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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Fechar os olhos à realidade em volta é o mesmo que andar descalço sobre um chão forrado de cacos de vidro. Do mesmo modo, de nada adianta parte da mídia fingir que não enxerga a extensa folha corrida ou capivara, no jargão policial, apresentada pelo candidato das oposições e que não para de surpreender a todos pelo acréscimo constante de crimes de toda a natureza.
Não bastasse o diálogo “cabuloso” que esse ex-mandatário mantinha com as lideranças do crime organizado, conforme revelado por escutas feitas pela própria polícia, a votação surpreendente que o seu substituto, Haddad, receberia da população carcerária nas eleições de 2018, não deixa margem para dúvidas de que estamos diante de um candidato favorito, pelo menos, entre os quase um milhão de presos que cumprem pena nas penitenciárias de todo o país. Mais de 82% desses cidadãos, que, em tese, não deveriam ter o direito de votar, preferem, segundo pesquisa do Globo, que esse candidato assuma o comando do país.
Não é por outro motivo que, em suas declarações em comícios, volta e meia surgem menções à liberação das drogas, da “injustiça” sofridas pelos “meninos” que roubam celulares, ou quando se mostra orgulhoso por sua cruzada, para libertar, da cadeia, os sequestradores do empresário Abílio Diniz. As ilações de que esse candidato sempre manteve interlocuções com o mais ativo e perigoso grupo do crime organizado são antigas e se sucedem, desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto em 2002.
A mais importante e conhecida jornalista investigativa da Espanha, Cristina Segui, que, há décadas, dedica-se com afinco a acompanhar os bastidores da política ibero-americana, vem fazendo denúncias sérias da conexão existente entre os partidos de esquerda em seu continente e, principalmente, na América do Sul, com o narcotráfico latino-americano. A Segui cita, em sua pesquisa, Lula e Dilma Rousseff como políticos que receberam ajuda financeira para alavancar o Partido dos Trabalhadores, desde seu surgimento nos anos oitenta.
Toda essa revelação bombástica, e que não recebeu atenção devida da imprensa brasileira, teria surgido a partir da prisão do ex-chefe de inteligência do governo chavista da Venezuela, Hugo Carvajal, conhecido como El Pollo. Extraditado para os EUA, Pollo falou o que sabe e o que presenciou na Venezuela e em outros países como o Brasil, Espanha e Portugal. Há, segundo Cristina Segui, uma extensa rede internacional, formada pelos mais poderosos carteis de drogas, para apoiar, financeiramente, os partidos de esquerda nos dois lados do Atlântico, pois sabem que a ascensão dessas siglas ao poder ajuda a dar proteção ao comércio ilegal de drogas e armas, fazendo vista grossa dessas atividades, ao mesmo tempo em que recebem partes dos lucros com essas transações.
Essa é, de fato, uma longa e tenebrosa história que deveria merecer uma investigação parlamentar aprofundada aqui no Brasil, mas que, misteriosamente, continua sem o mínimo de atenção. O perigo trazido por essa associação criminosa entre esses cartéis é o da formação de verdadeiros Narco-Estados, como ocorre hoje em países como a Venezuela. Para dar ainda maior tensão a uma situação que em si já é bastante delicada e nefasta, investigações recentes, feitas pela Polícia Federal e que resultou na prisão do maior e mais procurado contabilista do crime organizado do Brasil, mostrou que esse técnico em finanças era também quem fazia as declarações de imposto de renda do ex-presidente Lula há anos, sendo que, no prédio onde estava instalada sua “consultoria”, funcionava também o escritório do Lulinha, outro craque em finanças.
Para dar ainda mais um tom cinzento a todos esses fatos, recentemente, o notório Marcos Valério, o homem da mala petista, preso e condenado no escândalo do mensalão, resolveu revelar, em delação premiada, os estreitos laços existentes entre o PT e a maior organização do crime que age no país, dando detalhes sobre essas amizades perigosas. Apenas um pouco de todos esses fatos já seriam, num país sério, motivo para parar tudo e dar início a investigações aprofundadas. Mas, em se tratando de Brasil, onde tudo acaba em pagode e roda de samba, todo esse cenário de mau augúrio, que se prenuncia para outubro, é considerado exagero. A fusão do PCC, formando a sigla política PTCC, para a Segurança Nacional, não passa de fake news.
A frase que foi pronunciada:
“Não é o que você olha que interessa. É o que você vê.”
Henry David Thoreau
I Encontro Regional de Palhetas Duplas do Centro-Oeste
Homenagem ao professor Václav Vinecky, na Escola de Música, com entrada franqueada ao público. Ao piano, Marília de Alexandria; oboé, Ravi Shankar e Sandra Romero; Kleber Lopes, Moisés Pena e José Medeiros representarão a OSTNCS, e o professor Lamartine representará o grupo de Choro do IFG- Campus Goiânia. Também a presença de Roseane Cruzeiro, como palestrante. De amanhã ao dia 10, no Teatro Levino de Alcântara, na Escola de Música, às 19h30.
História de Brasília
E as empresas são quase que forçadas a transmitir essas mensagens, apesar das restrições impostas pelo Código de Comunicações. O pessoal da Camargo Corrêa quando quer falar com o sr. José Paulo Viana, usa sinais de fumaça da usina de asfalto, porque o telefone está quebrado há mais de um mês, sem que ninguém o conserte. (Publicada em 02.03.1962)
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Existe razão de sobra para que apenas uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) seja instalada no Congresso, justamente a que investigará o Ministério da Educação. A outra, relativa à Petrobras, ficará para o dia de “São Nunca”. Os motivos são óbvios. Ao pretender investigar a Pasta da Educação, o alvo pode ser, diretamente, o atual Presidente da República. Investigar a Petrobras, mesmo que tenha como objetivo os elevados preços dos combustíveis, poderá, no decorrer dos trabalhos e dado o clima de intensa polarização política, descambar para questões relativas ao Petrolão e à gestão petista no comando da estatal.
De qualquer forma, experiências passadas demonstram que CPIs, sejam quais forem, começam numa toada lenta e acabam em desabalada agitação, indiciando até o porteiro. De qualquer forma, caso a CPI da Educação aconteça de fato, nesses poucos meses que antecedem as eleições gerais, os prognósticos, embora impossíveis de serem previstos, apontam para desgastes profundos, tanto da situação como da oposição.
Uma das razões é que, no que diz respeito à gestão petista, de modo geral, onde quer que a enxada prospectora atinja o solo, dali sairá grande quantidade de minhocas, todas elas dispostas a contar o que viram. É bom os parlamentares que apoiam o governo irem logo providenciando o material que poderão usar para desvendar o desastre que foi a área de educação, durante a era petista, com o sucateamento das universidades, violência nas escolas, o conto do vigário do caso do Fundeb e até com relação ao aumento do analfabetismo no país.
