Nem o Código do Consumidor nos salva

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do André

 

         Com a aprovação do famigerado instituto da reeleição, principalmente para os cargos majoritários de presidente da República, governadores e prefeitos, o que foi feito na realidade foi o escancaramento total dos cofres públicos da União, dos estados e municípios para bancar a recondução desses políticos, que não se avexam, nessas ocasiões, em usar e abusar da caneta e das prerrogativas que possuem para manterem-se no poder.

         Quem perdeu com isso foi, além dos eleitores e pagadores de impostos, toda e qualquer oposição real que venha a se formar para essas disputas. Criou-se, com isso, um quadro de disputas eleitorais totalmente injusto para a maioria dos candidatos. Somado a esse fato desalentador para as disputas, os chamados políticos profissionais, ou seja, aqueles que construíram suas vidas e principalmente suas finanças exclusivamente em função dos cargos que vêm ocupando ao longo das décadas e que jamais abriram mão, cuidaram logo de criar outro famigerado instituto, representado pelos fundos eleitorais e partidários, todos eles carreados, sem muita cerimônia ou fiscalização, para as mãos desses profissionais da política.

         Quando o pobre do contribuinte brasileiro, extorquido e tosquiado por uma das maiores cargas tributárias do planeta, acreditou que a reeleição e os bilionários fundos partidários e eleitorais seriam os únicos encargos que teriam que bancar para custear a imensa e parasitária classe política nacional, eis que esses profissionais em esperteza deram um jeito de criar ainda outro mecanismo maroto para depenar, até a última pena, o já esfrangalhado cidadão.

         Inventaram as emendas de relator, emendas de bancadas, além das emendas secretas para destinar vultuosos recursos públicos para seus nichos eleitorais, sem fiscalização dos órgãos competentes, criando um largo duto por onde tem escoado centenas de milhões de reais dos cofres públicos, a perder de vista. Os segredos impostos ilegalmente sobre esses recursos podem ser entendidos apenas tomando-se ciência exata da destinação dessa dinheirama.

          A maior parte desses recursos acabam nos bolsos de empresas amigas ou de familiares, numa aritmética enviesada onde o único a sair perdendo é sempre o contribuinte, um otário cujas obrigações florescem como erva daninha, enquanto os direitos morrem desidratados. Somados todos esses números fabulosos, inventados por pródigas e malévolas mentes, o que temos como resultado concreto dessa operação de adição mostra, claramente, que a montanha de dinheiro público, extraída a fórceps dos contribuintes, que bancam ainda uma exótica e dispensável Justiça Eleitoral, que não tem sido capaz de presentear os brasileiros com uma democracia digna do nome.

         Pelo contrário, o que estamos bancando, a preço de ouro, é um modelo falido, a atrair uma classe parasitária, incapaz de compreender as necessidades do país e sobretudo dos cidadãos. De um modo sucinto, como prevê até o Código do Consumidor, em seu artigo 26, estamos pagando caríssimo por um produto falsificado e com defeito ou problema de fabricação. Tudo isso sem indenização, compensação ou reparação. Sendo que, em caso de protesto pelo atendimento, o cidadão ainda corre o risco de vir a ser penalizado e preso.

A frase que foi pronunciada:   

“Quando agentes públicos se revelam incapazes de diferenciar parte de todo, a população se dá conta que o Estado está desvirtuado de suas finalidades e os recursos estão sendo apropriados por predadores sociais, em atentados contra o pacto social que justifica impostos e Estado. É tão difícil entender isso? Um político que entendesse essa diferença e agisse de acordo seria aceito prazerosamente como presidente vitalício. Alguém se habilita?”

Nosso leitor, Rubi Rodrigues

Direitos coletivos

A ideia do leitor Dario Maia é uma bela Ação Civil Pública partindo da nota fiscal que os hospitais apresentam aos planos de saúde. Quem tiver o cuidado de analisar os detalhes vai ficar espantado com as cobranças e valores. Fica a dica do leitor.

Charge: Bier

 

Deu certo

Ana Mascarenhas, gerente de Eficiência Energética da Neoenergia, avisa que, no mês de outubro, será lançado o próximo edital de chamada Pública para a seleção de projetos de eficiência energética. O sucesso da ação no campus da Universidade de Brasília na Ceilândia indica que a iniciativa é um sucesso.

Ana Christina Mascarenhas. Foto: Michele Souza/Acervo JC Imagem

 

História de Brasília

E mais: quando uma pessoa pede para ir para o Palace Hotel, os motoristas alegam que fica longe, que é mau para o hóspede, e que lá é lugar de turismo e de exploração. É uma concorrência desleal e descortez. (Publicada em 21.02.1962)

Cacicocracia

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Charge de Jorge Braga

 

          Mesmo tendo se livrado, parcialmente, do coronelismo e suas vertentes, o Brasil ainda experimenta algumas cópias mal feitas desse fenômeno do folclore político nacional. O atual candidato pelo PDT, Ciro Gomes, chamado por muitos de “coroné”, busca, insistentemente, espaço na vida pública do país para exercer seus dotes de mandonismo, embora sua performance fique longe do que deseja hoje o eleitor brasileiro.

          Nem bem parece ter enterrado o coronelismo, o país assiste agora ao fortalecimento de uma segunda praga política, representada pelo caciquismo ou o que seria a preponderância dos presidentes de partidos dentro do ordenamento político e institucional do país. Trata-se aqui não de uma praga tão nova, mas que vem adquirindo, nos últimos anos, uma força extraordinária muito mais em razão dos vícios que exibem do que pelas virtudes raras.

         Na verdade, falar em presidente de partido, não esclarece precisamente a posição desses mandatários dentro das legendas. O certo e inegável é que essas figuras de proa, raposas descoladas e experientes nas artes da engabelação política, são, e não negam, donas dessas legendas, que comandam como bem querem, atraindo e repelindo outras parcerias, sempre de acordo com a mudança dos ventos.

         A impossibilidade de candidaturas avulsas realça, ainda mais, esse poderio dos caciques. Somente através deles e com suas bençãos é que os candidatos podem disputar almejar algum cargo público. Eles dominam o país e submetem tanto os correligionários como o próprio governo a agirem de acordo com suas pretensões.

