Nosso futuro Saara

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Andre Penner/AP

 

Como país que possui a maior parte do seu território inserida entre as linhas imaginárias dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, o Brasil e outros na mesma situação geográfica experimentarão, nas próximas décadas, um escalonamento progressivo nos níveis de temperatura, que tornarão a vida nesses locais, para dizer o mínimo, um martírio. Sobretudo, as regiões ao Norte, que incluem os estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins.

As temperaturas nesses locais, por volta da virada do século, poderão aumentar, em média, até 12 graus centígrados, aproximadamente, o que tornará a permanência de populações nessas áreas, um risco sério para a saúde. Esses efeitos catastróficos se estenderão também para todos os países da América Latina situados próximos a essa latitude, o que pode gerar um fluxo nunca visto de migrações em massa de populações para outras partes do planeta.

O problema é que o tempo na natureza não é o mesmo que reconhecemos nos relógios. Além disso, a natureza não tem qualquer compromisso com a sobrevivência da espécie humana, a partir do ponto em que passamos a romper, unilateralmente, os códigos naturais que ordenam o respeito total ao meio ambiente e a sua preservação. Sem a preservação do meio ambiente e de todos os biomas conhecidos, a vida sobre o planeta será tão limitada e complexa como é hoje viver sobre o planeta Marte ou outro do nosso sistema solar.

Cavamos, por nossa incúria e ambição, a sepultura dos futuros habitantes desse planeta, sem qualquer arrependimento, cometendo uma espécie de crime premeditado contra a humanidade, que faria o Holocausto, com todo o respeito e dor, parecer uma travessura de criança. O desmatamento que segue acelerado em toda a área da floresta Amazônia, e que já consumiu também boa parte do Cerrado brasileiro, é a prova de que não apenas somos cúmplices desse genocídio, como deixamos todos os vestígios desse crime à mostra.

Seguidamente, os alertas científicos têm sido ignorados, quando não ridicularizados por nossas autoridades em conluio com os mais poderosos e gananciosos grupos empresariais que praticam, em larga escala, a produção de grãos de carne bovina para o mercado externo.

Os bois e as monoculturas avançam florestas adentro, trazendo, atrás de si, as motosserras os tratores que cuidam de “limpar” a área para nova produção, enquanto o Sol, inclemente e impassivo em sua posição perpendicular ao solo, cuida de calcinar o campo descoberto, provocando primeiro um processo de savanização e depois o deserto com suas areias escaldantes e áridas.

A floresta amazônica e o Cerrado representam o nosso Saara do amanhã. De acordo com estudos elaborados e publicados pela Communications Earth & Environment, e que contou com a colaboração de cientistas brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz no Piauí, o desmatamento e a degradação do meio ambiente acelerada e sem contenção alguma tornarão as regiões do Norte do Brasil intoleráveis para a presença humana, Desidratação, cãibras, hipertermia e morte são os sintomas que aguardam aqueles que permanecerem nessas localidades, quando o forno da natureza for aceso de modo irreversível e avassalador.

Por enquanto, são apenas previsões, mas que já se anunciam no dia com o aumento paulatino das ondas de calor. Moradores antigos dessas regiões lembram que, a cada nova estação do ano, os fenômenos anormais de cheias e enchentes, seguidos de ondas de calor insuportáveis, acontecem em ritmos cada vez mais intensos, prenunciando o pior que está por vir, se nada for feito de imediato não apenas no combate ao desmatamento, mas em projetos de reflorestamentos emergenciais.

Notem que, no atual estágio de degradação ambiental que estamos, já não adiantam medidas contra o desmatamento que não acontecem, mas é preciso ainda um largo e lento processo de reflorestamento dessas áreas desmatadas, pra recompor, ao menos, parte dos estragos já feitos. Mesmo assim, os cientistas acreditam que todo esse processo de reverter o que foi destruído ao longo dos anos já se tornou uma tarefa muito além da capacidade humana, sobretudo quando se sabe que todo esse esforço para impedir o pior ainda é um sonho de ambientalistas e sequer passa na cabeça daqueles que estão nas altas esferas do atual governo e entre os poderosos empresários do agrobusiness.

Em breve, todos esses senhores da morte estarão lavando as mãos para essas consequências deixadas para trás, sendo toda a culpa, pelos crimes ambientais, depositado nas contas do pequeno agricultor da região que vivia do extrativismo artesanal da castanha do Pará.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Você tem cérebro em sua cabeça. Você tem pés em seus sapatos. Você pode se orientar em qualquer direção que escolher.”

Dr. Seuss

Imagem: brasilsemmedo.com

 

História de Brasília

Adjubei, genro de Kruchev, depois de visitar Brasília, disse que tivera, ao conhecer Oscar Niemeyer, maior emoção do que quando conhecera seu sôgro. (Publicada em 10/02/1962)

