Polícia dá largada à reforma política

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »
aricunha@dabr.com.br
Com Mamfil e Circe Cunha
Whatsapp 61 9922CIRCE

 

Quem diria que a tão pretendida reforma política, reconhecida por todos como a mãe de todas as reformas, acabaria sendo induzida pela delegacia de polícia. De fato, a questão política se transformou, entre nós, em caso de polícia. Não é para menos. Boa parte de nossos políticos, de posse da carapaça da prerrogativa de foro e do corporativismo cego, tem agido como fora da lei.

Com a entrada de sola da polícia no covil político, o que é correto, ficam adiadas as urgentes reformas da Previdência e trabalhista, o que é ruim. Agora, quer queiram, ou não, a pressão popular, na trilha dos homens da lei, vai fazer de tudo para colocar um fim na eterna festa bancada com o dinheiro do contribuinte.

Mal-acostumados com as mil mordomias trazidas pelo cargo, nossos políticos têm agido, desde sempre, como adolescentes rebeldes e mimados, filhos de família rica. Problemáticos e sem limites, nossos representantes se tornaram em fonte de encrencas. Antigamente, o simples fato de alguém ser chamado à delegacia para dar explicações era uma grande vergonha e, dificilmente, a pessoa se livrava da pecha de encrenqueiro e perigoso.

Hoje, ser levado, sob vara, para prestar esclarecimentos à Justiça, mais parece um ritual de batismo, quando o meliante é introduzido no nebuloso mundo da política. O pior dessa situação vexaminosa é que nossos representantes são, em última análise, feitos à nossa imagem e semelhança. Pelo menos à imagem e semelhança dos eleitores. Conhecedores da fraqueza moral de nossos políticos e do poder de sedução do dinheiro, empresários reunidos no exclusivíssimo clube dos campeões nacionais, abduziram os representantes legais da população para juntos saquearem, à mancheia, os cofres do Tesouro.

Seguros e aquartelados no bunker do mandato e usando do falso argumento de que não existe democracia sem eles, nossos políticos têm abusado da paciência da população, da desobediência as leis e da falta de bom senso, indo constantemente contra as mínimas regras da ética, praticando todo o tipo de crime, sob o olhar preguiçoso e o passo lento da justiça. Mais importante do que a existência de uma classe política apartada dos reais interesses da sociedade é a manutenção da máquina pública em mãos de pessoas de bem, cujo o único partido é o do interesse comum. O tamanho do Estado tem que ser da exata dimensão dos reclamos da população e não dos interesses privados da classe dirigente.

A reforma política deflagrada pelas investidas das operações policiais precisa ser continuada, agora, com a pressão contínua e crescente da população sobre os Poderes da República. Ou brigamos pela revisão geral no modo de fazer política neste país, ou nos tornaremos cúmplices desses mesmos crimes e, portanto, reféns das mazelas que criamos para nós mesmos.

Por séculos a população brasileira tem se submetido de forma apática às arrumações propostas pela elite dirigente e o resultado invariavelmente tem sido o mesmo: subdesenvolvimento e miséria contínua. Está na hora de seguir junto com a polícia e arrombar a porta dessas iniquidades e proclamar o poder da ética. Ao menos pelo bem das novas gerações que virão.

A frase que não foi pronunciada

“O Brasil já está bem adubado. Vamos plantar um país melhor!”

Ozanan Coelho, de onde estiver

Pancada

» Nenhum instituto meteorológico conseguiu prever as chuvas repentinas e intensas que caíram na semana. O dia ensolarado surpreendeu muita gente quando transformado em verdadeiro dilúvio.

Incoerência

» Enquanto a população amarga uma conta mais salgada em troca de menos água, a Adasa acaba de autorizar a coleta de água por caminhões-pipa em 11 pontos do DF. Geralmente, são localizados próximos a nascentes.

Direito Humano

» Em Minas, a regra já precisa ser acatada e obedecida. A Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte recebeu uma notificação da Superintendência Regional do Trabalho, que obriga os garis a não mais andar pendurados nos caminhões, eles devem ser transportados dentro da cabine ao lado do motorista.
Macaquice

» Começa uma pressão popular para que os clubes de futebol sigam o exemplo do Coritiba e do Atlético Paranaense. O Campeonato Brasileiro seria transmitido pelo Facebook ou pelo YouTube. Essa ideia parece assinada pelo senador Requião. Mas só parece.

Sem fiscais

» Os micro-ônibus que transitam na pista das quadras perto do Parque Olhos D’Água continuam passando pelas rotatórias como verdadeiros malucos. Se houver emergência que exija frenagem, certamente acontecerá um acidente.

História de Brasília

Toda essa massa humana desesperada e desorientada invadiu a pista durante a chegada do governador Leonel Brizola, e atirou-se a caminho do desastre. (Publicado em 28/9/1961)

As colunas tortas do Estádio Mané Garrincha

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »
aricunha@dabr.com.br
Com Mamfil e Circe Cunha
Whatsapp 61 9922CIRCE

Para um observador posicionado na praça central em frente ao Palácio do Buriti, a imagem dos edifícios em toda a volta, parece obedecer ao padrão regular de gabarito destinado àquela região. Do lado norte estão as construções que abrigam o Poder Executivo e o Tribunal de Contas. No lado sul ficam algumas das sedes do Poder Judiciário e a Câmara Legislativa. Por sua concepção, essas sedes de poderes formam o que pode ser designado como a grande Praça Cívica de Brasília. Tudo minuciosamente pensado e composto para dar o sentido de integração e de harmonia a todo o conjunto. Ao menos no plano ideal, essa deveria ser a imagem formada em 360 graus de visão. Cada coisa em seu devido lugar e, todos juntos, compondo uma unidade racional, como devem ser os projetos bem resolvidos.