         Depois da opressão representada por sindicatos, coronéis, chega agora a vez, na história política do país, da opressão exercida pelos partidos, que nada possuem de democrático e que são guiados para muito longe do que seria o interesse público. Longe do público, mas perto do privado e da cobiça pessoal. Não há identificação alguma entre o grosso da população e quaisquer desses partidos que aí estão. Representam a si próprios e os seus.

         A população, na figura dos eleitores, entra nesse esquema apenas para referendar o modelo viciado, que é causa e consequência do atual estágio sócio econômico do país. Os fundos partidários e eleitorais, a turbinar esses clubes políticos com bilhões de reais, extraídos contra a vontade dos contribuintes, deram a essas legendas, um poderio sem igual, elevando os caciques dessas siglas à posição de verdadeiros plutocratas. Eles decidem quem serão os deputados, senadores, governadores e prefeitos que disputarão o pleito deste ano, quem sairá como candidato da legenda na disputa para presidente da República, isso se não decidirem antes que a sigla não lançará candidato ao Executivo.

         De fato, eles decidem e organizam a distribuição de candidatos em cada cargo. Exercem o poder pelo poder. Não há hoje, no país, empresa alguma mais lucrativa do que um partido político. Não surpreende, pois o número é exorbitante de legendas, todas elas muito bem posicionadas em cada teta do Estado.

         Estamos diante de um fenômeno que cresceu e até merece hoje um neologismo: a cacicocracia. Estamos aqui diante de um novo modelo de velhas práticas, em que a carne putrefata permaneceu a mesma, mudando apenas as moscas por cima. E pensar que uma reforma política séria poderia dar um fim nessa moscaria. O que ocorre é que, aparentemente, os eleitores parecem ter se acostumado a esse ambiente mal cheiroso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Meu caro jornalista, isso me deixa bastantemente entristecido, com o coração afogado na daceptude e no desgosto. Numa hora em que eu procuro arrancar o azeite-de-dendê do estágio retaguardista do manufaturamento (…), me vêm com esse acusatório destabocado somentemente porque meia dúzia de baiacus apareceram mortos na praia.”

Odorico Paraguaçu

Odorico Paraguaçu. Foto: Acervo TV Globo

 

Encontro

Dona Gardênia, da paróquia Nossa Senhora de Fátima, avisa que, neste ano, a quermesse não será na Igrejinha e sim na igreja da 705 Sul. Começa no primeiro dia de maio.

Cartaz publicado no perfil @pnsfatimabsb no Instagram

 

Teatro

Plínio Mosca registra seu pesar pela morte de Hugo Rodas, “o uruguaio mais candango do mundo”. “Era um sujeito brilhante. Um artista com enorme domínio do espaço e da noção do tempo que precisa ser dado entre cada réplica que os atores interpretam.”

Hugo Rodas. Foto: Gustavo Moreno/CB

 

Social

No Dia Mundial das Doenças Raras, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humano lançará uma websérie sobre o assunto para que a sociedade possa conhecer a realidade das pessoas com doenças raras. Vânia Tiedo é a  coordenadora-geral das Pessoas com Doenças Raras do Ministério.

Foto: Reprodução/YouTube

 

História de Brasília

Os motoristas do aeroporto estão recebendo propinas para levarem hóspedes para o Hotel Imperial. Há, na portaria no Hotel Nacional, a reclamação de diversos hóspedes fazendo essa denúncia. (Publicada em 21.02.1962)

Hidra de Lerna

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Ilustração: amenteemaravilhosa.com

 

        Na mitologia grega, a Hidra de Lerna aparece como um monstro com corpo de dragão e várias cabeças de serpente, que habitava o grande pântano da Argólia. Quando cortada uma de suas cabeças, outras nasciam em seu lugar, o que significava ser esse um monstro impossível de ser vencido pela força humana.

        Para alguns historiadores, essa seria uma alegoria que tentava explicar doenças como aquelas transmitidas por moscas ou mesmo pela água contaminada, que matavam as pessoas por infecções microscópicas, bacteriológicas e outras enfermidades desconhecidas naquele período. De qualquer forma, a lenda dessa besta sobreviveu por dezenas de séculos, querendo significar ou reafirmar as limitações humanas frente a um problema que, por suas características próprias, encontra-se num nível inalcançável para as pessoas comuns.

        Tal ideia figurada pode muito bem ser transportada para os tempos atuais, em nosso país, para explicar a complexidade e mesmo a tarefa monumental que o combate à corrupção requer das forças humanas, uma vez que sua origem e defesa é feita justamente por pessoas poderosas e de grande preponderância junto aos governos. O cidadão comum, mesmo diante do entendimento de que essa é uma urgência nacional, vê-se incapacitado e mesmo impendido de lutar contra esse monstro de múltiplas cabeças.

        A corrupção, ao adquirir entre nós um status de problema sistêmico, transformou-se numa verdadeira Hidra de Lerna moderna, que, se não for dizimada a tempo, fará toda a nação de vítima. Suas várias cabeças representam os diversos estamentos dentro da máquina do Estado, dominados e infectados por esse monstro.

        Quando se combate um, outro parece nascer em seu lugar, tornando essa tarefa um trabalho apenas para os deuses. No nosso caso particular, esses deuses, ou pessoas extraordinariamente capacitadas para combater essa praga, existiram por um breve período de tempo, mostrando ser possível enfraquecer e até matar essa Hidra que hoje habita o pântano da Praça dos Três Poderes.

        Trata-se de uma tarefa sobrehumana ou, mais precisamente, suprapartidária. A questão aqui é que todo esse trabalho tem, necessariamente, que ser iniciado dentro do Congresso, com a formação de uma bancada numerosa e disposta a pôr um fim a esse monstro.