O agronegócio a semear as tempestades de areia

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Por toda a parte, no imenso território brasileiro, os fenômenos climáticos anormais e desastrosos vêm se intensificando a cada ano, indicando que, ao lado dos efeitos provocados pelo aquecimento global, que afetam igualmente todo o planeta, também nosso país experimentará, de forma severa, as consequências dessas mudanças ambientais. Secas, incêndios, erosões, tornados, trombas d´água e, agora, as tempestades de areia, vão compor esse novo cenário cotidiano de catástrofes climáticas, que têm, na ação humana, um dos seus principais causadores. Estamos literalmente colhendo tempestades, depois de termos plantado as sementes da razia do meio ambiente.
A expectativa quanto à colheita dessa safra de calamidades é de que nos próximos anos tenhamos produção em dobro, dando tempo, quem sabe, de arrependermos de nosso comportamento frente ao ambiente, quer pela nossa cumplicidade nesses eventos, quer pela nossa omissão e silêncio. Somos todos igualmente responsáveis pelos acontecimentos adversos que estamos experimentando.
Quando fechamos os olhos para medidas e projetos que poderiam amenizar esses efeitos. Quando simplesmente apoiamos propostas que visam, a todo o custo, desmatar e queimar áreas de vegetação nativa, para a implantação de latifúndios para a produção de monoculturas transgênicas. Ou quando permitimos que essas safras sejam sufocadas com grandes quantidades de pesticidas e agrotóxicos de alta periculosidade e que envenenam o solo e a água.
As tempestades de areia, que no fim de semana surpreenderam as populações do interior de São Paulo e de Minas Gerais, e que pareciam restritas apenas a cidades da Índia, onde, em 2018, mataram mais de 100 pessoas, ou em cidades como Pequim ou no norte da África, agora parecem fazer parte também de nossa paisagem.
Os fenômenos de tempestades de areia, que em algumas estações do ano engolem cidades inteiras à beira dos desertos pelo mundo, parecem avançar para outras partes do globo. Anteriormente, esse episódio havia sido registrado em 2017, no interior do Rio Grande do Sul, e foi, segundo os técnicos e outros especialistas que acompanham esses acontecimentos da natureza, motivado pela transformação dos pampas gaúcho em areia, devido a intensificação dos processos de erosão do bioma pela atividade do agronegócio.
A cada ano, aumentam as manchas de areia nessa região, devido ao mau uso da terra. São milhares de hectares da zona rural que foram totalmente transformados em areais, áridos e desérticos, onda nada mais brota. O que está acontecendo agora em cidades paulistas, como Ribeirão Preto, Franca, Presidente Prudente, Jales, Araçatuba e outras do Triângulo Mineiro, resulta também da intensificação das atividades do agronegócio, que substituíram, há alguns anos, a policultura, por monoculturas de soja, milho e cana-de-açúcar, degredando gravemente boa parte do solo da região.
Com os ventos de quase 100 km/hora, registrado nesse último fim de semana, o solo seco, castigado ainda pela seca prolongada que afeta toda a região, ajudou a cobrir muitas dessas cidades com espessas nuvens de poeira e areia, num prenúncio de que estamos no caminho errado quanto a exploração da terra.
O agronegócio, uma atividade econômica que muitos dizem não produzir alimentos e, sim, lucros para uma minoria, obviamente diz não se responsabilizar por esses efeitos. Uma vez exauridos os recursos naturais de uma região, com o esgotamento total do solo, o agronegócio ruma para outra região e deixa o deserto atrás de si. Preço alto para as próximas gerações.
A frase que foi pronunciada:
“Somente entendendo a complexidade cultural e a amplitude do conceito de agricultura que podemos ver as diminuições ameaçadoras implícitas no termo agronegócio.”
Wendell Berry
Wendell Berry. Foto: Guy Mendes
Pelo zoom
Hoje é dia de reunião do Conselho de Segurança do Lago Norte. Geralmente são reuniões bastante produtivas e com muitas participações. Veja os detalhes a seguir.
Homenagem
Também, a seguir, um registro histórico de Laércio Filho sobre seu avô Djalma Silva, que faria 100 anos.

–> Djalma Silva, *27/09/1921, Floriano, PI; +12/08/2013, Goiânia, GO.

Por ocasião do centenário de seu nascimento, tomei a liberdade de escrever algumas linhas sobre meu querido avô.

Há 100 anos, em Floriano, nascia o primogênito de João de Deus Alves da Silva e Corina Maria de Jesus. Seu assento de nascimento, lavrado no cartório Leal daquela cidade, curiosamente anota somente seu prenome DJALMA. Mesmo sem superar o brilho renascentista de seu pai, Djalma resplandeceu numa vida muito simples, dedicada e fiel. Respeitado por seus confrades maçons, pelos alunos e colegas, exerceu o magistério e a administração educacional em Floriano, em Caxias do Maranhão, em Anápolis, em Nerópolis e em Goiânia, onde viveu até seus últimos dias, em 2013.

Trabalhava muito. Oportunidades de trabalho o fariam se mudar sucessivamente em 1950 para o Maranhão, em 1962 para Goiás e, enfim em 1970 para Goiânia, onde se fixaria definitivamente. Certa vez, quando se dividia entre aulas em Nerópolis e na capital goiana, desmaiou durante um de seus deslocamentos entre as cidades, caindo de sua moto Vespa e machucando-se. De seu trabalho no magistério, ainda em Floriano, colheu o coração da moça Adália, que se mudara do distante Brejo Novo para a Princesa do Sul, onde continuaria seus estudos e mudaria os rumos de sua vida ao casar-se em 1947 com o respeitado professor.

Um bibliófilo de quatro costados, encantava os netos e provavelmente exasperava a mulher com sua valiosa biblioteca, que chegou a ter mais de 30 mil volumes empilhados num quartinho aos fundos de sua residência. Também enfeitiçava as crianças quando apanhava madeiras de buriti para esculpir elaboradas miniaturas de aviões ou navios, com as quais presenteava os netos. Desenhava bem e com esmero, tendo me iniciado nessa arte.

Foi escritor, poeta e cordelista. Deixou várias obras e, creio, nunca ganhou um centavo com elas. Distribuía-as livremente entre amigos e familiares.

Durante toda a vida, manteve correspondência com amigos e familiares em todo o Brasil. Apoiou sempre que pôde irmãos e parentes, seus próprios e de Adália. Descobri, anos após sua morte, de seu costume de mandar dinheiro para parentes em dificuldades. Dinheiro esse que nunca sobrou em sua própria casa. Mas criou honrosamente os quatro varões com a valiosa parceria de Adália. Mesmo que mantendo distância, soube honrar a família da esposa, tornando-se querido pelos seus!

Por ocasião de seu centenário, sua descendência soma quatro filhos, dez netos e seis bisnetos.

Viva vovô Djalma!

História de Brasília
Brasília tem defeitos, e nós temos apontado muitos. Fale mal, mas não minta. Não desmoralize um jornal, que afora ser uma simples casa de obras com rotativa, pertence, ainda, a um governo, que poucas vezes tem mentido na vida. (Publicada em 9/2/1962)

CPI e os cassinos

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Simone Tebet e Humberto Costa: aliança contra jogos de azar, cassinos e lavagem de dinheiro. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

 

Com relação às CPIs, há muito já se sabia: quanto mais ela cava, mais encontra vestígios enterrados de falcatruas de todo o tipo, cometidas em todo tempo e lugar. Fosse prorrogada ad infinitum, ainda assim seriam descobertos crimes diversos. Por isso mesmo o prazo estabelecido para o encerramento dos trabalhos, com a apresentação do relatório final. Por isso também, a definição do escopo e dos limites impostos às investigações. É como dizer: essa CPI só pode cavar aqui nessa área cercada. Doutro modo, veríamos o país se transformar numa gigantesca Serra Pelada.

Acontece que, quando se está no escuro do subsolo, a desorientação faz com que os investigadores avancem além das direções delimitadas e acabem encontrando novos e reveladores crimes conexos. Para a sorte de uns e não tanto de outros, a atual Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, denominada CPI da Pandemia, foi obrigada a prorrogar os trabalhos e a entrega do relatório final, que muitos acreditavam já estar pronto, por conta de novas informações que vão chegando diretamente dos buracos recém-escavados.