Ocorre que a ingerência indevida de pessoas estranhas ao ofício, mas com um apetite muito grande para coisas escusas, surpreendentemente, levou à implantação, naquela localidade um gigantesco aleijão, obviamente, para atender a interesses próprios e imediatos que entrou em definitivo para a galeria dos grandes escândalos da capital.

A implantação do gigantesco estádio de futebol Mané Garrincha, ao custo astronômico de R$ 1,8 bilhão, um dos mais caros do planeta, além de não dignificar, por sua arquitetura, o grande ponta-direita do Botafogo, muitas vezes, considerado superior em técnica ao próprio Pelé, não se enquadra na paisagem, de onde desponta como um objeto estranho. Na verdade, esse é, pelo custo, pelo mau gosto e pela localização, um verdadeiro monumento à corrupção consolidado e que os brasilienses acabaram por herdar à força.

Desde sua conclusão, ficava patente que essa seria uma obra totalmente inútil e que, após sua inauguração, só renderia prejuízos e dissabores aos contribuintes e torcedores. Somente com despesas para sua manutenção, esse elefante branco consome hoje R$ 8,4 milhões ao ano, ou R$ 700 mil mensais.

Fechado para jogos do Brasileirão 2017 e com uma agenda pobre de eventos, o estádio tem sido uma dor de cabeça para o governo atual. Para se livrar desse entulho, o GDF ensaia agora empurrar o monstrengo para a algum empresário, por meio de parceria público-privada (PPP). À semelhança com o que ocorre com o Autódromo Nelson Piquet, abandonado à própria sorte e transformado em abrigo de moradores de rua, o futuro do estádio é também sombrio.

Portanto, não será surpresa se, algum dia, o estádio vir a ser demolido para dar lugar a qualquer outra finalidade. A Justiça e os órgãos de fiscalização, que deveriam ter impedido a construção desse monumento ao desperdício, correm agora com seus passos de cágado atrás do prejuízo. Não é preciso dizer que não chegarão a tempo de alcançar os responsáveis pela obra faraônica.

A frase que foi pronunciada

“O homem roubado que sorri rouba alguma coisa do ladrão.”

William Shakespeare

Bem pensado

Quem reclama de ocupar o lugar de um fiscal da Fazenda, ditando CPF para o Nota Legal, deixa de receber desconto no IPTU ou no IPVA. Os argumentos contra a participação cidadã são vários. Um deles, aponta uma espécie de quebra de sigilo sobre a possibilidade monetária do contribuinte. Falácia. Se você pedir para 10 amigos ditarem seu CPF quando fizerem compras, você é beneficiado com o crédito alheio. Sem problemas.

Força desigual

Comprar passagem aérea internacional e ter de pagar pelo assento parece cobrança dobrada. Parece sem fim a guerra de forças contra os clientes que, sensatamente, são identificados no Código do Consumidor como hipossuficientes.

Release

Aula de astrofotografia na Chapada dos Veadeiros é destaque do próximo feriado. O curso será ministrado, em 16 e 17 de junho, no Camping Pachamama, pelo engenheiro mecânico Rafael Defavari, que trabalha no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e ministra workshops sobre astrofotografia no Sesc – SP. Rafael já teve fotografias publicadas pela Nasa, BBC, National Geographic, Greenwich Royal Observatory (Inglaterra), jornal inglês Daily Mail, Forbes entre vários outros.

Solidariedade

Uma ação emergencial em prol do abrigo EducAmar, localizado na Cidade Estrutural. Voluntários, alimentos, roupas e produtos de limpeza são bem-vindos. Crianças e adultos ligados ao projeto recebem aulas de reforço e alfabetização. Doe. Basta ligar para 98592-9462

História de Brasília

Atrás, a estação de passageiros regurgitava de tanta gente vinda de toda a parte. No estacionamento do aeroporto, dezenas de caminhões, com faixas, cheios de candangos, aguardavam a chegada do governador do Rio Grande do Sul. (Publicado em 28/9/1961)

Gestão política arruína a economia

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »
aricunha@dabr.com.br
Com Mamfil e Circe Cunha
Whatsapp 61 9922CIRCE

 

Enquanto persistir o modelo de delegar aos políticos a gestão dos recursos públicos, todo e qualquer orçamento, por maior que seja, se mostrará sempre deficitário. Por mais absurda que seja essa tese, os fatos e a realidade financeira da maioria dos estados e municípios brasileiros comprovam e atestam que a gestão, com viés político, do dinheiro do contribuinte é danosa para a economia, para a cidade e para a vida das pessoas. Claro que aqui e acolá existem as exceções. Mas de tão raras, ficam mesmo como casos isolados e exóticos.

Os tribunais de contas dos estados e os legislativos, aos quais cabe a missão de fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, agem, na maioria das vezes, divorciados dos interesses da população e em sintonia fina com os grupos majoritários e ocasionais da política local. O resultado desse compadrio generalizado na gestão financeira dos estados tem ocupado o noticiário há muito tempo e, de tão onipresente a passou a ser rotina e aceito como normal.

Esse Estado, formado dentro do próprio Estado, totalmente alheio à sociedade e ao mundo externo e, em muito casos, para evitar bisbilhotices, ergue muros legais que blindam suas ações contra a intromissão de cidadãos xeretas. De outra forma, como explicar, por exemplo, que faltam recursos para a compra de merenda escolar e insumos hospitalares, enquanto se garantem os altos salários e mordomias extras aos membros do alto escalão dos três Poderes?

O caso do Rio de Janeiro é emblemático. Naquela unidade da Federação, a Justiça simplesmente mandou bloquear parte dos recursos de um estado flagrantemente falido a fim de garantir que o pagamento mensal dos altos salários das Cortes locais fossem religiosamente depositados nas contas. Obviamente, essa medida, numa sociedade atenta, soaria como perfeito escárnio e seria intolerável. Mas de tão frequentes, medidas como essas acabam por se enquadrar dentro da nossa normalidade anormal.

