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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil
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Essa coluna tem alertado há muito tempo para o perigo de um possível rompimento da Barragem do Paranoá. Antigos engenheiros que trabalharam e acompanharam de perto a construção dessa importante barragem lá pelos idos de 1959, haviam advertido para a possibilidade de colapso dessa represa, não só pela idade da obra, mas, sobretudo, pelo pouco caso dispensado pelas autoridades àquela construção.
Por volta do início dos anos noventa, o aumento de tráfego sobre a barragem causava preocupação para os técnicos em engenharia e conservação de estrutura. É sabido que a estrada sobre a Barragem do Paranoá foi construída com o único propósito de manutenção daquela represa e dos geradores de energia elétrica ali instalados, sendo que sua estrutura, em nenhuma hipótese, foi dimensionada para receber um tráfego tão intenso como o existente hoje.
Há poucos anos, foi recomendado que a cobertura daquela pista fosse completamente retirada para a colocação de uma grossa malha de aço ao longo de toda sua extensão, para posteriormente ser coberta por uma generosa camada de concreto, permitindo uma sobrevida dessa estrutura. Não se sabe que fim tomou essa proposta. O fato é que passados mais de meio século, e principalmente depois do intenso adensamento populacional ocorrido naquela região, milhares de carros passaram a cruzar a Barragem, nos dois sentidos, dia e noite. Com isso, houve, além do encurtamento da vida útil daquela estrutura, já desviada de sua função primária, um aumento significativo de rompimento ou de outros defeitos de grande monta, capaz de acarretar um enorme e irreparável dano.
Com aproximadamente 500 milhões de metros cúbicos de água, um rompimento nessa estrutura iria necessariamente provocar um grande número de mortes e um desastre ainda maior para a própria capital, para seu microclima, para a fauna e flora adjacentes, para o turismo e lazer, capaz de provocar um sério colapso, também, nas finanças da capital. A importância dada ao Lago pelos idealizadores da capital é de tal significância, que jamais pensaram inaugurar a cidade antes da conclusão do seu imenso espelho d’água. Sabiam eles da imensa importância desse Lago não apenas para complemento paisagístico do brilhante projeto, mas sua utilidade para a vida cotidiana de seus moradores.
Ainda mesmo durante a Missão Cruls em 1896, era anotado em relatório preparado para a instalação da futura capital: “É fácil compreender que, fechando essa brecha com uma obra de arte (dique ou tapagem provida de chapeletas e cujo comprimento não exceda quinhentos a seiscentos metros, nem a elevação de vinte a 25 metros), forçosamente a água tornará ao seu lugar primitivo e formará um lago navegável em todos os sentidos, num comprimento de vinte a 25 quilômetros sobre uma largura de dezesseis a dezoito”.
O recente desastre ocorrido em Brumadinho tem chamado a atenção de muitas autoridades para a eventualidade de acidentes em muitas barragens espalhadas pelo Brasil. Aqui em Brasília, em boa hora, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) ajuizou ação civil pública contra o Distrito Federal, o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) e a CEB Geração, para obrigá-los a construir uma nova ligação entre a DF-001 e a DF-025, deixando aquela via apenas para os trabalhos de manutenção da usina hidroelétrica.
Trata-se de uma situação que requer medida urgente a fim de preservar tão importante estrutura para a vida da capital.
A frase que foi pronunciada:
“Nós nos preocupamos com o que uma criança se tornará amanhã, mas esquecemos que ele é alguém hoje.”
Stacia Tauscher (1777), que imigrou da Romênia para Oregon com seu marido, Wenzel.
Zica Dengue
Depois da misteriosa tragédia em Pernambuco, onde crianças nasceram com microcefalia, o estado continua sem o devido cuidado. Foram 721 casos de dengue e, novamente, as autoridades apenas afirmam que o aumento está localizado onde há um maior número de pessoas susceptíveis ao adoecimento por arboviroses. Em um desses locais, ano passado, até fevereiro, apenas 8 casos de dengue foram registrados. Em 2019 já são 81.
Sem cerimônia
Aos poucos, barracos vão sendo erguidos na pista oposta ao Itapuã, a caminho da Torre Digital. Além das famílias que ali se instalam, caminhões cheios de restos de obras despejam o entulho naquela região, sem cerimônia. O GDF precisa se dar conta que fiscalizar é a melhor forma de prevenir problemas.
Projeto Bom Dia
Visita de outro país ficou encantada com as quadras comerciais do Plano Piloto. Tudo limpo, organizado. Na área dos blocos, árvores e calçadas à vontade. Mas ao conhecer outras regiões administrativas, como o Paranoá, o encanto caiu por terra. Restos de festas jogados nas calçadas, chorume por todo lado, crianças e adultos jogam lixo no chão sem titubear. Se a família não resolveu, uma conversa com os professores resolve. É só entrar na grade escolar.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O serviço de Fiscalização da Medicina proibiu as farmácias da venda de papel higiênico, dentre outros produtos. A relação desses produtos é tão grande, que está apavorando o comércio farmacêutico. (Publicado em 10.11.1961)
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Iniciativas que visem a geração de empregos no Distrito Federal, são sempre bem-vindas. Ainda mais quando se sabe que a capital, a exemplo do ocorre na grande maioria das cidades do país, experimenta um elevado índice de pessoas desempregadas ou subempregadas. Ocorre que programas de governo desse tipo precisam vir acompanhados, necessariamente, de uma série de medidas que assegurem o pleno cumprimento desses projetos, com começo, meio e fim. Há a necessidade de garantir que essas ações se prolonguem no tempo e não venham se constituir em ações do tipo populista, que resolvam o problema de visibilidade do político, mas que não surte efeito eficaz para o trabalhador.
