de governos elogiados pela dita professora de filosofia. Os vaticínios de Humberto Eco se confirmaram para além do previsto. Atualmente, a cordialidade nos debates, seja de que tema for, foi deletada ou, no dizer moderno, “cancelada” das redes sociais. Dessa forma, o que assistimos agora são embates enfurecidos que nascem onde quer que haja diferença. O ódio fez sua morada nas redes sociais. Há, nesse contexto, uma certa tara das pessoas em criar desavenças e inimigos.

Com isso, a sociedade vai deixando de lado o compartilhamento de ideias, substituindo essa virtude por uma animalidade que está cada vez mais na flor da pele. As redes sociais são hoje um oceano cheio de tubarões, prontos para atacar, censurar e ofender.

Na política, toda essa ferocidade ganhou ainda mais adrenalina. Já não se tem oponente ou concorrente, mas inimigo fidagal, que deve ser destruído ou, ao menos, desconstruído em sua totalidade. Para Eco, seria como se andássemos para trás no tempo, em termos humanos, levando conosco um tablet de última geração.

Quem se deu ao enfado de assistir aos últimos debates para presidente pela televisão pôde verificar que os projetos de governo sumiram. Quando surgiam ideias aproveitáveis e raras, eram logo substituídas por ofensas e acusações, como num ringue. Quem ofende mais leva a melhor, segundo às redes. Os perdedores estão entre aqueles que não querem polêmicas e se restringem a apresentar propostas. Debater num ambiente assim é inútil. Ninguém ouve o que é dito. Perdemos a capacidade de escutar. Até os ouvidos falam. A língua comanda o cérebro.

As redes sociais bombam com essas batalhas. A descortesia ficou na moda, atingindo, de alto a baixo, todas as classes. A contribuir para esse mundo de intrigas e de extremismos, as redes sociais agem para estimular, por meio das fake news e das meias verdades, os embates e a violência. Não seria estranho que algum dia alguém venha a classificar as redes sociais, sobretudo no mundo político, como o renascimento da mítica Torre de Babel.

No afã de perfurar o céu, essa torre magnífica, uma espécie moderna das Torres Gêmeas de Nova Iorque, veio abaixo marcando, com sangue, a entrada do século XXI, porque os homens parecem já não falar ou compreender a língua humana.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A verdadeira liderança vem de ser quem você é, e não quem finge ser.”

Robert Iger

Robert Iger. Foto: Jeff Kravitz_FilmMagic

 

Dúvida

Leitor e motorista da categoria D, taxas pagas, exames em ordem, pergunta a razão de o Detran levar mais de mês para entregar a carteira de motorista.

DETRAN. Foto: Web/Reprodução

 

História de Brasília

Venha logo, dr. Juscelino. O “homem” do mau humor chegou. Traga logo para nós, uma mensagem de alegria, confiança e bem-estar. Fale pra gente ouvir, fale pra deixar o povo contente. (Publicada em 09.03.1962)