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Colocados em posições antípodas, políticos citados em delações e membros do Ministério Público, Polícia Federal seguem diante do tabuleiro de xadrez, movimentando suas peças. A cada deslocação de uma peça, de um lado, corresponde a mobilidade de outra, oposta. A estratégia é anular o jogo do oponente, tornando nulas as investidas de cada um. Nesta disputa, em o que está em tela é o interesse soberano do cidadão, não há espaço para vacilos.
Advogados dos mais renomados e caros escritórios do país e que , em tempo algum anteriormente, lucraram tanto, espreitam , com lentes potentes, as investidas dos homens da lei.
No Congresso prosseguem as tentativas sub reptícias de alterar a legislação de modo a estender o beneplácito da anistia aos políticos que venderam a alma aos empresários. Para a população que assiste a esse ballet ensaiado , interessa o final da partida, dentro das regras e sobretudo uma mudança radical no modo de comandar o Estado.
Interessante observar que aqueles personagens que até então todos apostavam e torciam por sua vitória, foram postos na vala comum dos amaldiçoados com o recebimento ilícito de dinheiro público.
Um caso que chama a atenção tanto como decepciona é com relação ao senador suspenso de suas atividades Aécio Neves. Considerado , até pouco tempo, uma aposta jovem e promissora para mudar o jeito manhoso da velha política, esse mineiro , filho e neto de políticos tradicionais e conhecidos, parece ter sucumbido aos encantos do vil metal. Nas gravações e confissões vindo à tona a cada instante, o que se esta revelando é a face desconhecida de um político, até experiente, mas que , por razões que só ele sabe ao certo, acabou envolvendo ,de forma escandalosa , seu futuro, seu passado e , de quebra, levando à prisão sua irmã dileta e seu primo de confiança, todos irremediavelmente riscados da agenda dos eleitores de Minas e do Brasil.
Ao lado de Aécio, tomba também Michel Temer. Esse por sua importância no comando da articulação para sanear as contas públicas, tem maiores contas a prestar à justiça e aos seus eleitores. Pelo o que se sabe, Temer esta pendurado no cargo de presidente do Brasil apenas por um fio de cabelo. No caso , pelo cabelo do deputado e homem de confiança, Rocha Loures, candidato a homem bomba da vez, caso sua situação se complique ainda mais.
De certa forma essas e outras decepções com homens públicos, acabam funcionando como lição prática de cidadania: não existem super heróis e salvadores da pátria capazes de resolver o problema do país apenas por voluntarismo próprio. Na realidade, neste jogo de xadrez, em que importantes personagens da nossa história política atual vão tombando lado a lado, fica, ao menos a certeza de que é preciso mudar os rumos do país, despir as velhas vestes e dar início à um tempo novo, no qual a política não seja mais confundida com mero caso policial.
A frase que não foi pronunciada:
“Ninguém ouse aconselhar os outros antes de seguir seus próprios conselhos.”
Sêneca, um dos mais célebres intelectuais do Império Romano
Documento
Trabalho de extremo valor para jornalistas e pesquisadores feito pelo funcionário do Senado Nerione Cardoso Júnior. Ele é da Coordenação de Arquivo e a partir de reuniões com a coordenadora do Arquivo, Carla Mendes, e a chefe do Arquivo Histórico, Rosa Vasconcelos, elaborou um guia on-line de referência com todas as CPIs ocorridas no Senado e as CPIs mistas.
Pesquisa
A diretora da Secretaria de Documentação do Senado, Dinamar Pereira Rocha, explicou que esse trabalho atende as diretrizes estratégicas do Senado para divulgação do acervo histórico da Casa. As CPIs disponíveis ao público externo aconteceram desde 1946.
Perigos
A Sífilis está voltando de maneira assustadora. Interessante é que na Escola do Varjão apenas as mulheres ficaram na palestra sobre o assunto. Os estudantes homens foram dispensados. Entre 2010 e 2015 houve um aumento de mais de 5.000% nos casos de sífilis no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O obstetra Domingos Mantelli não poderia ser mais claro: “não se vê quem tem alguma doença sexualmente transmissível pelo rosto ou documento. Há casos em que o próprio portador não faz ideia que está contaminado. A doença fica incubada e é transmitida por relação sexual sem proteção”.
Bárbaros
Nosso leitor Roldão Simas aponta locais anti-urbanos com ocupações irregulares, como os quiosques no Setor Médico Local Sul ou as pichações na extinta CEME, Central de Medicamentos abandonada a mais de 50 anos.