Nesses últimos anos, os brasilienses têm assistido, até com certa frequência, a divulgação de projetos mirabolantes, que, no plano das ideias, pareciam perfeitamente exequíveis, mas que, na prática, se mostraram verdadeiros desastres. Exemplos dessas alucinações propugnadas tanto pelo Governo do Distrito Federal, como pela Câmara Legislativa.
O Estádio Mané Garrincha, um dos mais caros do mundo, com capacidade para receber 70 mil torcedores é, talvez, o exemplo mais vistoso. Fincado em pleno coração da cidade, bem ao lado do Palácio do Buriti, o monstrengo de concreto, apesar da promessa de que representaria um grande marco para a cidade, capaz de inseri-la, definitivamente entre as capitais com forte tradição no futebol, é hoje um típico elefante branco, sem valia, e o que é pior, gerando seguidos prejuízos para os contribuintes. As pretensas benesses que seriam trazidas por essa obra, obviamente ficaram apenas nos bolsos dos seus idealizadores, todos condenados pela justiça, num processo que vem se arrastando há anos sem solução.
O Buritinga é outro exemplo de obra que prometia, não só o enxugamento da máquina pública, mas a racionalidade da administração, concentrando, num mesmo ambiente, todas as secretarias de governo, mas que hoje jaz sem serventia, consumindo recursos da população para sua manutenção, apesar de ter custado uma fábula aos cofres públicos.
A Feira contígua à antiga rodoferroviária é outro exemplo de obra que prometia gerar empregos e resolver o problema da invasão de ambulantes por toda a cidade. Abandonado ou subutilizado, o espaço é hoje uma feira fantasma que, aos poucos, vai se transformando numa invasão e numa dor de cabeça para o local.
O mesmo se sucedeu aos tão festejados Polo de Cinema e Polo da Moda, todos abandonados ou com mudança de finalidade. Também os Postos de Segurança Comunitários, instalados por todo o Distrito Federal, que prometiam acabar com o problema da violência, tiveram seu começo e fim decretados pelo próprio governo. Depois de consumir uma fortuna da população para sua construção, muitos desses postos foram queimados por bandidos ou simplesmente abandonados. Graças à iniciativa da professora de canto erudito, Denise Tavares, dezenas desses postos transformaram-se em salas na Escola de Música de Brasília.
É preciso, portanto, aprender com essas medidas para não repetir os mesmos erros que custam tão caro ao contribuinte e que jamais são devidamente reembolsados. Faria melhor, o governo local, se cuidasse da continuidade das muitas obras inconclusas que se encontram hoje espalhadas por toda a cidade, como é o caso do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além da manutenção das que já existem e são sexagenárias.
O anúncio de que a atual administração do GDF estuda a implantação de uma filial do Parque da Disney, em Brasília, deve ser visto por esse ângulo, ou mais precisamente pela lente da realidade prática e das inúmeras experiências malsucedidas de nosso passado recente. Antes de investir o dinheiro suado do cidadão em obras de infraestrutura e outras benesses, além de renúncias fiscais para trazer esse mundo de fantasia, com sua Terra do Nunca para a capital, é preciso atentar para um detalhe: por anos, os brasilienses têm sido tratados como verdadeiros Patetas por muitos políticos espertalhões. Só que agora, os tempos são outros.
A frase que foi pronunciada:
“Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar.”
Poeta Fernando Pessoa. Livro do Desassossego
Desafio
Por falar em desassossego, parece que uma das maiores dificuldades do senador Alcolumbre vai ser falar e ser ouvido com o costumeiro barulho no Plenário. Senadores de costas para a mesa da presidência, conversas paralelas todo o tempo, gargalhadas, cumprimentos efusivos durante discursos e até interrupção na condução dos trabalhos. Que diferença do parlamento britânico! O senador Alcolumbre gosta de olhar nos olhos do interlocutor enquanto fala e ouve. Sobre o respeito a quem está ao microfone, será mais fácil o novo presidente se ajustar aos incômodos de altos decibéis e movimentos do ambiente do que tentar mudar a cultura da Casa.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A informação que temos da Escola, confirmada por nossa visita em horário escolar, é a de que a assistência ao aluno não será redobrada, porque já é eficiente, mas as punições para casos irregulares serão implacáveis e definitivas. (Publicado em 10.11.1961)
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A um rabino, a quem foi reclamar da conduta do marido, uma mulher narrou todo o seu drama sobre o comportamento impróprio do companheiro. Depois de escutar o queixume da mulher, o rabino declarou: você tem razão. Ao marido, depois de ouvir longamente suas queixas, o rabino proferiu a mesma sentença: você tem razão. A esposa do rabino, que tudo escutava, indagou, irritada: como é possível você dar razão aos dois, ao mesmo tempo? Ao que o rabino respondeu: quer saber, você também tem razão.
Essa história do anedotário judaico serve para ilustrar, com precisão, a proposta do GDF de acabar com atual modelo do passe livre estudantil. Entre outras modificações, o Executivo prevê o fim da gratuidade total, determinando que os estudantes da rede pública e privada, cujas as famílias tenham renda inferior a três salários mínimos, paguem um terço da tarifa cobrada nas linhas de ônibus e do Metrô.
A justificativa para a medida é a economia, aos cofres públicos, de até R$ 100 milhões anuais. Trata-se, à primeira vista, de uma medida extremamente impopular e que jamais seria declarada abertamente em época de campanha eleitoral.
Uma coisa é a eleição, outra, a realidade das finanças públicas quando apresentadas na ponta do lápis ao vencedor do pleito. Para complicar ainda mais uma equação que parece sem solução fácil, é preciso observar que nessa querela que se anuncia entram, além dos recursos oriundos dos pesados impostos tomados dos contribuintes, a margem de lucro dos empresários dos transportes, que obviamente fizeram seus investimentos nesse setor e esperam resultados.