        O que os brasileiros assistem hoje, entre inertes e impotentes, é a resistência ao combate a essa praga e até a sua defesa aberta vinda justamente de quem menos se podia esperar esse comportamento malsão. Unidos nesse desidério, estão todos os Poderes da República com o Judiciário à frente e tendo o Legislativo e o Executivo na retaguarda. As várias cabeças dessa Hidra são compostas ainda por empresários envolvidos na Lava Jato, os mais caros escritórios de advocacia do país, o Tribunal de Contas da União, além de parte da imprensa que aposta no retorno do ícone de todo esse caos. Há poucos dias, o ainda candidato e um dos paladinos no combate à corrupção, Sérgio Moro, denunciou a trama que vem sendo levada a cabo pelo notório ministro Gilmar Mendes para anular todas as sentenças oriundas da Operação Lava Jato.

        Aos poucos, cada procurador que atuou contra os poderosos vão sendo espremidos contra a parede. Pedidos de indenização em dinheiro por supostos abusos são facilmente referendados pela justiça, como foi o caso da recente envolvendo Deltan Dallagnol e o chefão petista. Agora, novamente o Tribunal de Contas da União move ação contra Dallagnol por gastos em diárias durante a execução da Operação Lava Jato. Para ele, o que o TCU está mostrando com essa decisão é que se tornou absolutamente perigoso combater a corrupção no Brasil. Além disso, toda essa movimentação de procuradores, indo e vindo de diversas partes do país, possibilitou a recuperação de mais de R$ 15 bilhões desviados por essa sofisticada quadrilha formada por políticos e empresários.

        Até abril desse ano, R$ 25 bilhões, não corrigidos, já haviam sido recuperados graças à atuação dos antigos procuradores da Lava Jato, sendo que a Petrobras é uma das maiores beneficiárias dessa devolução. Para Deltan, qualquer cálculo simples de economicidade pode provar que a Lava Jato foi boa para o país. Na opinião de Deltan Dallagnol, o que há em todo esse processo é uma clara retaliação e intimidação aos antigos procuradores. Querem, por todos os meios, caçar direitos políticos e punir quem ousou investigar poderosos da República.

        A mensagem recebida pelos brasileiros que bestificados acompanham essas ações tortas é que, futuramente, ninguém ouse combater a corrupção. Dallagnol diz que essa luta contra os corruptos só terá efetividade caso a população consiga eleger uma grande bancada dentro do Congresso, comprometida com o combate à corrupção, o fim do foro privilegiado, o fim dos fundos partidários e eleitorais, a prisão em segunda instância e outras pautas de interesse da ética pública.

 

A frase que foi pronunciada:

Os lugares mais sombrios do inferno são reservados para aqueles que mantêm sua neutralidade em tempos de crise moral.”

Dante Alighieri

Dante Alighieri. Imagem: reprodução da internet

Imobilidade

Na 106 sul, um container no meio da calçada impede cadeirantes de seguir caminho.

 

Honra ao mérito

Amigos de dona Inas Valadares estão convidados para participar, no dia 18 deste mês, da homenagem às 70 pioneiras, no auditório do Centro de Convenções Ulisses Guimarães. A iniciativa é da Secretaria de Turismo.

 

História de Brasília

Doutor Ataulpa, há a informação de que a TCB vai suspender os ônibus do Gaminha, por falta de estrada. A conservação das molas está cara, e a companhia está estudando uma maneira de suprimir a linha, se não houver melhora da pavimentação. (Publicada em 21.02.1962)

O avanço da morte

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Foto: Divulgação/CIMI

 

           Enquanto avança na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei de autoria do governo (PL191), também conhecido de PL da mineração, vai levando, em seu encalço e cada vez mais, uma multidão de garimpeiros e aventureiros de toda a ordem e de todos os cantos do país para dentro das terras indígenas. O tal projeto que, obviamente tramita em regime de urgência para não dar tempo para que a sociedade acorde para mais esse absurdo, regulamenta, em sua ementa, o § 1º do art. 176 e o § 3º do art. 231 da Constituição: “para estabelecer as condições específicas para a realização da pesquisa e da lavra de recursos minerais e hidrocarbonetos e para o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras indígenas e institui a indenização pela restrição do usufruto de terras indígenas.”

        Traduzido numa linguagem clara e direta, o que o PL autoriza é a marcha da insensatez e até mesmo do que seria um genocídio anunciado e autorizado pelo Estado contra os povos indígenas, apenas para atender a sanha e o desejo de uma minoria política e econômica que exerce preponderância dentro do atual governo. Depois do PL do Veneno, aprovado, chega a vez agora desse monstrengo, liberando, legalmente, a invasão das terras e reservas indígenas. Nossa fotografia de momento perante um planeta que luta para sair do impasse do aquecimento global nunca esteve tão manchada.

        Os relatos assustadores, que chegam a todo o momento, de diversos povos, sobretudo dos Yanomanis, mostram as consequências dessa infâmia a chocar os brasileiros e o mundo. Trata-se aqui de mais um episódio a macular nossa história com as tintas indeléveis do sangue de inocentes. Acometidos por uma espécie de transe febril pelo ouro, um distúrbio psicológico e profundo conhecido a milhares de anos aqui e em outras partes, centenas de homens brancos, em busca de metais e pedras preciosas, vão deixando nas matas virgens uma longa trilha de crimes.

         É o que esses povos indígenas acreditam ser, dentro de sua cultura milenar, a maldição das pedras reluzentes a enlouquecer o homem branco, transformando-o em fera sem alma. Não só os garimpeiros parecem movidos por esse anátema, mas, principalmente, o próprio chefe do Executivo, que não esconde seu ódio pelos povos indígenas. Em várias ocasiões, esses povos vêm sendo atacados, inclusive perante a ONU, acusados de serem os responsáveis pelas queimadas na Amazônia, entre outros crimes.

        Em pronunciamento, ainda como deputado, Bolsonaro chegou a lamentar que a nossa cavalaria, à semelhança do que acontecera nos Estados Unidos, tenha sido incompetente ao não eliminar os nossos índios. “Não tem terra indígena onde não tem minerais. Ouro, estanho e magnésio estão nessas terras, especialmente na Amazônia, a área mais rica do mundo. Não entro nessa balela de defender terra pra índio”, disse em 2015. Segundo ele, as reservas indígenas sufocam o agronegócio. Conhecemos muito bem o resultado desse feitiço e o que essa busca desenfreada pelo ouro tem provocado ao longo do tempo. A lista com os resultados dessa atividade primitiva de extração é longa e repleta de crimes de tod o tipo.

