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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Muitos historiadores consideram que a Proclamação da República, nos moldes como foi realizada em 15 de outubro de 1889, constituiu-se, claramente, num golpe de Estado, que marcaria o fim do Brasil Império e o início de um novo sistema de governo. O que nascia, de forma torta e um tanto improvisada, não poderia gerar outras consequência que não crises institucionais cíclicas. Até mesmo a Constituição de 1890, dada a pouca experiência dos novos mandatários, teria que ser copiada dos Estados Unidos e imposta a uma cultura que muito se diferenciava dos irmãos do Norte.
Tratou-se aqui de uma revolução circunscrita aos núcleos urbanos, defendida por jornalistas, advogados, médicos, latifundiários, parte do clero, maçonaria e outros grupos ligados às classes mais escolarizadas. O grosso do país, que residia na área rural, nem ao menos ficou sabendo dessas mudanças e do exílio imposto, da noite para o dia, de toda a família real.
Dizer, pois, que a Proclamação de 1889 foi movida pelos ventos da modernidade daquele período é uma balela. Nem mesmo a população dos poucos núcleos urbanos existentes naquele período no Brasil ficou sabendo da novidade e de seus desdobramentos.
Havia, nesse movimento tipicamente de gabinetes e de conchavos, um apelo falso pelas liberdades e pela democracia, embora o principal protagonista desses apelos, representado pelo povo, tivesse sido mantido à margem do processo. Era a tal da democracia sem povo, como ainda hoje se verifica, quando os próceres da atual República resolvem, em reuniões fechadas, o destino da nação. Talvez, por essa e outras razões ligadas a um passado ainda mal resolvido, todas as grandes manifestações populares são vistas com surpresa e até um certo temor pelos donos do poder.
Nada assusta mais um mandatário neste país do que ver multidões nas ruas clamando por seus direitos. Acreditar que o povo só é importante no momento em que está diante das urnas tem sido um desses problemas que nos mantém presos ao passado. Essa questão ganha ainda mais relevância e mais riscos quando, em pleno século em que a interconectividade mundial das redes via Internet assume um papel crucial nos movimentos populares, elevando o clamor das gentes e incendiando cada canto do planeta, em especial a nossa pátria, pela liberdade.
Por isso, fechar os olhos ao que ocorre hoje, nesse 15 de novembro de 2022, ao que acontece em todo o país, com famílias inteiras protestando nas ruas das principais cidades do Brasil, pode ser visto como uma repetição daquela Proclamação de 1889, em que as autoridades acreditavam que o povo era apenas uma concepção abstrata e sem maiores importâncias.
As manifestações populares, chamadas, por uns poucos desavisados, de protestos da extrema direita, são, quer queira ou não, manifestações legítimas, vindas das ruas. Fechar os olhos e ouvidos ao que se passa agora, nas ruas de todo o país, não tem o poder de fazer com que elas inexistam. Há uma proclamação pela coisa pública e um clamor retumbante vindo agora das ruas, e isso é fato, não adianta esconder.
A frase que foi pronunciada:
“Bom cidadão é aquele que não tolera na pátria um poder que pretenda ser superior às leis.”
Cícero
Comissão de frente
Veja, no Blog do Ari Cunha, o vídeo da reunião que aconteceu no início do ano quando “A Convencional” María Rivera apresentou uma proposta de criação de uma Assembleia Plurinacional de Trabalhadores e Povos, que seria responsável pela gestão da justiça, economia e decisões políticas.
Antidemocrático
Autoritário, absoluto, arbitrário, dominador, despótico, opressor, tirano, tirânico, dominante, autocrata, déspota, ditador, dogmático, imperativo, imperioso, magistral, mandão, opressivo, oprimente, ditatorial, iliberal, autocrático, absolutista, cesarista, discricionário, dominativo, totalitário, totalitarista, impositivo.
Alethea
Nosso querido Ari Cunha adorava contar essa fábula, sempre atual. Era o sapo que ia atravessar o rio e ouviu o grito do escorpião pedindo uma carona. Mas promete que não vai me matar? Disse o sapo desconfiado. Claro que não! Argumentou o escorpião. Se eu matar você, morreremos os dois! Argumento irrefutável. No meio do rio não deu outra. As toxinas escorpiônicas espalharam pelas costas do sapo agindo nos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo. A intensidade do veneno foi grande, mas o pobre sapo ainda perguntou: Por quê? Porque essa é a minha natureza.
História de Brasília
A saída do dr. Magalhães, do Departamento de Edificações da Novacap tem sido muito sentida. Competente, e conhecedor dos problemas do seu Departamento, sua ausência está sendo sentida em tôdas as horas. (Publicada em 13.03.1962)
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Foi-se o tempo em que a expressão do Latim que ensinava que: “ verba volant, scripta manent” ou, em tradução livre , “palavras voam, a escrita permanece”, fazia algum sentido. Hoje, com o estabelecimento generalizado das tecnologias digitais, somadas às mídias sociais, tudo o que é falado em público, especialmente pelos políticos, é gravado e replicado ad infinitum.
Capturados pelas redes, ficam como escritos em rochas e jamais desaparecem, nem por força de controles e de censuras. Posto isso, é fácil aferir, antologicamente, o que seria a quintessência de qualquer indivíduo. Somos a expressão do que falamos, até de modo inconsciente. Não é por outro motivo que a psicanálise recorre, basicamente, ao que o paciente expressa em palavras, para desnudar-lhe a alma e o âmago.