Detalhes
Palestra do Prof. Robert Alexy em Brasília fez sucesso por onde andou. Chamou a atenção de alguns presentes o velho hábito de docente. O doutrinador da teoria dos direitos fundamentais não abriu mão de falar escrevendo no Flipchart. Mesmo que ninguém enxergasse.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
No pátio de manobras, as pessoas que esperavam o governador Leonel Brizola não acreditaram noutra versão senão a de sabotagem. (Publicado em 28/09/1961)
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Nos seres vivos, a infestação por micro=organismos patogênicos ocorre sempre quando se verifica uma baixa no sistema de defesa, também chamado imunológico. Nas grandes cidades, onde milhões de pessoas transitam o tempo todo para todos os lugares, esses mecanismos infecciosos agem e se multiplicam com rapidez sempre que os sistemas de fiscalização se ausentam ou falham.
Não é por outra razão que muitos urbanistas modernos enxergam as cidades atuais como verdadeiros organismos vivos, que crescem, se reproduzem, entram em decadência e acabam por desaparecer. Por isso mesmo, é preciso manter a saúde das cidades, por meio de uma fiscalização sistemática e diuturna, não dando brechas para o aparecimento de disfunções que induzem ao caos generalizado.
Em Brasília, o reaparecimento do transporte pirata de passageiros, uma antiga infecção que muitos acreditavam debelada, volta a pôr em risco a saúde da capital. Da mesma forma que os organismos infecciosos que ganharam resistência à ação dos antibióticos usuais, o ressurgimento dos transportes clandestinos mostra que essa praga se reinventou, ganhou novos adeptos e formas de atuar, se fortalecendo, sobremaneira, nos muitos espaços deixados pelo Estado.
Hoje, a ação desses grupos, por causa da grande soma de dinheiro envolvida, passou a ser estruturada nos mesmos moldes de uma quadrilha organizada, com a divisão de tarefas e hierarquia de comando. Diariamente, uma frota composta por quase 10 veículos clandestinos transporta irregularmente cerca de 700 mil passageiros, movimentando mais de R$ 3 milhões, livres de impostos.
As longas distâncias, a interminável espera, a alta demanda por transportes públicos de qualidade e a corrupção onipresente, vêm transformando a capital no ambiente ideal para o crescimento desse mercado de foras da lei que agem com desenvoltura, à luz do dia, na cara das autoridades. A situação ganhou tamanha dimensão que quem ousa enquadrar esses piratas nas normas é ameaçado de morte.
Para os usuários, o risco de perder a vida é constante, uma vez que muitos desses transportes não contam com itens de segurança, os motoristas não têm habilitação adequada, não respeitam as leis de trânsito, andam em alta velocidade e desafiam qualquer um, certos da impunidade e da brandura da legislação.
Bem estruturadas, essas organizações contam com o apoio de policiais militares, escritórios de advogados e um sem-número de agentes do Estado corrompidos que agem sob suas ordens. O problema ganhou tamanha dimensão que os agentes do governo que não se deixaram corromper denunciam as constantes ameaças e desacatos. O cidadão de bem não tem a quem recorrer. Na Câmara Legislativa, é conhecida a pressão que esses grupos exercem sobre os distritais e, em muitos casos e por diversas razões inconfessáveis, são devidamente amparados e defendidos como empresários legítimos. Ou o governo age, agora, com firmeza ou essa situação vai descambar para o descontrole, com risco para todos os brasilienses e para a saúde da cidade.
A frase que foi pronunciada
“Precisamos redescobrir a arte perdida do argumento democrático.”
Michael Sandel, professor de filosofia em Harvard
Mudou
» Estava proibida para o orçamento de 2017/2018 a compra de passagens aéreas em classe executiva para políticos e demais autoridades. O presidente Michel Temer autorizou. Na verdade, aqueles políticos que têm amigos com aeronaves até preferem pagá-los a ter que enfrentar o eleitorado cara a cara. Poucos são queridos a esse ponto.
Ensurdecedor
» Nosso leitor José Rabelo testemunhou reclamações de diplomatas que moram perto de clubes, onde o som de festas ultrapassa a barreira do bom senso.
Cuidado
» Uma dica importante que chegou pela leitora Beatriz Oliveira é que nunca, em hipótese alguma, entregue seu cartão de crédito em lojas, mercados, restaurantes ou postos de combustível. Apenas com o número do cartão e os números de segurança podem efetuar compras pela Internet em seu nome.
Igualdade
» Tem assustado muita gente a proposta da senadora sergipana Maria do Carmo Alves. Ela quer regulamentar o artigo 41, parágrafo 1º, inciso III, da Constituição Federal. Com isso, o servidor efetivo, concursado, das esferas federal, estadual e municipal dos três Poderes, que não tiver desempenho satisfatório perderá o cargo como qualquer trabalhador do país.