Há material de sobra relatando a era petista na educação, que fala da grande evasão escolar, dos números fictícios apresentados naquele período, da criação de universidades fantasmas, dos cabides de emprego nessa pasta. Em 2010, pouco antes de Lula deixar a presidência, jornais de todo o país davam conta de que 21 estados deixaram de aplicar mais de R$ 1,2 bilhão no ensino básico. O dinheiro, que iria para o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), foi desviado e acabou sendo destinado para outras atividades distantes da educação.
Durante aquele governo,as universidades públicas foram invadidas, ou como eles diziam na época, “ocupadas”, 176 vezes. Nessas invasões, dezenas de reitorias, por todo o país, foram tomadas de assalto, com estudantes pressionando pela demissão de reitores, com aulas paralisadas, planfetarismos, pichações de instalações, ameaças de professores que se recusavam a seguir a cartilha gramsciana pregada pelo PT e outras barbaridades.
Nesse período, os funcionários de mais de 40 universidades entraram em greve por tempo indefinido. As paralisações de aulas eram uma constante, com semestres inteiros sendo perdidos, tudo isso, sem contar nessa fase que centenas de professores entraram com pedido de aposentadoria ou de afastamento da cátedra, por medo das incertezas quanto ao futuro.
Ensino, pesquisa e extensão, que são atividades fundamentais nas universidades, tiveram, nessa fase conturbada em que as greves de professores, de funcionários e outros eram uma constante, seu menor índice de aproveitamento. Muitos educadores falam desse período como a era perdida.
Que venha a CPI que vier, o material é farto para testemunhar o caos experienciado tanto na estatal do petróleo, como na educação em outras eras.
A frase que foi pronunciada:
“Se você pega um cão faminto e lhe dá um bom trato, ele não morderá você. Essa é a principal diferença entre os homens e os cachorros.”
Mark Twain
Ponto cego
Faixas de pedestres e lombadas estão completamente invisíveis pela cidade. Nas N2 e S2, é um susto atrás do outro pela falta de visibilidade. Em tempos secos, vale o investimento no visual da cidade.
Perigo constante
Os setores hospitalares da cidade deveriam ser exemplo de limpeza e acessibilidade. Não é o caso.
Uma pena
Caiu muito a qualidade de serviço e produtos da Casa do Pão, na 506 sul. Um comércio antigo em Brasília que está definhando.
De graça na feira
Querido de toda a gente, Geraldo Vasconcelos, pioneiro da cidade, chegou na Feira do Livro para doar exemplares do seu último livro “Transformando o Impossível em Possível”, escrito a quatro mãos com Sueli Navarro Vasconcelos. O resultado foi o esperado. A primeira banca pegou todos. Afinal, o livro é uma inspiração para quem quer enriquecer trabalhando.
Informe
Em 2022, o 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação será organizado pela Universidade Federal da Paraiba – UFPB, de Joao Pessoa/PB, de 5 a 9 de setembro de 2022, e terá como tema “Ciências da Comunicação contra a Desinformação”.
História de Brasília
Falta chegar, quanto antes, ao setor residencial HP3 e HP5, que são os grandes prejudicados no Plano Pilôto. AC. (Publicada em 01.03.1962)
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Em terras semeadas pela classe política nacional, basta um golpe de enxada, dada na terra inculta, para que dali surjam indícios de que há muito mais nesse campo arado do que se pode esperar. É como dizia o filósofo de Mondubim: “a cada enxadada, uma minhoca”. Portanto escarafunchar a vida dos principais políticos nacionais nunca é um exercício em vão. Há sempre a produção de surpresas, todas elas apontando para aldrabices e outras maquinações que desembocam sempre no pardieiro da corrupção.
A terceira Instância do Judiciário até que tenta ajudar para que essas surpresas não resultem em punição para seus autores, mas são tantas as evidências e elas vão se acumulando num crescendo tão febril, que vai ficando, cada vez mais difícil esconder, do olhar do público, as montanhas de provas varridas para debaixo dos luxuosos tapetes caríssimos.
Os órgãos de investigação, há muito, já perceberam que não é preciso sequer seguir esses meliantes, basta ir atrás do dinheiro. Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso das malas, contendo mais de R$ 50 milhões, encontradas em um apartamento em Salvador, que servia como uma espécie de agência informal de pagamento de propinas. Foi o que ocorreu também com outra mala, de grife famosa, dessa vez contendo a módica quantia, para os padrões nacionais, de R$ 500 mil, transportada pelo assessor especial de um ex-presidente, propina essa recebida da notória J&F. Em junho de 2016, no aeroporto internacional de Guarulhos, três pesadas malas, que não passaram pelo exame de raio X, foram interceptadas em um jatinho particular, levando um ex-presidente para Roma.
A operação, deflagrada pela Polícia Federal, foi abortada por ordens superiores e o caso foi também varrido para debaixo dos tapetes dos chiques gabinetes de Brasília. Os desvios de dinheiro público são tantos, e em tão grande volume, que já não bastam caixas de whisky e outras embalagens pequenas, é preciso malas, muitas malas.
Fossem dadas enxadadas em paraísos fiscais e outros países que fazem vista grossa para essa dinheirama surrupiada, bilhões de minhocas saltariam para fora da terra, com as mãos para o alto. Guiam, esses nada nobres senhores, a famosa senha que diz: “Se mais dinheiro houvera lá chegara”. Nem bem o defunto da Lava Jato esfriou, nova enxadada, dada pela Polícia Federal, fez surgir outras minhocas, e um novo escândalo parece se erguer no horizonte. A justiça de São Paulo anda às voltas agora com um curioso caso envolvendo lavagem de grandes somas de dinheiro, feito pela poderosa e cada vez mais onipresente dentro da máquina do Estado, o PCC. Mais de R$ 45 milhões em imóveis e veículos foram apreendidos, levando a polícia ao contador João Muniz Leite, como definiu a imprensa, um técnico em transformar dinheiro sujo em recursos limpinhos. Ocorre que o tal contador, olha aí a minhoca, foi o responsável por fazer a declaração do Imposto de Renda de um famoso ex-presidente por anos, sendo que, até hoje, maneja a contabilidade da alma mais honesta desse país.
Outras enxadadas revelaram ainda que o tal contador divide sala com empresas do craque das finanças, o filho desse mesmo ex-presidente. É preciso agora que a junta dos mais caros escritórios de advocacia do país cuide logo de entrar em campo, isso é, nos gabinetes de Brasília, para salvar, mais uma vez, esse senhor e sua família, de preferência antes das próximas eleições.