Para embaralhar um pouco mais a questão, há ainda a apreciação obrigatória pelo Legislativo local, o que deve render bons frutos a todos aqueles que se aproveitam dessa situação para obter vantagens de todo tipo.
Dividido entre as razões justas dos estudantes, as demandas corretas dos empresários, a situação do caixa do governo, as demandas e os custos políticos da aprovação de uma medida dessa natureza e a pressão vinda de outras partes, como do Movimento Passe Livre, o governador Ibaneis Rocha poderá sentir, pela primeira vez, o real significado da expressão: gestor é como saco de pancada.
Fosse essa mesma questão submetida ao arbítrio de nosso rabino do preâmbulo, a sentença seria: todos têm razão. E é aí que o gestor, fiel apenas às finanças e aos números da contabilidade pública, cede lugar ao político negociador, capaz de encontrar a direção que leve ao caminho do meio, e do equilíbrio, satisfazendo uns e outros, sem prejudicar ou onerar, claro, o contribuinte que há muito sabe que não existe o tal do dinheiro público, mas sim o dinheiro dos pagadores de impostos, conforme ensinou a primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher em situação parecida.
A frase que foi pronunciada
História de Brasília
Educação é berço, e a escola é o seu ponto de aprimoramento. Para que se evitem os problemas de juventude, tão comuns no Rio e S. Paulo, é que fizemos a denúncia, não à escola, mas aos pais, aos responsáveis, pra que acompanhem, mais de perto, a vida de seus filhos. (Publicado em 10.11.1961)
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Com o retorno das aulas em toda a rede pública do Distrito Federal, programado para o próximo dia 11 desse mês, uma série de assuntos, de suma importância para os estudantes e para a educação em geral e que estavam momentaneamente deixados de lado, devem retornar ao centro das discussões. Uma dessas questões, e talvez das mais prementes, é com relação aos seguidos e crescentes casos de violência que vêm ocorrendo em boa parte das escolas públicas da capital. Por razões estranhas e ainda pouco explicadas, os casos de violência, envolvendo aluno contra aluno e alunos contra professores, ainda não mereceram a devida atenção das autoridades, o que, na prática, significa que em 2019 esses episódios lamentáveis irão retornar às páginas do noticiário policial.
A rotina de insegurança de professores e de alunos, frente a escalada da violência nas escolas, com seguidas agressões verbais e mesmo físicas, tem transformado nossos estabelecimentos de ensino num ambiente de trabalho insalubre e mesmo perigoso para esses profissionais e para o alunado.
Pesquisa do sindicato dos professores mostrou em trabalho recente que nada menos do que 97,15% dos educadores já presenciaram cenas e atos de violência dentro das escolas. De fato, a onda de violência experimentada por todo o Distrital Federal nos últimos anos já transpôs os muros das escolas. As ocorrências envolvendo alunos armados, portando entorpecentes, brigas de gangues, ameaças de morte e outros fatos dessa natureza, já são realidades presentes no dia a dia de muitos de nossos estabelecimentos de ensino.
No estado vizinho de Mato Grosso, como no restante do país, onde esses casos também vêm ocorrendo, foi preciso a aprovação de uma Lei específica (Lei10.473) instituindo uma chamada “Política de Prevenção à Violência contra Profissionais da Educação da Rede de Ensino”, para assegurar proteção efetiva a esses trabalhadores, inclusive com a penalização também dos pais e responsáveis.
Pedidos de afastamento e de licenças de professores com depressão e medo de retornar ao convívio de alunos violentos aqui no Distrito Federal vêm se avolumando a cada ano, sem uma resolução efetiva por parte das autoridades. Não se conhece, até o momento, nenhuma proposta ou projeto oriundo da Câmara Distrital que trate desse assunto. A última proposta nesse sentido foi apresentada pelo ainda deputado federal Rodrigo Rollemberg (PL- 6269), ainda em 2009, na Câmara dos Deputados. De lá para cá, por conta do baixíssimo contingente do Batalhão Escolar, os casos de violência nos estabelecimentos de ensino só sofrem uma redução efetiva durante os recessos e as férias escolares, o que não deixa de ser um alívio para as autoridades e para a comunidade em geral. Um alívio que não é o ideal. O foco da não violência deve ser justamente o período letivo.
A frase que não foi pronunciada:
“Como ensinar a não violência às crianças com a televisão ligada na eleição para a presidência do Senado?”
Pai de família pensando nas incoerências do país.
Passado
Por falar em violência na escola, leia, abaixo, a sequência de historinhas sobre o que ocorria no Colégio Caseb, quando Brasília nascia, em novembro de 1961. A conclusão é que o acompanhamento dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental. Já dizia o filósofo de Mondubim: “Se filho não precisasse de pai e mãe, nasceria de uma árvore e cairia quando estivesse maduro.”
Historinhas (11/1961)
A notícia publicada nesta coluna, sobre a situação de alunos transviados na Escola da Caesb, criou uma situação de alarme justificada, mas os defeitos de interpretação devem ser corrigidos.
Não fizemos alusão à vida dos alunos dentro do Colégio, mas depois das aulas, ou durante as “gazetas”, que se realizam em virtude da pouca atenção de muitos pais para com os filhos.
Quando elogiamos o plano de ensino de Brasília, estávamos reconhecendo, mas reconhecemos, também, que o Rio nos mandou inúmeros transviados para o convívio com alunos habituados simplesmente à vida escolar.
Estes, são os órfãos de pais vivos, que, através de contatos com alunos normais, vão desvirtuando os estudiosos, contaminando as amizades, destruindo a educação.
Educação é berço, e a escola é o seu ponto de aprimoramento. Para que se evitem os problemas de juventude, tão comuns no Rio e S. Paulo, é que fizemos a denúncia, não à escola, mas aos pais, aos responsáveis, pra que acompanhem, mais de perto, a vida de seus filhos.
