De olhos fechados para a educação

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Que o atual governo federal não vem dando a devida atenção às áreas do conhecimento científico, da educação e da cultura, é fato do conhecimento de muitos. O que não é do conhecimento de todos, principalmente daqueles que aplaudem a postura intransigente, é que, ao se posicionar contra essas áreas do saber humano, o governo está promovendo um atraso ou uma paralisação total do desenvolvimento do país, uma vez que se sabe que educação, ciência e cultura representam o principal lastro de progresso de uma nação.
Não é por outro motivo que a maioria dos países desenvolvidos, há muito, adotaram a educação e o incremento das pesquisas entre suas prioridades máximas. O referencial de riqueza de um país não reside mais na exploração de suas matérias-primas ou está centrada na balança comercial superavitária, como era crença durante o período mercantilista entre os séculos 15 e 18, época do colonialismo.
Hoje, os avanços na educação, na tecnologia e nas ciências são os fatores que trazem divisas para o país. A confirmar essa tese estão as empresas de alta tecnologia como as mais rentáveis em todas as Bolsas de Valores do mundo moderno. O valor de mercado de algumas dessas empresas de alta tecnologia supera em muitos bilhões as do petróleo, dos maquinários e outras. O século 21 será marcado, cada vez mais, pelo capital da alta tecnologia. Isso é uma realidade que nenhum chefe de Estado pode contestar ou se opor, sob pena de manter a nação em estágio de subdesenvolvimento perpétuo.
Quando se tem um ministro da Educação que sai pelos quatro cantos do país pregando abertamente a inutilidade do diploma de curso superior, ou dizendo que as universidades não são para qualquer um, como as falas do titular da pasta, Milton Ribeiro, fica demonstrado todo o seu despreparo para uma função que, por sua importância estratégica para o país, poderia estar no centro das preocupações e alvo das principais políticas de qualquer governo. Mas, infelizmente, não é o que vem acontecendo.
Ciente do descaso do governo e do despreparo dos ocupantes do ministério, a maioria das universidades e dos centros de pesquisa do país não escondem seu descontentamento com a atual gestão e, em alguns casos, estão em confronto declarado com o governo e com o ministro da Educação.
Para piorar um panorama que é, em si, para lá de caótico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma entidade que o Brasil tem feito grandes esforços para integrar de fato, afirmou em seu Relatório Education At Glance (Um Olhar sobre a Educação)”, divulgado na quinta-feira (16/09), que a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens brasileiros, principalmente os de baixa renda, ao afetar as habilidades em seu desenvolvimento social e profissional, afeta, de modo direto, o exercício da cidadania.
Entende a OCDE que, entre os fatores que influenciam o desempenho na educação dos jovens, o status socioeconômico tem o maior impacto nas habilidades de aprendizagem. As desigualdades econômicas no Brasil, uma das mais acentuadas do mundo, demonstram que os jovens de classes menos favorecidas têm mais dificuldades de leitura e interpretação de textos do que aqueles de classe mais alta.
Ainda de acordo com a OCDE, o orçamento destinado para o ensino fundamental no Brasil não foi aumentado, na contramão do que fizeram outros 37 países, que, para superarem os desafios impostos pela pandemia do Covid-19, elevaram a injeção de recursos nessa etapa do ensino, como forma de contornar os problemas criados pelo apagão mundial.
Trata-se de uma estratégia que rende excelentes efeitos, sobretudo nas áreas de maior importância para o futuro, ainda mais depois de crises de grande impacto, como a pandemia, e tem sido uma tática em muitos países situados no clube dos ricos, que sofreram com períodos de calamidade, como guerras e outros eventos. O referido relatório traz, ainda, um panorama sobre o piso salarial dos professores brasileiros no ensino fundamental, mostrando que, entre 40 outros países, o Brasil é onde os rendimentos dos docentes, no início de carreira, é um dos menores do mundo.
Para a OCDE, a carreira de professores no Brasil precisa ser estruturada, de modo a garantir o desenvolvimento profissional dos mestres, bem como o aumento da aprendizagem dos alunos. Essas são, sim, apenas algumas das necessidades que até os técnicos de fora enxergam em nossa educação de base. Para um ministro que se preocupa apenas em agradar a quem o nomeou, essas são prioridades que sequer ele próprio tem conhecimento formal, ou finge ignorar.
A frase que foi pronunciada
“Tudo serve para alguma coisa, mas nada serve para tudo.”
Mafalda
Ilutração: Quino
Revival
O calçamento da W3 é importante, mas não é a única obra que essa via necessita para voltar a ser o que era. O tempo e o descaso de muitos governos e da própria população causaram estragos nas W3 Norte e Sul, que exigirão esforços não só do governo, mas de todos que querem essas avenidas de volta.
Foto: embsb.com

Agito

O tempo dos shoppings parece, com a informatização e com as compras online, ter chegado a um limite e a uma exaustão. Por isso o renascimento das avenidas W3 Norte e Sul podem representar uma nova era de prosperidade para a cidade em que todos sairão ganhando, não só os comerciantes, mas os consumidores, incluindo aí os amantes da noite, os artistas, os galeristas, os boêmios, os turistas e uma infinidade de outros brasilienses, carentes de um lugar que não tenha hora para fechar.

Foto: olharbrasilia.com
História de Brasília
Cada superquadra tem um bar que não merece. A 106, o Caiçara, a 306, o Barrica (gafieira), a 107, o El Torero, a 304, o Copo Verde, e assim por diante. (Publicada em 08/02/1962)

Novo ensino médio e a ruptura com a universalidade do saber

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Provas do Enem. Foto: Divulgação

 

Em meio a uma pandemia, que daqui a pouco estará completando dois anos, muitos brasileiros confessam estar não só cansados da clausura forçada, mas também se sentem alienados da realidade do mundo à sua volta. Para muitos, o mundo que conheciam, antes da pandemia do Covid-19, está definitivamente morto. É em meio a esse sentimento que mistura a síndrome da caverna, provocada pelo isolamento social, que pais, alunos e professores pressentem que o futuro que planejavam para si e para os seus começou a ruir, sem que algo novo e seguro tenha sido colocado em seu lugar.