Num dos últimos depoimentos colhidos pela CPI, o diretor-geral da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, empresa que teve seus bens bloqueados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por conta das negociações nebulosas na compra da vacina indiana Covaxin, o ao ser inquirido sobre sua viagem a Las Vegas, nos Estados Unidos, juntamente com uma comitiva de parlamentares, o empresário desconversou, afirmando não saber. Mesmo diante dessa evasiva, os senadores que compõem a Comissão fizeram lembrar, ao desmemoriado depoente, que ele e a tal comitiva, paga com o dinheiro do contribuinte, estiveram na chamada “cidade do pecado” para verificar, in loco, a possibilidade de trazer os cassinos de volta para o Brasil, com a liberação total dos negócios relativos à jogatina.

Trata-se, segundo alguns senadores, da possibilidade da concretização de um desejo da base do próprio governo de ver a volta dos cassinos ao nosso país. Para alguns senadores mais exaltados, a viagem tratou da possibilidade de organizar meios para que a lavagem de dinheiro, a sonegação de impostos e o fomento ao crime organizado entrem no país sem chamar a atenção. “A máfia americana de Las Vegas tomaria conta desse negócio grande e as milícias que existem hoje continuariam a tomar conta dos negócios pequenos”, disparou outro senador.

Ora, ora, ora, quem diria que a CPI, ao mirar nos descaminhos da Covid-19 e na omissão do Governo Federal com a vacinação, acabaria adentrando na seara da jogatina e da máfia que, há décadas, comanda esse tipo de negócio nos EUA e em outras partes do mundo. Vira e mexe e a questão da volta dos cassinos entra na pauta do Congresso. Os presidentes das duas Casas do Congresso já deram a entender que, caso haja o aval de líderes partidários, o Legislativo irá tratar, mais uma vez, da questão da liberação dos jogos de azar. Inclusive, já há, na Câmara dos Deputados, um grupo de trabalho destinado a promover a legalização dos jogos de azar, com previsão para concluir seus trabalhos ainda esse ano.

Mesmo o atual governo vê com bons olhos essa possibilidade para incrementar a arrecadação de impostos. O mais impressionante é que são justamente aqueles que se dizem conservadores os mais empenhados na volta dos cassinos. Não tenham dúvidas, uma vez instalados no país, em pouco tempo haverá a necessidade da instalação de uma CPI para investigar os Cassinos. Cassinos representam, na avaliação do cidadão de bem, a possibilidade de dar recursos infinitos para as organizações criminosas. A questão é que esse é um projeto já rechaçado pela população que conhece bem a índole de nossos políticos e sua dissintonia com as necessidades reais dos brasileiros, mas que ainda insistem no tema, por enxergar nesse retorno dos cassinos, uma ou muitas possibilidades de ganhos e vantagens para eles e seus partidos.

A frase que foi pronunciada:

Os homens distinguem-se entre si também neste caso: alguns primeiro pensam, depois falam e, em seguida, agem; outros, ao contrário, primeiro falam, depois agem e, por fim, pensam.”

Leon Tolstói

Léon Tolstói. Foto: Reprodução da Internet

Comunidade unida

Já foi dado o pontapé inicial para as obras do Santuário São Francisco, na Asa Norte. No Blog do Ari Cunha, a foto de José Ivan de Maruim, artista que está fazendo um painel com material reciclado, seguindo a linha franciscana.

José Ivan no Santuário São Francisco de Assis. Foto: ssfa.com

Livro

Por falar em São Francisco de Assis, Tania Fontenelli nos informa que foi publicado um e-book sobre “Verde Urbano”. Trata-se de um primeiro livro da Série “Eu, o meio ambiente e você”, que traz temas científicos para serem popularizados. A UNASPRESS fez o projeto gráfico e a capa é de Sebastião Salgado. Acesse o livro no link: Verde Urbano.

–> Hoje foi publicado um e-book sobre “Verde Urbano”. Trata-se de um primeiro livro da Série “Eu, o meio ambiente e você” que traz temas científicos para serem popularizados. A UNASPRESS fez um projeto gráfico e edição de tirar o chapéu!

Este e-book tem capa de Sebastião Salgado, laureado antes de ontem com o prêmio Imperial do Japão, considerado o “Nobel das Artes”, e colaboradores incríveis que escreveram textos simples, de fácil compreensão, de forma que este material possa alcançar facilmente o “grande público”, popularizando a ciência, levando conhecimento para os que não tem pouco acesso e difundindo a construção de um mundo melhor, um mundo mais verde e azul!

Cabe um imenso agradecimento aos autores que contribuíram para esta obra, em especial à Natalia e Bete que escreveram textos brilhantes sobre o verde urbano e saúde física e mental.

Aproveito para dizer que amanhã, este material estará disponível para todas as secretarias de meio ambiente do país, nos sites das agências da ONU (FAO e PNUMA), além de ser também divulgado por organizações internacionais como ICLEI.

Peço que compartilhem este .pdf para o maior número de pessoas que puderem e presenteiem pessoas queridas com este livro! O livro é gratuito, mas o significado do presente pode ser imenso…

Sem quê

Lembram da árvore da Valentina, na entrada do Lago Norte? Não podaram. O pessoal da manutenção dos jardins eliminou-a.

Charge do Arionauro

De olho

Maria Lúcia Fattorelli sublinha o Art. 37-A da PEC 32, onde permite que negócios privados usem estabelecimentos públicos para prestar seus serviços.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Resumo

Veja, a seguir, um resumo do destino das verbas públicas, em tempos de pandemia, esmiuçadas pelo Brasil Paralelo.

História de Brasília

Falando de tilápias, que modestia à parte é nossa especialidade domingueira, disse que o gôverno gastou milhões importando êsses peixes do Japão. Não custou isto, nem vieram do Japão. Embora originárias da África (África, seu moço), vieram para São Paulo, onde reproduziram, e foram colocadas na granja do Ipê. (Publicada em 09/02/1962).

De olhos fechados para a educação

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Charge: reprodução celsogiannazi.com

 