A informação que temos da Escola, confirmada por nossa visita em horário escolar, é a de que a assistência ao aluno não será redobrada, porque já é eficiente, mas as punições para casos irregulares serão implacáveis e definitivas.
Piscinão
É fundamental que tenha sempre policiamento no Piscinão do Lago Norte. Os bêbados dirigindo colocam em risco a vida de todos os que passam por ali, principalmente aos domingos da manhã até à noite.
Todos por tudo
Segue, até o dia 13 de abril, o projeto SOS DF com a parceria da CEB, SLU, DF Legal, Detran, DER e administrações regionais. Por toda a cidade, desobstrução da rede fluvial, lâmpadas trocadas, pistas sinalizadas, e por aí vai.
Senado
Agora que estamos só nós dois aqui. Se os representantes do povo acolheram o voto aberto e não eletrônico (pelo resultado no painel) como voto seguro, imagine o que não acontece nas urnas eletrônicas por esse país afora. O próprio ministro Marco Aurélio de Mello fez impecável defesa do voto transparente e auditável. “Prevalece, como direito inalienável dos cidadãos, a submissão dos atos de exercício de poder, tanto do Executivo como do Judiciário e do Legislativo, à luz meridiana, dogma do regime constitucional democrático. Constitui fator de legitimação das decisões governamentais, indissociável da diretriz que consagra a prática republicana do poder, o permanente exercício da transparência”. Urnas eletrônicas só com voto impresso!
Esclarecendo
Jornalistas conceituados acreditam na violabilidade dos votos impressos. Eles ficam na seção de votação. São acomodados em uma urna (que é verificada com antecedência se está realmente vazia). Só tornam a recontagem dos votos e auditoria possíveis.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estes, são os órfãos de pais vivos, que, através de contatos com alunos normais, vão desvirtuando os estudiosos, contaminando as amizades, destruindo a educação. (Publicado em 10.11.1961)
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Sem uma educação que coloque o ser humano em destaque, à frente da ciência e da razão, estamos fadados ao insucesso, construindo pessoas como quem constrói máquinas. Nesse sentido, chama a atenção a frase do neurocientista português António Damásio, autor, dentre outras obras do livro “A estranha ordem das coisas”.
Para esse pesquisador, é preciso educar massivamente as pessoas para que aceitem umas às outras. Sem esse tipo de educação, diz, os seres humanos vão matar-se uns aos outros. Segundo Damásio, nossos instintos básicos nos impelem a pensar primeiro em nossa própria sobrevivência, os outros que se lixem.
Vivendo numa Europa que assiste ao renascimento do nazismo e de outras formas de xenofobia, decorrentes, em parte, dos fenômenos das imigrações e do globalismo, o neurocientista destaca a importância de saber aceitar os outros, que pode ser desenvolvida por uma educação mais voltada ao humano. Em sua concepção, a ausência do lado emocional, desprezada pela maioria das escolas tradicionais, acaba por prejudicar a própria racionalidade. Para ele, nossas emoções foram responsáveis pela definição de nossa cultura. “Aquilo que fomos sentindo ao longo de séculos, fez de nós o que somos hoje”, afirma o neurocientista, para quem é a cultura que nos distingue dos demais animais nesse planeta.
A linguagem foi um dos nossos primeiros instrumentos para, nos comunicarmos e nos entendermos com os outros, construirmos nossa cultura e nossa civilização ao longo de todos esses séculos. O sentimento, afirma, tem um papel único no aparecimento das culturas, pois foram eles os grandes motivadores das culturas atuais. Em outras palavras, foram as condições que levaram à dor e ao sofrimento que induziram as pessoas a pensar em meios de evitar esses mesmos sentimentos no futuro. “Os sentimentos, aquilo que sentimos, são o resultado de ver uma pessoa que se ama, ou ouvir uma peça musical ou ter um magnífico repasto num restaurante. Todas essas coisas nos provocam emoções e sentimentos. Essa vida emocional e sentimental que temos como pano de fundo da nossa vida são as provocadoras da nossa cultura.”
Desse modo, organizar-se para sobreviver, parece ser a sina de todos os seres vivos, até mesmo dos microrganismos mais básicos. Vivemos, assim, à semelhança do que ocorre com as bactérias, em permanente estado de conflito e de cooperação. Para esse pensador, é importante insistir nas humanidades para formar tantos homens comuns como cientistas. “Quando me perguntam qual é, em minha opinião, o maior cientista em minha área de pesquisa, respondo que é Shakespeare”, diz António Damásio, ao lembrar que as melhores e mais precisas definições de vida, nos são dadas justamente pelas obras de arte como a pintura, literatura, a música e outras expressões do gênero.
Só elas são capazes de transmitir o sentimento do que é viver, estar vivo. Uma das grandes barreiras das ciências e isso vale também para o modelo de educação que temos, é que eles são obsessivamente voltados para a objetividade e para o racionalismo, deixando de lado os aspectos do sentir que é encarado como algo apenas subjetivo.
A priorização excessiva dada pela maioria de nossas escolas ao desenvolvimento cognitivo, em detrimento do afetivo, tem prejudicado a própria pedagogia, afastando a educação de seu papel humanizador.
A frase que foi pronunciada:
“Viver é o ofício que quero ensinar aos meus alunos, pois antes de se tornar um magistrado ou soldado, ele será chamado para a vida humana a se tornar primeiramente homem.”
Jean Jaques Rousseau, filósofo
Crianças
Cuidados sempre presentes com as crianças diabéticas, principalmente no momento da alimentação na escola. A Sociedade Brasileira de Diabetes dá dicas de como lidar com os cuidados que uma criança com diabetes necessita no ambiente escolar.