Da mesma forma, é possível desnudar algumas dessas lideranças políticas, que estão atualmente sob o foco e a luz das atenções, para entendermos o sujeito e o objeto de suas falas. Tomando apenas os dois principais personagens políticos do momento e de posse do que disseram publicamente nesses últimos meses, e que podem ser conferidos em gravações que navegam pelas mídias eletrônicas, teremos farto manancial de palavras que podem, muito bem, servir de material para uma análise que mostre quem é, de fato, que pode estar por trás de cada fala.
O trabalho de compilar uma e outra fala do atual presidente e de seu opositor, que ambiciona lhe tomar o lugar, não é tarefa fácil, em virtude da verdadeira guerra de palavras que foi estabelecida e declarada, tanto no campo das eleições como anteriormente, na pré-campanha. Assim, estabelecendo Lula como sendo o número (1), e Bolsonaro como número (2), temos: (1) “ainda bem que a natureza criou o Coronavírus”; (2) “Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, e especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo”; (1) “Eu não vou enganar o povo mais uma vez”; (2) “O povo armado jamais será escravizado”; (1) “Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos, assaltando e sendo violentado pela polícia, só porque roubou um celular”; (2) “O sr. só promete, promete até picanha com cerveja, quando, da votação do Auxilio Brasil, seu partido votou contra a medida”.
A lista de parlapatices é imensa e pode muito bem ser pesada, na balança do juízo, por qualquer um. O fato, como disse o próprio Lula, durante sua turnê na Europa, é que “Bolsonaro só pensa em destruir aquilo que destruímos.” Fossem aferidas, segundo padrões de peso, cada frase poderia, muito facilmente alcançar algumas toneladas.
Jogadas contra os adversários poderiam provocar grandes estragos. Nessa batalha de palavras, a maioria, saída da boca sem antes passar pelo crivo do cérebro, os mais prejudicados são os cidadãos de bem, que têm sua família, que vão à Igreja, pagam seus impostos e sonham com um país onde seus filhos possam expressar, livremente, seus credos, sua educação, exatamente como faziam nossos antepassados, quando essas ameaças de destruição de valores eram vistas apenas em livros de ficção distópica e que, de tão assustadores e tenebrosos, eram lidos apenas por uma parcela de masoquistas e niilistas renitentes.
A frase que foi pronunciada:
“As palavras são gratuitas. É como você as usa que pode lhe custar caro.”
De KushandWizdom
Pela saúde
Ausente nos supermercados, a Vigilância Sanitária está perdendo os absurdos, principalmente, nas gôndolas de carne. No supermercado Dia a Dia do Novo Gama, as prateleiras do produto exalam o odor putrefato de longe. Pelo DF, a Vigilância também encontraria bastante trabalho.
Muito cuidado
Por falar em vigilância, com acesso aos limites de crédito dos clientes bancários, empresas que já tiveram busca e apreensão da polícia, continuam trabalhando com aposentados na mira. Mudam o nome e não se intimidam. Oferecem crédito consignado. Uma verdadeira armadilha. Marcam reunião, recebem a visita de consultores, tomam até cafezinho na própria empresa. O primeiro contato é feito por telefone. Quando o assunto for seu dinheiro, trate com o seu gerente.
Lado bom
Amor à primeira vista. Carlos Moisés e Antônia Souza Araújo. Esses são os nomes certos do casal que se conheceu no Varjão, enquanto votavam há 4 anos, e voltou, neste ano, para votar na mesma seção, já com aliança no dedo.
História de Brasília
Já que o assunto é fiscalização, aqui está uma: as casas da Caixa Econômica, na W-3, estão abolindo dependências de empregadas, para alugar a escritórios e oficinas. E o pior. Já estão colocando basculantes nas paredes externas, não se sabe com ordem de quem. (Publicada em 13.03.1962)
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Ou a gente acaba com os ratos, ou os ratos acabam com o Brasil. Com essa frase, copiada de Monteiro Lobato, o marqueteiro político Duda Mendonça pregava a necessidade de voto no candidato Lula e no Partido dos Trabalhadores para acabar com a praga da corrupção que vinha destruindo o país, desde a chegada de Cabral por essas bandas. Substituindo as saúvas de Lobato pelos ratos políticos, a propaganda de Duda mostrava uma ninhada desses roedores devorando ferozmente a bandeira nacional, que, depois de estraçalhada, ainda era arrastada para dentro da toca. O ano era 2002 e a peça de propaganda levou muita gente a acreditar que, finalmente, o Brasil iria se livrar da peste secular, dando início a um novo ciclo de nossa história.
A peça publicitária era endereçada ao governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC, 1995-2002), atacado, naquela ocasião, pelos petistas e pelo próprio Lula com a mesma ferocidade com que os ratos se atiravam sobre a bandeira. Tratava-se, na realidade, de uma grande ingratidão cometida contra FHC, pois fora ele quem limpou as veredas e aplainou os caminhos que iriam permitir o acesso do PT ao poder. Sem Fernando Henrique Cardoso, dificilmente Lula teria chegado à presidência. Para conseguir essa façanha, o próprio FHC cuidou de obstar, o quanto pode, a candidatura natural de José Serra, do mesmo partido, e que vinha realizando um excelente serviço, tanto no ministério do Planejamento como frente à pasta da Saúde.