História de Brasília
Uma comissão de deputados do Rio está estudando de onde partiu a censura nos dias de crise. Em Brasília, a censura, normalmente realizada pela Polícia, foi afastada não se sabe por quem e passou a ser feita por oficiais do Exército. (Publicado em 27/9/1961)
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Por maiores que sejam as boas intenções dos autores da proposta da Lei de Imigração, aprovada no Senado, é preciso observar com atenção o desenrolar desse processo pelo mundo e suas consequências, para sintonizar as normas trazidas pela nova lei àquelas experimentadas em outros países. Ao conceder plena cidadania, com direito à participação de estrangeiros em manifestações políticas, em sindicatos e outros direitos à toque de caixa, o que os legisladores e o governo podem estar provendo é a formação de embriões silenciosos de outros países, dentro do território nacional, cujas consequências fogem a qualquer prognóstico. A questão é séria e não se pode resumir ao embate entre nacionalistas xenófobos e humanitaristas irresponsáveis. É preciso considerar que o país está sofrendo o mal da corrupção, que se instala nas instituições, tirando da população todas as garantias da Constituição.
O que parece ser um grande avanço que coloca o Brasil na contramão do que vem ocorrendo em algumas partes do mundo, pode, amanhã, por contingência nossa, se transformar num grande equívoco, capaz de comprometer, de forma irreversível, toda a nação. Trata-se, pois, de uma legislação que requer cautela, muita reflexão e consulta ampla a todos os brasileiros, explicando tudo, nos mínimos detalhes, poisb se trata do futuro das pessoas que aqui vivem e, como tal, não deve ser confiado apenas à análise de políticos, cujo o horizonte de futuro se estende apenas até as próximas eleições.
Quem se dispuser a ler as diversas opiniões sobre a nova Lei de Imigração pode comprovar que o assunto é polêmico e envolve questões que, nem de longe, passaram pelo crivo do legislador. Um apanhado geral aponta que boa parte dos brasileiros, ressabiada com a baixa qualidade de nossos políticos, olha com desconfiança a proposta inusitada.
A questão central nesses comentários se atém a um fato que aflige a todos os brasileiros indistintamente: como podem nossos políticos se arvorarem em resolver a questão da imigração no mundo, se as sérias questões internas ainda estão pendentes de solução há séculos?
Os brasileiros vivem hoje como refugiados dentro do próprio país. Para muitos, a nova legislação esconde uma pretensão antiga do Brasil de vir a compor o Conselho Permanente de Segurança da ONU. Para outros, trata-se de legislação que, aliada à venda indiscriminada de imensas porções de terras brasileiras para estrangeiros, busca uma globalização tardia, de olho apenas nos pretensos benefícios econômicos que a nova norma poderá trazer para os cofres do Estado.
Há ainda aqueles que entendem como necessária uma posição clara dos militares sobre o assunto, sobretudo no que tange aos problemas da segurança nacional interna e de soberania de nossas fronteiras. Curiosamente, as vozes que defendem a nova lei partem, na grande maioria, de pessoas ligadas a organizações não governamentais, daqui e principalmente de fora, que cuidam da defesa dos direitos humanos e que, portanto, estão longe do senso comum do cidadão das ruas e do campo.
É justamente na área rural, onde os modismos da cidade grande chega com atraso, que a vinda açodada de estrangeiros provocará grandes debates. Muitos pequenos agricultores simplesmente vão se rebelar ao ter que trabalhar para grandes latifundiários que, nem ao menos, fala a língua nacional e conhece os costumes locais.
Em qualquer direção que se observe os comentários, é possível identificar um misto de confusão e de negação da nova lei, o que demonstra que um assunto dessa importância está longe de ser pacificado, o que pode gerar reações inesperadas.
Num panorama mais abrangente é preciso entender que leis que abordam questões polêmicas, simplesmente não podem ser impostas de cima para baixo, sob pena de se criar um ambiente hostil aos que chegam. De forma geral, num mundo ideal o correto seria a abolição das fronteiras dos países para todos, mas isso é apenas num mundo ideal. Num mundo dominado por interesses econômicos, todo o cuidado é pouco.
A frase que não foi pronunciada
“Quem deveria caçar as bruxas está caçando as brechas da lei!”
Sérgio Moro, com os seus botões.
Discurso
Augusto Coutinho lembra que os jumentos, no Nordeste, continuam perambulando pelas ruas e beiras de rios por absoluta inutilidade. A situação é preocupante, porque, sem trato, o animal pode contrair doenças e colocar as comunidades em risco.