        O que fica como subproduto dessa exploração são doenças, violência, assassinatos, estupros, muita miséria e devastação nas terras onde esses minerais ocorrem, sendo inexistentes quaisquer traços de progresso ou de melhorias, tanto para habitantes locais como para os forasteiros. Já vimos esse filme de horror em lugares como Serra Pelada. Sabemos também das consequências nefastas desse tipo de atividade. Mais do que isso, sabemos, muito bem, o fim dessa história e o rastro de destruição e de morte que deixa para trás.

        Então por que seguir nesses intentos, aprovando, a toque de caixa, projetos como o PL 191, do Executivo? Caso venha a ser aprovado, como crê o governo e sua bancada de apoio, não será surpresa que em mais essa façanha, contra o bom senso e a ética humana, venha a ser apresentada mais uma acusação contra o atual mandatário perante o Tribunal Penal Internacional. Os brasileiros, que nada parecem saber dessa história macabra, figurarão como coadjuvantes de mais esse atentado, quer queiram ou não. Afinal, todo esse massacre é feito em nome do progresso da nação. Um progresso que já não é apenas o avanço da poeira, mas como diria o filósofo de Mondubim: “o avanço da mulher da foice”.

A frase que foi pronunciada:

Nunca tratei de lobby e nem tampouco articulei qualquer reunião com lobistas. Trabalho em favor da legalização da atividade, em áreas legais, permitir a atividade em áreas que possam ter atividade econômica. Dentro de rigores técnicos e licenças ambientais, somente em áreas permitidas”.

Deputado federal Joaquim Passarinho, autor do Projeto de Lei 6.432 de 2019, que facilita a venda do ouro.

Deputado federal Joaquim Passarinho. Foto: camara.leg

História de Brasília

Dá nesses vexames, as promessas que os candidatos fazem em nome da Prefeitura. A ligação da luz na Asa Norte não pode ser prometido por ninguém. É um problema técnico, e tem seu tempo. (Publicada em 21.02.1962)

Indo para o fogo

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Lula e Alckmin. Foto: Sebastião Moreira/EFE

 

          Teoria, cujo conceito se insere no campo da especulação, pode, no caso da chapa formada agora com Lula na cabeça e Alckmin de vice, induzir as mentes mais férteis a acreditar que esse arranjo desengonçado esconde muito mais do que se observa em primeiro plano. Há algo nessa formação que escapa aos princípios da lógica e nos leva ao campo hipotético das mais diversas e surpreendentes divagações.

         Primeiro ficamos a imaginar que explicações o próprio Alckmin buscou, em sua criatividade, para explicar essa junção à sua mulher e aos seus familiares. Que desculpas arranjou para justificar a adesão a esse novo companheiro? Depois de tudo, que teorias teria elaborado para defender essa nova posição diante do espelho e para seu íntimo?

          Pela experiência acumulada ao longo das décadas como político, soa improvável que Alckmin não tenha percebido que estava entrando numa espécie de cilada, armada pela esperteza matreira de Lula. Por certo, muitos dos antigos amigos de Alckmin, antes de se afastarem dele, devem ter o alertado para os perigos que corre com essa chapa e as muitas possibilidades de que ela venha resultar no sepultamento da carreira política do ex-governador de São Paulo.

         As teorias se seguem, e por um motivo que nada tem de especulação e pode ser reforçado apenas olhando a biografia de Lula e principalmente seu histórico na justiça. É bem provável que, tão logo essa união esdrúxula surta os efeitos esperados pelo demiurgo de Garanhuns, Alckmin seja ejetado, sem paraquedas para fora da aeronave petista. Nada que venha desse submundo da política petista é livre de condenação. Talvez esta artimanha esteja ligada às eleições em São Paulo, onde Lula e sua turma deseja há décadas, pôr as mãos.

         Retirando Alckmin desse caminho, a eleição de um poste lulista é mais provável. Mas como a história do Brasil parece seguir um enredo dentro do estilo literário surrealista, à moda Gabriel Garcia Marquez, tudo pode acontecer, inclusive o impensável. Nesse campo das teorias da conspiração caberia a especulação de que Lula já estaria ciente de uma doença terminal e deixaria Alckmin como herança sua na presidência, tão logo tivesse de ser afastado por problemas de saúde. Há ainda as hipóteses de que seria o vice-presidente Alckmin que iria governar de fato, deixando o mandrião Lula à solta para fazer o que mais gosta: nada.

         Depois da decepção com Dilma, que arruinou sua biografia e foi uma das responsáveis indiretas por sua prisão, Lula não poderia errar na escolha de um novo companheiro de aventura. Essa tese é reforçada ainda pelo afastamento que Lula tomou em relação a muitos companheiros, como é o caso de José Dirceu. Ao menos publicamente ele encena esse afastamento. Na verdade, nada se sabe de Lula, a não ser sua capacidade mimética, já confessada, de ser uma metamorfose ambulante. Pode ser também que não seja nada disso e essa chapa tenha saído da cabeça de Lula apenas por um desejo de se aliar à um gestor com experiência comprovada e credibilidade como Alckmin. Ou mesmo Fernando Henrique mexendo as peças do tabuleiro. Pode ser ainda que Lula, do alto do seu ego tenha pretendido surpreender sua atual namorada, tão enrolada quanto ele com a justiça, presenteando à ela com o cargo de primeira-dama do Brasil.

         Seja o que for, estamos no caso de vitória dessa chapa, não apenas no sal, mas indo direto para a fritura numa churrasqueira gigante.

A frase que foi pronunciada:

“Os brasileiros estão vacinados contra o modelo lulo-petista de confundir para dividir, de iludir para reinar. Mas vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder! Ou seja, meus amigos. Ele quer voltar à cena do crime.”

Geraldo Alckmin, em 2017

 

Na real

Ficou mais fácil escolher. Lula resolve adotar a linha de Bolsonaro e só falar a verdade. É a favor do aborto, disse que a elite brasileira é escravocrata, que a classe média ostenta padrão de vida mais alto que o necessário, convidou militantes e CUT para protestar em frente à residência de parlamentares, prometeu a demissão de 8 mil militares. Agora é só votar.