Que o atual governo federal não vem dando a devida atenção às áreas do conhecimento científico, da educação e da cultura, é fato do conhecimento de muitos. O que não é do conhecimento de todos, principalmente daqueles que aplaudem a postura intransigente, é que, ao se posicionar contra essas áreas do saber humano, o governo está promovendo um atraso ou uma paralisação total do desenvolvimento do país, uma vez que se sabe que educação, ciência e cultura representam o principal lastro de progresso de uma nação.
Não é por outro motivo que a maioria dos países desenvolvidos, há muito, adotaram a educação e o incremento das pesquisas entre suas prioridades máximas. O referencial de riqueza de um país não reside mais na exploração de suas matérias-primas ou está centrada na balança comercial superavitária, como era crença durante o período mercantilista entre os séculos 15 e 18, época do colonialismo.
Hoje, os avanços na educação, na tecnologia e nas ciências são os fatores que trazem divisas para o país. A confirmar essa tese estão as empresas de alta tecnologia como as mais rentáveis em todas as Bolsas de Valores do mundo moderno. O valor de mercado de algumas dessas empresas de alta tecnologia supera em muitos bilhões as do petróleo, dos maquinários e outras. O século 21 será marcado, cada vez mais, pelo capital da alta tecnologia. Isso é uma realidade que nenhum chefe de Estado pode contestar ou se opor, sob pena de manter a nação em estágio de subdesenvolvimento perpétuo.
Quando se tem um ministro da Educação que sai pelos quatro cantos do país pregando abertamente a inutilidade do diploma de curso superior, ou dizendo que as universidades não são para qualquer um, como as falas do titular da pasta, Milton Ribeiro, fica demonstrado todo o seu despreparo para uma função que, por sua importância estratégica para o país, poderia estar no centro das preocupações e alvo das principais políticas de qualquer governo. Mas, infelizmente, não é o que vem acontecendo.
Ciente do descaso do governo e do despreparo dos ocupantes do ministério, a maioria das universidades e dos centros de pesquisa do país não escondem seu descontentamento com a atual gestão e, em alguns casos, estão em confronto declarado com o governo e com o ministro da Educação.
Para piorar um panorama que é, em si, para lá de caótico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma entidade que o Brasil tem feito grandes esforços para integrar de fato, afirmou em seu Relatório Education At Glance (Um Olhar sobre a Educação)”, divulgado na quinta-feira (16/09), que a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens brasileiros, principalmente os de baixa renda, ao afetar as habilidades em seu desenvolvimento social e profissional, afeta, de modo direto, o exercício da cidadania.
Entende a OCDE que, entre os fatores que influenciam o desempenho na educação dos jovens, o status socioeconômico tem o maior impacto nas habilidades de aprendizagem. As desigualdades econômicas no Brasil, uma das mais acentuadas do mundo, demonstram que os jovens de classes menos favorecidas têm mais dificuldades de leitura e interpretação de textos do que aqueles de classe mais alta.
Ainda de acordo com a OCDE, o orçamento destinado para o ensino fundamental no Brasil não foi aumentado, na contramão do que fizeram outros 37 países, que, para superarem os desafios impostos pela pandemia do Covid-19, elevaram a injeção de recursos nessa etapa do ensino, como forma de contornar os problemas criados pelo apagão mundial.
Trata-se de uma estratégia que rende excelentes efeitos, sobretudo nas áreas de maior importância para o futuro, ainda mais depois de crises de grande impacto, como a pandemia, e tem sido uma tática em muitos países situados no clube dos ricos, que sofreram com períodos de calamidade, como guerras e outros eventos. O referido relatório traz, ainda, um panorama sobre o piso salarial dos professores brasileiros no ensino fundamental, mostrando que, entre 40 outros países, o Brasil é onde os rendimentos dos docentes, no início de carreira, é um dos menores do mundo.
Para a OCDE, a carreira de professores no Brasil precisa ser estruturada, de modo a garantir o desenvolvimento profissional dos mestres, bem como o aumento da aprendizagem dos alunos. Essas são, sim, apenas algumas das necessidades que até os técnicos de fora enxergam em nossa educação de base. Para um ministro que se preocupa apenas em agradar a quem o nomeou, essas são prioridades que sequer ele próprio tem conhecimento formal, ou finge ignorar.
A frase que foi pronunciada
“Tudo serve para alguma coisa, mas nada serve para tudo.”
Mafalda
Ilutração: Quino
Revival
O calçamento da W3 é importante, mas não é a única obra que essa via necessita para voltar a ser o que era. O tempo e o descaso de muitos governos e da própria população causaram estragos nas W3 Norte e Sul, que exigirão esforços não só do governo, mas de todos que querem essas avenidas de volta.
Foto: embsb.com

Agito

O tempo dos shoppings parece, com a informatização e com as compras online, ter chegado a um limite e a uma exaustão. Por isso o renascimento das avenidas W3 Norte e Sul podem representar uma nova era de prosperidade para a cidade em que todos sairão ganhando, não só os comerciantes, mas os consumidores, incluindo aí os amantes da noite, os artistas, os galeristas, os boêmios, os turistas e uma infinidade de outros brasilienses, carentes de um lugar que não tenha hora para fechar.

Foto: olharbrasilia.com
História de Brasília
Cada superquadra tem um bar que não merece. A 106, o Caiçara, a 306, o Barrica (gafieira), a 107, o El Torero, a 304, o Copo Verde, e assim por diante. (Publicada em 08/02/1962)