Como explicar ainda que o Governo do Distrito Federal torre quase 80 % do orçamento da capital, que é um dos maiores do país, apenas para atender 6,5% da população, formada por servidores públicos. Não surpreende que, a cada mês, o GDF tenha que realizar uma verdadeira ginástica para pôr em dia uma folha de pagamento dessa magnitude. Com uma distorção dessa ordem, em que o número de servidores é quase do tamanho do orçamento, obviamente, resta ao governo se submeter às mais extravagantes medidas, retirando, inclusive, recursos de áreas prioritárias para cobrir gastos com salários.

Dos muitos alvos do GDF para a obtenção de recursos para cobrir salários, o Fundo de Apoio à Cultura (FAC) é o que mais tem provocado protestos. Claro que, persistindo em seguir por esse caminho, o GDF, mais dia, menos dia, chegará a um ponto qualquer. Tomara que esse ponto não seja à beira do abismo.

A frase que foi pronunciada

“Uma palavra bem pronunciada pode economizar não só cem palavras, mas cem pensamentos.”

Henri Poincaré

Leitor

» Chamo a atenção para outro tipo de barulho que está infestando o DF: o dos escapamentos das motos, com decibéis bem acima do tolerável. Será que Brasília, cidade sem buzina, que respeita a faixa de pedestre, também não pode ser a cidade das motos com os escapamentos dentro da lei?, indaga Osvaldo Abib.

Leitora

» Maria Magdalena Vaz conta que, na 109 Norte, o barulho é infernal. Já esteve no restaurante conversando civilizadamente com o gerente. Deu resultado. Mas durou apenas três dias.

Causa e consequência

» Um estudo realizado pelo audiologista Sargunam Sivaraj, da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, mostrou um dado importante com músicos de orquestra, banda e DJs. A pesquisa avaliou os músicos em alta exposição sonora por um período superior a 20 anos. Mais de 60% deles, entre 27 e 66 anos, sofrem de perda auditiva.

Voltei

» Mozarildo Cavalcante foi barrado no Senado. Quase irritado com a falta de informação do segurança, foi salvo por outro mais experiente: “Libera! Ele foi senador”.

Vai que cola?

» O deputado Felipe Maia aproveitou a boa vontade do governo federal e jogou para ver se cola. Disse que, independentemente, de ser base ou oposição, deixava ali a sugestão para que o presidente Michel Temer analisasse estender os mesmos benefícios de ontem aos precatórios dos municípios.

História de Brasília

Os primeiros momentos de correria e de pânico foram os mais dramáticos que se podia registrar. No pátio de manobras, autoridades aguardavam o governador Leonel Brizola, e um grupo de alunos do Colégio La Salle estava presente com as bandeiras de Brasília e do Rio Grande do Sul.(Publicado em 28/9/1961)

Lei do barulho

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »
aricunha@dabr.com.br
Com Mamfil e Circe Cunha
Whatsapp 61 9922CIRCE

 

Em passado não muito distante, morar nas superquadras das asas Sul e Norte tinha seu charme. Eram lugares seguros, limpos, silenciosos e mantinham aquele ar simples de cidades do interior, onde todos se conheciam e a vida seguia sem maiores sobressaltos. O atual governador, Rodrigo Rollemberg, morou com seus pais e irmãos numa dessas quadras e, certamente, vivenciou esse tempo em que a cidade ainda guardava algumas similitudes com o projeto original pensado por Lucio Costa.

Na concepção do urbanista que idealizou a capital, havia, além do engenhoso desenho técnico dos espaços e vias, a ideia de que as residências deveriam ficar afastadas do burburinho caótico dos centros da cidade, abrigadas e cercadas por uma generosa faixa verde, formada de árvores e jardins, para o conforto ambiental e sonoro de seus habitantes. Foi justamente na concepção desses espaços bucólicos que Lucio Costa revelou toda a sua genialidade.

Não há nada semelhante em todo o mundo. Muitos urbanistas e estudantes de arquitetura, de todas as partes do planeta, fazem referência a esse aspecto particular da cidade e sonham conhecer de perto a única cidade moderna que saiu inteira do papel. O tempo cuidou de cobrir com a poeira do esquecimento a ideia original e de substituí-la pela velocidade do progresso.

Com a chegada dos políticos, a cidade que foi pensada com a atenção dos sábios foi cedendo lugar à capital dos especuladores gananciosos e dos políticos espertalhões. A união desses dois personagens inaugurou o período de decadência da capital, transformando-a de patrimônio cultural da humanidade a mais uma típica cidade brasileira, cheia de problemas e vazia de soluções e ideias. Ficamos parecidos com aquilo que sempre rejeitamos. As seguidas crises fizeram o resto.

O comércio local, que antes servia para atender as necessidades básicas dos moradores da área, transformou-se em fonte de problema. Bares, biroscas, boates, casas noturnas, restaurantes e outras atividades do gênero foram chegando e se expandindo, invadindo áreas públicas, trazendo grandes aglomerações de públicos, gerando lixo e poluição sonora até altas horas da madrugada. Com estes novos inquilinos, vieram os problemas, a violência e a perda de qualidade de vida nestas localidades.

Agora, para colocar a cereja no alto do bolo, os diligentes distritais ensaiam alterar a Lei do Silêncio, passando de 55 para 70 decibéis à noite, chegando a 85 decibéis durante as festas do Momo. Todos os moradores dessas quadras sabem perfeitamente que esses níveis sonoros não são respeitados e não adianta chamar a polícia para mediar a algazarra. Aliada à nova lei dos puxadinhos, essa é mais uma medida que resultará na decadência acelerada dessas antigas áreas nobres. Bom ressaltar que festas familiares são bem diferentes dessa algazarra. São alegrias a compartilhar.