 

De cabeça

Luiz David é o modelo do barbeiro Mateus Lili, da Ceilândia. Super criativo e com habilidade artística, Mateus deixa verdadeira arte na cabeça da rapaziada. Veja as fotos a seguir.

 

História de Brasília

É que êles foram ao Prefeito em companhia de um candidato desprestigiado. Até hoje a luz não foi ligada, e êles voltam a pedir ao sr. Sette Câmara, desta vez através do jornal. (Publicada em 21.02.1962)

Semipresidencialismo

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Charge do Laerte

 

          Enquanto os principais postulantes ao Poder Executivo seguem em suas evoluções em torno de uma única cadeira de presidente da República, incluindo, nessa dança, a turma titubeante da terceira via, a Câmara dos Deputados, por orientação de seu presidente e por estratégias articuladas dentro do Palácio do Planalto pelo pessoal do Centrão, vai alinhavando o novo modelito a ser envergado pela República a partir de 2030, também conhecido como semipresidencialismo.

        Na verdade e na prática, o semipresidencialismo, esse sistema executivo dual, em que o presidente divide o poder executivo com um primeiro-ministro e um conselho de ministros que respondem diretamente ao Congresso, já vigora, de forma transversal, desde a consolidação do chamado presidencialismo de coalizão e desde a formação de blocos como o Centrão e outros.

        O que é feito aqui nessa reforma do traje da velha e carcomida República pode ser tanto um novo e elegante smoking, como uma fantasia de Jeca Tatu, com remendos e outras bizarrices de alfaiataria. Só o tempo dirá. O que já se sabe é que já existe um grupo de trabalho debruçado sobre esse delicado tema. É preciso lembrar também que, aproximadamente há três décadas, os brasileiros decidiram, por plebiscito, a permanência do sistema presidencialista por ampla maioria, sendo que, ao longo dos anos, esse modelo foi, por motivos não tão nobres, perdendo terreno e hoje já aparece, inclusive, com os parlamentares controlando parte significativa do próprio orçamento da União, o que anteriormente era função exclusiva do Executivo.

        Se existe hoje uma chamada terceira via que seja politicamente viável, essa é a que já existe, de fato, dentro do parlamento. Nada de errado haveria nessa nova modalidade de governo partilhado entre Executivo e Legislativo, não fosse o problema da pouca ou quase nenhuma credibilidade que o Legislativo goza junto à população.

        Povoado hoje por figuras que respondem a todo tipo de acusações junto à justiça e que, em boa parte, perfaz quase todo o volumoso código penal, dividir as responsabilidades de governo com esse pessoal seria, no mínimo, uma temeridade. A providência prioritária, depois do enxugamento da enorme lista de partidos e que se faria necessária e urgente, seria afastar toda a turma de políticos enrolada com as leis, por meio, inclusive, do fim do foro de prerrogativa e da reinstalação da prisão em segunda instância.

        Sem providências mínimas de saneamento da área política, o semipresidencialismo, por suas características peculiares, não apenas aprofundaria os casos de corrupção, como tornaria sua prática uma moeda corrente, cujo lastro seria a institucionalização da impunidade.

        Essa ideia de que o novo modelo representaria uma solução ágil para as crises políticas, simplesmente não se sustentam, quando se verifica que parte desses fenômenos de instabilidade institucional tem origem e raiz dentro do próprio congresso. Em termos de modernidade de governo, o semipresidencialismo pode ser uma boa solução se, somente se, houver uma reforma política que impute a esses atores as responsabilidades que a função exige e as penalidades que o novo modelo deve impor.

        A extensão do velho balcão de negócios ligando o Palácio do Planalto ao Congresso por cima da praça dos Três Poderes é tudo o que os brasileiros não necessitam. Se essa união de governo vier de fato, será necessário ainda redobrar também a atenção de todos, fortalecendo e dando maior independência aos órgãos de fiscalização e tornando os mecanismos de transparência tão translúcidos como diamante. Não será uma tarefa fácil.

A frase que foi pronunciada:

Um homem que não se ocupa de política deve ser considerado não um cidadão tranquilo, mas um cidadão inútil”.

Sócrates

Sócrates – A estátua de Sócrates na Academia de Atenas.         Obra de Leonidas Drosis (d. 1880). Foto: wikipedia.org

Convite

Adirson Vasconcelos e o Instituto Histórico e Geográfico do DF convidam para o lançamento da Enciclopédia com as Palavras Mais Fortes da Língua Portuguesa. Dia 14 de abril, às 19 h, na sede da instituição, na 703//903 Norte.

Correio Braziliense

Nossos agradecimentos pelas palavras do leitor Simão Guimarães.

Clássicos

Logo abaixo, os melhores concertos da cidade neste mês.

História de Brasília

É que êles foram ao Prefeito em companhia de um candidato desprestigiado. Até hoje a luz não foi ligada, e êles voltam a pedir ao sr. Sette Câmara, desta vez através do jornal. (Publicada em 21.02.1962)

Abstração niilista nº 3

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Charge do Kleber para o Estado de Minas Charges

 

          Falta de fôlego político, ideológico e partidário. São essas as possíveis e mais críveis características que poderiam explicar o decepcionante desempenho, até agora, da chamada terceira via. A priori, é preciso deixar claro que consenso, assim como seu correlato, o bom senso, são atributos que o mundo político nacional não exercita porque desconhece e porque também despreza, já que lhe retira nacos de poder, ou, mais precisamente, recursos e outros benefícios materiais já assegurados. Não há, de fato, partidos políticos no Brasil capazes de seguir linhas ideológicas e programáticas independentes do governo de plantão. São apenas legendas formadas ao sabor das ocasiões, clubes interessados apenas em causas próprias e no bem-estar de seus sócios, sobretudo das lideranças.

        O que temos é uma pantomima política, distante do que sonham os eleitores atentos e do que exige a ética pública. Dessa forma, fica a explicação: não há terceira via, porque não há partidos fortes e independentes capazes de entender o momento que se anuncia de grave polarização. É com essa visão que os mais de trinta partidos, colados nas tetas dos cofres da União, enxergam os cidadãos que, para eles, passadas as eleições, transformam-se num estorvo.