A incerteza quanto ao porvir tem trazido insegurança e desconfiança a essa parcela da sociedade, tornando ainda mais incerto que caminhos a educação de seus filhos irá tomar daqui para frente, num mundo em acelerada e tumultuada transformação. É nesse cenário em que as dúvidas sobram, que vai sendo implantado, em todo o país, a toque de caixa, os currículos do Novo Ensino Médio (ENEM), proposto pela Medida Provisória nº 746 de 2016.

É preciso lembrar que a prolongada pandemia e as incertezas quanto ao real calendário de retorno às aulas ocasionaram um outro fenômeno físico nas escolas públicas. Muitos desses estabelecimentos, ou ficaram abandonados, ou entraram num processo indefinido de reformas, sendo que boa parte desses edifícios, simplesmente, não estão preparados para receberem os alunos.

Quanto à implantação nessas escolas do novo material didático exigido pelo ENEM, como é o caso de computadores e rede de informática, nada ainda foi feito. É nesse ambiente de incertezas e improvisações que os alunos, quando retornarem, de fato, às escolas, terão que conviver. De cara, terão que aceitar que a tal reformulação do ensino médio, no que pesem as possíveis boas intenções do legislador, excluiu universidades, docentes, escolas, pais e alunos de todo esse processo de renovação, o que pode conduzir toda essa estratégia a um ponto de inflexão, forçando toda as mudanças ao ponto original de partida.

Alheios à toda essa transformação dos currículos, pais e alunos poderão se ver em meio a um novo modelo, elaborado para funcionar na prática, sobretudo, quando se verifica que a ausência de protagonismo dos professores é o que mais tem pesado para fazer, dessas mudanças, algo que vá de encontro à realidade do ensino público e acabe atropelando toda a política educacional proposta pelo ENEM.

Apenas para se ter uma ideia sobre o assunto, a página do Congresso Nacional que trata sobre essa questão apurou que, por meio de consulta pública já encerrada, dentre os cidadãos que foram ouvidos pela pesquisa, 73.554 disseram não ao ENEM. Somente 4.551 aprovaram as novas propostas para o ensino médio. Trata-se de um retrato pequeno para o universo nacional, mas diz muito sobre essas inovações relâmpagos. Também a exclusão dos alunos de todo esse processo tem pesado sobre sua aceitação e contradiz o que prega o próprio eixo do ENEM que afirma serem os alunos os principais protagonistas dessas alterações.

Com relação aos professores, a situação é ainda mais incerta. Para muitos deles, o ENEM deveria ser precedido de formação de professores, que ainda é feita por áreas de conhecimento e não, como prega o novo currículo, por competências e habilidades. Muitos professores alertam ainda para o perigo do aumento do distanciamento entre as escolas públicas e privadas, já que essas continuaram a oferecer itinerários formadores com vistas ao ensino superior, ao passo que as escolas públicas correm o risco de, por falta de recursos, transformarem-se em estabelecimentos voltados para a formação de mão de obra, para o mercado de trabalho e para o ensino profissionalizante. É a tal história mal contada pelo atual ministro da educação de que as universidades são para poucos brasileiros. Há inda muito chão pela frente a ser percorrido por essa proposta, caso queira, o governo, que ela tenha um mínimo de aceitação e longevidade.

S.O.S – S.U.S

Hoje é dia de as clínicas de hemodiálise apagarem as luzes em protesto relacionado ao baixo valor pago pelo SUS aos serviços prestados. Enaltecer o SUS é, de fato, uma ação meritória. Mas hospitais e clínicas que se desdobram para que tudo funcione a contento não são devidamente reconhecidos.

Foto: Agência Senado

Sem neura

Difícil não estranhar o vermelho compartilhado nas bandeiras verde e amarelo espalhadas pela Esplanada dos Ministérios. Quem lê jornal logo pensa que a esquerda resolveu aprontar alguma antes de 07 de Setembro. Nada disso! Agora todos conhecemos a bandeira de Guiné Bissau, mesmo que a estrela não esteja visível. Até o dia 28, Umaro Sissoco Embaló, presidente daquele país, estará em visita na capital.

Presidente do país africano foi recebido por Bolsonaro em Brasília.                            Foto: Isac Nóbrega/PR

Duas vias

Bela matéria no Globo Rural mostrava uma fazenda com um cultivo diferente: água. Depois de muitos anos, resolveram estimular a volta das águas que secaram pelo mau uso da terra. E a natureza respondeu de braços abertos. No DF, um projeto incentiva produtores rurais a reflorestar áreas e criar cobertura vegetal que aumente a infiltração da água na terra. Também está dando certo.

Valores

Financiado pelo Governo Federal, o Consultório de Rua é uma boa ideia. Andarilhos, pedintes e pessoas vulneráveis podem ser assistidas pelo programa. Cabe, aos governos, a inscrição para acesso à verba. Dona Maria do Barro, se estivesse viva, ficaria feliz com a iniciativa. Estava sempre pensando em uma forma de tornar a vida dos moradores de rua menos sofrida. Foi uma pessoa que Brasília nunca deverá esquecer.

Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Saúde-DF

História de Brasília

Como já faz muito tempo que foi inaugurada, e ninguém se lembra mais, é tempo de inaugurar novamente a Creche da 108, desta vez acrescida de mais oito portas. (Publicada em 07/02/1962)

Democracia sem emoção e com razão

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Charge do Benett

 

Para um país que, ao longo da maior parte de sua história, nunca deu a devida atenção à educação e ao ensino público de qualidade, assimilar lições e torná-las práticas usuais do cotidiano é também uma tarefa difícil, senão impossível. Reter lições do passado e do presente é fundamental para evitar o cometimento dos mesmos erros e ter alguma previsibilidade quanto ao futuro. E é também uma das lições que se aprende nas escolas.

Com isso, fica evidente que um povo devidamente instruído não se torna presa fácil nas mãos dos prestidigitadores políticos, muito menos se deixa levar pelos discursos encantatórios de demagogos e populistas da hora. Ensinar a pensar talvez seja a primeira e mais importante missão que cabe à educação. A segunda, talvez seja ensinar a pensar de modo próprio, depois de perscrutado o ambiente em volta. Sem essas premissas, um povo se torna alvo fácil para a investida dos chamados “peritos em habilidades”, os mascates de vãs esperanças.

Essa talvez seja a principal característica que falta à média dos cidadãos desse país, sobretudo aos eleitores. O que a prática demonstra é que, desde a redemocratização, não parece haver sinais de que o eleitorado venha aprendendo com as seguidas eleições. E isso é ruim, pois traz reflexos negativos para toda a nação, mesmo para aqueles que dizem desprezar a política. Pelo menos, é o que as atuais urnas mostram.