Nesse caso também, os prognósticos sobre os resultados dessa investigação são sombrios e incertos. O mais provável é que todo esse novo movimento de enxadada acabe lá adiante, interrompido por uma canetada, dada por aqueles que estão onde estão para que tudo fique como sempre foi. Dizer o quê?
A frase que foi pronunciada:
“Acho que nós consideramos mais a boa sorte do pássaro que acordou cedo do que a má sorte da minhoca.”
Franklin Roosevelt
Agenda
Brasília recebe, até o dia 26 desse mês, a 36ª Feira do Livro de Brasília. A entrada é gratuita. Uma pena o país não estimular a leitura. Em países desenvolvidos, os ônibus escolares levam livros diversos que a criançada pega, lê e devolve. O hábito se faz de criança. Luiz Amorim abasteceu as paradas de ônibus de Brasília com livros doados e os carroceiros pegaram para vender por peso. Depois de uma conversa, eles passaram a respeitar o projeto.
QI
Um paredão de gente importante resolveu enfrentar quem tem feito de tudo para acabar com as nascentes do ParkWay e outras áreas do DF. Nessa altura dos acontecimentos, é preciso que nossas autoridades percebam que Brasília não sobreviverá sem as nascentes que circundam a capital. Nosso lago é artificial. É uma questão de inteligência e respeito pela cidade.
História de Brasília
O lado leste do Eixo Rodoviário Sul está tremendamente prejudicado em suas construções. Várias autarquias entregaram seus prédios a firmas que já requereram concordata, e nenhuma providência foi tomada para a substituição dos empreiteiros. (Publicada em 01.03.1962)
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Com a decisão tomada ontem pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), mantendo a punição de cassação ao deputado paranaense Fernando Francischini (União), mantendo-o inelegível pelos próximos oito anos, reacende, entre os cidadãos brasileiros de bom senso, a certeza de que, cada vez mais, vai se fechando o cerco ao Estado Democrático de Direito.
Não chega a ser surpreendente que tal medida tenha partido justamente daqueles, que por seu mister, deveriam defender, com unhas e dentes, o regime democrático, uma vez que se observa, de fato, a irrupção no horizonte de uma lenta e velada ameaça autoritária, representada aqui pela juristocracia e pela burocracia do Judiciário, que vai se espraiando e ganhando viço dentro das instituições do país, seguindo o que pode ser entendido, em sentido mais amplo, como a emergência do globalismo do século XXI.
É todo um mega sistema que vai sendo construído seguindo os meandros e as filigranas jurídicas, códigos inalcançáveis e ininteligíveis pelos cidadãos comuns e que, por isso mesmo, escapa de críticas e até de contestações. Tudo cabe e é permitido na novilíngua do “juridiquês “, inclusive a cessação das liberdades, feitas em nome daquilo que esses togados passaram a eleger como proibidas.
Não se trata aqui de uma defesa, pura e simples, de um político, cassado pelo humor daqueles a quem as leis se vergam e dos mais de quinhentos mil votos que recebeu nas urnas, mas de punições que, se comparadas com outras, como por exemplo as que couberam ao ex-presidente Lula, “descondenado” por essa mesma Corte, por crimes infinitamente mais graves, deixam no ar a certeza de que há, de forma inconteste, dois pesos e duas medidas, fixadas de acordo com a foto política em 3×4 na capa do processo.
É preciso que o leitor entenda que a liberdade de expressão não pode prescindir do fato de que alguém vá estabelecer, per si, o que se pode e o que não pode ser dito. Ou é liberdade de expressão ou não é. Não cabem aos ministros decidirem o que é liberdade de expressão e quais os seus parâmetros. O que os ministro entendem e classificam – como faziam os antigos funcionários do departamento de a censura federal – como “ataques a democracia”, até de forma subjetiva e de acordo com seus interesses extra Corte, refletem, de forma clara, uma tentativa de cerceamento de opinião, sobretudo imposta àqueles indivíduos que não gozam de bom trânsito dentro da Corte. Outros personagens, do lado oposto, promovem verdadeiros ataques às instituições e à própria democracia e nem por isso são penalizados ou pesados na mesma balança.
Quando Lula afirmou, em rede nacional, que os ministros da alta Corte estavam flagrantemente acovardados diante dos avanços da Operação Lava Jato aos seus crimes, esses magistrados nada fizeram para desmentir esse ataque. Esse sim foi um ataque direto à democracia, pois atingia, indiscriminadamente, toda a instituição. Ataque à democracia, como bem lembram alguns juristas de bom nome, é permitir que condenado em três instâncias participe da corrida presidencial e de vir a praticar os mesmos crimes. Ainda mais quando esse candidato, de acordo com os ideais do comunismo, prega o fim da democracia e o governo exercido apenas por um partido, dentro da visão da ditadura do proletariado.
Ataque a democracia é esse candidato afirmar que irá promover a regularização da mídia, ou seja, estabelecer a censura e o banimento da livre manifestação de pensamento. O que ocorre, de fato, é que essa Corte, ao lançar Lula, de volta ao páreo das eleições, mesmo com todo o currículo de crimes que praticou, perdeu a credibilidade perante a opinião pública e a isenção, atributo tão necessário aos juízes e tribunais.
Estamos todos marchando por um caminho pedregoso e cheio de armadilhas, à mercê de um conjunto de jurisconsultos que se arvoram em ser mais realistas que a própria Constituição, reescrevendo-a ao seu alvitre, dizendo o que pode ou não ser dito dentro de uma ideia de liberdade e democracia que eles mesmos se deram ao trabalho de traçar.
Ao colocarem as urnas eletrônicas no alto do pedestal de adoração do Estado, afirmando que ela não pode ser contestada, abre caminho para que, num futuro próximo, ninguém possa dizer que o “ministro fulano de tal” é careca. Francischini é apenas o primeiro atingido por essas novíssimas interpretações e critérios, o próximo será a imprensa e você mesmo. Um dia, quem sabe, será proibido até de pensar.
A frase que foi pronunciada:
“Posso e desejo ser maior do que a soma total de minhas experiências, mas aceito minhas limitações. Aceito de bom grado que nós que julgamos não devemos negar as diferenças resultantes da experiência e da herança, mas tentar, como sugere a Suprema Corte, julgar continuamente quando essas opiniões, simpatias e preconceitos são apropriados.“
Sônia Sotomayor
Reestabelecimento
Brasília sofre com a falta de educação no trânsito. Aquela cidade, onde buzinar era um absurdo, já começa a dar sinais de mudança. Principalmente os motociclistas, que carecem de uma boa aula antes de terem a autorização para fazerem parte do trânsito da capital. São uns irresponsáveis! Ultrapassam pela direita, nas comerciais jamais usam as tesourinhas, fazendo a volta no meio da rua, andam pelas calçadas nas quadras. Alguma atitude precisa ser tomada para cortar o mal pela raiz.