        A grosso modo, não há terceira via, porque, simplesmente, não há uma primeira nem uma segunda via que possa levar o país ao bom termo. É nessa sucessão de mediocridades que se encaminham as eleições de outubro. É o mais do mesmo. Sem reformas políticas sérias que colocassem um fim ao foro privilegiado, aos fundos partidários e eleitorais, às emendas secretas, à infidelidade partidária, bem como ao número excessivo e lesivo de partidos, à possibilidade de prisão em segunda instância, ao modelo de suplência, à reeleição e mesmo à impunidade dos políticos, falar em terceira via, ou numa quarta e quinta vias, não significa nada.

        Há aqui um problema de origem que não foi sanado por vontade justamente dos partidos tortos que aí estão. Qualquer desdobramento político que venha a ser feito por meio dos partidos que aí estão para as próximas eleições, já vem carimbado com o selo e com os vícios de origem tanto da inoperância, como da continuidade de um modelo que os brasileiros de bem querem ver extinto.

        A impossibilidade de candidaturas avulsas e do voto distrital, assim como do dispositivo de recall ou chamada, pelos eleitores daqueles políticos que apresentam “defeito” e sua substituição por gente mais capacitada, são empecilhos às mudanças que a nação reclama.

        Isso não quer dizer que não existam candidatos, isoladamente, bons e que poderiam, caso suas capacidades de desprendimentos fossem maiores que seus egos, fazer alguma diferença nesse próximo pleito.

        É o caso aqui de Simone Tebet, Sérgio Moro, Eduardo Leite e outros. Caso houvesse a possibilidade de união desses nomes, numa chapa extraordinária e suprapartidária, poderíamos enxergar alguma luz no fim desse cano escuro.

        Ocorre que nem a grande massa de eleitores abduzidos e apolíticos, nem mesmo os partidos que aí estão, apostam um níquel sequer nessa possibilidade e mesmo fazem torcida contra. Fôssemos nomear o quadro em preto e branco que aí está posto para as próximas eleições, diríamos se tratar de uma obra abstrata, cujo o título seria “Abstração niilista nº 3”.

A frase que foi pronunciada:

Buscar o caminho do meio, no meio em que a política brasileira é realizada, é caminhar sobre o fio da navalha entre dois abismos.”

Filósofo de Mondubim

30/09/2013 – Foto: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.

Assédio

Com quase um ano de atraso, finalmente o Brasil poderá adotar o que prevê a Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no tocante ao combate às várias formas de assédio dentro do ambiente do trabalho.

Foto: amatra1.org

Números

Em 2020, segundo o próprio Ministério Público do Trabalho (MPT), mais de 50 mil trabalhadores formularam denúncias de assédio moral no Brasil, sendo que 52% dos pesquisados relataram ter sofrido todo o tipo de assédio moral no desempenho de suas tarefas profissionais. É preciso destacar ainda que nove em cada 10 vítimas de assédio moral no trabalho não denunciam seus agressores, por medo de represálias. Pela quantidade de depoimentos colhidos, chega-se à conclusão que metade dos brasileiros já sofreram algum tipo de assédio dentro do ambiente de trabalho.

Ilustração: Freepik

Modalidade

Tão danoso como o assédio sexual, o assédio moral, por seus efeitos deletérios sobre a psiquê do indivíduo, é capaz de catalisar e produzir, num curto período, tanto doenças físicas como psicológicas, muitas vezes incapacitando, permanentemente, o trabalhador.

História de Brasília

Desesperados com as promessas dos candidatos, que lá começam a provar porque Brasília não deve ter eleição, os comerciantes da Asa Norte procuram, agora, o CORREIO BRAZILIENSE. (Publicada em 21.02.1962)

RELAÇÕES INTRIGANTES – Os textos desse blog não traduzem a opinião do jornal

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Charge do Cazo

Não fosse a exiguidade de tempo, cinco meses, a boa lógica recomendaria a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar, em profundidade, que relações, diretas e indiretas, poderiam haver entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as urnas eletrônicas e os institutos de pesquisa de opinião, que aferem a colocação dos candidatos à presidência da República, na tabela de preferência da população.

Alguma coisa cheira mal nesse conjunto todo. Por outro lado, uma vez apuradas todas as possibilidades plausíveis e havendo consenso de que todo esse conjunto segue, rigorosamente, nos trilhos da lei, quem sairia ganhando seria a própria população.

O problema com esse trio de entidades, físicas e mecânicas, é que, dada a realidade dos fatos atuais, em que o TSE, quanto à defesa da votação eletrônica, não apenas vem impedindo a instalação do voto impresso, um recurso simplório diante da importância de uma eleição dessa natureza, como tem movido céus e terra, junto com o próprio STF, para coibir e ameaçar qualquer um que venha apresentar dúvidas quanto à lisura e à inviolabilidade do voto computadorizado.

Há suspeitas no ar! Hackers e outros entendidos no assunto, bisbilhotices eletrônicas, afirmam a possibilidade de interferência nesse processo. Por outro lado, países desenvolvidos, em sua maioria, não utilizam esse sistema e possuem suas razões para não fazê-lo. Melhor passar uma semana apurando voto do que ter que aturar por anos alguém que não foi eleito legitimamente, diria o filósofo de Mondubim.

Há ainda o problema premente da divulgação das pesquisas de opinião, feitas por um pool de agências que mostram, por incrível que pareça, a dianteira do candidato da esquerda, com toda a sua imensa carga de crimes, com alguns institutos afirmando, categoricamente, que esse pleiteante ganhará logo no primeiro turno, com larga vantagem.

Ocorre que a tal personagem sequer transita em a dedo. Nos poucos vídeos em que esse triste personagem aparece, o que se veem e ouvem, são gritos e xingamentos com palavras impronunciáveis nos ambientes familiares. De ambientes sofisticados a feiras. Não por outra razão, o próprio pretendente à presidência já externou sua preocupação com possíveis atentados nesses ambientes abertos.