No embate em que nos vemos metidos agora, açulado de modo proposital pelo chefe do Executivo, contra parte das altas cortes do Judiciário, a parte que se dizia ser: “briga de cachorro grande” deveria render lições proveitosas para a elevação na qualidade de nossa democracia.

Não basta a um Estado ser democrático, é preciso que essa democracia tenha um mínimo de qualidade. Ocorre que essa melhoria na qualidade só pode advir de eleitores cônscios de sua importância nesse sistema. Ou a população aprende com erros cometidos por seus representantes, banindo-os definitivamente da vida política, ou estaremos fadados a experienciar crises e mais crises, com efeitos danosos sobre todos.

É nesse contexto que se insere a atual crise, gestada no Palácio do Planalto e ampliada no Supremo. Trata-se de uma contenda em que nenhuma das partes possui razão. Fôssemos julgar essa querela atual, à luz da racionalidade e dos episódios que foram se sucedendo num crescendo insano, o veredito, por certo, levaria à condenação de ambas as partes. Apenas à guisa de exemplo, tomemos a faxina ou o remendo ilegítimo, feito à meia sola, no currículo de Lula, de forma apenas a torná-lo apto a concorrer às próximas eleições.

De cara, trata-se aqui de um acinte contra o cidadão de bem e uma violação contra a própria democracia. Caso a população não entenda, de uma vez por todas, que o desmanche forçado da Operação Lava Jato foi um atentado contra a democracia e um crime de lesa-pátria, mais uma vez, estaremos sendo impelidos a repetir erros sérios.

É esse upgrade que nos falta e que só poderá vir por meio das boas escolas públicas e de um ensino que leve o brasileiro a reconhecer, em qualquer ocasião, o valor preciosíssimo de uma democracia de qualidade, em que a razão suplante a emoção.

A frase que não foi pronunciada:

Por falar nisso, o finado Bruno Maranhão arrebentou o Congresso Nacional. O que aconteceu com ele?”

Dona Dita, enquanto tricota.

Bruno Maranhão. Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Ordem e progresso

Se existe um colégio que desperta a ira dos maus professores e administradores escolares, esse é o Colégio Militar. Primeiro, porque as crianças que o frequentam já são educadas em casa, só vão para a escola pela instrução. Segundo, porque em qualquer olimpíada de conhecimento, o Colégio Militar é imbatível. Essa ira de alguns deveria se transformar em humildade para copiar a fórmula. Essa celeuma sobre a filha do presidente estudar no Colégio Militar é inútil. A escola é ótima e quem pode, pode!

Divulguem

Veja, a seguir, as obras da afegã Shamsia Hassani. Descreve bem a situação da mulher no atual Afeganistão. As fotos foram enviadas para um grupo de jornalistas pelo colega Fernando Ladeira. Sigam a artista na sua página oficial no Instagram: @ShamsiaHassani.

À flor da pele

Uma das sequelas dessa fase pandêmica é a falta de paciência de pais que não estavam acostumados a conviver com os filhos. Outro dia, uma mãe gritando com o pequeno o obrigava a colocar a máscara antes de entrar no carro. É o mesmo que obrigar alguém a passear a pé atado em um cinto de segurança.

Foto: ozgurdonmaz/Getty Images

História de Brasília

No supermercado UV-1 faltavam, ontem: cebola, carne, batata, verdura, arroz e álcool. Muitos outros produtos faltavam, igualmente. Estes, porém, são de um rol de uma dona de casa. (Publicada em 07/02/1962)

Educação invisível

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Foto: Reprodução/ Facebook Milton Ribeiro

 

Dizer que a educação pública continua a ser o calcanhar de Aquiles do Brasil não chega a ser nenhuma novidade surpreendente. Tem sido assim ao longo de toda a nossa história, com exceção de alguns períodos curtos, como foi o caso dos projetos criados por educadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire e outros, mas que não chegaram a amadurecer o suficiente a ponto de possibilitarem a superação desse problema secular.

O que surpreende, de certa forma, e isso é apresentado, inclusive, no mais recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é o fato de o Brasil possuir, em tese, gastos até superiores a muitos países que compõem esse clube de ricos e, mesmo assim, mostrar-se incapaz de promover um ensino público de qualidade, minimamente comparável aos que apresentam os países desenvolvidos. Talvez esse fato explique o que dizia outro grande educador brasileiro e também vítima das forças do atraso, Darcy Ribeiro: A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.”

É o que a nossa trajetória histórica tem demonstrado. Entre essas sístoles de diástoles ou entre compressão e expansão, vamos lidando com esse problema, contando sempre com a má vontade dos governos e o desinteresse da maioria de nossas elites, para quem essa questão nunca é prioritária. Com isso, vamos amargando e avolumando ciclos e mais ciclos de decadência da escola pública, num processo contínuo que pode resultar no total descarte de um projeto de educação de qualidade para os cidadãos desse país, conforme orienta a nossa própria Carta Magna. Nesse sentido, não surpreende que estejamos experimentando, agora, o que poderia ser classificado como o mais preocupante e medíocre ciclo de gestores, jamais postos à frente do combalido Ministério da Educação. Por sua irrelevância e mesmo invisibilidade para o atual governo, pouco se ouve falar sobre essa pasta. O presidente sequer menciona esse ministério em suas infinitas lives e pronunciamentos, o que demonstra que, para esse governo, a pasta e seus problemas, sequer existem.

Uma olhada no perfil dos ministros indicados pelo presidente, para comandar a pasta da educação, ajuda a dar uma ideia da importância desse ministério para o atual governo. Ao colocar, por último, no comando do ministério da educação, não um educador com larga experiência no setor, como deveria ser, o governo achou por bem nomear um pastor presbiteriano, acostumado, na lida, a apascentar rebanhos de fiéis. Depois das desastrosas administrações de Ricardo Vélez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli e Renato Feder, que recusou o convite, o presidente parece ter encontrado, em Milton Ribeiro, um outro nome “terrivelmente evangélico” para tocar a pasta.