História de Brasília
Há, em particular, a informação, segundo a qual o “Chez Willy” seria despejado, porque alterou a planta da loja ocupada, e sublocou a sobreloja, auferindo lucros de um próprio que não lhe pertence. (Publicada em 01.03.1962)
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Nesta altura dos acontecimentos, já ficou muito claro, para a parte lúcida da população, que os ministros do Supremo Tribunal Federal atravessaram o rubicão, agindo sistematicamente dentro do que se convencionou chamar de ativismo judiciário, não mais como magistrados, mas como militantes ou simpatizantes de determinadas alas ideológicas e políticas.
Esse é um problema sério que, embora parte da imprensa tente esconder dos leitores, dando pouco espaço para esse assunto, cedo ou tarde, irá, por suas implicações profundas no ordenamento institucional do país, ganhar a real dimensão que possui.
Só esperemos que, quando esse momento chegar, ele não encontre a nação conflagrada e em ponto de ebulição. Não se trata aqui de gralhar de aves de mau agouro, mas da constatação do evoluir de declarações inamistosas de parte a parte e mesmo de medidas, que vão num crescendo tal, que podem já não mais serem freadas e que, portanto, poderão adquirir vida própria, levando todos de roldão.
Há uma crise sendo anunciada e o problema maior é que não existe, no horizonte imediato observável, alguém com a capacidade e credibilidade para chamar todos à razão, apaziguando o país. É, em momentos assim, que a nação necessita de personagens com a capacidade de liderança, guiando todos para o vale da concórdia.
Se tivermos que aguardar o surgimento de lideranças, estaremos literalmente no sal e entregues à própria sorte. De fato, estamos todos numa espécie de vácuo ou deserto árido de homens e ideias. É preciso, nesse momento, dar o nome aos bois, mostrando a todos quem foram os verdadeiros atores a deflagrar essa crise.
Olhando pelo retrovisor, é possível constatar, até com certa facilidade, que foram os ministros do Supremo, e não outros protagonistas, que ao tecer, nas entrelinhas das filigranas jurídicas, toda a teia de rabulices, encontraram meios de “descondenar” o ex-presidiário, colocando-o diretamente na disputa eleitoral e, com isso, conflagrando e conspurcando todo o processo.
Esses ministros não apenas lançaram seu candidato de estimação de uma só penada, como ainda irão comandar, do alto do Tribunal Superior Eleitoral, todo o processo eletivo até outubro.
Querer que toda essa maquinação jurídica não desembocasse numa crise, como a temos agora, é muita inocência e muita pretensão. Como dizia a marchinha de carnaval Pó de Mico: “Vêm cá, seu guarda, Bota pra fora esse moço, tá no salão brincando, com pó-de-mico no bolso. Foi ele sim, foi ele sim, foi ele que jogou o pó em mim.” Lula está nessa folia, na qual vai se transformando as próximas eleições, brincando com pó de mico no bolso. Foi posto para dentro do salão de Momo das campanhas, pelos árbitros que deveriam cuidar e zelar pela segurança da folia de outubro. Ficou calado? Agora aguente!
A frase que foi pronunciada:
“Tudo está mudando. A população está levando os comediantes à sério e os políticos, na brincadeira.”
Will Rogers
Urgente
Cobertores, casacos, roupas, qualquer doação, o Instituto Solidário A Vida está em campanha. Há possibilidade de visitação na QR 401, Conj.13, lote 3, em Samambaia Sul. Mais informações pelo WhatsApp: (61) 99194-9060.
Palco iluminado
Hugo Mósca surpreendeu Plínio com uma carta ao jornalista Ari Cunha, criador desta coluna em 1962. A carta foi escrita em janeiro de 1996 e falava dos esforços de Plínio para incentivar o público de Brasília a prestigiar as peças de teatro da cidade. O Teatro Dulcina tinha sido fechado. Até hoje, o Teatro Nacional está fechado e a população candanga continua em silêncio.
Outro lado
Convite do deputado federal José Neto leva Lucia Fatorelli, da Auditoria Cidadã, ao plenário da Câmara dos Deputados. Discussões políticas, técnicas e econômicas. Veja a seguir o discurso e os links sobre vários assuntos de interesse da população.
Análise
Na página do Senado Federal, há a oportunidade de o internauta conferir notícias publicadas com o nome da instituição. Se foram desvirtuadas Internet à fora, ou se são verdadeiras. Um destaque para a notícia falsa de que Rodrigo Pacheco tenha acatado o projeto do “voto auditável”. A confusão foi feita depois que uma enquete no portal do Senado viralizou. A pergunta era sobre a adoção do voto impresso como uma ideia legislativa de 2018.
História de Brasília
Quando a Novacap quer, mesmo, tomar uma decisão jurídica, entrega o assunto ao dr. Bessa. Esta nota vem a propósito da regularização que está sendo feita junto aos comerciantes que ocupam lojas da Novacap. (Publicada em 01.03.1962)
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Quem se der ao trabalho de entender o Brasil de hoje terá primeiro que voltar no tempo, para saber como é que chegamos até aqui e, principalmente, buscar pistas que levem a esclarecer em que ponto dessa jornada desviamos do caminho e porque o fizemos.
De fato, esse não é um país para amadores e, sobretudo, um país para aqueles que aceitam, com naturalidade, que a história possua um desencadear retilíneo, obedecendo sempre os movimentos de causas e efeitos. Todo o período pós-redemocratização necessita ser melhor estudado e repensado, sob pena de cairmos nas armadilhas preparadas pelo destino e que ajudamos a armar com nossas próprias mãos.
De repente, a explicação pode ser banal e nos leva a conhecer as forças que nos atiraram até esse ponto de nossa história e como podemos agora sair dessa situação de impasse. O que se sabe, ao certo, é que não podemos esperar resultado diferente do que temos, ao menos que modifiquemos cada um dos elementos dessa fórmula. A começar pelo modelo de representação, que é tanto base de toda e qualquer democracia como também base de sua ruína.
Nesse quesito fundamental, parece que podemos fazer pouco ou quase nada. A razão é simples: demos demasiado poder aos Poderes. E agora eles parecem se voltar contra nós. Talvez, a explicação e a chave para esse ponto do nosso presente, em que notamos, de forma definitiva e trágica, a ruptura entre o Brasil oficial e o Brasil real esteja escondida na simplicidade singela do poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade.
