Tag: Justiça
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;

Um volumoso capítulo, neste triste enredo da Lava Jato, ainda está por ser escrito revelando os bastidores e as atuações de dezenas de bancas de advogados criminalistas colocados, à peso de ouro, à disposição da maioria dos implicados nessa rumorosa Operação da Polícia Federal e do Ministério Público.
De fato, a Lava Jato acabou expondo, até pelo montante impressionante de dinheiro envolvido nesses crimes, como é possível à uma categoria profissional, que tem no seu mister a obediência à justiça e à ética, enriquecer da noite para o dia, apenas costurando ações judiciais que livrem seus clientes das grades.
Nessa altura dos acontecimentos, já ficou claro para todos que o grosso dos honorários recebidos por esses novos milionários veio da mesma fonte onde brotaram os bilhões de reais extraídos em contratos fajutos dessa e de outras estatais. Formam, portanto, um mesmo conjunto de dinheiro sujo, tungado, por meliantes da política, do contribuinte brasileiro. Não se tem, por enquanto, o montante dessa fortuna que acabou recheando as contas bancárias desses agentes da lei. O que se sabe, é que caberiam em muitas grandes malas de grifes famosas. Vale reforçar com letras garrafais que, obviamente, tudo dentro da maior legalidade, para nossos frouxos parâmetros éticos.
A questão aqui é justamente a legitimidade desses altíssimos honorários, pagos por gente tão famosa, como ousada, e que nunca imaginariam conhecer o catre por dentro. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), tão ciosa de sua existência, jamais ousou inquerir sobre a origem dessa montanha de dinheiro, transferida dos acusados para seus defensores.
Houvesse um pingo de interesse dessa instituição em esclarecer e criar regras impeditivas para o recebimento de dinheiro suspeito, outro rumo tomaria esse descalabro que afronta os brasileiros de bem. Caberia, antes de tudo, à Justiça, em nome da sociedade, impor condições para deter essa transferência de dinheiro de uma mão para outra, obrigando que envolvidos em casos de desvios do erário fossem representados pelos defensores públicos.
Não é por outra razão que milhares de advogados desse país estão hoje à serviço da defesa desses corruptos, numa movimentação agitada, impetrando mandatos sobre mandatos, colocando o que ainda resta da boa justiça contra a parede. Até mesmo a transparência que se exige hoje sobre a movimentação do dinheiro público deveria ser usada para revelar os valores pagos em forma de honorários.
Essa situação surreal faz com que o dinheiro surrupiado da população acabe sendo consumido na defesa desses criminosos, indo parar no fundo da algibeira dos profissionais que têm toda a liberdade de trabalhar no Brasil.
O pior é que, para muita gente, o que está havendo é uma espécie de lavagem de capitais, utilizando-se desses famosos escritórios para branquear esses recursos. Ou a OAB se pronuncia sobre essas suspeitas e esse acinte a ética profissional, ou se cala, sabendo que a verdade foi revelada. De toda a forma, o que se tem, é que essas bancas, famosas ao defender os predadores do patrimônio público, estão, na verdade, se transformando em promotores contra a sociedade, e contra os pagadores de impostos, que são obrigados a aceitar o fato de que seu próprio dinheiro é usado de quatro modos para lhe afrontar a dignidade: para enriquecer esses corruptos e seus familiares, para a defesa dos mesmos em caso de serem apanhados, para engordar contas bancárias de famosas bancas de advogados criminalistas e, finalmente, para ser obrigado a pagar os rombos deixados pelo rastro da falta de ordem e progresso. Criamos, por nossa leniência, esses absurdos.
A frase que foi pronunciada:
“Não há nada mais relevante para a vida social que a formação do sentimento da justiça.”
Rui Barbosa

Facilidade
Quem sabe o secretário da Segurança Pública da Paz Social, Cristiano Barbosa Sampaio, venha encampar a responsabilidade de colocar equipes pelas regiões administrativas durante a madrugada. São muitas festas que começam na sexta-feira e só terminam na madrugada da segunda-feira. É uma forma simples de encontrar drogas e traficantes.
Um dia
Dia Distrital do Gari. No dia 16 de maio será ponto facultativo para os profissionais que limpam a cidade. Um projeto do deputado Chico Vigilante instituiu a data no calendário oficial do DF. Infelizmente, até agora os lixeiros continuam pendurados nos caminhões madrugada a dentro, correndo risco e cheirando lixo. Até agora, não há regras contra. Nem o Código Nacional de Trânsito vale para impedir esse absurdo.