Desde então, o ministério da Educação andava sumido do mapa. Quando muito, a gestão do Milton Ribeiro aparecia nos jornais apenas pelas declarações infelizes do pastor ministro. Em entrevista que deu à TV Brasil, estatal de comunicação do governo, Milton Ribeiro não se avexou quando afirmou, com todas as letras, que a inserção dos estudantes com deficiência, em sala de aulas normais, atrapalhava o aprendizado dos outros alunos, porque a professora, por sua inexperiência com esse problema particular, não tinha conhecimento adequado para cuidar dessa questão. Esqueceu o ministro de que o ensino inclusivo, há muito, é uma questão já regulamentada por lei e que a limitação de matrícula nesses casos é proibida. Tanto escolas públicas quanto privadas são obrigadas a receber estudantes com deficiência. Até mesmo a cobrança de taxas especiais, pelas escolas privadas, é vetada por lei. Uma gafe desse tamanho jamais sairia da cabeça e da boca de um verdadeiro educador.

Tudo isso, depois de afirmar que as universidades públicas deveriam ser uma opção para poucos, já que não serão tão úteis para a sociedade no futuro, como serão os institutos federais que formarão mão de obra técnica e especializada. Enquanto cuidam de assuntos dessa natureza, perdendo tempo e dinheiro em embates contra a posição política e ideológica que parece dominar o ensino, sobretudo as universidades, a qualidade da educação vai se deteriorando a olhos vistos, não sendo prioridade nem da direita, nem da esquerda.

A frase que foi pronunciada:

A importância do caráter de um professor é diretamente proporcional aos valores que ele ensina.”

Dona Dita, pensando enquanto tricota

Charge: humorpolitico.com.br

Tem futuro?

Toda opinião é válida ao conhecimento. A juíza de Direito Andréa Barcelos compila a origem da teoria de gênero. Veja a seguir.

Idosos

Com a desculpa de pandemia, as visitas em asilos estão proibidas. Mas quem tem vistoriado os serviços? Há inúmeros elogios a profissionais dedicados, mas também há casos de maus tratos. Melhor evitar surpresas e manter a vigilância.

Idosos de asilo em Jaú escreveram o que desejam fazer depois da pandemia — Foto: Vila São Vicente de Paulo/Divulgação

História de Brasília

Há mais de dois meses a Caixa Econômica da rua da Igrejinha não possui selos para venda ao público, nem trata de se restabelecer. Faça-se justiça ao trabalho que vem fazendo o Banco da Lavoura, o único lugar onde se compra estampilha, presentemente, no Plano Pilôto, à exceção da Recebedoria, na Esplanada dos Ministérios. (Publicada em 07/02/1962)

Os rastros das lições que a pandemia deixou

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Ilustração: saladerecursos.com

 

Depois da pandemia que assolou a Educação no país, todo o processo de recuperação levará tempo. Mais tempo do que o despendido num processo normal de ensino sem interrupções bruscas e prolongadas. Ou seja, para cada ano sem escola, são necessários, pelo menos, o dobro do tempo para recuperar, atualizar e reinserir o aluno no curso normal de aprendizagem. A desmotivação e o abandono da escola é o que os especialistas preveem com o fim da pandemia. O horizonte, que já era de preocupação, agora vai se transformando em caos completo.

A falta de renda das famílias tem obrigado que essas crianças sem escola entrem para o mercado informal de trabalho. Algumas delas para a criminalidade. Fazer com que essas crianças regressem para a escola é uma tarefa quase impossível, dizem os educadores. O tempo perdido em educação é praticamente irremediável. São cidadãos que terão, pela frente, poucas perspectivas como baixos salários, más condições de vida, mais oportunidades para entrarem para o mundo do crime, mais doenças, mais desajustes sociais e que engrossarão as periferias perigosas das grandes cidades, intensificando os casos de violência tão presentes em nossas metrópoles.

Aqui mesmo em Brasília, quem se der ao trabalho de percorrer algumas dessas áreas periféricas da capital, como Sol Nascente e outras, notará que as ruas nessas localidades estão constantemente tomadas de crianças e de adolescentes que perambulam sem destino durante todo o dia e parte da noite também. O que esperar de uma situação como essa no futuro, se não há projetos para reverter essa situação?

O nosso apagão como nação perante o mundo, notado nos últimos anos em decorrência da decadência paulatina que tomou conta da escola pública, parece agora se transformar num alerta e numa ameaça para o mundo civilizado. A Unesco tem alertado para os efeitos negativos que o fechamento prolongado das escolas trará para o país. Alguns deles são: aprendizagem interrompida, má nutrição, confusão e estresse para professores, pais despreparados para a educação à distância, lacunas nos cuidados com as crianças, aumento do custo econômico, pressão não intencional no sistema de saúde, maior pressão sobre as escolas que permanecem abertas, aumento de taxa de abandono escolar, maior exposição à violência e exploração e isolamento social. Além disso, a Unesco calcula que o prejuízo desse fechamento das instituições educacionais públicas durante a pandemia poderá se estender por até quinze anos.

Nesse período, os impactos se farão sentir de forma evidente até no Produto Interno Bruto (PIB), sendo possível que influenciem negativamente a economia pelo menos até 2038. Escolas fechadas hoje, significam, segundo a Unesco, um país mais pobre no futuro. É preciso lembrar que, somente com a evasão escolar, um fenômeno anterior à pandemia, o Brasil perdia cerca de R$ 214 bilhões ao ano. Com a pandemia, esses números poderão chegar para algo próximo a R$ 1,5 trilhão em prejuízos.

Para um país que caminha a passos largos para um envelhecimento precoce da população, a situação poderá chegar a um perigoso patamar lá pelo ano 2060, quando um em cada quatro brasileiros terá 65 anos ou mais, sendo necessário que, para cada um deles, haja, pelo menos, um jovem em idade produtiva para custear o sistema de seguridade. Num mundo onde o referencial de riqueza há muito passou a ser a escolaridade da população e seu grau de eficiência técnica e científica, resta saber que papel caberá ao Brasil nesse contexto.

A frase que foi pronunciada:

Brigar por política no atual cenário é o mesmo que ter uma crise de ciúmes na zona!”

Carregado por Jüh Nascimentto, no Instagram.

Charge do Duke

Boas novas

Em todo o Brasil, o número de pessoas internadas por Covid em UTIs diminui consideravelmente.