Alterando-se o nome dos personagens e substituindo o verbo intransitivo “amar” pelo verbo “eleger”, em sua modulação no pretérito perfeito “elegeu”, teríamos, mais ou menos, esse enredo: Tancredo morto elegeu Sarney, que elegeu Collor, que sofreu impeachment e elegeu Itamar, que elegeu FHC, que se reelegeu. FHC foi para casa, Sarney para o Senado, mas antes ,FHC elegeu Lula, que se reelegeu e ainda elegeu Dilma, que também se reelegeu. Lula foi para a cadeia. Dilma saiu também por impeachment, dando lugar a Temer, que não se reelegeu, mas que elegeu Bolsonaro, que busca agora se reeleger, mas que pode ter que passar a faixa presidencial a Lula, feito ficha limpa, à força, pelo STF, uma Corte que não deveria eleger ninguém. Itamar foi se juntar a Tancredo no além.
Observe que, no meio desse caminho, toda essa prosa histórica foi ainda floreada pelos escândalos de corrupção que estouraram em cada um dos governos, seguidas das devidas CPIs e das investidas tanto do Ministério Público como da Polícia Federal. Os escândalos, transformados em passivos bilionários, foram debitados na conta da população, sendo seus autores devidamente salvos nas instâncias superiores.
De repente, o país pode vir a eleger Lula que, pelo peso de seu passado, como o maior meliante que esse país já viu, deverá eleger alguém ainda pior, como fez no passado, quando elegeu Dilma. É nessa sequência de sucessões estranhas que devemos buscar entender o presente. O problema é que, ao olharmos para o futuro próximo, em outubro vindouro, o sentimento é que temos um grande passado pela frente a ser vivido ou sobrevivido.
A frase que foi pronunciada:
“O vício inerente do capitalismo é a distribuição desigual de bençãos; a virtude inerente do socialismo, a distribuição das misérias.”
Churchill
De volta ao respeito
O CEF 01 do Paranoá está com a gestão compartilhada. As aulas são ministradas pelo corpo docente da Secretaria de Educação do DF e a política disciplinar é organizada com a colaboração do Corpo de Bombeiros. Os pais estão satisfeitos com o resultado. O melhor desempenho escolar é visível, o que dá esperança de um futuro melhor para as crianças e adolescentes. Veja a foto do momento cívico a seguir.
Honra ao mérito
Recebemos, do poeta Nonato Freitas, a notícia de que Geraldo Amâncio Pereira, violeiro e repentista popular, foi eleito para a Academia Cearense de Letras. Foram quase 130 anos sem um eleito que representasse a cultura popular. Nem mesmo Patativa do Assaré, cuja obra foi estudada na Universidade de Sorbonne, teve seu nome incluído no rol dos imortais da academia, reforça Nonato.
De repente
Nonato Freitas lembra que, no dia 8 de julho, Geraldo Amâncio Pereira fará parte da Bienal Internacional do Livro que, neste ano, acontecerá em São Paulo. Vai cantar seus repentes e estrofes do cordel de autoria do próprio Nonato em homenagem a Rogaciano Leite, em transcorrência do centenário do autor de “Carne e Alma”.
História de Brasília
Mais adiante, entretanto, na calçada da Novacap, os artigos são expostos à venda no chão, em estado que não condiz com aquele logradouro da cidade. (Publicada em 01.03.1962)
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Nada como eventos imprevisíveis e incontroláveis pelos seres humanos para mostrar a viabilidade de outros caminhos, renovando e empurrando velhos conceitos para fora da estrada. Foi assim com a pandemia. De repente, o home office, uma opção de trabalho puramente racional e adequada a um mundo congestionado e superpopuloso, e que parecia longe da realidade brasileira e mundial, ao menos na visão dos antigos modelos burocráticos impostos aos trabalhadores, tornou-se o novo normal, com pessoas cumprindo suas tarefas diárias sem sair de casa, economizando recursos, para si e para o país.
Em certo sentido, essa mudança na direção dos ventos pode ser aplicada também, guardada as devidas proporções, à chamada Federação de Partidos. Instituída pelo Congresso Nacional em 2021, dentro da meia-sola que foi a reforma política, em plena pandemia, permitiu que as legendas pudessem atuar unificadamente em todo o país, no que se pretende ser uma futura fusão de partidos.
Na verdade, a federação foi uma gambiarra feita, de modo improvisado, para impedir que as pequenas legendas naufragassem no quesito representatividade, atraindo-as para as legendas maiores e, com isso, aumentando o tempo de propaganda e de recursos oriundos dos fundos eleitorais e partidários.
Mesmo sendo obrigadas a permanecerem coligadas depois das eleições, não há, evidentemente, afinidades programáticas entre os elementos que formam o conjunto de federações. De fato, ninguém, nem mesmo os eleitores, conhecem os novos estatutos dessas Federações. O que importa aqui é saber que as Federações, mesmo antes do pleito de outubro, demonstram, na prática, a possibilidade concreta de que se estabeleça um novo modelo de representação, em que quatro ou cinco forças políticas, no máximo, tenham assento no Congresso, acabando com a miríade de legendas, a grande maioria, siglas de aluguel e sem importância alguma.
A pandemia, a possibilidade de trabalho remoto dos próprios congressistas, a polarização política, os atentados, como o sofrido pelo então candidato Bolsonaro em Juiz de Fora, e a insegurança geral vão empurrando as campanhas para fora das ruas, longe do contato direto com o público. Nesse novo modelo, as redes sociais ganharam terreno e parecem ditar o jeito atual de fazer campanhas. Todas essas alterações radicais seriam impensáveis até três anos atrás. É a política a reboque da ocasião.
Se, por um lado, a pandemia forçou o aparecimento de novos modelos políticos, no que pode ser chamado de reforma política pandêmica, a reclusão forçada e o medo da doença e mesmo a luta pela vida forçaram os cidadãos a se distanciar do dia a dia da política. Foi justamente, nessa ocasião de recolhimento geral, que ministros do Supremo encontraram, nas filigranas jurídicas, o caminho que desejavam para empurrar, goela abaixo da sociedade, a candidatura de um ex-presidiário, embaralhando e conspurcando as eleições, criando um factoide surreal, que ameaça o próprio futuro democrático do país.
Lula é, de fato, o candidato que os ministros, das altas Cortes, querem de volta à Presidência. Não apenas eles, mas os banqueiros, os empresários, que sempre tiveram no Estado seu cliente mais rentável e outros que enxergam e anseiam pela volta do país ao período pré Operação Lava Jato. Como candidato favorito nas pesquisas pouco detalhadas, Lula afirma que não irá participar de debates. Quando estava na prisão, fez o que pôde e o que não pôde para participar dos debates. Agora diz que não vai se expor. Ao eleitor, que a lei obriga o comparecimento às urnas, não é dada a faculdade de se eximir.