A bastilha do Estado

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Justiça seja feita. Depois dos acontecimentos de Sete de Setembro, é preciso que a nação encontre meios para, de forma ordeira, nunca mais ter que experimentar crises institucionais cíclicas. E por uma razão bem simples: essas crises, por seu potencial destrutivo, acabam arruinando qualquer pretensão de crescimento econômico, o que, em última análise, acaba afetando, de modo direto, a vida de todos os cidadãos.
A inflação, que agora ameaça voltar aos dois dígitos, além do fator pandemia, é consequência, também, das repetidas crises institucionais, sobretudo pelo custo que esses desacertos ocasionam à máquina do Estado. Estão embutidos nessas querelas pecuniárias entre os Poderes, o preço do apoio do Congresso às propostas do Executivo, estimada em bilhões de reais, além dos altíssimos custos para a manutenção das altas esferas da Justiça, que muito se assemelham às cortes de Luís XIV de França (1638-1715) denominado de “Rei Sol”, além do próprio Executivo, transformado, desde 1889, numa espécie de República Imperial ou monarquia republicana, tal a concentração de poderes e o voluntarismo que parecem dominar todos os que sobem a rampa do Planalto.
Das muitas lições que podem ser retiradas dessa data, a maioria aponta para uma reforma profunda na organização do Estado, principalmente na estrutura dos Poderes da República, corrigindo esses e outros vícios que fazem do nosso país um modelo de Estado e de democracia a não ser seguido por ninguém que tenha algum juízo.
O Sete de Setembro mostrou o que parecia impossível para todos: absolutamente nenhum dos Três Poderes possui plena razão nessa crise. Tanto que, se fôssemos julgar a culpabilidade ou inocência de cada um deles nesse episódio, todos deveriam, em graus diversos, merecer reprimenda, senão uma condenação severa, tal a deformação que essas instituições hoje apresentam.
A situação atingiu um tal ponto de desestabilização que, hoje, pouco adiantaria discutir reformas do tipo política ou administrativa que regulassem assuntos referentes aos partidos políticos ou ao funcionalismo público ou qualquer outro assunto. O que se mostra premente ao Brasil é uma profunda reforma do Estado, sob pena de ficarmos congelados em pleno século XXI, tentando a aplicação de modelos de gestão do Estado que já foram vencidos há pelo menos dois séculos pelos países desenvolvidos.
Ocorre que, para que haja uma transformação dessa monta, que enxugue a máquina pública, tornando-a menos custosa ao contribuinte e infensa a más gestores e à corrupção secular que infesta, de alto a baixo todo o seu mecanismo, faz-se necessário, primeiro, não uma nova Constituição, como muitos ardilosamente pregam, mas transpor todos os obstáculos e dificuldades criados justamente pela classe política, rompendo, assim, essa Bastilha de privilégios que engessa o Estado e o torna refém desses grupos.
É nesse ponto que qualquer avanço na modernização do Estado tem encontrado resistência. É preciso, ainda, examinar o modelo de escolha para a composição nas altas cortes, mesmo naquelas ligadas ao Executivo e que cuidam de fiscalizar os gastos públicos nas esferas federal e estadual.
Das muitas análises feitas acerca do Sete de Setembro, condenando na sua maioria e com justeza, nenhuma parece ter mencionado o fato de que as anomalias funcionais diversas estão presentes nos Três Poderes igualmente, sendo essencial a correção de todo o conjunto, e não apenas de um ou de outro isoladamente.
A frase que foi pronunciada:
“A liberdade não se perde de uma vez, mas em fatias, como se corta um salame.”
Friedrich Hayek
Foto: Friedrich Hayek
Reformas
Aos poucos, a W3 vai ganhando novas calçadas, maior organização e conservação da avenida que já foi a principal da cidade. Ainda falta muito, mas o primeiro passo foi dado para valorizar o lugar.
Foto: Renato Alves/Agência Brasília
Notícia
Em Brasília Zero Hora — nono livro de Astrogildo Miag — homenageia a capital federal, que se refaz a cada dia para mostrar gratidão a tantos brasileiros que arribaram em busca da sua acolhida e hospitalidade.
Cartaz: facebook.com/astrogildomiag
Nosso imposto
Sobre o Fundo de Participação dos Municípios, setembro representa cerca de 85% do valor total repassado aos municípios no mesmo mês do ano passado. Já foram R$ 5,4 bilhões às prefeituras. Falta uma plataforma onde os cidadãos possam acompanhar a aplicação da verba e falta, também, contrapartidas para merecer o repasse.
Charge: Ivan Cabral
História de Brasília
Sem reconhecer o esforço de outras repartições que vieram em tempos mais difíceis, termina com esta grande descoberta: Quando o Itamaraty estiver aqui, “Brasília será, então, uma grande cidade…” (Publicada em 08/02/1962)

Abraço de afogados

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Foto: AFP

 

São nos momentos de crise que devemos ouvir e refletir os conselhos transmitidos por aqueles que, por sua sabedoria e ética, sempre se apresentaram como verdadeiros luminares a clarear e indicar caminhos seguros para todos. Essa é uma das lições que todos os povos, em todo o tempo e lugar, sempre recorreram nas horas de aflição e que são atemporais, pelo poder que têm de esclarecer o passado, revisar o presente e, com isso, preparar o futuro.
Nesse sentido, tendo como fato relevante a situação política atual, fica mais do que evidente que devemos todos prestar atenção às vozes lúcidas que clamam nesse deserto de sensatez em que estamos perdidos. Ao afirmar, publicamente e de forma impensada, que doravante não mais acatará quaisquer ordens oriundas da mais alta Corte do país, o que o presidente da República fez, na prática — e, diga-se de passagem, que o levou, no passado, a ser afastado do Exército pelo mesmo motivo — foi implodir as pontes frágeis que conectavam os poderes Judiciário e Executivo, além de arrastar todo o país para uma crise institucional desnecessária e vã e que trará um conjunto de outros problemas graves que necessitam de solução urgente.
Para entender melhor que desdobramentos podem ocorrer dessa declaração inusitada e o que nos espera pela frente, nada mais útil do que escutar o que diz um dos mais renomados juristas desse país e antigo titular de direito penal da Universidade de São Paulo, Miguel Reale Júnior. Em entrevista dada à imprensa, o jurista fez uma espécie de balanço sobre os pronunciamentos do presidente no Sete de Setembro em Brasília e em São Paulo. Na sua avaliação, como resultado desses pronunciamentos, o que ficou estabelecido, de forma nítida, foi o início do estabelecimento de um marco separando, daqui para frente, as entidades políticas e a sociedade organizada, de um lado, e o bolsonarismo com seus seguidores, de outro.
Para ele, esses ataques vão se repetir cada vez com mais frequência, sobretudo tendo a figura do ministro Alexandre de Moraes como alvo, uma vez que é ele que conduz os processos de apuração sobre as fake news, o que coincide com a disposição do presidente de ter vetado justamente esse artigo na lei que estabelecia os crimes contra o Estado Democrático.
Entende Miguel Reale Júnior que, ao vetar o artigo sobre a divulgação das fake news, o presidente inviabilizou esse tipo de crime, ao mesmo tempo em que deu todas as condições para que essa prática prossiga, pelo menos até as próximas eleições. “Ele foi eleito ao lado da fake news, ele precisa da fake news para sobreviver politicamente e para mobilizar as redes sociais, por isso, ele vai continuar nessa senda. No Sete de Setembro, ele fez um discurso para si mesmo, o Brasil não existiu na fala dele, mesmo com todos os problemas graves que tem pela frente”, afirmou o jurista.
O conselho dado por Miguel Reale, tendo em vista que, por todas as demonstrações feitas até aqui, desde a posse, o presidente não demonstra vontade de parar com sua constante belicosidade. Mas Bolsonaro só irá até aonde o Centrão quiser levá-lo. Caso esse grupo político e interesseiro constate que não haverá vantagens eleitorais em colar sua imagem à do presidente e que a aliança representa um verdadeiro abraço de afogado, o atual chefe do Executivo será deixado suspenso no ar, seguro apenas pelo pincel, abandonado à própria sorte, para azar dos eleitores e de parte dos brasileiros que acreditaram em suas promessas.

 

A frase que não foi pronunciada:
“Quem protege verdadeiramente Constituição? O Executivo,  Legislativo ou o Judiciário?”

Dúvida de dona Dita

Charge do Mário

 

Educação
Ideia profícua do senador Confúcio Moura de promover uma audiência pública para discutir um estudo do Instituto Votorantim que relaciona dados socioeconômicos a taxas de letalidade pela Covid-19. A notícia é da Agência Senado.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Vulneráveis
Por outro lado, uma subcomissão vai avaliar efeitos da pandemia na educação e estudar soluções para os estragos deixados, principalmente, para as famílias vulneráveis. O senador Flávio Arns deu uma entrevista a Rádio Senado sobre o assunto.