A frase que foi pronunciada

“A pessoa mais pobre do mundo tem nome?”

João Gabriel, 8 anos, curioso pela igualdade de publicidade

Drones

>>Saco linhas em drones são a solução para a chegada de celulares em cadeias. De um lado, os presos tentam burlar as regras e, de outro, diretores adotam o drone para a vigilância de penitenciárias

Brasília

>> Daniel Zukko mostra, no SESC da 504 Sul, a exposição “Segundo Plano”. Diferentes ângulos de Brasília captados com riqueza de cores, formas e sensibilidade. As 20 obras serão exibidas até o 26 de maio, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, com entrada franca.

Gratuito

>> Tai chi chuan de graça no Posto de Saúde do Lago Norte conta, cada vez mais, com um número maior de adeptos. A iniciativa agradou a comunidade

Extensão

>>Interessante o que está acontecendo com a Operação Lava Jato. Começa a escorrer e a se estender por áreas internacionais.

Agenda

O repórter Francisco José que, há quatro décadas, desbrava o Brasil, lança na Livraria Cultura do lguatemi Shopping sua história dentro da história do país. O evento será em 27 de maio, a partir das 17h.

Portugal

>> Hoje, termina a inscrição para o Programa de Mobilidade Estudantil Internacional do UniCeub para a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra para o próximo semestre.

História de Brasília

Em um décimo de segundo, o ambiente de alegria e satisfação se transformou em pânico, notando-se choros e gritos de sabotagem. Era o avião em que viajava o governador Leonel Brizola que, ao tocar no solo, explodia e se incendiava. (Publicado em 28/9/1961)

Grevismo e lulismo

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Nesta altura dos acontecimentos, depois de anos de uma sequência quase ininterrupta de manifestações, paralisações e greves de toda ordem, grande parte da população começa a encarar com mais prudência e desconfiança a repetição dessas estratégias de protesto que, ao fim ao cabo, tem servido, desde sempre, para atender aos interesses políticos de restritos grupos sindicais e seus partidos matrizes. Sob o argumento de protestar contra as reformas previdenciária e trabalhista em andamento no Congresso, algumas centrais sindicais, tendo a Central Única dos Trabalhadores (CUT) à frente e com o apoio de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) e outras organizações de trabalhadores prometem paralisar o país amanhã.
Obviamente que o mote da greve geral esconde a verdadeira intenção desses organismos — a defesa do ex-presidente Lula, convocado a seguir para depor diante do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Trata-se da materialização do exército Brancaleone prometida publicamente por seus próceres em diversas ocasiões. A falta flagrante de combatentes dispostos a defender Lula de peito aberto será contornada com a convocação de trabalhadores usados agora como massa de manobra para dar a falsa impressão de que o ex-presidente ainda conta com grande apoio popular.
O que os organizadores esperam de fato é atrair grande público para criticar e até mesmo ameaçar qualquer tentativa da Justiça de enquadrar Lula e sua turma. Os protestos contra as reformas, consideradas ainda mais amenas do que de fato seriam necessárias para tirar o país do atraso nas relações trabalhistas e de uma eminente falência do sistema previdenciário, ficarão, claro, como pano de fundo.A pista para chegar à conclusão de que a greve tem um objetivo específico de apoio ao ex-presidente vem sendo dada há alguns dias pelos próprios meios de comunicação das esquerdas radicais que, em diversas publicações que circulam pelas metrópoles brasileiras, têm afirmado, sem subterfúgios, que a intenção é tentar impedir a prisão de Lula, dada como certa por muitos juristas.Os discursos que naturalmente se seguirão diante das maiores concentrações de público poderão reforçar a tese de que se trata de fato de protesto organizado pelos que são contra as mudanças que o Brasil requer e precisam ser iniciadas já, pela extirpação total e apartidária da corrupção, que nos mantém eternamente acorrentados ao passado.

A frase que não foi pronunciada

“Há algo não podre o Reino do Brasil?”

Waldimir Marreta, na Internet

E aí?
» Por enquanto, não há mostras de que o sacrifício imposto à população do DF no que se refere ao racionamento de água tenha dado resultados. Agora é esperar o aumento da conta.

Triste
» Morre o jornalista, professor e advogado Carlos Chagas, aos 79 anos. Nosso amigo e colega. Nossa profissão perde.

Caixinha
» Por falar em conta d´água, todos concordamos que a Caesb realmente tem como missão, neste momento, economizar a água que ela não soube administrar. Se é esse mesmo o caso, qual a razão de condenar o aparelho que retira o ar do encanamento?

Vale a pena
» Portas abertas do teatro Sesc Silvio Barbato no Setor Comercial Sul. O Clube da Bossa Nova e o Sesc convidam Brasília para o dia 29, neste sábado, às 11h30. O horário é um diferencial para quem não gosta de sair à noite. Só música boa.

História de Brasília

Vejam que minha vizinha aí do lado não quer mais a rosa mais linda. Agora, é uma reivindicação de todos nós.(Publicada em 26.9.1961)

O mar reflete o céu

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Fica cada vez mais difícil distinguir o comportamento e o desempenho criminoso dos indivíduos que ocupam os estamentos situados nos extremos verticais da pirâmide social. O que está em cima repete o que está em baixo e vice-versa. A diferença é, sobretudo, quanto ao volume do que é surrupiado, os métodos usados nos assaltos e as punições que cabem a cada um. Há muito se sabe que os extremos se tocam em muitos pontos e, em nosso caso, tem andado de mãos dadas, tamanha é a onda de criminalidade que vem tomando conta do país. Rouba-se de cima a baixo das mesmas vítimas de sempre. Assaltado por todos os lados, o cidadão de bem não encontra para onde recorrer. Em muitos casos, para quem pode, a saída é o aeroporto, com passagem só de ida.