Volta às aulas: como cuidar do diabetes no ambiente escolar
Atenção e cuidados especiais são necessários para que a criança com diabetes possa manter um dia a dia saudável na escola
A rotina da criança e adolescente com diabetes causa uma série de preocupações aos pais, já que a doença exige cuidados diários, como alimentação regrada e, em alguns casos, até aplicação de insulina diversas vezes ao dia e o monitoramento frequente da taxa de açúcar no sangue. Em casa, o controle fica por conta dos responsáveis, que já sabem lidar com os desafios, mas, quando voltam às aulas, fica a pergunta: como manter essa rotina?
De acordo com Débora Bohnen Guimarães, nutricionista e coordenadora do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a criança e adolescente com diabetes deve, primeiramente, ter uma alimentação adequada e saudável no ambiente escolar – que não foge muito do padrão preconizado a todas as crianças. “O grande problema é que nem sempre as cantinas oferecem alimentos saudáveis. Com isso, o melhor seria mesmo se planejar para levar a merenda, favorecendo iogurtes ou sucos naturais sem açúcar, sanduíches leves, biscoitos, bolos ou cereais integrais e frutas”, aconselha.
Porém, quando o aluno opta pelo lanche oferecido na escola, ele pode contar com alguns métodos que o auxiliam a manter os níveis de glicemia estáveis, como a contagem de carboidratos, que possibilita calcular a quantidade exata de insulina que deve ser utilizada para cada refeição. “Essa é sempre uma ótima opção para dar flexibilidade alimentar, pois o estudante pode comer qualquer alimento desde que ele ajuste sua dose de insulina ultrarrápida. Não há alimentos proibidos, mas sim um controle dentro dos conceitos do que é saudável ou não. No caso de lanches oferecidos pela escola e dependendo da idade da criança, será necessário auxílio de um adulto para realizar a contagem. O que os pais podem fazer é tomar conhecimento do cardápio anteriormente e já estabelecer, junto aos educadores da escola, a quantidade de alimentos adequados para a criança, que estará de acordo com seu regime de insulina”, comenta a nutricionista.
Aplicação dos medicamentos
É importante que os pais tenham uma conversa com a direção e coordenação do local de ensino a respeito do diagnóstico e tratamento que seus filhos estão realizando no momento: desde as doses de insulina, o grau de controle do diabetes, os casos de hipoglicemia e até as necessidades alimentares.
Segundo Débora, as crianças que precisam de ajuda para tomar insulina em escolas nas quais não há enfermeiros ou outro profissional que se dispõe a arcar com os cuidados necessários com monitorização de glicose e aplicação de insulina, acabam adaptando suas rotinas de medicamento. “Os pais, muitas vezes, vão até a escola para dar a insulina na hora do intervalo ou adequam o regime de insulina anterior e de lanche da escola para que não haja necessidade dessa aplicação. Os alunos com diabetes que estão em terapia de múltiplas injeções diárias podem não precisar de insulina em algumas refeições, como no meio da manhã ou da tarde, e normalmente é esse o período que os pais escolhem para seus filhos estudarem”, afirma.
Atualmente, existem escolas “amigas da criança com diabetes”, que oferecem profissionais que se dispõem a ajudar no controle da glicemia e até mesmo aplicam a insulina. Os pais devem treiná-los de acordo com a receita médica do aluno. Esta, porém, ainda não é uma obrigação de todos os locais de ensino.
Ensinando sobre diabetes
Visando disseminar a educação em diabetes no ambiente escolar, a SBD é parceira em iniciativas como o Projeto Kids – Diabetes in Schools, criado pela ADJ – Diabetes Brasil em parceria com a International Diabetes Federation (IDF), que oferece materiais educativos para auxiliar as escolas com informações sobre o diabetes. O material é conhecido como “Pacote Educativo para Informar sobre Diabetes nas Escolas”, e foi aprovado pelo Ministério da Saúde, SBD e Sociedade Brasileira de Pediatria.
Alguns locais, como o Centro de Referência Diabetes nas Escolas (CRDE) da Santa Casa de Belo Horizonte, oferecem até mesmo treinamento presencial ou à distância para capacitar os profissionais das escolas sobre os cuidados necessários com o aluno com diabetes, a fim de que os pais e alunos tenham segurança em relação ao tratamento durante o período escolar. “Os professores, coordenadores, diretores e demais profissionais são vistos como membros da equipe de tratamento do diabetes, então é necessário desmistificar a doença, orientá-los a respeito dos cuidados e alertá-los sobre as dificuldades do aluno com diabetes”, comenta.
Um ponto importante é o apoio necessário para que o bullying com estes estudantes não ocorra, já que pode atrapalhar a aderência ao tratamento e, consequentemente, prejudicar a saúde da criança. “A situação deve ser analisada por toda equipe escolar para que esses adolescentes se sintam à vontade com a doença – seja por ajuda emocional, caso necessário, ou por apoio familiar e dos professores no esclarecimento de toda a turma do aluno. A escola deve ser um ambiente de apoio, saudável e de segurança, sem necessidade de vitimização ou exposição à condição do aluno com diabetes. Dessa forma, a aliança entre casa e escola será um meio ideal para a manutenção de uma boa saúde para todos”, completa Débora.
Sobre a SBD
Filiada à International Diabetes Federation (IDF), a Sociedade Brasileira de Diabetes é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1970, que trabalha para disseminar conhecimento técnico-científico sobre prevenção e tratamento adequado do diabetes, conscientizando a população a respeito da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Também colabora com o Estado na formulação e execução de políticas públicas voltadas à atenção correta dos pacientes, visando a redução significativa da doença no Brasil.
Conheça nosso trabalho: www.diabetes.org.br.
Trânsito
Até hoje os motoristas do Lago Norte não conseguem manter a direita livre no primeiro sinal do local. Apesar de duas placas sinalizando que a direita é livre, quando o semáforo aponta o vermelho, os veículos param nas três faixas. Só um cone barril reflexivo resolveria a situação, impedindo os motoristas de seguirem em frente na faixa da direita.