Foto: Pedro Vilela/Getty Images

Depende

Para quem está de fora do Departamento Penitenciário Nacional, parece fácil acabar com o acesso de internos a celulares. Se as famílias são revistadas, os advogados também deveriam ser. Mas se não são revistados e cometem o ilícito de entregar celular para o preso, nada que uma antena bloqueadora de sinais não resolva.

Reprodução de vídeo que viralizou na internet.

Golpes

Por falar em penitenciária, veja, no link Atitudes para segurança pessoal e de dados, a cartilha elaborada pelo Ministério Público de Pernambuco com dicas para prevenção a golpes virtuais e presenciais.

História de Brasília

O dr. Afrânio Barbosa da Silva passou quase o dia inteiro na usina, e tem dado à obra o espírito de Brasília. (Publicada em 07/02/1962)

Desigualdades educacionais

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Foto: REUTERS / Amanda Perobelli/direitos reservados

 

Se hoje nossos cientistas e pesquisadores têm que buscar, no exterior, meios para prosseguirem suas pesquisas, foi porque deixamos de dar a atenção devida e o valor que merece a educação, sobretudo a pública. Hoje, nossas escolas públicas, apesar dos volumosos recursos que o governo diz alocar para o ensino, estão, em sua maioria, sucateadas ou simplesmente fechadas pela pandemia, deixando milhares de alunos sem aulas e sem perspectiva de retorno. Esse atraso, dizem os especialistas, será mais sentido ainda no futuro, quando a situação atingir um nível crítico, comparável aos países mais pobres do planeta.

A cada cinco crianças e adolescentes, quatro estão matriculados em escolas públicas, em sua maioria, ainda fechadas. Falar em recuperação da aprendizagem, perdida em 2020, é uma falácia. O mesmo se pode dizer da aprendizagem perdida no primeiro semestre de 2021. As escolas particulares estão ocupando esses espaços vazios, atendendo apenas os alunos de famílias da classe média para cima, deixando uma legião de brasileiros, filhos de famílias de baixa renda, no porão escuro do analfabetismo.

Esse vácuo deixado pela escola pública, por conta da pandemia, traz reflexos não apenas ao binômio ensino-aprendizagem, estendendo-se também para à saúde, ao desenvolvimento mental e emocional, à segurança e à assistência social, já que muitas crianças deixam de ser atendidas nessas importantes áreas de seu crescimento como ser humano. Os mais atingidos são, sobretudo, aqueles alunos de famílias mais pobres das periferias das cidades.

Não bastasse a acentuada queda na renda familiar, a questão da segurança alimentar é também importante, já que muitas crianças ficam sem a merenda escolar diária. São impactos que trarão problemas duradouros no futuro desses cidadãos. Esse é um tempo irrecuperável, do ponto de vista do desenvolvimento humano. Infelizmente, essa não é uma preocupação que o cidadão observa nas autoridades responsáveis por essas áreas. Não há um mutirão nacional em prol do ensino. Não há propagandas educativas abordando esses problemas e suas consequências, muito menos orientando a população como proceder para enfrentar essa crise vivida na educação dos brasileiros. Nem mesmo as manchetes diárias abordam esse assunto. É como se ele não existisse, ou fizesse parte apenas do cotidiano daqueles que se ocupam realmente com essa questão.

Se, antes da pandemia, esse já era um problema demasiado sério, agora, com o prolongamento da quarentena, ele adquiriu proporções deveras catastróficas. Autoridades que estão em posição de influência, que poderiam mudar essa situação de paralisia, possuem filhos matriculados em escolas particulares e, portanto, não sentem o problema na pele e não possuem ideia, sequer, das repercussões negativas que o fechamento das escolas tem par o futuro do país.

São justamente essas crianças e adolescente, da periferia, que mais sentem os efeitos da pandemia e são os que, no presente, são os mais esquecidos. Isso simplesmente retira-lhes qualquer chance de alcançar um futuro minimamente decente. Não é difícil prever que essa defasagem irá aumentar, além das desigualdades educacionais já altas, as desigualdades econômicas entre ricos e pobres, tornando nosso país, que já é um campeão nesse quesito, um exemplo a ser evitado a todo custo.

De certo essa é uma questão que, num país sério e comprometido, deveria ser transformada num verdadeiro esforço de guerra conjunto. Para aquelas crianças que estão ficando quase dois anos sem escola, há um duplo prejuízo cognitivo: a perda de novos conhecimentos e a perda daqueles que já tinham sido aprendidos, mas não apreendidos, que restaram apagados na memória.

Por outro lado, o afastamento prolongado faz aumentar, ainda mais, o desinteresse dessas crianças pela escola, isso sem falar que já havia anteriormente uma grande evasão escolar. Também para aquelas crianças em fase de alfabetização, os prejuízos são incalculáveis e, em alguns casos, irreversíveis.

Charge do Cazo

História de Brasília

Falta na Asa Norte: telefone, táxi, hospital, escola, jardim da infância, mercado e parede sem rachadura. (Publicada em 06/02/1962)

Sem educação o Brasil caminha para trás

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A educação molda, charge do Marcelo Sabbatini

Não é segredo para ninguém que nossa produção artística, no variado e sofisticado mundo cultural, foi, no passado, muito mais presente e elogiada no cenário internacional que nos dias atuais. Nossos músicos, cineastas, arquitetos, escultores, pianistas, compositores, e uma infinidade de outros artistas de todas as áreas eram modelos a serem copiados e seguidos e, por consequência disso, nosso país despertava a atenção do mundo, que enxergava, na existência de uma plêiade tão grande de talentos, a possibilidade do surgimento de uma promissora e nova potência cultural. Isso tudo, acreditem, foi outrora. Também é do conhecimento de muitos que, até recentemente, a nossa escola pública, apesar de algumas carências pontuais, era considerada de muito boa qualidade, sendo a responsável pela formação de uma boa parcela de brasileiros que hoje ocupa postos de alto nível, tanto na administração pública quanto nas empresas.

Toda uma geração de brasileiros que hoje desponta por sua atuação profissional passou pelos bancos escolares das escolas públicas, sendo que muitos obtiveram excelente formação estudando, durante todo o ciclo de ensino, indo do antigo primário até a universidade, sempre pelas mãos de professores do Estado. Por certo, o progresso e, principalmente, desenvolvimento humano, não vêm naturalmente, apenas por ação do passar do tempo. É preciso um esforço diário para ir avançando aos poucos de cada vez, e isso não é segredo algum.