A maior prova de que está definitivamente estabelecida a confusão nesta Babel Brasil pode ser comprovada na leitura dos jornais diários e na observação das fotos estampadas que ilustram cada assunto. Ao lado de políticos e empresários renomados, apanhados com as mãos e os pés nas propinas gordas, o que se vê, no mesmo formato e cores, são chefes de organizações criminosas de todo o tipo, com o sorriso cúmplice e sinistro no canto da boca.

Em alguns jornais, a confusão de personagens é de tal ordem que chega a parecer uma situação surreal. Nesses tempos sombrios, periódicos de grande visibilidade nacional estampam, na mesma edição, fotos mostrando o ex-governador Sérgio Cabral e seu fiel escudeiro Eike Batista, com a legenda afirmando que a Justiça do Rio de Janeiro pretende leiloar bens da dupla avaliados em R$ 1 bilhão para ressarcir os contribuintes e o estado à beira da falência completa.

Alguns centímetros ao lado, aparecem, nos jornais comuns, crimes, na maioria das vezes, impunes. Baralhadas as imagens e os assuntos, o que se obtém são indivíduos do mesmo calibre ético e moral, para quem as oportunidades e a impunidade favoreceram seus negócios e seus futuros. Nesses dias de revelações, o onipresente Marcelo Odebrecht ocupa as manchetes ao lado de Marcola, chefão do PCC. Curioso como até fisicamente os dois se parecem. Seriam irmão siameses separados ao nascer?

Num senso de oportunismo afinado com nosso tempo, o chefão do PCC mandou imprimir um estatuto contendo um código de direito da organização e uma cartilha, para ser lida e seguida por toda comunidade criminosa que vive às expensas da gangue. Ao fim e ao cabo, trata-se de um código de ética semelhante àqueles que os empresários são obrigados a seguir. A diferença é que as empresas do submundo não gostam de negociar com os políticos, para não ficarem em desvantagem. São, assim, os dois lados de um mesmo Brasil, que tem na população encurralada, sua vítima predileta.

A frase que foi pronunciada
“…os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. — Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: esses sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.”

Padre Antônio Vieira, in Sermão do Bom Ladrão, 1655

Carta
» Primeiro, Requião investiu em uma campanha avassaladora contra o Orestes Quércia. Tempos depois, um encontro entre os dois mudou tudo. Viraram melhores amigos. Quem lembra? Pergunta o leitor.

De olho
» Raquel Elias Dodge, subprocuradora-geral da República, sugere a mudança da equipe de Janot. Estranhas iniciativas, estranhas atitudes.

Fogo
» Novamente, entre o Cresspon e o Minas Brasília Tênis Clube, uma queimada misteriosa incomoda quem fica perto da área.

Zero fiscalização
» Rádios Comunitárias do DF, que deveriam ser sem fins lucrativos, têm mostrado ganhos pela publicidade que vai ao ar. Estranho.

Imperdível
» A morte inventada é filme que trata da alienação parental. Crianças que percebem a mentira nos pais e passam a ter a espontaneidade afetiva comprometida tendo, a partir daí, dificuldades para estabelecer vínculos com outras pessoas.

História de Brasília
Logo mais na TV Brasília, às 21h30, comentaremos o absurdo que está planejando o Ministério das Minas e Energia, querendo se mudar da Esplanada dos Ministérios para um prédio da Asa Norte, que seria comprado por 600 milhões, e não há tanta segurança em sua estrutura como é de se desejar. (Publicado em 26/9/1961)

Dinheiro sem lei

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Passadas mais de duas décadas da emancipação política da capital, a população do Distrito Federal teve tempo, mais do que suficiente, para aferir os resultados do modelo. Mais do que sentir os efeitos morais nas manchetes diárias que estampam escândalos seguidos, a população pode constatar, no próprio bolso, a repercussão do sistema de gestão que amarrou políticos de variados matizes ideológicos ao dinheiro do contribuinte.A superestrutura que foi criada para acomodar os novos ocupantes eleitos nos poderes Legislativo e Executivo, antes mesmo de apresentar qualquer avanço significativo na melhora de vida da população, provocou, isso sim, uma hemorragia de tal intensidade nos recursos públicos que o DF vive hoje situação falimentar, semelhante a outras unidades da Federação. A situação só não se tornou calamitosa ainda graças aos repasses dos fundos constitucionais que a União é obrigada a fazer para cobrir a folha de pagamento da segurança, educação e saúde.Mas com o encolhimento acentuado dos recursos do contribuinte brasileiro e o aumento das despesas locais, a situação tende a piorar. Para esse ano, só para os gastos com a folha de pagamento da segurança pública serão destinados 68% dos recursos do Fundo Constitucional, o que, obviamente, afetará as áreas de saúde e de educação. A questão maior não é com o dinheiro curto do orçamento diminuído por razão da crise econômica. O problema maior continua sendo a má gestão e os desvios do dinheiro do contribuinte.