Novidade
No WhatsApp corria o vídeo de uma quadrilha dançando em uma festa de São João. Comandada pelo sanfoneiro que gritava: Anarriê! Olha chuva! Olha o Neymar! Nesse momento todos caiam.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Enquanto os ministérios das Minas e Energia, e Fazenda, são obrigados a abandonarem a Esplanada, por falta de espaço, os blocos dos ministérios ficam sendo ocupados por repartições alheias, como é o caso do Iapfesp, que deveria estar na administração da sua superquadra, para ver as mazelas, e procurar corrigir os defeitos. (Publicado em 24.10.1961)
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Asas da liberdade
Com a reabertura democrática,os movimentos sociais sufocados por duas décadas de opressão vieram à tona com toda a força, deflagrando pelo país as mais variadas reivindicações. Primeiro pela liberdade de organização e de sindicalização.
Realizada esta etapa, seguiram-se agitações por reposições salariais, planos de carreiras e outros auxílios diversos. Desse tempo ficou a esperança de que, para o funcionalismo público, se abririam dias de bonança. Passada esta fase “juvenil” de nossa democracia, depois de igual período experimentando o regime de liberdades plenas, outras e novas questões surgiram no rol reivindicações da categoria.
Para os professores, em especial, a realização de uma ou duas greves anualmente, deixou claro que algo errado persistia com a classe. A almejada liberdade, onde tudo seria conquistado pela pressão desses profissionais, não trouxe as melhorias sonhadas. As escolas continuaram no seu lento processo de sucateamento, os ganhos salariais obtidos numa ponta, foram facilmente corroídos no outro extremo pelos efeitos da inflação em cadeia. As vitórias do dia anterior eram facilmente ultrapassadas pela realidade do dia seguinte.
A mesmice das greves, entronizadas no cotidiano de alunos e pais, só fez crescer o processo de decadência acentuada do setor educacional.
Desmotivação e professores cada vez menos preparados para a função foi o que restou de anos de paralisações.
Sem outra razão para existir do que fomentar greves relâmpagos, restou aos sindicatos o papel de piromaníaco das relações trabalhistas.
Rapidamente alguns professores mais lúcidos começaram a perceber que neste labirinto não havia saída nem solução possíveis .
O problema da educação pública de qualidade é muito superior às questiúnculas sindicais imediatistas e de cunho ideológico partidário.
Definitivamente não há solução possível via greves e interrupções sistemáticas de aulas. Passou da hora de o governo Rollemberg tomar a dianteira em relação ao restante do país e buscar conjuntamente a solução definitiva ou de longo prazo para os muitos problemas do ensino público.
Propostas, como a mudança no método de custeio do ensino, através da adoção do financiamento do sistema com base em valores per capita de cada aluno efetivamente matriculado e frequente, poderiam ser discutidas. Em outras palavras, os recursos para bancar escolas e professores viriam de cada aluno financiado pelo governo. Os recursos ficariam sob a administração de cada regional que aplicaria diretamente em suas escolas.
A Secretaria de Educação precisa cortar as gorduras, assim como o restante da burocracia perdulária e inoperante. A autonomia das escolas daria sentido ao sistema da meritocracia, premiando as boas escolas e reorientando aqueles estabelecimentos menos capazes. Enfim, livrando as escolas da intromissão política dos governos e de quebra libertando os professores da opressão dos sindicatos.
A frase que não foi pronunciada
“A gratidão tem memória curta.”
Benjamin Constant
Posse
Com 37 anos, o oncologista Gustavo Fernandes vai dividir a tarefa de dirigir o Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês(Unidade Brasília), e a presidência da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. No discurso da posse na SBOC, o especialista em tumores gastrointestinais declarou que está pronto para trabalhar para que a entidade seja um modelo para o país.
Verdade
Quem sempre teve ojeriza de imitar americanos agora compra a briga pela legalização do aborto agradando a multinacionais que gargalham frente às facilidades da corrupção no Brasil. O juiz que autorizou o primeiro aborto nos EUA, no caso Roe contra Wade, carrega o arrependimento por toda a vida. Ele disse que, se naquela época os aparelhos de imagem fossem tão avançados como os de hoje, jamais permitiria o assassinato intrauterino. Não faltam vídeos no YouTube mostrando o esforço dos bebês para sobreviver aos ataques patrocinados pela própria mãe.
Em nada
Com a timidez de sempre, os tucanos criticam a pizzada da CPI do BNDES. Deputados do PSDB comentaram sobre a falta de acesso aos documentos e ingerências políticas no processo. De acordo com o Coaf, as operações suspeitas somam R$ 500 milhões.
Memória
Foi só chegar às empresas telefônicas, pagar R$ 600 pelo extrato de ligações de quem quer que seja. Senadores já compraram o próprio sigilo telefônico. O senador Álvaro Dias conferiu a lista das próprias ligações. Estava certa. O deputado Gustavo Fruet também checou. Só o então senador Aloisio Mercadante disse que as informações eram falsas. O fato ocorreu em 2008.
Perigo
Que rigor é esse? 520 mil toneladas de agrotóxicos consumidos em 2014 no Brasil. Enquanto o mundo inteiro proíbe vários tipos desse do produto, o nosso país recebe sem burocracia. Os rios vão sentindo o impacto.
História de Brasília
O Ministro Pedroso Horta foi o primeiro a tomar conhecimento da decisão do sr. Jânio Quadros, mantendo, entretanto, segredo absoluto. (Publicado em 26/8/1961)