Década
Por falar em Coutinho, o Luciano do BNDES, durante quase uma década à frente do banco, levou a instituição a desembolsar, em oferta de créditos variados, cerca de R$ 1,2 trilhão. Trata-se de um valor superior ao PIB de muitos países.
História de Brasília
A recepção dada pelo povo carioca ao presidente João Goulart, foi uma resposta violenta do povo à nota dos ministros Denys, Heck e Moss, de que a vinda do sr. João Goulart ao Brasil não convinha à segurança nacional. (Publicado em 27/9/1961)
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MAMFIL com Circe Cunha
Em tempo de confissões inconfessáveis, a estratégia mais eficaz, que tem sido adotada por todos os arrolados nas denúncias de crimes, é a de acusar outras pessoas ao redor, criando, além de uma confusão generalizada, a falsa ideia de que todos são igualmente culpados e, portanto, passíveis de indulgência. A ideia central é fazer crer que, naturalmente, se formou, entre os poderes Legislativo e Executivo, uma espécie de Torre de Babel, onde ninguém mais se entendia e cada um acabou por induzir o outro ao erro, levando todos a cometerem falhas e deslizes primários.Empresários foram seduzidos por políticos, que, por sua vez, foram seduzidos por empresários, num desarranjo que acabou, acidentalmente, por drenar bilhões de reais dos cofres públicos, depois, displicentemente, distribuídos entre eles e branqueados pelos tribunais eleitorais. De dedos em riste, miram todos uns aos outros e, não raro, até ao juiz.A aprovação, pelos políticos enrolados, da Lei de Abuso de Autoridade é, de longe e até agora, a mais cristalina confissão dos crimes cometidos. Antigamente, era costume dizer que quem tem que se explicar está errado na saída. Dessa forma, quem tem muito que explicar muito implicado está. Lula fez seu pronunciamento, em forma de entrevista ao SBT, para explicar o inexplicável.
Chega a ser dolorido ter que assistir a um ex-presidente, a quem milhões confiaram cegamente e a quem o destino entregou a gigantesca missão de redimir o país, ter que esclarecer que não é dono do tríplex nem do sítio que mandou as empreiteiras reformarem, a peso de ouro, para si e sua família. Para não fugir à tática comum a todos, acusou o Ministério Público de ter mentido. “Se eles mentiram e não têm como sair da mentira, o problema é deles, e não meu”, afirmou Lula.Pelo que se conhece, essa é primeira vez na história republicana que um presidente tem que vir a público para dar explicações constrangedoras sobre sua conduta ética. Para quem conhece o ex-presidente de perto, esse é apenas o desdobramento natural de um comportamento persistente desde os tempos de sindicalista. “Lula, dizem, sempre levou vantagem em tudo, até nas pequenas negociações feitas entre patrões e empregados no ABC.”Esperto como sempre, Lula usou o alcance da emissora de Sílvio Santos para, no melhor estilo palanqueiro, reforçar a tese de que as acusações do Ministério Público fazem parte de um grande complô para tirá-lo da disputa em 2018. “Eu vou ter condições jurídicas de ser candidato, porque não há nenhuma razão jurídica para evitar que eu seja candidato.” Aí seria melhor eles terem coragem de dizer o seguinte: “Olha, vamos dar o segundo golpe nesse país e não haverá eleições em 2018”, afirmou o prestidigitador político de Garanhuns.
A frase que foi pronunciada
“Aqui se paga, aqui se faz!”
Conversa entre político e empreiteiro
Instigante
Quem estava perto dos índios no Congresso viu cenas pitorescas. Barbados de punho fechado defendendo os silvícolas e índios com celular assistindo tudo de uma Hylux. Há muitas entrelinhas nessas cenas.
Aprova já!
Um projeto que o governador e a população de Brasília aguarda ser votado trata da definição de critérios de medição do desempenho funcional do servidor público. O que se pretende é estabelecer regras claras para atender o que a Lei Orgânica determina e estimular o melhor desempenho do serviço público e, consequentemente, a melhoria da qualidade do atendimento prestado à população. Pergunta que não quer calar: O serviço público é composto por agente público e servidor, certo?
Bravo!
Nossa Luisa Francesconi continua brilhando. Dessa vez, na Argentina. “Inciranazione di Poppea”, no Teatro Coliseo. Sucesso de sempre.
Arrepios
Por falar em música, um estudo da Universidade de Harvard examina o cérebro de pessoas que se arrepiam com música. Só a metade da população tem essa capacidade. O trabalho científico de Matthew Sachs foi publicado em entrevista no The Guardian dada ao repórter Ian Sample.