A legislação precisa obrigar os candidatos a participar dos debates. Afinal, essa é a maneira do eleitor conhecer o caráter e as propostas de cada um desses postulantes. Com altíssima intenção de votos, mas sem poder caminhar livremente pelas ruas, e sem participar de debates com outros adversários, Lula tornou-se o candidato de laboratório que, à semelhança da criatura, trazida ao mundo, pelo cientista Victor Frankenstein, no romance de Mary Shelley, de 1818, sonha em reacender os tempos sombrios da era petista.
A frase que foi pronunciada:
“Qual a diferença entre o capitalismo e o comunismo? O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O comunismo é o inverso.”
Piada polonesa
Sonegação
Com menos R$10,1 bilhões de impostos arrecadados sobre o ISS nos últimos seis anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal do Sistema Financeiro do Distrito Federal, da Câmara Legislativa, encaminhou o documento final assinado pelo relator deputado Delmasso. Foi encaminhado ao TCDF e ao Ministério Público do DF para as tomada de providências. O deputado distrital Delmasso lembra que esse é praticamente o mesmo valor do orçamento destinado à Saúde.
Reguffe
Por falar nisso, mais uma vez o único representante do DF que encara os planos de Saúde vai ao plenário do Senado criticar a ANS por mais um reajuste. A previsão é que o valor seja incrementado em quase 16%. A decisão já foi publicada no Diário Oficial da União. Para quem não sabe, o senador Reguffe abriu mão do Plano de Saúde do Senado, que, como parlamentar, teria o direito vitalício.
Agência Senado informa
Controle da poluição e defesa da sustentabilidade. Essas são as razões do Senado Federal estar iluminado pela campanha Junho Verde. A proposta foi dos senadores Jaques Wagner Confúncio Moura e Fabiano Contarato.
História de Brasília
Pensei em fazer uma campanha, mas num deles encontrei uma coisa que ninguém encontra noutra parte a não ser em camelôs: barbatanas para camisas. (Publicada em 01.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Em algum lugar muito recôndito deste pais, a verdade e sua coirmã, a justiça, parecem ter se abrigado, fugindo desse momento presente de incertezas e em que a inversão de valores se transformou, da noite para o dia, no novo normal, com os tribunais agora protegendo e inocentando notórios criminosos, ao mesmo tempo em que condenam e perseguem inocentes, sobretudo aqueles que ousaram, um dia, mandar para a cadeia, poderosos e influentes políticos e empresários, todos eles metidos até a ponta do cabelo, no mais profundo e fétido lodaçal de corrupção já visto pelos brasileiros.
É nesse ambiente, onde já não é possível, sequer, distinguir o chão do teto, que os autênticos operadores da justiça, aqueles que buscaram verdade, em nome da sociedade, vão se transformando em réus, apenas pelo fato de que cumpriram com o que ordena o dever profissional e a ética, mandando para a cadeia os principais membros dessa bem estruturada quadrilha, que dilapidava o Estado, por dentro do coração do Estado, num esquema tão surreal, que nem mesmo os mais inventivos escritores de ficção policial imaginariam.
É tudo tão absurdo, que nem mesmo o uso das expressões correntes da nossa língua conseguem traduzir o que se passa nesse momento. Felizmente, aqui e ali, ainda despontam alguns personagens, dotados de digna coragem, para denunciar esses e outros descalabros, que assistimos todos, entre mudos e inertes.
Um caso aqui, digno de nota, foi trazido pela coluna de JR Guzzo, publicada na revista Oeste, nessa última semana, intitulada “Estão querendo virar a mesa”. No artigo, o jornalista diz, textualmente, que há um golpe de Estado, sendo preparado e organizado em câmera lenta, pronto para ser executado, na frente de todos. Não se trata, segundo o articulista, de um golpe nos moldes tradicionais, comandado pelas forças militares, mas levado a cabo por aqueles que se arvoram defensores da democracia, mas que, no íntimo, estão angustiados com a perspectiva de perderem seus privilégios. “É gente que vem com uma doutrina destes nossos tempos”, diz. Gente que, segundo consta no artigo, está disposta a “salvar” a democracia, destruindo as regras da própria democracia, disposta, inclusive, a anular os resultados das eleições de outubro, caso vença o demiurgo de Garanhuns, aquele mesmo, que apareceu no centro das imagens de slides apresentadas pelo então procurador Deltan Dallagnol e que identificado e apontado, naquela ocasião, como o chefe mor dessa mega “orcrim”.
O que fica evidenciado nesse artigo, que inclusive mereceu ampla divulgação feita pelo presidente Bolsonaro em sua live semanal, é que tanto a cúpula do Poder Judiciário como parte do atual Congresso estão se articulando para governar o país, afastando todas as pautas consideradas, por essa turma, como conservadoras e contrárias aos seus propósitos. Para tanto, alerta Guzzo, não se intimidarão em bloquear, degenerar ou falsificar as eleições para fazer prevalecer suas regras. Quem acompanha e conhece a longa e prestigiosa trajetória de JR Guzzo, considerado hoje o mais brilhante e incisivo jornalista do nosso país, deve ter ficado de orelha em pé com esse artigo.
O próprio presidente foi um desses. A ideia final desse grupo, continua o artigo, é dar a vitória ao único adversário real do atual presidente. Guzzo, em seu texto, dá o nome aos bois. Logo em seguida, vêm os políticos do Brasil velho, bichado e inimigo do progresso – “dos túmulos do PSDB, dos que querem roubar e estão em síndrome de abstinência, dos parasitas da máquina estatal, dos fracassados que precisam voltar ao governo e afastar o risco de perderem o resto de suas carreiras. O golpe é apoiado abertamente pela maior parte da mídia – tanto jornalistas como seus patrões. Traz consigo, ainda, o consórcio nacional formado pelos empreiteiros de obras públicas, os empresários-pirata, os ladrões em geral, as classes intelectuais, as empresas aflitas com as questões de gênero, a raça e a sustentabilidade, os artistas de novela e os banqueiros de esquerda.” Como diz o jornalista, esse golpe vem sendo preparado em variadas frentes e feito em pequenas doses, incluindo nessa artimanha o próprio Superior Tribunal Eleitoral na figura de seu atual presidente, Edson Fachin, que anulou as quatro ações penais contra Lula, mesmo contrariando a decisão de outros nove juízes, tornando esse ex-presidiário apto para disputar as eleições de outubro próximo.