Pelo o que era apresentado pela imprensa naquela ocasião, FHC não media esforços para, ao mesmo tempo, dificultar a candidatura de um correligionário e abrir espaços para a chegada de Lula ao Palácio do Planalto. Essa manobra talvez tenha representado um dos primeiros movimentos da chamada “Teoria ou Estratégia das Tesouras “, na qual tanto o PSDB de FHC como o PT de Lula apresentavam, em público, discórdias e brigas, todas elas ensaiadas, e, nos bastidores, juntavam suas forças e estratégias com a única finalidade de trazer as esquerdas e todo o seu ideário para dentro do poder no Brasil, de modo permanente e indiscutível. Para os brasileiros que assistiam, de fora, essa peleja teatral, parecia haver um rivalidade política de fato entre as duas legendas. O fato é que, de 1995 até 2022, essa estratégia funcionou de maneira perfeita para as duas legendas e para seus principais caciques.
Com a adesão pública de Geraldo Alckimin, colocando-se como vice na chapa de Lula, todo esse trabalho cênico, bem elaborado e que, por anos, enganava os eleitores, desmoronaria na frente de todos, mostrando, de forma crua e até pouco decente, como agem os protagonistas da esquerda brasileira, sempre dentro da máxima: “Os fins justificam os meios”. Nesse jogo viciado de cara e coroa, a moeda sem lastro das esquerdas foi perdendo seu valor de face, quando uma sequência infinita de escândalos de corrupção foram vindo à tona. Infelizmente, a enorme relação desses escândalos e seus efeitos maléficos para a nação, durante todos os 15 anos de governo petista, não tiveram o condão de acender, junto à parcela da população e, principalmente, junto às elites políticas, o alerta necessário para dar outros rumos ao país, já que esses que aí estão transformam o filme publicitário de Duda Mendonça de uma peça ficcional em um documentário realista e de mau agouro.
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Quem observa, com atenção, antigas fotos em preto e branco, tiradas a pouco mais de meio século, mostrando cenas nossas principais das capitais, de suas ruas, avenidas, parques e centros de comércio, nota, logo de saída, uma diferença significativa e que ilustra um fato curioso: como eram bonitas e organizadas nossas metrópoles, com cada coisa em seu lugar. As principais ruas eram limpas, arborizadas, os prédios bem dispostos, bem cuidados. Os parques exibiam estátuas e monumentos intocados, haviam bebedouros públicos espalhados pela cidade. O trânsito fluía, as pessoas pareciam caber nas ruas. Tudo estava em seu lugar.
Nos centros urbanos, não se via lixo, pichações, parecíamos estar vendo uma outra cidade, de um outro país distante. Vendo essas imagens e olhando em volta para o que temos agora, o sentimento que prevalece é de que, já naquela época, havíamos resolvido grande parte de nossos problemas urbanos atuais.
Passados tanto tempo, a pergunta que se impõe é o que teria ocorrido com nossas principais capitais? Comparando esses mesmos sítios ontem e hoje, é visível a deterioração e o envelhecimento precoce de nossos espaços públicos. Por que esse mesmo fenômeno não afetou cidades como Paris e Roma, bem mais antigas e tão bem conservadas? Nossas principais cidades simplesmente envelheceram num ritmo alucinante.
É certo que o Brasil de cinquenta anos atrás tinha seus problemas, mas o registro em imagens, gravado no papel, mostra as metrópoles brasileiras como um lugar outrora aprazível e seguro. Mesmo Brasília, tão nova e moderna, basta um olhar nas fotos captadas nos anos sessenta para se constatar que o passar do tempo maltratou muito a capital do país. Imagens mostrando a rodoviária central, o setor comercial sul, a W3 e outros endereços, nos anos 60, registram uma cidade que não existe mais, e que foi engolida pelo progresso ligeiro e oportunista.
Nos últimos anos, esse processo de deterioração se acelerou com a entrada de novos personagens no comando da cidade, retaliada entre grupos políticos. O que se observa agora é a degradação dos espaços públicos, com os puxadinhos horrendos tomando conta de tudo, até de paradas de ônibus.
O comércio sobre rodas, caracterizado pelos chamados food trucks, uma inovação importada às pressas dos Estados Unidos, não respeitam canteiros centrais, áreas verdes, nada. Vão invadindo cada canto, improvisando um comércio de alimentos que todos sabemos, não passa pelo crivo da vigilância sanitária.
Leis, feitas sob encomenda e que irão beneficiar mais aqueles que as confeccionam do que a população em geral são produzidas em quantidade, favorecendo todo o tipo de empreendimento. Com isso, a cidade que deveria ser modelo para o mundo entra, pouco a pouco, num processo de decadência triste e irreversível, restando apenas lembranças gravadas em fotografias em preto e branco e que nos dão a certeza de que éramos felizes e não sabíamos.
A frase que foi pronunciada:
“Democracia quer simplesmente dizer o desencanto do povo, pelo povo, para o povo.”
Oscar Wilde
De presente
Conhecido como o mar de Brasília, o céu apresentou uma surpresa espetacular ontem na capital. Um halo em volta do sol chamava a atenção. A seguir, as fotos de João Andrade, aniversariante do dia.
Atuação
Engatinhando ainda no compartilhamento das informações de atividades parlamentares, a Câmara Legislativa tem o Senado Federal e a Câmara dos Deputados para se espelhar. Só assim vai se tornar transparente. Por enquanto, as informações são escassas.
Educação
Poeira e Batom é um documentário de Tânia Fontenele que deveria ter apresentação obrigatória nas escolas públicas e particulares da capital. Uma cidade tão nova precisa ter a origem conhecida pelos jovens.