O direcionamento dos recursos públicos para a construção de verdadeiros elefantes brancos, como o Estádio Mané Garrincha e o Centro Administrativo (Buritinga), é exemplo de desperdício bilionário que, por décadas, afetará, significativamente, as finanças do Distrito Federal, seja para manutenção dessas caríssimas obras, seja para a quitação desses monumentos à gastança. O Mané Garrincha, de tão absurdo e desnecessário seu custo estimado em quase R$ 2 bilhões, ganhou longa reportagem, em horário nobre nas redes de televisão da Europa e até no mundo árabe, em que assuntos do tipo, normalmente, são escondidos do público. O que essas obras têm em comum é o fato de terem sido programadas e construídas por uma associação que uniu, de um lado, políticos espertalhões e, de outro, empresários desonestos e gananciosos.Todo o esquema bilionário contou com a participação de empresas listadas na Operação Lava-Jato e com o apoio de políticos locais. O pior é que essa montanha de dinheiro, que andou por todo lado, de bolso em bolso, não foi vista pelo grosso da Câmara Legislativa, não foi detectada pelo Tribunal de Contas local. Não foi olhado pelos órgãos de fiscalização da Secretaria da Receita. Não foi notada por ninguém por um motivo único: todos estavam , de algum modo, implicados nesaa sangria. Já, se fosse a dívi

A frase que não foi pronunciada

“Quando é que vão desarquivar a PEC da Felicidade?”
Frase solta ao vento

Novacap
» Júlio Menegotto recebeu do governador Rodrigo Rollemberg a missão de repaginar o Guará. Grama cortada, mato tirado,
meio-fio pintado e por aí vai.

Vigilância
» Observem que os ovos comprados no supermercado estampam na caixa a sugestão de armazenamento resfriado. Embora seja uma maneira mais segura de manter o produto fresco, os supermercados não gastam com refrigeração para os ovos.

Pra você
» Por falar em supermercado, as donas de casa têm elogiado muito o supermercado Pra Você da Asa Norte. É mais um concorrente ao caro Pão de Açúcar do Lago Norte.

Trânsito
» Se as barreiras eletrônicas são colocadas com o intuito de proteger os motoristas, a entrada e saída do Trecho 9, no Setor de Mansões do Lago Norte, é um ponto fundamental e necessário para se instalar o aparelho. Os carros que saem do trecho perdem a noção da velocidade dos tresloucados que não se dão conta do perigo da curva.

Ironia
» Entre as maiores contradições de nossa história, que um dia constará nos livros didáticos, está a tentativa do Partido dos Trabalhadores em implantar o comunismo em toda a América Latina, usando, para isso, os mais selvagens mecanismos do capitalismo representados por empresas como Oderbrecht e congêneres. Obviamente, um tipo de comunismo restrito apenas as massas da base da pirâmide.

Simpatia total
» Quem se superou no aniversário da cidade foi a Banca da Conceição. Atividades populares, todas com participação maciça.

História de Brasília

Os blocos 8 e 9 da Coreia não têm suas redes de esgoto e águas pluviais ligadas a qualquer encanamento na rua. As águas servidas dos apartamentos são conduzidas a fossas, já ultrapassadas de sua capacidade, e é por isto que há lama podre à entrada dos apartamentos. (Publicada em 26/9/1961)

Pedaço de um tempo

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Naqueles longínquos dias de abril de 1964, Brasília, com apenas 4 anos, foi transformada, da noite para o dia, em uma pequena órfã, perdida e desolada na imensidão poeirenta e vermelha do Centro-Oeste. A chegada repentina dos militares ao poder, na sequência natural dos acontecimentos que marcavam a Guerra Fria, provocara uma reviravolta de tal monta na administração da cidade que, por longo tempo, todas as repartições públicas ficaram como que suspensas no ar. A própria concepção arquitetônica da cidade, espalhada pelos quatro cantos pelos novos ocupantes do Palácio do Planalto, era obra de um comunista convicto a serviço de um outro sujeito, também suspeito de nutrir simpatias com a então odiosa União Soviética. Portanto, sob o comando dos novos donos do poder, era preciso uma higienização rápida na nova capital, a começar por aqueles que ocupavam os mais altos cargos da gestão local.

Numa situação como essa, na qual a improvisação era a norma geral, ninguém sabia ao certo quem seriam os novos administradores da cidade. No longo vácuo de poder que se seguiu, nem sequer os salários do mês estavam garantidos. Em todo canto e nas rodas de conversa, o assunto era quem sobreviveria e quem seria defenestrado. Nesse impasse e sob a aparência de normalidade, a vida das pessoas mais simples seguia seu rumo. Era um tempo de muitas construções na cidade e, na vida simples de muitos operários, o tema era tratado como assunto que dizia respeito apenas à gente rica e poderosa, portanto, distante da realidade dura dos trabalhadores. No entanto, nas repartições públicas, que àquela altura estavam instaladas na nova capital, a rotina diária era discutir que rumos a revolução verde-oliva apontaria para todos. Obviamente, aqueles que tinham qualquer laço de aproximação com os chamados comunas sentiam um frio de suspense subindo pela barriga.

Naquela ocasião, para ser apontado pela alcaguetagem geral como comunista e subversivo bastava ao indivíduo possuir um exemplar dos poemas de Ho Chi Minh ou o manifesto de Marx, mesmo que jamais tivesse lido uma linha sequer. Sob esse prisma, todos eram comunistas até que provassem ao contrário. Não foram poucas as pessoas que, avisadas sobre a chegada da revolução, aproveitavam as noites escuras da cidade para incinerar às pressas qualquer prova material de simpatia com o socialismo. A avenida L2 Norte, que se estendia somente até a Quadra 405, era o caminho natural para aqueles que se dirigiam para a Universidade de Brasília (UnB), ainda parcialmente construída. Havia naquela região, próximo ao que é hoje o Hospital Universitário (HUB), o Centro Integrado de Ensino Médio (Ciem) ligado à UnB.