História de Brasília
O ministro Gabriel Passos precisa ser esclarecido quanto ao que está acontecendo no seu ministério. A mudança para a Asa Norte do Ministério das Minas e Energia não deve se realizar, porque seria o desvirtuamento do Plano Piloto.(Publicado em 27/09/1961)
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Como sempre repete o filósofo de Mondubim: “Quem aluga o traseiro não escolhe onde sentar.” A sentença serve como uma luva para a proposta que será apreciada em breve pelo Congresso Nacional e que conta com o apoio do governo do constitucionalista Michel Temer. Trata-se da regulamentação da venda de terras brasileiras a estrangeiros e a fundos de investimentos sediados fora do país.
A medida que traz como justificativa um possível aporte de recursos de R$ 50 bilhões para o setor agrícola, vem sendo alvo de severas críticas de ambientalistas e, principalmente, dos militares, para os quais a simples menção de vender o solo pátrio equivale à traição que atenta contra a soberania nacional, primeiro fundamento da Constituição Federal.
A princípio, não se compreende como o setor agropecuário, considerado o mais capitalizado do país e que vem, seguidamente batendo recordes de produção, necessitaria de aportes tão imediatos. Por outro lado, para os agricultores e criadores nacionais, a terra representa o mais precioso e fundamental meio para produzir. Vendê-las pois, equivaleria a matar a galinha de ovos de ouro.
Para alguns estrategistas, o controle de imensos latifúndios por grupos estrangeiros pode suscitar problemas de toda a ordem, sobretudo dependências, submissões e outras situações perigosas para o Estado brasileiro e sua soberania. O fato é que potências estrangeiras estão de olho grande neste produto posto à venda.
Para um país acostumado com a fragilidade de fiscalização, trata-se, na opinião dos interessados, de um negócio da China. Não é por outro motivo que a própria China anunciou a intenção de aplicar US$ 300 milhões para a aquisição de quase 1.000 quilômetros quadrados na Bahia para produzir o que o Brasil já exporta em excesso: soja. Produtores nacionais vêm fazendo, há muitos anos, denúncias contra empresas estrangeiras que plantam em terras brasileiras, principalmente com relação às irregularidades praticadas nas áreas trabalhistas e tributárias, desrespeitando direitos, desmatando áreas protegidas, usando defensivos proibidos em outros países, entre outras ilegalidades, acabando com nossa água. Aliás, acabaram com um rio, o rio Doce, e pelo peso leve da punição pode-se calcular o que será com os novos donos da terra brasileira.
Além desses crimes, os agricultores têm alertado para o fato de algumas empresas comprarem terras apenas para especular, sendo que muitas propriedades, tão logo são adquiridas, passam a ser sublocadas para outros grupos, sem qualquer fiscalização. Trata-se de uma situação alarmante, sem o conhecimento da sociedade, sem fiscalização, sem puniçao e pior, sem qualquer interesse por parte das autoridades que permitem que grupos alienígenas possuam áreas maiores que muitos países do planeta.
A frase que foi pronunciada
“O Brasil precisa escolher entre autonomia e dependência, soberania ou submissão. Como o viajante, diante da esfinge, a grande pergunta que temos que responder ao século 21 é: que país queremos ser e que futuro queremos ter, como Nação.”
Mauro Santayana
Por dentro
» Fernando Gomide, nosso leitor que foi candidato à Câmara Legislativa, acompanha as barbaridades políticas. São 24 deputados, sendo 17 investigados ou réus por corrupção ou improbidade. A saúde continua sucateada. Desde 2009, todos os secretários de Saúde do DF se tornaram réus em ações de improbidade onde a IntensiCare tinha interesse. Os cinco deputados distritais acusados de corrupção passiva em relação à IntensiCare continuam com o mandato parlamentar. Ministério Publico e Polícia Federal precisam investigar os Tribunais de Contas, secretarias de Saúde e TJs, principalmente, no que tange a financiamentos de campanhas eleitorais. E termina a missiva: “Enquanto poucos tentam combater a corrupção criminosa, a população vulnerável morre”.
Em ação
» Em parceria com a Administração do Lago Norte, o Colégio Indi participou do plantio de 200 mudas no Viveiro Comunitário da região. A meninada passou a manhã com as mãos na terra. “Cuida do jardim pra mim, deixa a terra florescer, pensa no filhote do filhote que ainda vai nascer.” O primeiro broto nasceu. A poesia.
Luthier
» Já que não vê a dupla da PM nas ruas, Hary Schweizer apelidou as partes dos fagotes recém-construídos de Cosme e Damião. Para lembrar dos velhos tempos de segurança nas ruas.