Gestão
Mulher passa mal aguardando atendimento no CRAS. O problema é o horário de funcionamento. A demanda é enorme e o tempo de portas abertas é muito pouco.
História de Brasília
Já que o assunto é fiscalização, aqui está uma: as casas da Caixa Econômica, na W-3, estão abolindo dependências de empregadas, para alugar a escritórios e oficinas. E o pior. Já estão colocando basculantes nas paredes externas, não se sabe com ordem de quem. (Publicada em 13.03.1962)
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A saúde, lembra a Constituição em seu art. 196, “é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” Mais adiante, no art. 199, logo em seu parágrafo primeiro, diz: “As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.”
A entrada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como reguladora dos planos de saúde, um setor que lucra no Brasil algo em torno de bilhões de reais por ano, não tem, na visão dos milhões de segurados desses planos privados, conseguido conter os aumentos absurdos nas mensalidades, nem tampouco estancar os abusos praticados por essas empresas na cobertura de assistência.
Esse comportamento dúbio da ANS tem levado muitos brasileiros a desconfiarem que, a exemplo de outras agências reguladoras, faz o jogo imposto pelo poderoso lobby das operadoras de saúde, até porque são elas, e não o poder público, que dão razão à sua existência. Em qualquer país, mesmo naqueles que professam a mais radical interpretação do liberalismo econômico, a atuação das operadoras dos planos de saúde jamais ocorreria da forma como se encontra hoje no Brasil.
A transformação da saúde humana em mera mercadoria, pelos planos de saúde, só é párea, no quesito desumanidade, para os hospitais públicos nos quais brasileiros são amontoados em corredores infectos à espera de um mínimo de atendimento. Na dúvida, entre pagar o que exigem e a morte, muitos brasileiros, sobretudo os idosos, são obrigados a se render aos abusos nas mensalidades, principalmente quando inscritos nos planos individuais.
Se a situação é ruim para quem possui plano individual, para as empresas, obrigadas por lei a disponibilizarem planos de saúde para seus funcionários, a coisa não é melhor, O custo crescente dos planos empresariais com saúde chega a consumir mais de 11% da folha de pagamento das empresas, lembrando ainda que hoje os planos empresariais são 66% do mercado.
Os abusos no aumento das mensalidades têm feito com que mais de 2,5 milhões de pessoas abandonem os planos de saúde. O problema é que, quando a doença ameaça a existência de um indivíduo, dinheiro é a última coisa a se pensar. Nessa encruzilhada entre o público e o privado, o cidadão se depara ainda com desvios de toda ordem, quer na forma de malversação dos recursos públicos com corrupção, sobrepreços e outras ilegalidades, quer nas manipulações feitas pelos planos privados, encarecendo a toda hora a prestação desses serviços.
A tudo, a ANS, tolhida em suas funções originais, quer pela pressão de políticos ou de operadoras dos planos, observa distraída, com cara de paisagem. Nesse comportamento esquizofrênico, que obriga a Agência Nacional de Saúde a caminhar no limbo entre o que querem as operadoras e o que determina a legislação, o Código de Defesa do Consumidor e as milhares de ações na justiça, resta aos brasileiros a certeza dos reajustes solicitados nas mensalidades dos planos pela Agência diante da inflação menor no período.
Esse problema deixou a esfera administrativa e política e já adentrou para a esfera da investigação policial. Nesse sentido, a questão, por sua dimensão escandalosa, chegou ao Congresso, que concluiu, no relatório da CPI sobre os poderes à ANS, que deveriam ser ampliados para que a Agencia pudesse fiscalizar e denunciar, aos órgãos competentes de defesa do consumidor, as empresas que não são registradas na Agência como operadoras de planos privados de assistência à saúde, mas que atuam no mercado, muitas vezes induzindo o usuário ou consumidor a erro. Outra questão abordada no relatório final referia sobre a migração ou adaptação dos contratos, que deveriam ocorrer de forma coletiva, em cada plano de saúde, visando o menor reajuste das contraprestações e o menor prazo de carência possíveis; para garantir a livre escolha do usuário entre permanecer no contrato original; ou adaptar seu contrato com a incorporação de novas coberturas.
A ANS não tem meios para controlar a higidez do setor de saúde suplementar se sua atribuição legal restar limitada à relação entre as operadoras e os usuários. A eficácia desse controle será ampliada se a Agência puder intervir para equacionar o sem-número de conflitos que se dão entre aquelas e os prestadores, conflitos estes que, em última análise, redundam em prejuízos maiores para os usuários, dizia o relatório final.
A frase que foi pronunciada:
“A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) suspendeu reajustes nos planos de saúde individuais devido à Covid-19 em 2021. Mas as pessoas voltaram a usar em um ritmo até maior, o que aumentou a variação do reajuste de 15,5%.”
João Matos, professor de ciências econômicas.
História de Brasília
A Disbrave está construindo uma oficina de conserto de automóveis no Setor Comercial Residencial. Residencial, vejam bem, até que os fiscais vejam também. (Publicada em 13.03.1962)
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É como dizem: “a montanha pariu um rato”. No oceano de fake news, que banha o Brasil de Norte a Sul, o Relatório do Ministério da Defesa, montado ao longo de mais de 90 dias e aguardado como sendo a “carta na manga” do atual governo, por sua tibieza, falta de ânimo e tino politico/estratégico, foi, para dizer o mínimo, uma decepção e um balde de água fria sobre a outra metade, ou muito mais do que isso, do eleitorado brasileiro.