Na avaliação do articulista, a chave de todo esse processo está no Supremo, onde, dos onze ministros que lá estão, sete foram nomeados por Lula e Dilma. A reforçar o teor desse artigo, é possível elencar um calhamaço de sentenças oriundas das altas cortes que vão de encontro às suspeitas do articulista de que há, de fato, um golpe em preparação. Só para ficar na mais recente dessas decisões, o Superior Tribunal de Justiça acaba de anular, por quatro votos a um, uma série de sentenças condenatórias proferidas pelo ex-juiz Sérgio Moro contra membros do Grupo Schahin e contra ex-dirigentes da Petrobras, no âmbito da Operação Lava Jato, com todos esses processos sendo encaminhados, pasmem, para a Justiça Eleitoral.
Agora, também, o próprio ex-juiz Sérgio Moro foi tornado réu em ação popular que foi aceita pela Segunda Vara Cível da Seção Judiciária do Distrito federal (SJDF), acusado de ter provocado prejuízos de mais de R$ 172 bilhões à Petrobras por conta de seu protagonismo frente à Operação Lava Jato, e que teria resultado em graves danos à estatal e a diversos entes da administração pública. Um dos signatários dessa ação é ninguém menos do que o notório deputado José Guimarães, do PT.
Pelo o que se tem visto até aqui, todos os elos desse esquema vão sendo montados um a um, diante de todos nós, com a cumplicidade de muitos, o silêncio de outros e a covardia daqueles que, mesmo sabendo dessa trama, fingem-se de mortos.
A frase não que foi pronunciada:
“Uma pesquisa com 1.200 entrevistados é capaz de retratar a intenção de voto dos brasileiros?”
Dúvida que não quer calar
Caesb vs consumidor
De um lado, a Caesb anuncia, com antecedência, o dia em que será feita a próxima leitura; de outro, o consumidor reclama que não sabe a hora, então precisa ficar disponível durante o horário comercial. O fato é que se a Caesb não tiver acesso à leitura ela está amparada, por lei, a cobrar pelo o que não foi consumido, indo contra o Código do Consumidor.
Impasse
Aconteceu com consumidor que conseguiu diminuir a conta para 30 reais por mês. Como não havia gente em casa, no dia da leitura, o cálculo feito com a média dos últimos 12 meses somou 70 reais. Mais que o dobro dos últimos meses de economia.
Amparo por lei
Ao mesmo tempo em que isso ocorre, a Caesb anuncia que vai devolver, em 2022, mais de R$ 11,5 milhões aos consumidores que economizaram. Nesse caso, os consumidores estão amparados pela Lei Distrital e pela Resolução da Adasa.
História de Brasília
Para que depois ninguém venha por a culpa em ninguém, o aumento foi autorizado pelo Conselho Nacional do Petróleo, que cedeu, assim, à pressão do Sindicato dos Distribuidores de Gás Engarrafado no Brasil. (Publicada em 01.03.1962)
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Nunca, em tempo algum, o Brasil, como o resto do mundo, teve tanta necessidade de conhecer ou até mesmo se aproximar da poderosa luz da verdade. O que nos parece, nesses tempos de niilismo extremado e de uma distopia generalizada, é que nos aproximamos do que muitos acreditam ser a chegada de um apocalipse bíblico. Vivemos um período muito peculiar, intensificado pela passagem simultânea de século e de milênio. De fato, o século XXI teve sua inauguração no folhetim das ações humanas, com os ataques às Torres Gêmeas em Nova Iorque, no dia 11 de setembro de 2001, numa espécie de revival anacrônico das antigas cruzadas.
Nada do que acontece hoje deve ser deixado de lado, sob pena de virmos a nos arrepender depois. Pudéssemos ouvir o que conversam em particular, no recato do lar ou entre amigos de longa data, as autoridades e as elites deste país, por certo, a maioria seria banida da vida pública ou presa e linchada em praça pública. Repetia o filósofo de Mondubim: In vino veritas, querendo, com isso, confirmar que, sob o efeito embriagador dessa bebida, o cérebro entorpecido pelas musas do álcool faz com que as travas na língua e a prudência verbal deixem de existir, despindo o indivíduo de suas máscaras diárias.
A verdade vale por sua conveniência de momento. Os ministros do Supremo Tribunal Federal não tiveram receio ou pudor em usar as escutas telefônicas, feitas de modo ilegal, para ouvir as conversas entre o juiz Sérgio Moro e os procuradores, conversas essas totalmente normais entre envolvidos num caso tão rumoroso e delicado como foi a Lava Jato, apenas para encontrar filigranas jurídicas por onde enveredaram seus pareceres para libertarem os padrinhos poderosos.
Nesse caso, as mentiras não estavam nos diálogos ouvidos, mas sim nas manobras por onde obtiveram a desculpa para anular a custosa operação. A verdade, assim como sua antípoda, a mentira, pode conduzir, sobre suas costas, a carga da conveniência ou seu oposto, de acordo com interesses de cada grupo e em certas ocasiões. Assim é que, em nosso tempo, em que vamos erguendo essa Torre de Babel moderna, verdade e mentira se misturam ao gosto do freguês, criando o que já chamam de pós-verdade. São as chamadas mentiras sinceras ou verdades fictícias, tudo muito bem ajeitado e amarrado, dentro do embrulho que passou a ser conhecido como a meta-verdade, dentro desse mundo virtual em que vamos nos enfiando até o pescoço.
O trabalho em desembaraçar o ex-presidiário Lula das amarras da Justiça, depois de um caminhão de provas, confissões de cúmplices e devolução real de grandes somas de dinheiro, é um exemplo dessa pós-verdade, construída dentro desse mundo virtual de aparências, onde o verdadeiro e o falso ganham mesmo protagonismo e roupagem, transformando o que é em o que não é.
Assim como a coragem humana, a verdade vai se exilando para longe e hoje são raros os exemplos daqueles que defendem e lutam pela luz da verdade, já que a maioria prefere repousar sob a sombra da mentira. Não fosse por essas nuances singelas entre os padrões modernos a classificar verdade e mentira, pouco ou nada haveria o que comentar. Ocorre é que existe, exatamente entre essas tênues variações, todo um conjunto de realidades que vai afetando nosso cotidiano, colocando-nos num mundo de incertezas e dúvidas, em que os honestos e éticos vão se assemelhando aos criminosos, sendo as virtudes iguais aos vícios, com o homem de bem se envergonhando de seu comportamento, considerado hoje conservador e ultrapassado.