Naqueles dias distantes e de incertezas, uma bandeira negra estava hasteada no alto da caixad’água da instituição. Lá dentro, uma turma de estudantes se encontrava amotinada havia dias, fazendo uma espécie de resistência pacífica ao desmantelamento político que se anunciava com certa ferocidade. Eram tempos de dúvidas, movidos por um certo romantismo, com a juventude buscando imitar os movimentos vitoriosos de Guevara e Cienfuegos, sem medir as consequências que adviriam em desafiar os novos mandantes uniformizados. Lá fora, deitados no asfalto, sob a proteção improvisada dos meios-fios da estrada, uma fileira de soldados, com suas metralhadoras sob tripés, estava de prontidão para invadir o prédio a qualquer momento. O impasse da invasão iminente só restou resolvido quando chegou ao conhecimento do comando daquele destacamento que, no interior do prédio havia, entre os revoltosos muitos filhos de autoridades, in,clusive de militares. Ao menos nesse caso, o salvo-conduto para uma rendição foi feito sem feridos. A pele dos companheiros dos fidalgos estava salva. No restante da cidade, os expurgos aconteciam sem muito alarde e eram alimentados com a boataria geral.

Com medo, muita gente abandonou o emprego e resolveu desaparecer, voltando anônimo à cidade natal. Alheios a um mundo que se esfacelava sob seus pés, a gurizada naquela época aproveitava a vida como podia, tomando banho e navegando sobre os muitos tocos de árvore que boiavam no lago ou nadando no espelho d’água que circundava o Departamento de Pedagogia na UnB. A partir dessa hora, a cidade mergulhava num sono pesado, envolta num breu e num silêncio que dava medo e que aumentava com os presságios de que, na calada da noite, as tropas viriam para levar o que supunham ser insurgentes e contra o regime. De fato, a população não era contra a chegada dos militares por um simples motivo: ninguém sabia ao certo o que era o novo regime militar e muito menos o que significava. Para uma população pouco ilustrada, o que se esperava, noite após noite, era a chegada de qualquer coisa que quebrasse a rotina de uma cidade deserta.

a frase que foi pronunciada

” Brasília tem mais futuro do que passado

Adirson Vasconcelos

História de Brasília

A confusão dos preços das passagens é tão grande que o TCB bem que podia estudar dois preços para as linhas no Distrito Federal. As mais longas e as menores. Assim, não haveria a

confusão que se verifica atualmente. (Publicada em 26/9/1961)

Contribuição à crise

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Em todo tempo e lugar, povos das mais diferentes culturas atravessaram períodos de crise profunda. Tem sido assim desde que o mundo é mundo. A diferença essencial entre aquelas civilizações que sobreviveram às depressões e se fortaleceram ainda mais e aquelas que, simplesmente, sucumbiram e desapareceram para sempre é que, as primeiras, recorreram à experiência e a sabedoria dos mais velhos para encontrar uma saída racional do labirinto das crises cíclicas. O mundo está repleto de exemplos de como esses aconselhamentos lúcidos salvaram sociedades inteiras da extinção. No Brasil, não deveria ser diferente. Envolto na maior crise de toda a sua história, a nação, se desejar realmente superar esse período de instabilidade e dele retirar lições claras para o futuro, deve, antes, consultar e ouvir com atenção redobrada aqueles que podem apontar caminhos e têm o que ensinar e transmitir as novas gerações.

Nesse sentido e uma vez identificadas as origens de nossas mazelas históricas, convém destacar os ensinamentos e o receituário de Modesto Carvalhosa, um dos mais lúcidos e notáveis juristas deste país. Autor de livros, como Considerações sobre a lei anticorrupção das pessoas jurídicas, e coordenador de outras obras importantes, como O livro negro da corrupção, ex-professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Carvalhosa encabeçou diversos movimentos contra a ditadura militar, sendo, constantemente, convidado a dar entrevistas e palestras sobre as questões nacionais.

No Manifesto à nação, escrito em parceria com os também juristas Flávio Bierrenbach e José Carlos Dias, o eminente advogado e pensador enumerou diversas medidas urgentes para que o Brasil possa atravessar, sem maiores traumas, a atual fase negativa e dela tirar proveitos duradouros para amadurecer as instituições e o modelo de sociedade democrática que almejamos.

Para Modesto Carvalhosa, a Constituição de 1988, desfigurada por incontáveis emendas, já não corresponde mais à realidade do país e necessita ser refeita por uma assembleia constituinte independente, integrada por pessoas que não tenham cargos políticos, mas por políticos eleitos, exclusivamente, com esse propósito para introduzir na Carta Magna dispositivos tais como: eliminação do foro privilegiado; eliminação da desproporção de deputados por unidades da Federação; voto distrital puro, sendo os parlamentares eleitos pelo distrito eleitoral respectivo; referendo no caso de o Congresso legislar em causa própria, sob qualquer circunstância; estabelecimento do regime de consulta, com referendo ou plebiscito, para qualquer matéria constitucional relevante; nenhum parlamentar poderá exercer cargos na administração pública durante o mandato; eliminação de cargos de confiança na administração pública, devendo todos os cargos ser ocupados por servidores concursados; eliminação do Fundo Partidário e do financiamento público das eleições: serão os partidos financiados unicamente por seus próprios filiados; eliminação das emendas parlamentares que tornam os congressistas sócios do Orçamento, e não seus fiscais; criação ou aumento de impostos, somente com referendo; fim das coligações para quaisquer eleições; eliminação de efeitos de marketing das campanhas eleitorais, devendo o candidato se apresentar no horário gratuito pessoalmente, com seus programas e para rebater críticas; distribuição igual de tempo por partido no horário eleitoral gratuito para as eleições majoritárias (presidente e governador); inclusão do princípio da isonomia na Constituição, de modo que a lei estabeleça tratamento igual para todos, em complementação ao princípio vigente de que todos são iguais perante a lei; Isonomia de direitos, de obrigações e de encargos trabalhistas e previdenciários para todos os brasileiros, do setor público e do setor privado; eliminação da estabilidade no exercício de cargo público, com exceção do Poder Judiciário, do Ministério Público e das Forças Armadas, devendo os servidores públicos serem submetidos às mesmas regras do contrato trabalhista do setor privado; eliminação dos privilégios por cargo ou função (mordomias, supersalários, auxílios, benefícios etc.), devendo o valor efetivamente recebido pelo servidor estar dentro do teto previsto na Constituição.