Foi aí que as coisas parecem ter desandado em nosso país. Ficamos como que atados ao passado. Ou, pior ainda, retrocedemos aos primórdios. Pelo fato de o nosso ensino público ter perdido a qualidade que exibia num passado recente, toda uma geração, que poderia hoje brilhar com seu talento, contribuindo com sua formação, para um mundo melhor, ficou apenas na promessa de acontecer. Quem sabe esse seja o significado hodierno de “país do futuro”. Definitivamente, perdemos a chance de sermos o país do presente. E tudo por que deixamos de lado a capacidade e o potencial, que somente um ensino público de qualidade possui para alavancar toda uma geração, fazendo-a sair da terra, como um broto que busca a luz. Apenas porque fechamos os olhos para a escola pública, todo um país deixou de acontecer. Se hoje nossa classe artística, com honrosas exceções, já não consegue mais aquele brilho especial que, no passado, despertava a atenção do mundo civilizado, é por que fizemos pouco caso da escola pública.

A frase que foi pronunciada:

Do atrito de duas pedras chispam faíscas; das faíscas vem o fogo; do fogo brota a luz.”

Victor Hugo

Victor Hugo. Foto: wikipedia.org

Democracia

Quem articula as mudanças para o voto impresso na Câmara é o deputado Felipe Barros. Relator da proposta, o que ele quer é o que o voto passe a ser “conferível em meio impresso pelo eleitor e apurado em sessão pública.” Parece que a causa está em perfeita harmonia com a Constituição.

Cálculos

Um passeio pela W3 Norte e Sul é o suficiente para registrar o número de obras que invadem o espaço aéreo. São esses puxadinhos que se tornam um risco. Por falar nisso, ontem na 713 Norte, parte de uma comercial desabou. Assista o vídeo no link Desabamento na 713 Norte.

Foto: Marcos José/Cortesia

Caso estranho

Dizia Rui Barbosa: “Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada.” Basta ver o caso dos concurseiros que abdicaram de, no mínimo, 2 anos da vida para se trancar em bibliotecas e estudar para o concurso da SEDES e, até hoje, debatem-se com a injustiça que vem acontecendo nas barbas do Ministério Público. Primeiro a absurda mudança das regras do jogo no meio do caminho, ao que parece, para favorecer quem não atingiu a pontuação e, agora, ignorar os aprovados que podem ser chamados e contratar pessoal que não fez o concurso. Essa última iniciativa foi interrompida com uma manifestação dos aprovados, que, mobilizados, só querem o que lhes é de direito (clique aqui).

–> Veja mais sobre a manifestação em: Ato do dia 05/08/2021.

Foto publicada no perfil oficial do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF no Instagram

Verde

É um bom lugar para a compra de todos os tipos de plantas. Vale conhecer o Polo Verde, na subida de Sobradinho. O problema sempre foi o estacionamento. Um lamaçal ou poeirada constante, depende da época. Já tem gente do DER por lá para melhorar essa situação. Ao que parece, tudo vai melhorar.

Foto: reprodução Google Maps, março de 2021.

História de Brasília

As eleições em Brasília vão ser responsáveis pelo rompimento de muitas amizades. Os candidatos estão excitados e apavorados. Da janela a gente vê muito bem o estrebuchamento lá em baixo. (Publicada em 06/02/1962)

Homeschooling é para quem pode

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Charge do Benett

 

Alguns fatos ocorridos na dinâmica social e urbana brasileira iriam, no final dos anos 1970, provocar uma série de mudanças estruturais no tradicional modelo educacional do país, principalmente no ensino público, oferecido pelo Estado, sob a direção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), como era denominada naquela época a pasta que coordenava os assuntos ligados a essa área.
Entre as mudanças sociais que acabaram por atingir em cheio a educação pública, sobretudo no quesito qualidade e eficiência, está a debandada em massa das classes média e alta dessas escolas, rumo ao ensino privado, que começava a ganhar fôlego e atrair os alunos, cujas famílias tinham melhores condições econômicas, oferecendo não apenas um currículo e uma grade e disciplinas mais elaborados, mais diversas e atrativas para os próprios alunos, aprofundando em matérias escolares que, lá no ensino público, eram vistas apenas de forma superficial. Não demorou para esse alunado começar a se sobressair nos exames e vestibulares do país, mostrando não só uma diferença de qualidade desses conteúdos programáticos, como uma nova maneira de ministrar aulas mais dinâmicas, tudo dentro de um espírito empresarial que reconhecia na educação de jovens um vasto campo a ser explorado economicamente pelos novos empresários.
Os melhores pedagogos e professores foram chamados também. As aulas consumiam uma carga horária maior. O material didático era diferenciado e mandado imprimir pelas próprias escolas, contendo textos explicativos e exercícios, relativos ao assunto, em cadernos ricamente diagramados.
Ao ser deixado de lado pelas classes médias e altas, o ensino público perderia o principal nicho social que poderia, de alguma forma, fazer pressão pela melhoria do ensino junto às autoridades, reivindicando direitos e exigindo escolas de qualidade. Com isso, muitas escolas públicas, que outrora eram reconhecidas como de excelência, passaram a conhecer a decadência.
Das poucas escolas que conseguiram sobreviver a esse esvaziamento social, oferecendo um ensino de relativa qualidade, todas elas, indistintamente, tinham em seus quadros de direção, professores abnegados e incansáveis, que passavam a maior parte do ano peregrinando pelos corredores dos ministérios em busca de auxílio e, muitas vezes, não se dobrando às humilhações impostas pela burocracia estatal e pela indiferença com o problema.
Os ministros da pasta que, antes, exibiam invejáveis currículos acadêmicos, foram substituídos por políticos profissionais dispostos a tudo, menos a atender às necessidades da área. O mesmo passou a ocorrer em âmbito estadual e municipal, com os secretários de educação, a grande maioria despreparada e avessa a esses problemas.
Deu no que deu. Nesse vácuo e nesse terreno baldio em que se transformaria o ensino público, ficaram alguns professores em fim de carreira, cansados e desiludidos da luta pela melhoria do ensino e alguns outros professores, que caso fossem submetidos a exames para medir o grau de conhecimento nas disciplinas que ministravam, seriam automaticamente reprovados. Os baixos salários cuidaram para espantar os poucos profissionais de ensino com maior preparo. Os sindicatos, como braços avançados dos partidos, cuidaram de fazer a sua parte, paralisando continuamente as aulas em busca não apenas de melhoria salarial, mas com vistas em interesses políticos e eleitoreiros.
Não surpreende que hoje o ensino público do país seja um dos mais mal avaliados nos certames internacionais como o Pisa e outros. Hoje, o ensino público é ofertado, em grande parte, para pessoas de baixa renda que não encontram outra opção. É isso ou nada. Com a pandemia prolongada esse fosso entre escola pública e privada só fez aumentar ainda mais, acentuando dramaticamente a desigualdade social.
Alunos de escolas privadas continuam tendo aulas, via computador. Os alunos do ensino público, na sua maioria, nem sabem em que escola estão matriculados e que série estão cursando. Para tornar esse quadro ainda mais surreal, agora a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados acabou de aprovar o Projeto Lei (3262/19), permitindo o chamado homeschooling, ou seja, a que os pais eduquem seus filhos em casa, retirando do Código Penal o crime de abandono intelectual. Por acaso não seria abandono intelectual o que o Estado promoveu, pensadamente, contra o ensino público? Fica a questão para um problema que nem esse nem outros governos passados conseguiram resolver minimamente.
 