Mesmo o combate às chamadas fakenews e sua coirmã representada pelo controle da mídia, defendido justamente pela alma mais mentirosa deste país e seu grupo, encastelado nas altas cortes, entram nesse “novilíssimo” processo de falsa purificação, não por uma busca e sede de verdade, mas por estratégias políticas que visam manter essa confusão em que as línguas foram costuradas com arames e ninguém já não se entende. O fato é que, ao acenderem as luzes sobre as leis, haverá de ficar claro, para todos, que não se faz e não se opera justiça alguma sobre um mar de mentiras. É ou não é?
A frase que foi pronunciada:
“No Brasil, quem tem ética parece anormal.”
Mário Covas
Diário de Brasília
Café, leite, pão quente, manteiga e jornal. Era esse o pensamento de Geraldo Vasconcelos quando capitaneou o lançamento do Diário de Brasília, em 1° de Maio de 1972. A notícia vinha com o primeiro alimento da manhã. Para o corpo e para as tomadas de decisão. Veja a foto do jornal a seguir.
Corpo
Participaram, do Diário de Brasília, Antônio Carlos Elizeide Osório, vice-presidente do jornal e primeiro advogado de Brasília; José de Ribamar Oliveira Costa, diretor financeiro; Ivo Borges de Lima, diretor comercial; Oswaldo Almeida Fischer, escritor; Wilson Menezes Pedrosa, diretor de impressão, que foi também diretor da gráfica do Senado; José Carlos Vasconcelos, integrante da equipe da gráfica; Nuevo Baby, redator-chefe; e Maria Julia Ludovico, secretária executiva da diretoria. Também colaboraram os jornalistas José Wilson Ibiapina, Fernando César Mesquita e Paulo Fona.
História de Brasília
O governo anunciou há três meses, a diminuição do preço do gás engarrafado. Anunciou certamente sem saber o que estava prometendo, porque veio, agora, um aumento de uma violência sem paradeiro. (Publicada em 01.03.1962)
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Saudada como uma espécie de musa intelectual das almas penadas que professam o credo no messianismo sem cérebro do lulismo, a professora Marilena Chauí, encontrou na pobre e sofrida classe média brasileira, um mote para desenvolver todo um rosário de elucubrações pseudofilosóficas em torno do, nada nobre, sentimento de ódio que diz sentir e alimentar por esse estrato da pirâmide social do nosso país.
De fato, o Brasil é um país sui generis. Como dizia o músico Tim Maia, em suas tiradas sinceras, o Brasil não pode dar certo, pois aqui, prostitua se apaixona, cafetão tem ciúmes, traficante se vicia e pobre é de direita. Poderíamos acrescentar ainda a esse chiste o fato de possuirmos os melhores eleitores que as promessas vãs e os auxílios emergenciais e eleitoreiros podem comprar e iludir.
Interessante que, nessa malquerença contra a classe média brasileira, alinha-se também o ex-presidente e ex-presidiário Lula da Silva. Não em decorrência de reflexões e outros trabalhos mentais, mas simplesmente porque ouviu essa tese, gostou dela e achou o que dizer nos palanques exclusivos. Um dia, algum psicanalista irá se interessar pelo o que esse demiurgo das montadoras de automóveis vem dizendo, sem mesmo perceber, nos palanques da vida.
Há muito se diz que é nos palanques que políticos como Lula se revelam e podem ser dissecados até as vísceras. Jornalismo é para se ocupar de fatos sérios e que dizem respeito direto à vida dos leitores e não para analisar ou zumbis insepultos. Mas em se tratando de Brasil, onde realidade e fantasia se misturam numa geleia gosmenta, é preciso acompanhar, de perto, esses personagens, porque mesmo habitando o mundo ficção, eles podem interferir em nossas vidas, maltratando a nossa realidade diária.
Na relação, pouco usual entre Lula e Chauí, difícil saber onde começa o criador e termina a criatura. Há, por parte da professora paulista, uma tentativa de buscar alguma racionalização e pontos de apoio filosóficos dentro do universo lulista, o que, em si, já nos parece surreal. Dizer que filósofos, por suas carências de ordem pessoal demonstram partidarismo por essa ou outra corrente ideológica e política, já é um contrassenso que compromete a própria imagem de liberdade que deve manter os livres pensadores.
Quem diz pensar, refuta, duvida e não se alinha a ninguém. O livre pensador é um indivíduo solitário, que cultiva sempre a dúvida, mantendo distância principalmente dos poderosos, sejam eles políticos, empresários ou outros próceres da República. A linguagem do pensador e do filósofo, jamais deve se deixar enlamear pelos discursos e pelas ideologias, principalmente aquelas do momento. Filósofos que acreditam em utopias e distopias vindas de políticos, deveriam voltar aos bancos escolares.
Lula odeia a classe média, como disse em recente discurseira, enquanto dizia isso apontava para o infinito o braço carregando no pulso um relógio de mais de R$ 80 mil, apenas porque jamais conseguiria se integrar à classe média, já que essa é uma parcela da população, formada mais ou menos por cerca de 100 milhões de brasileiros, gente que sempre trabalhou, pagou impostos e luta para ter uma vida digna.
Chauí odeia a classe média porque é a única que parece não dar ouvidos às próprias tolices acadêmicas. Na verdade Chauí e Lula detestam todos aqueles que não querem ser parecidos com eles, nem hoje, nem nunca.
A frase que foi pronunciada:
“É por isso que a arte existe. A realidade, por si só, não basta.”
Mamfil, Manoel Andrade, nosso colaborador
História da cidade
Hora de as escolas planejarem um passeio histórico. Catetinho recebendo visitação depois da reforma.
O silêncio poderoso
Babel por balbucio. Essa troca de palavras do autor Dore Gold expõe temas interessantes para um debate maduro entre os cientistas sociais. O livro divide os temas: as raízes do terror, a erosão dos padrões, o fracasso prenunciado, o retorno da ONU? Imparcial ao genocídio, cenas do inferno, equivalência moral institucionalizada, a ONU apoia o terrorismo. Conclusão: da equivalência moral à ordem mundial. O livro: Torre de balbucio: como as Nações Unidas alimentaram o caos global.
Susto
Na década de 70, eram muitos os pescadores que voltavam para Brasília do Araguaia, trazendo pequenos jacarés que eram jogados vivos no lago Paranoá. Pena que as imagens de Marcelo Bosi, enviadas pelo WhatsApp nessa semana, não mostrem claramente que o jacaré estava no lago candango. Com o filho de 16 anos, enquanto remava, gravou a cena do animal. Veja a seguir.
História de Brasília
Hoje é dia de reunião do Conselho de Ministros. É o dia dos ministros passearem no planalto. Veem de manhã e voltam de tarde. E ficam torcendo para a reunião não demorar muito, senão terão que viajar no Panair das 20 horas, com escala em Belo Horizonte. (Publicada em 23.02.1962)