Mesmo que não represente um respaldo franco e definitivo ao processo eleitoral eletrônico, conforme defendido pelo TSE, o dito Relatório, deixa visível, em outras falhas, o total despreparo dos técnicos militares do país para aturarem no complexo universo das tecnologias digitais. Ou os militares adentraram num campo de batalha como bisonhos e não encararam a cruzeta, ou se fazem de jangais que não enfrentam o sanhaço. Num mundo em que boa parte das guerras de conflitos agrega grandes quantidades de elementos das tecnologias digitais, a demonstração de que nossas defesas armadas ainda patinam no beabá desses avanços deixa os cidadãos preocupados. Ademais, era, por muitos, já dado como certo, que o Relatório não avançaria significativamente dentro do sistema eletrônico de votação, não só pela falta de vontade com que o TSE demonstrava em aceitar as bisbilhotices, mas, sobretudo, porque a própria apresentação desse documento já vinha em uma hora em que, bem ou mal, o atual governo parecia ter jogado a toalha.
A única estratégia, de fato, contida nas entrelinhas do documento do Ministério da Defesa, era a de não criar mais arestas com o governo que chega. De resto, ficou o dito pelo não dito. Cheios de dedos, dúvidas e escusas, o Relatório, que também tem o aval das Forças Armadas, diz, por detrás das linhas tortas, que essa Instituição, à semelhança do que já ocorre com o Legislativo e o Judiciário, está à disposição do novo governo. O mais lamentável, em todo esse drama, que vivem aqueles que se intitulam patriotas e conservadores, é a constatação de que, cedo ou tarde, terão que assistir os mais dignos oficiais das Três Forças baterem continência e outros salamaleques rituais para personagens que, ainda ontem, respondiam por um conjunto de crimes, que facilmente podem ser enquadrados como traição ao país.
Em outros tempos, crimes dessa natureza, pelos efeitos maléficos e de longa duração que provocam para toda a nação, eram punidos com a extradição e outras penas mais severas. Infelizmente, a não aceitação, por parte do Congresso, de que a corrupção fosse classificada como crime hediondo, à semelhança do que ocorre agora com o abuso sexual contra crianças, levou-nos a assistir a uma eleição totalmente atípica e fora dos padrões civilizatórios. Também o esfacelamento de leis, como a Ficha Limpa e a da prisão em segunda instância, contribuiu para que chegássemos a esse ponto de parada de nossa triste história. Daqui, onde nos encontramos agora, a próxima estação de parada desse trem pode ser também o fim da linha.
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Muita coisa não tem sido dita ou confessada aos eleitores do presidente “eleito”. A regra parece seguir os ensinamentos de Maquiavel: “faça de uma vez só todo o mal, mas o bem faça aos poucos”. Com isso, a maior parte do que poderá ser uma das linhas de governo, a partir 2023, fica em suspense ou seguida de três pontos.
De fato, ao não apresentar um programa sério e consistente de governo, o não tão novo assim ocupante do Planalto irá compor de fato seu gabinete de ministros, à medida em que forem surgindo os problemas. Contudo, uma coisa é certa: não há diretriz alguma assentada ou traçada no papel. As linhas de governo virão em conta gotas, ditadas apenas por uma pessoa: o chefe. Os demais, nesse baile anacrônico da Ilha Fiscal, figuram nesse governo como figurantes.
Outro fato que parece já ser decisivo é que o governo que ensaia voltar em 2023, irá ao Executivo com a ajuda subserviente de todo o Poder Judiciário, na figura do Supremo Tribunal Federal. Na verdade, pelo o que se tem visto até o momento, caberá ao Supremo um papel de coadjuvante no governo de esquerda.
O Legislativo entrará nesse salão, à medida em que seus membros forem submetidos ao lento processo de “amolecimento do coração”. Na novilíngua que reinará no Palácio do Planalto, esse processo se deve ao “poder encantador de convencimento do presidente”. No fim o que se espera é que todo o Congresso acabe sendo encantado pela flauta do líder. Com a abdução do Judiciário e do Legislativo, o próximo passo será trazer as forças de segurança para a área de influência do governo. Concluída essa etapa, o que a população assistirá será o festival de loas e salamaleques vindos de toda a mídia cativa e subserviente.
Em linhas gerais, esse é todo o enredo a ser desenvolvido até 2026. De posse das rédeas do poder, doravante, falar em independência dos Poderes soará como heresia. Estarão todos em perfeita harmonia. Não é por outro motivo que, para dar início a essa gestão singular, o governo que chega já adentra o cenário nacional com a proposta de furar o teto de gastos, acabando com esse modelo antiquado e certinho de responsabilidade fiscal.
Para tanto, já vem trabalhando pela aprovação no Congresso da chamada PEC dos gastos. Caso essa medida não avance no Congresso, como espera o governo que virá, a solução será recorrer ao Supremo, onde a proposta será facilmente acolhida e até defendida, podendo os opositores a essa PEC virem a responder por crime contra a nação.
O mercado, essa entidade apátrida e sem endereço, torce para que a junção do populismo com as finanças públicas não arruine as perspectivas de lucros e, principalmente, não atrapalhe o trabalho manicurto dos bancos. É preciso entender que a expressão “furar o teto de gastos” não assusta o mercado e seus objetivos materiais imediatos. Eles estarão muito bem protegidos contra as intempéries. Na verdade, o teto furado trará seus efeitos apenas sobre a cabeça da classe média, que sentirá os efeitos das goteiras que irão se alastrar pela casa toda, já com uma só televisão e nenhuma lancha.