História de Brasília
O único homem a quem o sr. Juscelino Kubitschek pede a bênção é o sr. Eufrosino de Oliveira, seu padrinho de batismo, que reside em Diamantina e conta, hoje, com 94 anos de idade. (Publicado em 23/9/1961)
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Do ponto de vista do boi e da vaca, a Operação Carne Fraca foi a melhor notícia do ano. Essa afirmação serve para ressaltar que, em qualquer situação posta, mesmo as mais negativas, há sempre ângulos, que ,analisados mais detidamente, revelam aspectos positivos.
No caso da Operação Carne Fraca, que expôs ao mundo os bastidores herméticos da produção de derivados de animais no Brasil, as investidas dos agentes federais sobre ests setor podem não representar a maior operação policial de todos os tempos, como foi proclamada a princípio, mas serviu para lançar luzes sobre um importante setor da produção, dominado por grupos poderosos que há décadas ditam políticas para a área e que ultimamente vinham aparecendo como provedores suspeitos em casos revelados por outra Operação, a Lava-Jato.
A magnitude econômica desse setor, que se crê o maior do país, não pode servir de escudo para que a sociedade saiba o que se passa em seus bastidores e principalmente a que preço o Brasil se tornou o maior produtor mundial de carne. Para uma parcela expressiva da população, interessa mais saber se o preço interno dessa commodity irá despencar nos açougues, já que o preço interno desse produto faz de seu consumo um privilégio para poucos. Para outra parte da sociedade importa conhecer a fundo como são produzidos de fato os alimentos que diariamente são postos à mesa de todos.
O ministro atual no qual esse problema veio a cair no colo, Blairo Maggi, é um exemplo para o setor agrícola quando o assunto é produção sob qualquer condição. Galardoado pelos ambientalistas com o título de “motosserra de ouro ” pelo jeito com que pôs abaixo a vegetação nativa de parte do Centro-Oeste e da Amazônia para plantar soja, é um típico empresário do agronegócio avesso a questões “ menores” como efeito estufa e outros fenômenos climáticos.
A quantidade de hormônios, antibióticos e outros produtos químicos usados na agropecuária, alguns, inclusive proibidos em muitos países, pelos riscos que causam ao homem e ao meio ambiente, é um segredo muito bem guardado longe do público.
O tipo de criação extensiva adotado pelos produtores nacionais, no qual o gado é largado livremente no pasto, adentrando, inclusive, por áreas de proteção e os casos crescentes de formação de pastagens e criação de animais dentro da floresta amazônica e do pantanal, destruindo esses ecossistemas, vêm sendo pouco debatidos e quase não chegam ao conhecimento do grande público.
Também a imersão da carne em conservantes químicos perigosos ao ser humano para aumentar seu prazo de validade é pouco discutida e não se conhecem nem os processos nem seus efeitos a longo prazo. Essa história de que o produtor nacional é um herói que alimenta diariamente os brasileiros, valia para o tempo em que a agropecuária era uma atividade puramente familiar. Hoje, quem comanda esse setor são grupos poderosos, com ascendência sobre governos. Muitos inclusive nunca puseram o pé no campo e encaram essta atividade de forma empresarial e fria, sendo o restante da população, encarado como uma outra espécie de gado, de povo marcado.
A frase que foi pronunciada
“Ser vegetariano vai ser uma questão de sobrevivência para os humanos. A natureza não aguenta desaforo por muito tempo.”
Pensamento da vaca Mimosa.
Lava a jato
» Em tempos de escassez de água no DF, a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema) deu prazo de 60 dias para o GDF elaborar instrução normativa para regulamentar a atividade comercial de lavagem de veículos. Para o promotor Roberto Carlos Batista, os efluentes gerados pela lavagem dos automóveis contaminam os corpos hídricos receptores e provocam o desperdício da água em seu processo.
Terras para estrangeiros I
» É bom o Ministério Público e a Polícia Federal ficarem de olhos bem abertos no comércio de terras brasileiras para estrangeiros via fundos de investimentos. O negócio todo tem cheiro de maracutaia, é prejudicial aos interesses do país sob vários aspectos e vem sendo feito longe da opinião pública.
Terras para estrangeiros II
» Tramitando em regime de urgência no Congresso, o texto que estabelece normas para a aquisição de terras é cheio de lacunas e deixa em aberto os limites para a compra de 100 mil hectares ou mais, caso as pessoas tenham interesse. Em outros tempos, propostas dessa natureza poderiam ser perfeitamente enquadradas na Lei de Segurança Nacional.
Boa
» Campanha do CNJ estimula os professores a observar a meninada. A qualquer sinal de maus-tratos, a regra é clara. O educador deve comunicar situações anormais que envolvam alunos.