Ilustração: saladerecursos.com

 

Comunicação
O incêndio no Hospital Regional de Santa Maria mostra que as instituições públicas devem estar de plantão para informar a comunidade por meio das redes sociais. Familiares ficaram desesperados sem notícias oficiais.

 

Mais clareza
Um passeio pelo Reclame Aqui dá uma mostra da qualidade de atendimento do BRB.

 

História de Brasília
Diz claramente que só mudará quando estiver pronto o prédio, cujas plantas ainda estão em seu poder, e ainda não foram apresentadas ao Ministro San Thiago Dantas “por falta de oportunidade”. (Publicada em 08/02/1962)

A “fakecracia” e seus “delirious”

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Foto: AFP / EVARISTO SA e AFP / Fabrice COFFRINI

 

Da falta de uma melhor qualificação do voto e do eleitor, processo esse que só pode ser atingido a partir da universalização de um ensino público de qualidade, o que temos que aceitar, e até nos conformar, é com os resultados de seguidas eleições, nas quais vários dos melhores candidatos acabam sempre ficando de fora dos pleitos.

Trata-se aqui de num processo que mais se assemelha a uma espécie de voto de cabresto às avessas, no qual os eleitores, sem a devida noção das consequências cívicas do voto, acabam impondo, à sociedade, a vitória dos candidatos mais desqualificados. É a nossa versão de kakistocracia. É esse o resultado, com maiores ou menores intensidades, que temos colhido desde a redemocratização nos anos oitenta.

Para piorar uma situação que em si já é bastante delicada, juntamos, a essa kakistocracia, algumas outras definições políticas, oriundas também do grego antigo como a iuriscracia ou o governo exercido pelos juízes, por meio do chamado ativismo judicial ou politização da justiça. Somados a essas deformidades da democracia, temos ainda, em razão direta da baixíssima qualificação do voto e do eleitor, o fenômeno da nepocracia, que é quando o poder é utilizado por governantes para beneficiar diretamente seus familiares. É o caso que temos assistido tanto com relação ao ex-presidente Lula e seus filhos, que enriqueceram no governo do pai, sendo classificados na época como os “Ronaldinhos dos negócios”, como com as suspeitas no caso da família do atual governo, sobre as divulgadas rachadinhas ou por meio do crime de peculato.

Em decorrência da desqualificação proposital do binômio eleitor/voto, o que temos como resultado não poderia ser outro: uma democracia de má qualidade, em que os eleitores elegem brincando ou vendendo votos e, como consequência, passa a ser solenemente ignorada até as próximas eleições.

Algumas décadas atrás, quando Pelé deixou escapar a frase de que cada povo tem o governo que merece ou que o povo brasileiro não sabe votar, a mídia caiu em cima do jogador para crucificá-lo, usando, para essas críticas, até o nome pespegado aos juízes de futebol.

Hoje é preciso uma verificação dos fatos ocorridos até aqui para saber, ao certo, se ele estava ou não com a razão. A falta de seriedade nas eleições, feita de alto a baixo, produz o que temos colhido. É nesse intervalo entre a displicência entre o ato de votar e a vitória desses candidatos que, previamente, estamos preparando os novos ciclos de corrupção que virão. Nem vamos estender o assunto urnas eletrônicas, já devidamente discutido, mas não resolvido.

Somos todos responsáveis por nossas escolhas. Nas últimas eleições, embora os eleitores demonstrassem claramente não saber o que desejavam para o país, pelos menos externaram aquilo e aquele que não queriam de volta. Já é um começo. Vamos juntos soçobrando nessa areia movediça. Para não ficarmos desatualizados, num mundo em desabalada carreira, rumo ao que parece ser o epílogo de nossa espécie, estamos experienciando o que pode ser uma República envenenada por fakes news ou por três poderes desinteressados na população e seu futuro.

 

A frase que foi pronunciada:

A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org


Desatino
Moradores da 711 Norte são surpreendidos com a falta de energia constantemente. Os cabos da rede elétrica são furtados.

Captura de imagem do Google Maps


Outra forma

Projeto Viva Centro ainda não vingou. Querem transformar o Setor Comercial Sul, que hoje mais parece uma cidade fantasma, em moradia. Se o IPHAN, que é o setor técnico, inviabilizou o projeto, é porque razões.

Imagem: seduh.df.gov


Delícia
Neste ano, a Festa do Morango vai até o dia 7 de Setembro. São cerca de 200 famílias que cultivam a fruta no Distrito Federal, aproximadamente 95% delas na região de Brazlândia, onde é realizado o tradicional encontro com diversas atrações e guloseimas.

Foto: Paulo H Carvalho/Agência Brasília


Chuvas
Esse é o momento para as Administrações pontuarem, no mapa da cidade, as áreas onde há necessidade da escoação de águas. Caso contrário, as notícias de todos os anos se repetirão.

Lagoa de contenção para aliviar problemas com a chuva em Vicente Pires.                  Foto: agenciabrasilia.df.gov


Carta do leitor

“Esperando o Godot das matemáticas”(coluna 3/9). O correto seria “Esperando o Godot das aritméticas”, já que o texto analisa a crescente e absurda escalada dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Matemática é a ciência dos números. Mas quem trata deles, somando, dividindo ou multiplicando, é a aritmética.

História de Brasília

Falta, entretanto, verba para o aproveitamento do Córrego das Pedras que servirá sem nenhum problema sanitário. Uma boa medida que o Prefeito poderia adotar seria proibir funcionário de dirigir carro chapa branca. Cabe apenas aos motoristas da repartição este trabalho. (Publicada em 08/02/1962)

Esperando o Godot das matemáticas

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Charge do Duke

 

Continua sendo aguardado, na Esplanada dos Ministérios e no governo, a chegada de um técnico, com bagagem científica e currículo acadêmico suficientes, para elaborar uma fórmula matemática capaz de evitar que os aumentos contínuos nos preços dos combustíveis e da energia elétrica não pesem, tanto no cálculo de inflação quanto no bolso dos desesperados consumidores brasileiros.

Qualquer um que demonstrar, matematicamente, a possibilidade do aumento desses insumos não incidirem no cálculo da inflação poderia ser nomeado instantaneamente ministro plenipotenciário do planejamento, com toda pompa e circunstância. Trata-se de uma conjectura ou de teorema dignos de uma “hipótese de Poicaré”, de difícil solução, mesmo na linha das ciências econômicas, onde o fator humano e suas nuances permitem infinitas variantes. No caso em questão, é sabido, como premissa, que qualquer variação para cima, nos preços de combustíveis e de energia, tem reflexos diretos no aumento dos preços finais para o consumidor, pois são bens econômicos necessários ao motor da economia.