O furo ou rombo no teto de gastos é apenas o primeiro estrago a ser realizado nas contas públicas. Outros virão na sequência e até por inércia. A começar pelo furo no piso. Pelo desmonte da estrutura econômica, pelo abalar dos pilares do livre mercado, pela demolição dos alicerces da poupança interna, pelo desgaste das reservas, pelo tremor nas vigas que dão suporte aos princípios da ética pública e pela destruição de toda e qualquer barreira dos cofres da União.
O Colapso de todo o edifício Brasil e seu desabamento espetacular será o grand finale dessa chanchada burlesca.
A frase que foi pronunciada:
“A França é um país que adora mudar de governo se for sempre o mesmo.”
Honoré de Balzac
Pela saúde
Ausente nos supermercados, a Vigilância Sanitária está perdendo os absurdos nas gôndolas de carne. No supermercado Dia a Dia do Novo Gama, as prateleiras de carne vão dar bastante trabalho. Pelo DF, também encontrariam bastante trabalho.
Muito cuidado
Por falar em vigilância, com acesso aos limites de crédito dos clientes bancários, empresas que já tiveram busca e apreensão da polícia continuam trabalhando com aposentados na mira. Mudam o nome e não se intimidam. Oferecem crédito consignado. Uma verdadeira armadilha. Marcam reunião, recebem a visita de consultores, tomam até cafezinho na própria empresa. O primeiro contato é feito por telefone. Quando o assunto for seu dinheiro, trate com o seu gerente.
Lado bom
Amor à primeira vista. Carlos Moisés e Antônia Souza Araújo. Esse é o nome certo do casal que que se conheceu no Varjão, enquanto votava há 4 anos e voltou nesse ano para votar na mesma seção, já com aliança no dedo.
História de Brasília
A Universidade de Brasília adotará cursos prévios intensivos de três meses, no início do ano letivo, a fim de tentar recuperar os alunos admitidos com nível insatisfatório. No fim do curso, o aluno reprovado poderá repeti-lo mais 3 meses, a fim de atingir o nível para prosseguir nos Cursos Técnicos. Só no fim dêsses seis mêses, é que receberão, então, “bilhete azul”. (Publicada em 13.03.1962)
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Um dos princípios da Física estabelece que a análise de um objeto, sua trajetória, tamanho, propriedades etc., só pode ter um sentido válido e compreensível se comparado com outros, e tendo como referência diversos elementos externos ao objeto. O mesmo entendimento pode ser levado também para aferir o tamanho do cidadão em sua relação ao Estado e à toda máquina pública. Em outras palavras, tem-se que, quanto maior e mais poderoso o Estado, menor, em relação a ele, será o cidadão.
Um Estado gigante obriga, à sua volta, cidadãos que, na realidade, não passam de formigas atazanadas, com obrigações diárias que as forçam a trabalhar ininterruptamente para alimentar esse Leviatã. É como diziam os antigos: quanto maior a porta, menor serão aqueles que passarão sob ela. Eis aqui uma questão que nos leva direto ao conceito do estatismo e ao tamanho do Estado.
Para os que defendem que o Estado seja um gigante, atuando em todas as áreas e, por isso mesmo, consumindo grandes porções de impostos e exaurindo, ao máximo, a força de trabalho de seus cidadãos, o indivíduo é sempre visto como um detalhe, descartável, quando não for mais conveniente sua presença. A ilusão do Estado provedor, imaginado pelas ideologias totalitárias como o “pai da nação”, tem levado a humanidade, em todo o tempo e lugar, às mais terríveis experiências.
Exemplos atuais de Estados poderosos e gigantes ainda são vistos em todo o planeta. China, Rússia, Coreia do Norte e outros são referências de Estados gigantes no sentido de ascendência sobre seus cidadãos. Investem fortunas em poderio armamentista e de controle da população. Recursos que sempre faltam lá na ponta, em forma de serviços públicos básicos. Faltam papel higiênico, grãos e antibióticos, mas não faltam recursos para armas de destruição em massa e para os serviços de controle interno e repressão
Nesse ponto, é válida a comparação entre um Estado agigantado e os processos infecciosos da metástase de um tumor. Quanto mais cresce, mais adoece e leva a população junto. Os riscos trazidos pelos ideais do estatismo são sempre maiores do que seus benefícios. E é isso que é ocultado da população. O estatismo, filho bastardo de ideologias, tanto de esquerda como de direitas extremadas, é impulsionado tendo, como premissa maior, o fortalecimento exclusivo daqueles que estão diretamente ligados aos processos de gerenciamento da máquina do Estado.
Aos demais, as migalhas. Por isso se verifica, ad nauseam, que um Estado rico e poderoso é sempre aquele em que as elites no poder desfrutam de todos os privilégios materiais, restando, ao resto da população, o papel de mantenedora dessas benesses. Não por outra razão, o estatismo é defendido pelas elites políticas no topo da pirâmide social. As mesmas que não se acanham em recorrer ao uso de formicidas, sempre que o formigueiro se mostrar mais assanhado.
A frase que foi pronunciada:
“Quando muitos trabalham juntos por um objetivo, grandes coisas podem ser realizadas. Dizem que um filhote de leão foi morto por uma única colônia de formigas.”
Sakya Pandita
Otimismo
Entre 30 de dezembro e 1º de janeiro, o Partido dos Trabalhadores estima que 200 mil pessoas cheguem a Brasília. Se assim for, o setor hoteleiro estaria com 95% da capacidade tomada. Em 2003, foram 70 mil pessoas.