Cotidiano
Desde o dia 12 de janeiro, os senadores se articulam pelo voto aberto no Senado. Não foi tão difícil calcular os votos. Quem queria voto aberto seria contra Renan, quem defendia o voto secreto seria a favor. E assim foi a eleição. Exatamente como o esperado.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Quando elogiamos o plano de ensino de Brasília, estávamos reconhecendo, mas reconhecemos, também, que o Rio nos mandou inúmeros transviados para o convívio com alunos habituados simplesmente à vida escolar. (Publicado em 10.11.1961)
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Fossemos buscar um ponto comum, capaz de estabelecer ligações entre os fatos violentos que ocorrem em grande número e cotidianamente em todo o Brasil, que elemento básico é possível identificar, ao mesmo tempo, em casos distintos como o rompimento da barragem em Brumadinho, os ataques do crime em Fortaleza, os episódios de feminicídios e outros crimes?
Em comum, além da atuação voluntária do ser humano em cada um desses casos, verifica-se, sobretudo, que a enorme maioria desses acontecimentos acontecem pela ausência de uma educação completa. Não apenas no aspecto informativo, mas, e principalmente, quanto ao item formativo. Nesse sentido, fica evidenciado que a falta de uma educação integral está por detrás de todos esses acontecimentos. Não somente a educação que ensina fórmulas e regras, mas a que desperta em cada um o sentido maior da humanidade que é a solidariedade.
Pode parecer estranho que um alto técnico ou um engenheiro especializado, destes que trabalha na direção de uma grande empresa como a Vale, não tenha recebido educação. Obviamente que isso é impossível. Mas analisando do ponto de vista desse desastre em Minas Gerais, que, registre-se, não foi por causa natural, é possível verificar que, depois da repetição desse evento catastrófico, pelas mesmas causas, o que salta aos olhos é a deficiente formação educacional dessas pessoas, principalmente do grupo dirigente dessa empresa.
Psicanalistas apontam a existência binária em cada ser humano do Eros e do Tânatos. Do amor e da morte. Somente a educação, realizada de forma integral, teria a capacidade de desenvolver e despertar, em cada pessoa, o senso de humanidade. Nesse caso teríamos a situação, um tanto bizarra, de um grupo de engenheiros e outros técnicos gabaritados e humanamente educados, fazendo greve ou se recusando a validar o projeto de construção de uma barragem naquelas condições.
A negligência e o descaso em relação às consequências danosas que podem advir sobre outras pessoas, demonstram, de forma cabal, uma educação feita pela metade, na qual a parte relativa à formação humanitária foi desprezada. A mesma carência de uma educação completa, capaz de unir homem e ciência, é notada nos casos dos ataques em Fortaleza, nos casos de feminicídios e de outras violências. Em comum, faltam a todos eles, em diversos graus e por razões que vão além desse texto, a luz da educação, capaz de iluminar não só o cérebro, mas o espírito. As bestas feras que agem abertamente, quer nas ruas ou dentro das grandes empresas, conscientes ou não, carecem dessa mesma fonte de saber, que é o senso comum.
O que torna os homens diferentes de outras espécies e, quiçá, superior a outros animais, é a capacidade de refletir sobre o sofrimento, sua finitude e dessa forma evitar o cometimento dos mesmos erros. Nossas escolas, carentes de tudo, mal dão conta da parte informativa, sendo que muitas, sequer conhecem ou valorizam a parte formativa, mesmo em assuntos triviais como a importância da cidadania.
A frase que foi pronunciada:
“O sonho da razão produz monstros”.
O pintor espanhol Francisco Goya (1746-1828), celebrizado pelas telas que mostravam os horrores e desastres das guerras, dos fuzilamentos de seu tempo.
Ex-senador
Nos corredores do plenário do Senado vários parlamentares comentavam a ausência de Romero Jucá. Na verdade, articulador e conciliador como ele é raro.
Calor
Acostumado com o calor da Bahia, o senador Jaques Wagner transpirava aos cântaros no plenário.
N’água
O filósofo de Mondubim costumava descrever situações como as de ontem, na escolha do presidente do Senado, como um passeio de patos na lagoa. Por cima da água, todos tranquilos. Por baixo d’água, a velocidade em busca do destino.
Contraste
Kajuru, agora senador, quebrou todo e qualquer nervosismo no plenário. Estáticos, com o pensamento à mil, os colegas de plenário não moviam um músculo enquanto ele contava a história do pai que tinha uma amante. A imprensa divulgou que Heloísa Helena vai trabalhar no gabinete de Kajuru. A troca de experiências entre os dois será enriquecedora.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Não fizemos alusão à vida dos alunos dentro do Colégio, mas depois das aulas, ou durante as “gazetas”, que se realizam em virtude da pouca atenção de muitos pais para com os filhos. (Publicado em 10.11.1961)
Reduzida à questão política, o problema fundiário do DF não tem solução à vista
VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Nessas últimas eleições na capital, ficou mais do que evidenciado que a questão fundiária de Brasília continua sendo o grande leitmotiv de 9 em cada 10 postulantes aos cargos eletivos locais. Em outras palavras, ficou claro que a transformação de loteamentos em moeda de trocas políticas continua sendo o grande catalisador das eleições no Distrito Federal.
Candidatos em palanque que não prometam facilidades na aquisição de lotes, mesmo contrariando normas legais, parece não ter chance de se eleger por essas bandas. A descoberta desse filão político, na década de noventa, verdadeira mina de ouro de votos, possibilitou, ao ex-governador, Joaquim Roriz, permanecer por mais de uma década e meia à frente do Palácio do Buriti. De lá para cá, e por conta dessa política, a cidade sofreu um processo acelerado de inchaço populacional, que, obviamente, não foi acompanhado por qualquer planejamento urbano prévio.