Num país em que o transporte é unimodal e realizado basicamente por rodovias, o aumento no combustível eleva os preços das mercadorias transportadas. Num país também em que a energia elétrica ainda é obtida, quase que inteiramente, pela força motriz dos rios nas turbinas das hidroelétricas, qualquer variação nas chuvas e no volume das águas fluviais tem efeito direto sobre a produção de energia.

Nos dois casos, o que o nosso esperado e exímio matemático enxerga, logo de saída, é a total dependência desses modelos econômicos na elevação dos preços e da inflação final. Na realidade, o que se tem aqui é toda uma sociedade feita refém de um modelo construído para não dar prejuízos ao Estado, mesmo que isso ameace e estrangule o consumidor. O que se sabe ainda é que, no pós pandemia, a maioria das economias pelo mundo irão necessitar mais de petróleo para a retomada de seus projetos de desenvolvimento.

Analistas de mercado são unânimes em apostarem na elevação dos preços do barril de petróleo. Por outro lado, é certo também que o aquecimento global, que hoje é uma realidade planetária e praticamente irreversível, projeta uma intensificação do calor e do prolongamento nos períodos de seca. O Brasil, que vem andando na contramão desses alertas científicos, permitindo todo o tipo de crime contra o nosso meio ambiente e ainda incentivando um tipo de agronegócio devastador e sem limites, sofrerá e sofre hoje as consequências dessa incúria.

Desse modo, as variantes do modelo tanto em relação ao petróleo como no caso das hidroelétricas, tornam complexas as resoluções desses teoremas matemáticos e indicam que esse é um problema de resolução quase impossível, mesmo no caso extremo de congelamento nos preços desses insumos básicos. Resta, portanto, a introdução nessa fórmula de alternativas, aparentemente exógenas, mas que, no médio prazo, iriam concorrer para desvincular, definitivamente, a diminuição do volume de água no leito dos rios e o aumento na demanda de petróleo, na variação ascendente dos preços e na formação da inflação.

Essas variantes estão aí para todo mundo que quiser ver, inclusive o governo, que finge que não vê. Trata-se da energia eólica e solar por um lado, e da construção de linhas ferroviárias por outro, aliadas à produção em massa de transportes movidos à eletricidade. Essa é uma saída, a outra é aguardar a chegada de um técnico em finanças públicas, uma espécie de Godot das matemáticas.

A frase que foi pronunciada:

Nosso universo é um mar de energia limpa e sem energia. Está tudo lá fora, esperando que zarpemos.”

Robert Adams

Robert Adams. Foto: wikipedia.org

Compras online

Totalmente interativo, o site da Fundação Athos Bulcão é uma ótima oportunidade de adquirir xícaras, calendários, azulejos e outros objetos valorizados pela arte de Bulcão.

Mesma coisa

Uma mesa na Churrascaria São Paulo só com jovens entre 20 e 25 anos. Em pauta, o desemprego. Um dos rapazes formado em administração, só conseguiu lugar como corretor de imóveis. Outro formado em marketing trabalhando em uma gráfica, o caçula da turma fala 3 línguas, é formado em Economia e, sem emprego, estuda para concurso.

Charge do Cazo

Conclusão

Nutricionistas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, em parceria com a FAO, conclui que o brasileiro precisa consumir mais frutas e hortaliças. Basta ver os caixas dos supermercados. Sempre há alguma fruta ou hortaliça que não é reconhecida.

Foto: revistadeagronegocios.com

História de Brasília

Taguatinga está ameaçada de servir à população, água contaminada. E’ que a água que abastece a cidade é retirada do Córrego do Cortado, e já fizeram loteamento no local da captação. (Publicada em 08/02/1962).

Os males do ócio no poder

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Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press

 

Temerosos com o que possa vir a ocorrer durante as manifestações de Sete de Setembro próximo, muitos governadores já se anteciparam aos acontecimentos e estão decretando ponto facultativo para o dia anterior (6), na intenção de esvaziar possíveis agitações descontroladas. Trata-se de uma medida sensata e que pode surtir um efeito benéfico no sentido de resfriar os ânimos, levando parte da população a programar, quem sabe, um fim de semana mais esticado, de preferência longe dos centros urbanos e dos agitos.

Muitos moradores que residem próximo às avenidas onde estão previstas essas manifestações estão tratando de se ausentar dessas áreas, com medo do que possa acontecer. Essa é, até agora, a triste realidade que muitos brasileiros estão tendo que enfrentar para fugir do caos. E pensar que, no passado, essa era uma data aguardada por todos. O Sete de Setembro que, em épocas passadas, era comemorado festivamente e com certo orgulho como sendo o Dia da Independência e do nascimento de uma nação, agora teve seu propósito momentaneamente alterado de modo incidental, mas maldoso para atender a outras finalidades, obviamente não ligadas aos justos anseios do conjunto dos cidadãos brasileiros.

É preciso dizer, com todas as letras, que o Sete de Setembro não pertence a esse e nem a nenhum outro poder de passagem, e muito menos pode servir de chamariz para manifestações de claques incultas, que desconhecem o verdadeiro significado dessa data para a nacionalidade. Trata-se aqui de um oportunismo do tipo traiçoeiro, que utiliza datas nacionais para proveito próprio.

O que a história nos ensina é que nove em cada dez ditadores, que surgem pelo mundo, utilizam a datas nacionais mais importantes para deixar uma marca personalista nessas festividades, com o intuito de passar para a população uma imagem farsesca e subliminar de “pai da pátria”, a quem os filhos, no caso os cidadãos, devem, obrigatoriamente, recorrer em momentos de incertezas.

O Sete de Setembro não pode ser aviltado dessa forma, transformado numa farsa política de qualquer partido que queira baderna. Em última análise, busca tão somente o estabelecimento de um tipo peculiar e tupiniquim de manipulação das massas de todos os lados da Praça dos Três Poderes.

Para aqueles analistas já calejados com esses ciclos de instabilidade provocados por quem não está satisfeito com os rumos do país, infectados pelo veneno da picada da mosca azul, o que temos pela frente é a mais pura incitação a arruaças, instigadas por arruaceiros que querem ver o Brasil arder em desunião e desordem. Para alguns mais irônicos, o que está acontecendo deriva unicamente do excesso de ócio e de tempo vago, o que, em certas pessoas, acaba provocando um certo impulso em puxar a toalha da mesa do jantar, apenas para ter o prazer instantâneo de ver as taças de cristais e todo o resto voando pelos ares. Como diria o filósofo de Mondubim: Dá uma vassoura ou uma enxada para essa gente!

A frase que foi pronunciada:

Melhor que o ócio criativo é o ócio construtivo.”

Alex Bruno

Simples assim

Já se transformou em padrão. O governo pede para a população economizar energia e meses depois aumenta o valor da conta, que arrasta tudo mais: carne, peixe, e por aí vai. Se houvesse política pública para a manutenção das nascentes, o problema não teria chegado a esse ponto.