Mesmo sua assessoria não esconde a preocupação com essa possibilidade. Há uma animosidade latente no ar a indicar que essas eleições não serão pacíficas. A questão aqui é posta da seguinte maneira: como pode um candidato, fabricado na undécima hora por decisão altamente polêmica, estar na dianteira das pesquisas, se sequer ousa sair às ruas? Pode existir uma popularidade política que prescinda do povo ao vivo?

Pode ser que não exista uma relação, digamos, mal cheirosa, entre TSE, voto eletrônico de institutos de pesquisa, mas ninguém pode negar que as coincidências surreais entre esse trio levam cidadãos atentos a coçarem as barbas e fazerem bicos de desconfiança.

É nesse enredo de novela, a misturar realidade e ficção, que qualquer resultado que venha a confirmar a vitória do passado poderá, por incúria das autoridades, degenerar numa guerra fratricida a gerar perdedores dos dois lados.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Nós, a comunidade de segurança de computadores, estamos analisando os sistemas de votação online há décadas(…) mesmo que existam empresas que vendem produtos neste espaço, absolutamente nenhum especialista em segurança de computadores lhe dirá que eles são seguros, porque simplesmente não sabemos como construir uma votação online segura ainda”.

Dan Wallach, professor de ciência da computação da Rice University, Huston, Texas.

Dan Wallach. Foto do perfil oficial no LinkedIn

 

Leitura

Leia, no link Salve-se quem puder, o texto completo de Miguel Gustavo de Paiva Torres, publicado no Contexto Alagoas sobre Rússia, China, seus líderes e o futuro do planeta.

Foto: contextoalagoas.com

 

Caixinha, obrigado

O IPTU que é emitido pelo GDF considera o valor do imóvel atualizado. Ninguém sabe o critério de avaliação, mas o contribuinte paga um valor mais alto a cada ano, dada essa atualização no IPTU. Ao declarar o Imposto de Renda, essa atualização no valor do imóvel não é considerada. No Imposto de Renda o valor histórico é lançado. Quando há a venda desse imóvel, o “ganho de capital” é cobrado com a diferença do valor histórico e o valor venal do imóvel. Não houve ganho, houve o veto à informação da valorização do imóvel que durante anos acompanha o valor da moeda ou inflação.

Foto: correiobraziliense.com

 

História de Brasília

Quem quiser mais detalhes, procure, ao GTB, as notas taquigráficas dessa reunião. Efetivamente, não quisemos atribuir ao sr. Caldas a posição de “denunciante” como ele dá a entender. Denunciar o que está errado é mais do que nobre, e mais do que justo. E fique satisfeito o sr. Caldas pelo fato de após 42 anos de serviço político, denunciar com absoluta razão, com a tranquilidade de quem cumpre com o dever. AC. (Publicada em 20.02.1962)

Ludopédio de várgea – Os artigos publicados nesse blog não traduzem a opinião do jornal.

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Fotos: Marcos Corrêa/PR; Cristiano Mariz; Nacho Doce/Reuters

 

Não seria exagero algum, encontrar como pano de fundo para a grande maioria dos principais problemas nacionais, a questão da corrupção. Com isso, poderia ficar absolutamente aceito que a corrupção está na raiz de problemas que vão desde a pobreza e a persistência de um subdesenvolvimento crônico, que afeta a todos os cidadãos, atingindo seu ápice na desestruturação do próprio Estado, por meio da falência da ética pública e da perda de credibilidade das instituições e dos Poderes.
Nessa larga ficha de prejuízos, trazidos pelo fenômeno maligno da corrupção, a desestabilizar o edifício do Estado e fazendo ruir seus alicerces, as crises políticas e cíclicas são ameaças permanentes. Com isso, surgem, do nada, ameaças de golpes e de retrocessos institucionais, criando um ambiente e instabilidade geral, propício para o surgimento de aventureiros políticos e outros embusteiros de ocasião.
Na sociedade, os reflexos dessas anomalias, vindas de cima, são vistas na forma de miséria humana e urbana, violência e degradação das cidades e do meio rural. Roubam de tudo, de peças de hidrantes, fios, tampa de bueiro a milhões de reais dos cofres na nação. Nada mais parecido com o inferno. O mais surpreendente é que, num cenário distópico como este, em meio aos escombros que vão se erguendo pelo país, a população, orientada por seus próprios algozes, volta as costas a um candidato que ousa tratar do tema do combate à corrupção, não apenas com promessas de palanques, mas com feitos pretéritos que comprovaram seu compromisso com essa questão e que, até pouco tempo atrás, chamava a atenção dos brasileiros e de todo o mundo para esses feitos históricos.
Eis aqui uma questão que intriga a muitos: por que a população não tem aderido ao chamado e ao apelo político de combate à corrupção? Seria a lógica natural, que daria início ao fim de um pesadelo que se arrasta por séculos? Mas o que é a lógica para uma nação absorvida por um cotidiano de sobrevivência selvagem?
Por sua qualidade de neófito no emaranhado e sujo mundo da política nacional, o ex-juiz e atual postulante à presidência da República, Sergio Moro, parece ter caído numa armadilha. Moro se vê hoje como numa pelada de periferia, onde, sem regras claras, corre de um lado para o outro. Não como jogador e com chances de fazer gols, mas como sendo a própria bola do jogo, chutado por todos os lados e cujo destino lhe foge por completo.
Para piorar uma situação que, em si, é dramática, o ex-juiz observa que, dos dois lados do campo, seus adversários estão unidos no afã de chutar-lhe para escanteio. É nesse ambiente do ludopédio que tanto a população quanto os juízes à distância torcem para os dois lados, indiferentes ao destino da bola. É essa a pré-campanha que temos: uma pelada de várgea.
A frase que foi pronunciada:
“O caráter, assim como a fotografia, se revela na escuridão.”
Yousuf Karsh
Yousuf Karsh. Foto: wikipedia.org
De olho
Sempre atentos às riquezas brasileiras, principalmente da região Amazônica, os deputados alemães se manifestam sobre projetos que tramitam no congresso brasileiro. Melhor teria sido cuidar das próprias florestas.
Foto: BBC
Dúvidas
Fake News e atos antidemocráticos. Aparentemente essa é a pauta para a chamada do ministro Alexandre de Moraes ao Senado. Corajoso, o senador Girão colheu as assinaturas suficientes para votar o requerimento de convocação do ministro do STF. “Nós já conseguimos a assinaturas para ouvir o ministro do STF Alexandre de Moraes sobre esse inquérito, em que a vítima é a mesma que julga e a mesma que manda prender. Inclusive, a PGR (Procuradoria Geral da República) tinha solicitado o arquivamento dessa investigação”, diz Girão em entrevista ao Ceará Agora.
Senador Girão. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Renovada
Por falar em reunião, o senador Paulo Paim realizou uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos sobre a estrutura do INSS que, a cada dia, acumula mais atendimentos para aposentadoria, saúde-doença, entre outros. São mais de 2 milhões de processos entancados. Quase a metade da força de trabalho foi perdida e as metas são cobradas sem as condições necessárias. O resultado foi o encaminhamento ao Poder Executivo de sugestão para a capacitação dos servidores, novo concurso público e aumento salarial.
Charge: seebbauru.org.br
História de Brasília
As notas taquigráficas dão conta, também, de um aparte do sr. Hermes Lima, no qual dizia o chefe da Casa Civil: “Foram os serviços, ficaram os funcionários. Não é isso?” A resposta não me lembro ao pé da letra, mas o sr. José Pereira Caldas dizia claramente porque o Ministério da Fazenda não está todo em Brasília. (Publicada em 22/2/1962)