Com isso a capital adentrou definitivamente para o clube dos estados-problema da União. Como no vale tudo das campanhas é impossível chamar à razão e ao bom senso tanto candidatos como eleitores, a vitória dessas chapas populistas, acaba acarretando uma perda irreparável para a cidade e para os próprios cidadãos, que vêm a antiga qualidade de vida da capital sendo negociada em palanques e comícios.
Nas eleições de 2018 não foi diferente. De novo a maioria dos candidatos, tanto ao Executivo, como ao Legislativo, prometeu a construção de novos núcleos habitacionais para seus eleitores. A diferença é que desta vez, foram ainda perigosamente mais além, prometendo, entre outras sandices, extinguir a própria Agência de Fiscalização (Agefis) responsável pela implementação de políticas de fiscalização de atividades urbanas, e que, nos últimos anos, tem tido um papel importante no combate a grilagens e às invasões de terras públicas.
Aos ouvidos de muitos eleitores e principalmente aqueles ligados à indústria de invasões, o fim da Agefis soa como um verdadeiro cântico das sereias, capaz de mobilizar contingentes enormes de novos invasores. Com a eleição, agora desse grupo que descrê na necessidade de uma cidade possuir um meticuloso planejamento urbano para existir, a questão que se coloca, logo em primeiro plano é: a quem interessa a extinção da Agência de Fiscalização, que, bem ou mal, tem feito o trabalho de desfazer promessas demagógicas de candidatos, derrubando invasões, algumas verdadeiras mansões, construídas em áreas públicas?
Entidades técnicas e, portanto, devidamente balizadas no assunto como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-DF), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-DF), a Associação Brasileira de Engenharia e Arquitetura (ABEA) e a Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas (ABAP-DF) acabam de encaminhar ofício à Câmara Legislativa do DF, externando profunda preocupação com o Projeto de Lei, enviado pelo Executivo, que dispõe sobre a extinção da Agefis em regime de urgência. “A urgência, diz o documento, inviabiliza, por exemplo, a participação da sociedade, de entidades e instituições oficiais envolvidas com a fiscalização do uso e ocupação do território, como este Conselho, que, até o momento, não foram consultados sobre esta extinção.” Para as entidades técnicas, o desastre de Brumadinho reforça a necessidade de fortalecimento dos órgãos de fiscalização, sobretudo para a defesa da própria sociedade. Já para as entidades políticas…
A frase que foi pronunciada:
“Vale, Vale, o teu vale é de lucros. O do povo é de lágrimas.”
Pe Fábio de Melo
Brumadinho
“Calma aê! Aconteceu?” É o que grita o homem no momento em que fugia da torrente de lama, enquanto tentava alcançar o carro. Assista a gravação feita pelo funcionário terceirizado da Vale, Leandro Dias, no exato momento em que a barragem se rompeu.
Momentos
Dia de esvaziar as gavetas dos gabinetes no Senado. Hoje os novos senadores ocupam seus lugares no comando legislativo do país. Li, pela agência Brasil, que os seguintes parlamentares estão unidos pelo voto aberto para a presidência da Casa: a nova senadora, Soraya Thronick, a senadora Simone Tebet, os senadores Davi Alcolumbre, Tasso Jereissati, Álvaro Dias, Reguffe, Esperidião Amin, Major Olímpio e Angelo Coronel.
Curiosidade
Psicopatas sociais são facilmente reconhecidos, mas apenas por exames de imagem. Fora isso, são pessoas que usam máscaras diversas durante os dias, interpretando papéis diferentes de acordo com os próprios interesses. Um exame próprio de Pet Scan é capaz de acompanhar a parte do cérebro onde, em todas as pessoas normais, é possível ver as emoções, o que não acontece com os psicopatas. No caso deles, a área cerebral que reflete as emoções é inativa, ou seja, não há arrependimentos. A parte ruim da história é que a corrente de psiquiatras e psicanalistas que acredita não haver recuperação é maioria.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A notícia publicada nesta coluna, sobre a situação de alunos transviados na Escola da Caesb, criou uma situação de alarme justificada, mas os defeitos de interpretação devem ser corrigidos. (Publicado em 10.11.1961)
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Desastres e calamidades de toda espécie têm, ao lado dos danos humanos e materiais, o condão de deixarmos de sobreaviso para a possibilidade de novos eventos, principalmente se padrões de segurança e de prevenções não forem adotadas a tempo.
No Brasil, onde medidas de prevenção e segurança normalmente só são adotadas a posteriori, o alto custo em vidas humanas é o que sempre fica de lição pela negligência das autoridades. Forem devidamente investigados, um a um, nossos grandes acidentes, como o ocorrido a pouco em Brumadinho, um padrão sinistro vai demonstrar que 9 em cada 10 desses eventos ocorrem pela exclusiva falta de controle e de prevenção por parte dos responsáveis pela obra.
A cadeia de responsabilidade é comprida e, por razões óbvias, normalmente acaba por penalizar os autores menores, lá na ponta. Passados os primeiros momentos de comoção, o caso vai encolhendo e se perdendo na distância do tempo, para no final, desaparecer por completo. Mariana é um exemplo dessa nossa pouca memória.
Após três anos, o caso esfriou e não fosse o mesmo evento, com maiores perdas de vida, ocorrido há poucos quilômetros dali, a questão das barragens improvisadas para contenção de rejeitos de minérios restaria apenas como velho recorte de jornal que normalmente os sobreviventes guardam no fundo da gaveta para lembrar fatos experimentados no passado. A ocorrência cíclica desses sinistros evidencia não só a nossa diminuta e seletiva memória, mas garante impunidade aos culpados, o que, por sua vez, abrem novos caminhos para a repetição dessas tragédias. Se não podemos corrigir os defeitos da memória, pelo menos podemos trazer para a capital os ensinamentos desse recente acidente e, quem sabe, aplicá-los no caso das Barragens do Paranoá e do Descoberto.