História de Brasília
Mas isso tem um endereço certo. É que o IAPI faz questão de provar, junto ao presidente da República, que em Brasília não há habitação para os seus funcionários, e, por isso, o Instituto não pode se mudar. (Publicado 24/09/1961).
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Uma das maiores falácias, difundidas aos quatro ventos pelos políticos de modo geral, é que sem partidos políticos não pode haver democracia. Esse argumento equivale a dizer que sem cachorro não existe linguiça. A afirmação correta deveria ser: com os atuais partidos, envolvidos nas mais desavergonhadas práticas de corrupção, não pode e nunca haverá democracia em nosso país. O que temos é uma encenação.
Obviamente, em países que se pautam pela ética, a importância dos partidos para a democracia é dada pela ligação direta existente entre as legendas e as reais aspirações da população. Deslizes não são aceitos. Por aqui, os partidos funcionam como uma espécie de clube fechado, onde as lideranças se comportam como donas da sigla, sem obediência alguma às normas do estatuto, e prevalecendo as atitudes corporativas, mesmo as que afrontam o eleitor e a ética.
Na realidade, os partidos não representam ninguém, além deles mesmos e de seus interesses imediatos. De modo geral, o que se tem são políticos que adentram para essa atividade unicamente para enriquecer, tamanhas são as oportunidades postas a seu desfrute. Financiamentos públicos, fundos partidários e, agora, os chamados fundos eleitorais, tudo isso sem contar com as infinitas regalias financeiras obtidas com o cargo, além, é claro da prerrogativa de ser investigado, sine die, por instâncias superiores da Justiça.
As gigantescas manifestações de rua que se sucederam por todo o país deixaram clara a insatisfação da população com os políticos e, principalmente, com suas legendas. Nessas manifestações, era possível ver cartazes com a inscrição “eles não me representam” ou “meu partido é Brasil”.
A descrença da sociedade nos partidos políticos divide a população brasileira ao meio. Metade deseja uma democracia sem partidos — pelo menos sem esses que aí estão. Pesquisas de opinião pública asseguram que os políticos e suas siglas estão entre os campeões de desconfiança. Muitos políticos, conhecedores desse fato, evitam aparecer em aglomerações públicas, com medo da reação das pessoas. Os partidos, por sua vez, não se esforçam sinceramente para melhorar a imagem. Pelo contrário, às vezes, usam o argumento da contratação de agências que cuidam da imagem de instituições apenas para justificar mais gastos.
Com o todo o volume de denúncias que vêm ocorrendo, por conta dos escândalos de corrupção, não se observa modificação no comportamento dos partidos. Nenhum dos parlamentares sob investigação foi afastado de suas legendas, nem aqueles que estão presos. É perfeitamente possível, dentro do voto distrital, a candidatura de indivíduos avulsos e sem legendas. Muito mais importante do que legendas fictícias são propostas concretas, sintonizadas com o desejo da população. Mesmo a questão da reforma partidária, agora em tela, vem sendo costurada às pressas, longe do público, por pessoas citadas pelo Ministério Público, apenas para resolver as muitas pendengas com a lei que estão por vir. Democracia sem partidos desse naipe é mais do que possível, é urgente.
A frase que foi pronunciada
“Os homens graves e melancólicos ficam mais leves graças ao que torna os outros pesados, o ódio e o amor, e assim surgem de vez em quando à sua superfície.”
Friedrich Nietzsche
Bom entendedor
» A única coisa que cai para o consumidor é o problema no seu colo. Se, depois da crise de energia e água por falta de competência gerencial, o valor das contas aumentou, que o brasileiro não espere ofertas de carnes.
Mais essa
» José Augusto de Castro, presidente da Associação de Exportação Brasileira, acha que o impacto do escândalo da carne atingirá os preços dos grãos. Se meio quilo de lentilha beira os R$ 10….
Contraste
» Saiu o resultado do World Happiness Report 2017. A Noruega é o país mais feliz do mundo. O Brasil caiu cinco posições e está agora no 22º lugar entre 155 países.
Lei & Código do Consumidor
» Há mais de 10 anos, eu pago o consumo mínimo de 10 mil m³ de água, hoje, no valor de R$ 57,20. Somos apenas 2 e viajamos bastante…. A conta é debitada todos os meses na minha conta-corrente. Já pagamos durante anos uma taxa de manutenção de hidrômetro, que era outro roubo, pois não faziam manutenção alguma. E alguém devolveu esse dinheiro cobrado a mais? A pergunta é do nosso leitor Hélio Campagnucio. Na verdade, esse absurdo é mais um mistério das leis produzidas pela CLDF.