A frase que foi pronunciada
 
“Minha escolaridade não só falhou em me ensinar o que professava ensinar, mas me impediu de ser educado a ponto de me enfurecer quando penso em tudo que poderia ter aprendido sozinho em casa.”
George Bernard Shaw
George Bernard Shaw. Foto: wikipedia.org
História de Brasília
Próximo às casas da Edel, um fazendeiro da invasão resolveu fazer um cercado e criar uma cocheira. Há uma onda de mosquitos que não deixam ninguém sossegado. (Publicado em 03/02/1962)

O mapa do tesouro

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Charge do Cazo

 

Na coluna anterior foi dada a ênfase à ideia de implantação de uma tríade de instituições formada por gráficas, bibliotecas e livrarias estatais visando o alicerçamento pedagógico e didático para a construção de escolas públicas de qualidade, seguindo não o modelo de empresas do Estado, criado apenas para atender as demandas fisiológicas de seguidos governos, mas que as escolas sejam voltadas para uma missão de longo prazo em prol da educação.

Não se trata aqui da constituição de mais uma empresa estatal obsoleta e dispendiosa, nos moldes do que já temos, mas de um conjunto de instituições voltadas, exclusivamente, para dar suporte ao ensino público de qualidade, num país, que todos sabemos, continental e com desigualdades enormes. Ocorre que, para atingir esse fim, não se pode, de modo algum, prescindir dos livros e principalmente do acesso a livros e edições de alto nível, englobando o que a literatura nacional e mundial tem produzido de melhor.

Obviamente que, para tão gigantesca tarefa, essa nova instituição deveria reunir, em torno de si, um corpo formado por intelectuais da área da educação de reconhecida expertise, além de educadores, empresários do ramo da editoração, escritores, professores e outros profissionais dedicados a um só objetivo: aplainar os caminhos para que todos os brasileiros entrem em contato e se aproximem mais dos livros.

Por certo, esse seria um projeto de longo prazo, já que reverter os índices que sinalizam que os brasileiros leem pouco em relação a outros cidadãos, mesmo do continente Sul, é uma realidade indiscutível. Ocorre também que, nos diversos certames onde a qualidade de nosso ensino, de forma geral, é posto à prova, o denominador comum que sempre surge indica que por falta de uma maior familiaridade com a leitura, nossos alunos não sabem interpretar um texto simples, indicando  com clareza, que assunto é ali abordado.

Para aqueles que insistem em argumentar que a Internet e os meios digitais da informática vieram para decretar, definitivamente, a morte dos livros, tal como o conhecemos, é preciso argumentar que, o salto mortal, dado por cima dos livros, para atingir a era da informática, jamais se completará de forma satisfatória, sem a base e os degraus fornecidos pelos livros.

Talvez essa seja a mesma sina apontada pelo antropólogo Claude Levi-Strauss em sua obra “Triste Trópicos”, de 1955, onde o pesquisador chegou a notar que estávamos destinados a passar da barbárie à decadência, sem ao menos conhecer a civilização. É esse salto no escuro que temos que nos precaver, precisamos criar bases sólidas para adentrarmos o futuro com segurança, ainda mais quando verificamos a imensa disparidade existente hoje entre alunos com acesso efetivo às redes de informática e uma imensa maioria formada por brasileiros off line ou fora das redes.

O fechamento de escolas, teatros, bibliotecas, museus, galerias, livrarias e outros diversos centros de cultura, fenômeno que já vinha sendo observado mesmo antes da pandemia, apontava para uma situação calamitosa que estava por vir.

Com o isolamento social, esse desmanche da culturas se acentuou ainda mais, empobrecendo a vida em cidades e forçando-nos a uma espécie de regresso ao tempo da barbárie. Temos que evitar esse retorno no tempo, dando, às novas gerações, o caminho das pedras e os mapas do tesouro, escondidos dentro dos livros.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.”

Mario Quintana, poeta, tradutor e jornalista

Mário de Miranda Quintana. Foto: wikipedia.org

 

Novidade

Até o dia 31deste mês, o contribuinte pode participar do programa Nota Legal, para abater o valor do IPTU ou IPVA. Uma novidade esse ano: quem estiver com o nome na dívida ativa também poderá usar os créditos para quitar os impostos.

Imagem: notalegal.df

 

Breu

Estranho o intervalo dos postes no Eixão. Cada vez mais espaçados, aumentando a escuridão.

 

 

Pintor

Otoniel Arte Brasil pode ser facilmente encontrado no FB. Com um colorido bem brasileiro o artista tem agradado muita gente.

 

Juntos

Gabi Luz, Conselheira Tutelar do Lago Norte, ficou impressionada com a participação da comunidade, além da PM e Polícia Civil, na busca de uma criança desaparecida na região. A união de todos atingiu o objetivo. A criança está em segurança, aos cuidados da mãe.

Gabriela Luz. Foto: facebook.com/conselheiratutelargabriela

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

E há o mais grave. Altos funcionários recebem “dobradinha”, residem no Rio e mantém apartamentos fechados em Brasília. Aqui estão alguns da cúpula do Ministério da Fazenda: Hamilton Beltrão Pontes, Contador Geral da República: Luiz Sousa Pinto, Diretor da Despesa Pública: Luiz Dourado Magalhães, Administrador do Edifício da Fazenda e Afonso Almiro, Diretor Geral da Fazenda Nacional.