Bondade política com o chapéu alheio

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Charge do Nef.

 

Nada como a proximidade das eleições para fazer com que os nossos políticos entrem numa espécie de catarse, amoleçam o coração e se transformem numa espécie de pais provedores, que a todos atendem com suas benesses, digamos, desinteressadas. Nesse sentido, as eleições são como o Natal, em que todos buscam exibir seu lado fraterno de ocasião.
Para o expectador atento à repentina mudança de comportamento, toda essa metamorfose dura tanto quanto fumaça ao vento. Tão logo as urnas são fechadas e os destinos, selados, o encanto se desfaz e todos empreendem um regresso ao umbigo do próprio ego. Engana-se quem pensa que todos esses mimos, feitos de maneira estratégica e cronometrada, saem diretamente dos bolsos desses beneméritos políticos.
No preço da bondade pré-eleitoral, está embutido um alto valor a ser pago por todos os contribuintes, mesmo aqueles que reprovam abertamente esse tipo de bondade. O leitor, por certo, já deve ter reparado que ultimamente têm sido recorrente as notícias, nos jornais locais, dando conta das inúmeras reuniões, discussões, votações, decretos e outras solenidades onde se anunciam, de forma solene e oficial, alguma concessão de áreas públicas, regularizações de bairros, votação em plenário e até revisões na já retalhada Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e todo um movimento que, ao fim e ao cabo, nada mais são do que a velha e conhecida trans formação das terras públicas do Distrito Federal em moedas política e eleitoreira.
Essa, inclusive, é uma prática por demais denunciada neste mesmo espaço e que teve seu começo exato no mesmo dia em que a capital alcançou a tão polêmica maioridade política e que tantos escândalos já têm produzido ao longo dessas décadas. Entra e sai governo, e a prática permanece.
Elegem-se distritais a cada temporada de quatro anos, com alguns nessa função permanecendo indefinidamente, e a situação do parcelamento e legalização marota das terras públicas permanece alterada. Seguindo essa toada, chegará um dia em que não tendo mais espaços para assentar eleitores, nossos políticos usarão as áreas gramadas do Eixão Sul e Norte, assim como o Eixo Monumental para serem divididos em lotes e entregues aos seus correligionários.
Mas, antes disso, toda a área tombada do Plano Piloto ficará literalmente cercada de bairros improvisados e precários, todos saídos da imaginação interesseira dessa gente que não possuía menor empatia e compromisso algum com a capital e usam de seus cargos públicos apenas para faturar prestigio e votos. Não há necessidade aqui de relacionar as áreas que, nesse início de ano, estão sendo criadas ou licenciadas, pois esse espaço não comportaria. O que o cidadão atento e avesso a essas práticas politiqueiras sabe muito bem é que, cada palmo do Distrito Federal negociado nessa verdadeira bacia das almas ou balcão político, significa um palmo a menos na qualidade de vida dos habitantes da cidade.
É preciso saber que não há planejamento urbano possível quando os espaços públicos passam a ser moeda política. Trata-se de um movimento que levará à transformação irreversível da capital, tornando-a semelhante a muitas outras cidades brasileiras: caótica, insegura e inóspita.
A frase que foi pronunciada:
“Eu acredito que boa arquitetura não é apenas forma, porque isso é escultura. Boa arquitetura é a interação entre forma e vida.” 
Jan Gehl
Foto: Sandra Henningsson / Divulgação
Na W3 Norte
Volta e meia, motoristas de ônibus brincam de aproximar o ônibus repentinamente em veículos, principalmente guiados por idosos. Riem com o malfeito e continuam sorrindo para quebrar a monotonia da profissão, enquanto não causam acidentes. Nosso leitor flagrou um deles, ontem, na hora do almoço. Depois do malfeito, posa para a foto, alegre. Até demais.
Mais cuidados
Hidrantes pela cidade destruídos e com peças furtadas. Hora de revisar e fazer a manutenção.
Câmara Notícias
Comparação entre as ações do SUS e rede privada na prevenção do câncer de pele, diagnóstico precoce e o tratamento serão os principais pontos a ser discutidos na sexta feira dessa semana, em comissão especial da Câmara dos Deputados. A presidência será do deputado Weliton Prado, autor do pedido de audiência.
Weliton Prado. Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
História de Brasília
Nesta mesma página os senhores encontrarão uma carta ao nosso diretor, assinada pelo sr. José Pereira Caldas, a propósito da mudança do Ministério da Fazenda. Como o autor fala em “dar nomes aos bois”, aqui estão os bois e os nomes: no dia 9 de novembro de 1961, numa reunião do GTB, o sr. José Pereira Caldas fez referências à “volta da Diretoria Geral da Fazenda Nacional para o Rio de Janeiro”. (Publicada em 20.02.1962)