História de Brasília
Vale lembrar que o prédio é aquele que há alguns meses apresentou um defeito em suas fundações, abatendo mais de cinco centímetros. De mais a mais, o dinheiro empregado na compra desse edifício bem que poderia servir para construir o prédio no local já determinado. (Publicado em 23/9/1961)
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com Circe Cunha e MAMFIL
Tão acostumados estamos com nosso horizonte imediato e nossas mazelas diárias, que muitas vezes não percebemos a progressiva decadência que vai tomando conta de nosso mundo ao redor. No caso de nossa cidade, capital do país, o que se apresenta diante de nossos olhos parece ser um a crônica de um colapso social anunciado. Se forem contabilizados entre bares, restaurantes e botecos informais, Brasília possui hoje aproximadamente 12 mil estabelecimentos, que empregam um exército de mais de 100 mil pessoas. Para uma população de pouco menos de 3 milhões de habitantes, o que não faltam são opções de bares e biroscas onde a oferta de álcool variada é abundante.
O que poderia parecer um paraíso de comércio, com vendedores e consumidores exercitando as saudáveis leis do mercado, para o bem da economia local, esconde uma realidade devastadora. O que se assiste hoje na capital do país é a liberalização total e o estímulo, sem precedentes, do consumo de bebidas alcoólicas.
Na região do Plano Piloto, a proliferação de bares, botecos e outros estabelecimentos de venda de álcool segue acelerada. Mesas e cadeiras vão se espraiando por ruas, invadindo as áreas verdes e chegando cada vez mais próximas às residências. O mais preocupante é que o grande público desse tipo de comércio é formado por jovens, a maioria ainda estudantes.
Nas cercanias das universidades, o movimento de bares e o consumo de álcool são mais acentuados. Algumas quadras, como a SQN 408, o comércio local foi tomado por bares que lucram fábulas com os alunos de universidades e escolas da redondeza. Em todas as quadras, o fenômeno se repete. Os bares à noite ficam lotados e as salas de aula vazias. Nunca tantos jovens beberam tanto como agora. Estamos nos transformando na capital do álcool. O que poderia ser uma diversão esporádica, vai se transformando numa constante perigosa.
O que estamos assistindo, sob o olhar complacente das autoridades e principalmente das famílias, é ao consumo desbragado de álcool. Gerações estão sendo entregues ao vício silencioso. Trata-se muito mais do que de um problema de saúde física e mental, que já é sério. O que estamos vendo em nossa cidade e arredores é a lenta destruição de todo um contingente de jovens, desinformados sobre os perigos do alcoolismo.
Sem uma campanha séria e massiva que alerte para esse flagelo que vai se instalando por todo lado, o que teremos num futuro próximo são hospitais lotados de pessoas acidentadas, vítimas de cirrose, delegacias cheias de infratores, presídios superlotados de delinquentes, clínicas e estâncias para dependentes, acidentes de trabalho, hospitais psiquiátricos repletos de jovens desequilibrados. Os moradores das superquadras sabem bem que o problema existe, está se disseminando com rapidez e já é um dos maiores motivos de queixa da atualidade.
A frase que foi pronunciada
“Você ganha liberdade quando tem responsabilidade.”
Alison Zigulich
Aids
» Cresce a cada dia no DF o número de infectados pelo vírus da aids. Já são, segundo a Secretaria de Saúde, 11 mil infectados. Isso sem contar aqueles que ainda não suspeitam ainda da contaminação, além dos que, simplesmente não fazem a notificação e não procuram os cuidados médicos adequados.
Perfil
» Preocupa as autoridades o fato de a maioria dos infectados estarem na faixa etária entre 15 e 19 anos, sendo que a proporção de soropositivos é de 46,7 casos masculinos para cada uma mulher infectada.
Propaganda
» No caso da proliferação desenfreada desse vírus, fatal para o ser humano mesmo com todos os avanços da medicina e dos remédios retrovirais existentes hoje, as novas gerações não foram sensibilizadas por campanhas massivas como acontecia em décadas passadas.
Carnaval
» Com a aproximação das festas de Momo, deverá crescer também o número de registros de pessoas infectadas num futuro próximo. Por isso, não se entende como a menos de dois meses para o carnaval ainda não se veem propagandas apelando para o uso de camisinhas e outros protetores.
História de Brasília
No meio da crise, não falta gente esperta. A Imobiliária Guanabara Ltda. está vendendo o Jardim Maravilha, em Formosa, e apresenta para o cliente esta atração: Recebe do cliente a importância de 5 mil cruzeiros, e dá uma escritura de 40 mil cruzeiros. E tem mais: dá, ainda, uma apólice de 100 mil cruzeiros, para seguros de acidentes pessoais. (Publicado em 19/9/1961)