Gráficas, bibliotecas e livrarias estatais no lugar das armas de fogo

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Por certo, não será ainda durante esse governo, e muito menos em meio a uma pandemia sem data para terminar, que os problemas da educação no Brasil começarão a serem tratados com a devida atenção que necessitam. Até mesmo por sua relativa projeção econômica entre as nações desenvolvidas, essa é uma questão que, mais do que interessar a governantes e partidos, interessa aos brasileiros e não pode mais ter sua implementação adiada sine die.

A confecção e implementação de um projeto honesto, consistente e perene de melhoria da educação pública no país é uma demanda urgentíssima. Para a comodidade daqueles que consideram essa uma tarefa sem retorno político eleitoral, a pandemia veio a calhar. O fechamento de escolas, do básico às universidades, retirou, momentaneamente, o foco sobre esse problema, o que, por certo, irá agravar ainda mais aquilo que já era ruim.

A melhoria na educação que, a princípio, seria a principal bandeira administrativa de qualquer governo minimamente engajado vem aguardando, ano após ano, a hora de ser apresentada e colocada ao alcance de todos os cidadãos, sobretudo às parcelas mais jovens da população. Trata-se aqui de um reconhecido gargalo a impedir o pleno desenvolvimento da nação, com reflexos negativos permeando toda a vida do país, da máquina pública ao próprio sentido de Estado Democrático de Direito, conforme se vê em nossa Carta Maior.

Nesse sentido, muitos educadores têm observado que é nesse momento, em que se verifica um certo retraimento do Ministério da Educação, por conta da virose, que o governo poderia direcionar suas ações no sentido de cercar os muitos problemas que afetam a qualidade de nossas escolas públicas e implementar ações paralelas que, lá na frente, irão possibilitar maiores ganhos ao ensino em todo o país. Essas ações poderiam ser iniciadas com a adoção de dois projetos básicos, ambos tendo, como alicerce e tijolo dessa grande construção educativa, o livro. Tanto o livro didático quanto os livros de forma geral.

O primeiro tijolo dessa megaobra seria a constituição de uma espécie de gráfica nacional ou estatal, voltada, exclusivamente, para a publicação e edição de livros de qualidade cultural indiscutíveis, dos mais diversos assuntos e que, por questões comerciais e pelo avanço das mídias sociais, deixaram de ser produzidos. Essa gráfica nacional iria, segundo educadores e outros que sonham com um país mais civilizado, abastecer, a preços honestos, o mercado de livros. Por sua vez, essa produção de cultura impressa e de qualidade iria encontrar seu desaguadouro ou foz nos novos estabelecimentos criados estrategicamente em todo o país, na forma de um mix de livrarias e bibliotecas do estado, equipadas com todo o ferramental necessário para dar suporte ao ensino do básico ao universitário.

Dessa forma, a constituição conjunta de gráficas e bibliotecas/livrarias estatais, ao ocupar um nicho do mercado que vai desaparecendo em toda a parte, formaria a mais completa engrenagem a favor da escola pública e do ensino de qualidade. Muito mais do que revólveres e fuzis automáticos, colocados ao alcance de um país há muito mergulhado na mais sangrenta violência, o que a nação mais necessita é se armar de livros em busca de uma paz luminosa, que só a cultura pode oferecer.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Um investimento em conhecimento paga o melhor interesse.”

Benjamin Franklin, cientista, escritor e diplomata norte-americano.

Benjamin Franklin. Imagem: Joseph Siffrein Duplessis, en.wikipedia.org

 

Capital

Complexo Gastronômico e de Lazer da Ponte do Bragueto, o Pontão Norte, entrou no papel. Publicado no DODF; os estudos para a viabilização já começaram.

 

Selvagem

Enquanto isso, corre pelas redes sociais que capivaras estão atacando pessoas e animais. A proliferação é alta e não há estratégia do governo para impedir. Enquanto o problema era só os carrapatos, a população tolerava. Aos ataques, deve haver reação.

Foto: Gabriel Luiz/G1

 

Online

Professor de Direito, José Andrade, de Curitiba, está em todas as redes sociais atraindo cada vez mais pessoas, com ou sem curso superior. As aulas compartilham a experiência cotidiana nos tribunais. Veja, a seguir, como participar dos encontros.

–> EU NUNCA FIZ ISSO ANTES.

Muitos pessoas já haviam me pedido por isso, mas eu sempre relutei. Já me ofereceram para pagar por isso, mas, não achei que eu teria tempo.

Mas, como forma de mostrar pra você o meu comprometimento com a minha missão em compartilhar conhecimento, eu decidi atender aos pedidos.

Eu e minha equipe trabalhamos dia e noite para concretizar esse presente. SIM, UM PRESENTE.

Eu poderia vender, mas eu vou dar de presente pra você, um verdadeiro tesouro.

Para receber esse presente, exclusivo, você precisa participar da Semana da Execução de Sucesso.

Esse evento começa dia 25 de janeiro e será o início de uma mudança sem precedentes.

📌Para se inscrever, gratuitamente, é só clicar no link: SEMANA DA EXECUÇÃO DE SUCESSO

Um grande abraço.

 

Vigilância ambiental

A pedido do GDF, se algum cidadão encontrar micos mortos ou doentes, deve informar pelo telefone 99269-3673 ou pelo 160. Os micos auxiliam no monitoramento da febre amarela.

Arte: Danielle Freire, saude.df.gov

 

Buraco zero

Pelo número 162 ou pelo link www.ouvidoria.df.gov.br, o governo está recebendo, da população, os pedidos para tapar buracos. Centralizar as informações vai facilitar a operação.

 

Monitoramento

Uma comissão mista vai acompanhar a situação fiscal e a execução financeira das medidas adotadas em relação ao COVID-19. O deputado Francisco Jr. é o relator. A reunião remota foi presidida pelo senador Confúcio Moura e pela senadora Eliziane Gama.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O representante do Ministério da Fazenda disse numa reunião do GTB que a Diretoria Geral funcionará aqui, ao tempo da inauguração da cidade, com grande eficiência. Depois voltou para o Rio. Voltaram os papéis. Os funcionários ficaram abandonados e sem assistência. (Publicado em 23/01/1962)