Charge do Marco Jacobsen

Susto

Várias pistas da cidade estão recebendo pintura nova. Um local desprezado é a W5. Lá, todo quebra mola surpreende com a altura respeitável.

Captura de imagem do Google Maps

Mares

Os ventos levam a Família Schurmann para uma nova expedição mundial. Batizada de Voz dos Oceanos, a saga será contra poluição dos mares. Com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, durante dois anos, tripulantes do veleiro Kat visitarão 60 destinos, entre eles, 11 cidades brasileiras.

Sensíveis

Paul Burton inspirou a Diretoria de Educação Ambiental e do Núcleo de Bem-Estar Animal (NBEA). Anos atrás, Burton tocou piano para elefantes na Tailândia e o resultado foi surpreendente. Wandrei Braga, que foi aluno de Neusa França, foi convidado para a mesma experiência no zoológico de Brasília. Os animais renderam-se ao som do piano e a experiência foi marcante. Assista nos perfis oficiais do Zoológico de Brasília e do Wandrei, no Instagram: @zoobrasilia e @wandrei.

Reprodução: perfil oficial do Wandrei Braga no Instagram

História de Brasília

É uma repartição deficiente desde a sua fundação, ao tempo da ditadura. Ao invés de informar os atos do govêrno, fica, em geral, endeusando as pessoas, e é por isto que cada govêrno muda logo de diretor. Vem daí a política, o amigo, o compadre, o conterrâneo, e tudo mais que possa prejudicar. – AC. (Publicada em 07/02/1962)

Eleições e as nuvens negras

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Foto: AFP / EVARISTO SA e AFP / Fabrice COFFRINI

 

Já é sabido pela população mais atenta que as eleições de 2022 serão realizadas sob o signo uníssono das turbulências políticas, econômicas e sociais. A crise institucional e a inflação ascendente, somada à crise hídrica histórica e ao aumento significativo da pobreza e da violência, ameaçam a todos, sem distinção.

A escolha de cada uma dessas ramificações da crise e seus efeitos, a afetar indistintamente a vida diária de todos, ficará a critério de cada eleitor. O que é sabido é que não dá para desvincular a crise política de seus efeitos sobre a economia e, por tabela, sobre a vida do cidadão.

A polarização política açulada pelos dois candidatos radicais que se apresentam para a disputa e que, segundo alguns órgãos de pesquisa de opinião, parecem ter maiores chances de vitória, antecipa, para aqueles cidadãos mais lúcidos, um cenário deveras preocupante.

A vitória de quaisquer desses extremos nas próximas disputas à Presidência da República trará, por certo, um fator complicador a mais, a intensificar e prolongar nossa crise. De concreto, as expectativas apontam para um upgrade da crise, levando o país a adentrar para um ciclo de caos institucional, cujos desdobramentos serão absolutamente imprevisíveis e graves.

Conhecendo, já de antemão, a performance de cada um desses postulantes e a distância sideral entre o que prometem e aquilo que entregam de fato, fica mais do que evidente que não há saídas laterais para esse impasse. Pela impossibilidade real que se apresenta de, juridicamente, obstar o avanço de um ou de outro rumo ao comando do país, restaria, talvez, a possibilidade, também remota, de renúncia de ambos ao pleito de 2022 para o bem do país e pelo fim de uma crise, que concentra em ambas suas nascentes.

A questão aqui fica por conta da grandeza cívica ausente em ambos. Ou quem sabe o espírito pacificador, também impensável, ou a própria representação popular instalada no Congresso poderia, num átimo de lucidez, resolver esse grave impasse que, seguramente, nos levará ao abismo, mudando a regra do jogo, simplesmente impedindo a recondução de candidatos ao mesmo cargo.

Crises necessitam de resolução, e cabe às autoridades essa tarefa. O que não pode é descarregar sobre as costas dos brasileiros um baú de pedras e problemas criados e alimentados por grupos políticos que têm, em seus interesses particulares, a razão de suas postulações a cargos públicos.
Ou é isso ou será aquilo que experimentamos e não gostamos do odor e do sabor. Mais uma vez, aqui, a grande questão esbarra no que seria a qualificação do eleitor e do voto. Também nesse quesito estamos longe de uma saída minimamente racional e adequada para a nossa democracia.

Ao Supremo Tribunal Federal (STF), a quem, em tese, caberia resolver essa crise presente e que se anuncia também para além de 2022, por se constituir, em parte, integrante dessa mesma crise atual, tornam-se remotas as esperanças do cidadão de que algo de novo venha dessa direção. Resta, então, apelar aos santos de todos os protetores do Brasil, das mais diversas crenças, que leve para longe essas nuvens cinzentas carregadas de maus augúrios e presságios e que, há anos, pairam sobre nós. Vade retro.

 

A frase que foi pronunciada:
“Se existe tanta crise é porque deve ser um bom negócio.”
Jô Soares

Foto: istoe.com.br

Reconhecimento
Justiça seja feita. Quem vê Vicente Pires hoje não acredita em como tudo começou. Melhorou muito. Realmente o GDF caprichou por lá.

Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Cortar pela raiz
Não é só no CA 11 do Lago Norte que o comércio em lata brota por todo canto. Se não houver um freio agora, vai ser a mesma coisa de sempre. Deixa crescer, faz uma cidade e acomoda os invasores por lá. Melhor fazer a coisa certa.

514 Sul
Jorge Vieira, da academia de tênis de mesa Fitpong, conseguiu vencer todas as barreiras impostas pela pandemia. Além da responsabilidade e da seriedade com a qual trabalha, o esporte é paixão de muitos brasilienses.

Registro de um campeonato realizado antes da pandemia.                                            Foto: instagram.com/fitpongtt

Golpe
Um golpe inacreditável por telefone aproveita as suas respostas: “permito, concordo, sim, aceito”. Daí por diante a sua voz se transforma em chave para o ilícito. Veja as perguntas do último golpe a seguir.

Ratos

O país asiático não para. Agora experiências para engravidar ratos machos estão em pleno desenvolvimento. Veja, no link “Machos grávidos”: ciência ruim a serviço de uma ideologia, o que disse o Padre Paulo Ricardo sobre o assunto.

Imagem: padrepauloricardo.org

História de Brasília
O caso da Agência Nacional, a que temos nos referido, com relação à transferência, para o Rio, da Voz do Brasil é mais escabroso ainda. Há funcionários que vêm para Brasília, recebem a ajuda de custo, pedem retorno ao Rio, voltam de novo, recebem nova ajuda de custo e se mudar de diretor novamente, acontecerá outra vez. (Publicada em 07/02/1962)