Bons tempos
Deputado Izalci Lucas traz, na memória, um fato bastante curioso. Nos anos 70, segundo o parlamentar, todos os jovens queriam casar com uma professora. O salário era muito bom na época. Equiparado ao salário do magistrado.
Caso de sucesso
Ioni Pereira Coelho, Thaise Souza de Carvalho e Sara Cristina Damásio, professoras do Centro de Ensino Fundamental 308, de Santa Maria, juntamente com a Vice-Diretora Profa. Marineide Martins, enaltecidas pelo Projeto Empreendedorismo, que colocou a escola como finalista do Prêmio Ibero-Americano de Educação. O Projeto Culinária, feito com sobras de alimentos, incentiva o empreendedorismo e resgata o prazer do estudante estar na escola.
Novidade
Projeto de proteção às mulheres iniciado pela ex-senadora Ana Amélia foi atualizado pelo deputado Capitão Derrite. Trata-se de impor o uso de tornozeleiras eletrônicas também por quem está no regime aberto, em livramento condicional ou por quem cumpre medidas cautelares. Mulheres do Brasil, que vivem o pavor da agressão e morte, agora sabem que esses homens violentos poderão ser detectados, caso tentem burlar as medidas restritivas.
História de Brasília
Na primeira viagem, o sr. Jânio Quadros para fazê-la, vendeu um terreno. Depois, fêz outra viagem. Foi convidado especial. Na terceira, mandou hipotecar a casa. E na próxima? (Publicada em 13.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
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Quem, por algum motivo, fosse submetido a um desses processos de criogenia, congelado por aproximadamente umas três décadas, e desejasse, agora, retornar em 2022 ao mundo dos seres viventes, já não reconheceria o planeta que viveu. Muito menos o Brasil.
Se fosse convidado então para percorrer um desses shoppings da capital, por certo, cairia de costas ao observar o assustador aumento de preços. Seu espanto seria ainda mais profundo quando verificasse a baixíssima qualidade dos produtos oferecidos em lojas de departamento e mesmo em estabelecimentos de luxo.
Para esse ressuscitado moderno, o que ele observaria, bem diante dos olhos, era o comércio de verdadeiros molambos, vendidos a preços que, em seu tempo, daria para adquirir um carro zero quilômetro. Camisas sociais e vestidos de marca, caríssimos, fabricados agora com tecidos que antes serviam apenas como sacos e embalagens de farinha e de outros grãos, vendidos no atacado.
O que teria ocorrido com aquele mundo que conhecera? Pendurados em cabides e expostos nas vitrines, o que ele via agora mais parecia uma daquelas feiras de produtos usados nas xepas da vida. Calças e blusas jeans, possivelmente feitos a partir de tecidos reciclados e em situação de farrapos, com rasgos para todo o lado, possivelmente fabricados apenas por máquinas, sem as regulagens necessárias, são ofertados praticamente por todas as lojas. A ele mais pareceria estar diante de um comércio e de uma moda, oferecida para um público que antes ele identificava como maltrapilhos. Uma moda para mendigos. Mendigos até de atenção e carinho que, por incrível que pareça, preferem a presença de gatos e cachorros à presença de humanos. Gatos e cachorros que também passeiam em shoppings, como acompanhantes. Gatos e cachorros que já têm leis de proteção à sua volta e, pasmem, plano de saúde.
Nesse novo mundo de distopia, dentro e fora das lojas, as pessoas se vestem com farrapos e é difícil distinguir quem é o mendigo e quem é a antiga e vaidosa dondoca. Nas etiquetas dos produtos, outra surpresa. Quase nada fabricado no Brasil. A maioria de países como a China e outros da parte Leste do globo. O “made in Brazil” sumira das lojas. Quiçá estaria sendo vendido em outras partes do mundo, inacessível agora ao consumidor interno. Tudo é perecível. Do fogão à geladeira. Rara a máquina de lavar roupas durar 30 anos como as antigas. Emprego também. Jogadores do futebol brasileiro como Garrincha e Pelé ficaram pendurados na parede. Hoje, estudar não é sempre um diferencial. Basta comparar a conta bancária de um professor com a de um jogador de futebol, que mal sabe cantar o hino da nação.
Que terremoto teria acontecido no país para que os produtos nacionais deixassem de existir? Onde foram parar as milhares de fábricas têxteis e de confecções que antes eram encontradas por todo o território nacional? O que teria acontecido também com as fábricas de calçados, produtos esses que eram admirados em todo o mundo pela qualidade do material e pelo design.
A moda mulambo ou, mais modernamente, o “mulambu’s fashion”, vinda de países reconhecidos, ideologicamente, como economia de mercado, arruinou a indústria nacional, a tal ponto, que os consumidores foram transformados em pedintes esfarrapados sem sequer perceber.
Evitemos falar da pobreza da música, das artes. Risquemos esse assunto com a “caneta azul, azul caneta”. Diferença agora é que esses mulambos, por ação e pressão de um marketing subliminar, passaram a ser vendidos a preços de ouro para uma gente tola, que tudo aceita. Era o que antes se chamava “ouro de tolo”.
A frase que foi pronunciada:
“E você ainda acredita/ Que é um doutor, padre ou policial/ Que está contribuindo com sua parte/ Para o nosso belo quadro social.”