A frase que foi pronunciada
“No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo, e empresa pública é aquela que ninguém controla.”

Roberto Campos

Sensacional
» Nos 100 anos de IBM no Brasil, uma parceria interessante está aproximando a população da arte por meio da tecnologia. Normalmente, nos museus uma gravação sobre as peças esclarece, mas não interage. É assim que a IBM e a Pinacoteca de São Paulo se uniram para pôr em prática o projeto A voz da arte.

Gênio
» Fabricio Barth, da IBM Watson Pina é o líder técnico da Watson para a América Latina. A proposta funciona da seguinte maneira: qualquer pergunta, por mais absurda que seja, poderá ser feita em relação à obra. Particularidades, curiosidades, contexto, história, cores, números… A pergunta é processada e a resposta é dada individualmente.

Vem
» O projeto A voz da arte é inovador e estará disponível ao público que visitar a Pinacoteca de São Paulo, na Praça da Luz, até 5 de junho. Agora, é torcer para Brasília ter o mesmo privilégio.
História de Brasília
Uma nota que publicamos, aqui, sobre a alimentação gratuita dos candangos nos Saps não tinha boa informação. Realmente, o Ministério do Trabalho está dando alimentação gratuita, mas esses candangos são fichados no Serviço de Colocação, onde, por sinal, o Sr. Edmilson Teixeira da Silva está fazendo um belo trabalho. (Publicado em 26/9/1961)

Fachin e faxina na política

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

Desde 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

MAMFIL com Circe Cunha

Segue, com a divulgação da lista do ministro Fachin, o desenrolar de mais um capítulo da longa trama político-policial levada pela primeira vez ao conhecimento da opinião pública em junho 2005, com a divulgação das negociatas de bastidores envolvendo o Palácio do Planalto e boa parte dos membros do Congresso Nacional.O que, naquela ocasião, parecia ser, pela dimensão, o último grande escândalo da República e o início de novo Estado, constituiu, na verdade, apenas um prólogo do que viria na sequência com as revelações da Operação Lava-Jato. A continuidade delitiva que se estendeu por mais uma década só foi possível porque, naquela ocasião, as investigações não chegaram a atingir de fato o núcleo criminoso, e os mesmos órgãos que sempre descuidaram da fiscalização do dinheiro público continuaram inoperantes e de olhos propositadamente bem fechados.Ainda agora, à mercê das descobertas vergonhosas que vão vindo à tona, é quase certo que muitos ralos por onde escoam os recursos dos contribuintes ainda estejam escancarados. Especialistas no assunto costumam alertar para um fato importante: quando a corrupção é detectada em todas as esferas de um governo e nas principais empresas de um país, é bastante provável que grande parte do tecido social esteja também contaminado. Nesse caso, o que grande parte dos representantes eleitos pela população fazem é reproduzir, nas altas esferas de poder, o que já existe em abundância na própria base da pirâmide.

Assim no céu como na Terra. Em situações como essa, resta apenas ao Poder Judiciário e a polícia agirem para trazer de volta à normalidade jurídica e institucional. No entanto, não basta a existência de juízes eficientes e imunes àcorrupção nem leis modernas que dificultem o desvio de dinheiro público. Mais importante do que tudo isso é a mudança cultural. E é aí que a situação se complica. Mudança cultural requer tempo e persistência a longo prazo e só é atingida, de fato, a partir da educação.Há muito é conhecida a relação existente entre o alto grau de instrução de um povo e o baixo nível de corrupção. Esse fato se explica por uma razão simples: é preciso antes aprender o que é certo e o que é errado. No nosso caso, o baixo grau de informação do povo age como uma espécie de fermento para crescimento da corrupção e seu transporte para as esferas mais altas do poder por meio dos representantes legitimamente eleitos.No Brasil, a corrupção é endêmica e perpassa verticalmente toda a sociedade numa linha contínua, cortando toda a pirâmide — da base ao cume. Trata-se de fenômeno histórico, presente desde que Cabral por aqui aportou em 1500. Só agora despertamos para o combate efetivo desse câncer.

A frase que foi pronunciada

“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.”
John Galbraith

Reclamação
Entre o Cresspon e o Minas Brasília Tênis Clube, há constantemente queimada de lixo. O fato incomoda demais a vizinhança.

Nova fonte
A Embrapa terá licenciamento para comercializar a tecnologia que desenvolve, e o acesso aos produtores do resultado dessas pesquisas será facilitado. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado analisa a proposta, que permitirá o recebimento de royalties. O senador Álvaro Dias é o autor e a senadora Kátia Abreu, a relatora. O texto muda a legislação acrescentando as novas fontes de renda à Embrapa.

Ecad
Novamente em pauta as peripécias do mundo nebuloso chamado Ecad. Blindado contra investigações, o Ecad continua com cobranças abusivas e sem a transparência necessária da distribuição dos recursos arrecadados. A deputada Renata Abreu quer garantir a segurança jurídica em relatório que será votado. Quer avançar na transparência, na disponibilização das informações sobre os processos de direitos autorais e mais clareza quando os repasses não são feitos.

Algemas
Lei proibindo que mulheres durante o trabalho de parto e de pós-parto sejam algemadas foi sancionada agora pelo presidente Temer. Trata-se de um instrumento há muito reclamado pela sociedade.

Curiosidade
Com 83 facções nascidas em presídios brasileiros, vamos ver as consequências da convivência com os presos por corrupção.

História de Brasília

Quem quisesse passar um telegrama às 11h20 de ontem no Correio da W3 teria que esperar porque “o funcionário foi tomar um cafezinho e não tem quem o substitua”, segundo informação da moça ao lado. (Publicado em 23/9/1961)