Raul Seixas
Agência Senado
Falta pouco para a homeopatia e acupuntura fazerem parte do rol de serviços oferecidos pelo SUS. A proposta é do senador Marcos do Val, que esclareceu sobre a responsabilidade do gestor municipal de implementar as terapias. A proposta aguarda despacho para as comissões temáticas do Senado.
Humor
Mais uma vez, o Amin arranca gargalhadas dos colegas. Em cumprimento ao senador Carlos Viana, disse que se tratava de um profissional da aeronáutica que dava lição de grande conhecimento. Dali em diante, o senador Amin o trataria como Califa, que tem um brevê até de tapete voador.
História de Brasília
O Senador Lino de Matos distribuiu nota informando que é “definitiva a candidatura do sr. Jânio Quadros ao govêrno de S. Paulo”. Parece, entretanto, que o sr. Jânio Quadros não tendo gostado de sua recepção, viajará, proximamente, para a Europa, voltando, depois em circunstâncias melhores. (Publicada em 13.03.1962)
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É preciso reconhecer que a desigualdade social e a ausência de serviços básicos e essenciais, ao atingir em cheio as famílias de baixa renda, provocam, como resultados mais nefastos e prolongados, a chamada pobreza infantil.
É justamente ao atingir os membros mais frágeis desse grupo de pessoas que os efeitos da má distribuição de renda acabam gerando um conjunto enorme de consequências negativas que irão se refletir ao longo de toda a vida desses indivíduos, a começar pelos reflexos ruins no desempenho escolar, mesmo em estabelecimentos de ensino de baixa qualidade. Em outras palavras a desigualdade social e econômica está na base de todo o sofrível sistema de ensino público no país.
Na verdade, as escolas públicas, em sua totalidade, refletem e perpetuam a má distribuição de renda do país, gerando, na sua grande maioria, cidadãos de segunda categoria, merecedores apenas de uma educação de baixa qualidade que os incapacita de prosseguirem adiante e progredirem na vida adulta. Com uma receita como essa, que ainda inclui saúde, transportes e moradias de segunda categoria, não surpreende que nosso sistema público de educação se encontre relegado eternamente nas últimas posições dos rankings mundiais de avaliação de ensino e aprendizagem.
Diante da omissão histórica do Estado no setor da educação, é que muitos lares vêm adotando o chamando “Homeschooling”. Trata-se da educação empreendida em casa pela própria família. O crescimento no número de famílias que têm adotado esse regime caseiro de ensino não para de crescer e, por isso, tem chamado a atenção das autoridades. A questão de fundo irá colocar a atual realidade das escolas públicas, invadidas por ideologias de todo o tipo, estranhas ao meio, e mesmo o sucateamento dessas instituições e milhares de famílias que passaram a ver, nesses locais, um ambiente desestruturado técnica e moralmente.
Não há como desvincular, ou mesmo realizar, uma educação de qualidade de outros fatores de ordem econômica e social. Nesse sentido, é impossível empreender uma educação pública típica de países desenvolvidos, com os atuais indicadores sociais, típicos de países do terceiro mundo. Esse é o dilema do país. Como existir escolas públicas de excelentes níveis de aprendizagem, quando se verifica que, em muitas delas, os alunos só vão porque encontram algum tipo de refeição diária?
No Brasil profundo, perdido no tempo e no espaço, e em que os gestores políticos são os primeiros a não acreditar no poder transformador da educação, é comum a existência de escolas sem teto, sem cadeiras e onde os alunos assistem aulas de pés no chão, sem conforto ou qualquer tipo de perspectiva melhor. Se formos atrelar o ensino público atual às mudanças necessárias na melhoria de vida da nação, então será preciso esperar ainda um bom tempo para que o Brasil se integre como país de primeiro mundo.
Pelo andar dos acontecimentos e em meio a uma crise política, econômica e social sem precedentes, é possível que o Brasil não consiga atingir, tão cedo, a almejada posição de liderança mundial.
Não há remédios alternativos. Educação pública de alta qualidade, não se faz apenas com políticas educacionais, mas, sobretudo, com políticas sociais também de alta qualidade, o que equivale a dizer menor desigualdade na distribuição de renda, aliada a serviços básicos também de alta qualidade.
A frase que foi pronunciada:
“Esse privilégio de sentir-se em casa em qualquer lugar pertence apenas aos reis, às prostitutas e aos ladrões.”
Honoré de Balzac
Estranho
Na 107 Sul, onde ficava o Batalhão de Trânsito, está instalado um escritório misterioso. Vidros reflexivos, carros entrando e saindo, nenhuma sinalização. Os moradores não escondem a preocupação.
Lei Molhada
Durante as eleições no Varjão, os bares vendiam bebidas livremente.
Arte
Brasília recebe o Festival de Cinema Italiano com sessões híbridas, presenciais e online e totalmente gratuitas. Veja, no Blog do Ari Cunha, o passo a passo para ser espectador dessa arte. Acesse: https://festivalcinemaitaliano.com/.
Um átimo
Para quem reclama que a Câmara Legislativa do DF é devagar, basta acompanhar a votação de crédito adicional à lei orçamentária do DF. Outra iniciativa interessante é a discussão sobre a reparação de danos em calçadas e vias em geral causados por pessoas jurídicas. Realmente um absurdo. Caminhões transitando nas calçadas sem respeito algum.
História de Brasília
Ninguém explicou, nem ninguém sabe o que houve, mas o IAPB recebeu inscrições para financiamento no ano passado, e até hoje não deu solução. (Publicada em 13.03.1962)