Projetada no início dos anos sessenta, apenas para conter e formar o Lago, a Barragem do Paranoá, armazena algo em torno de 500 milhões de metros cúbicos de água, o que, em caso de rompimento, a tornaria potencialmente muito mais devastadora do que outras do gênero. Para uma barragem com mais de meio século de construção e que não foi estruturada para receber o fluxo diário de mais de 20 mil carros diariamente, os riscos estão bem presentes. Esses sinais, que prenunciam colapsos, talvez não sejam visíveis aos passantes despreocupados, mas, aos olhos dos técnicos, os primeiros sintomas estão lá presentes e precisam ser levados a sério como as trincas e rachaduras no asfalto.
Ainda no ano passado, o presidente da Indústria da Construção Civil, Luiz Carlos Botelho, afirmou a esse jornal que a barragem do Paranoá, por suas características construtivas, não poderia continuar sendo usada para a circulação de cargas, e para a intensa mobilidade urbana ocorrida naquela região nesses últimos anos. A criação de bairros populosos naquelas áreas aumentou significativamente o fluxo na Barragem, crescendo na mesma proporção o desgaste e, consequentemente, encurtando sua vida útil.
Trata-se, pois, de uma situação que requer atenção emergencial das autoridades.
A frase que foi pronunciada:
“A política é a arte de escolher entre o desastroso e o intragável.”
John Kenneth Galbraith, economista canadense
Maçãs
Dia desses, um indiozinho andava em frente ao colégio Dom Bosco comendo uma maçã. O tempo todo cuspia a casca. Os micos espalhados pelas casas em busca de alimentos também cospem a casca da maçã. Quem entende de natureza sabe das coisas. Experimente raspar a casca de uma maçã e veja quanta cera a protege.
Replantando o ParkWay
Festa no Viveiro Comunitário do Park Way nesse sábado, dia 2. Das 9h às 12 horas, a comunidade será bem-vinda. Cada visitante receberá uma muda. A Administração promoverá atividades enaltecendo a importância do cerrado. O espaço viveiro comunitário também é um local preparado para a comunidade visitar e discutir as melhorias para a região.
Horror
Uma denúncia do Sr. Geraldo Carmo, morador de Brumadinho, hoje sem ter onde morar, dá conta de que a sirene para o alarme do rompimento da barragem não foi instalada por completo. O poste ficou por lá sem mais cuidados, o que representa a falta de preocupação com o imprevisível.
Proposta
Chan Woo Kim, embaixador da Coréia do Sul, fez uma visita a Superintendência da Zona Franca de Manaus propondo parcerias bilaterais. Quem o recepcionou foi o superintendente da autarquia, Appio Tolentino. A Embaixada da Coréia do Sul visita SUFRAMA na busca de parcerias entre o estado do Amazonas e a Coréia do Sul.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Há uma superquadra na Asa Norte que não será vendida. A Novacap resolveu conservar a mata virgem existente, e a nascente que embeleza toda aquela área. (Publicado em 09.11.1961)
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Por sua extensão territorial, pela multiplicidade de cidades e mesmo pelo elevado contingente populacional, o Brasil é um país que requer a realização permanente de grande número de obras públicas de infraestrutura variadas de pequeno e grande portes, apenas para atender às necessidades presentes. Com isso, milhares desses empreendimentos, financiados, obviamente, com recursos do contribuinte são executados a cada ano, nas diferentes regiões do país. Fiscalizar, conforme manda o manual de boas práticas da administração, essa quantidade de obras, algumas de elevada complexidade técnica, exige dos órgãos de controle pessoal preparado e em número suficiente para dar conta de uma tarefa desse tamanho.
Para acrescentar alguns complicadores à complexa equação, há ainda a existência de inúmeros casos de malversação dos recursos. Ou seja, entre o projeto na prancheta e a finalização da obra vai um extenso e tortuoso caminho. É justamente nesse desvão da estrada burocrática que o dinheiro dos cofres públicos vai minguando, minguando até desaparecer por completo, normalmente deixando a obra inconclusa. A finalização fica como legado para a futura gestão.
Ao analisar só o aspecto corriqueiro em nosso país, tem-se, ao fim de cada ano, centenas de obras públicas inacabadas para serem corroídas pelo tempo, o que eleva às alturas os prejuízos para os cidadãos. Quando ocorre da obra pública ser definida como de grande porte, os prejuízos, pelos números astronômicos, passa a receber a tarja de “incalculável”, sendo, automaticamente, debitada na conta dos contribuintes no quesito deficit público. Com essa rotina histórica, vimos, desde 1500, construindo o Brasil. Com isso, vamos nos movendo para frente, dando dois passos adiante e um para trás. Pelas consequências brandas contra os envolvidos diretamente nesses casos escandalosos, é de se presumir que esse é ainda, depois de cinco séculos, um grande negócio, capaz de enriquecer, em apenas quatro anos, todo um clã político. Com as parcerias público-privadas, pensadas, inicialmente, para serem um alívio para o contribuinte, o aroma inebriante emanado pelo dinheiro público fácil, passou a atrair enxames de empreiteiras, logicamente, interessadas também nessas facilidades.
À fiscalização rarefeita veio se juntar uma miríade de administradores políticos sem remorsos ou escrúpulos, eleitos e absolvidos a cada quatro anos, devidamente assessorados pelos mais gananciosos e aéticos empresários de que se tem notícia. Não espanta, pois, a eclosão diária de todo o tipo de escândalos de corrupção, bem como notícias dando conta da morte de centenas de trabalhadores, sepultados por milhões de metros cúbicos de lama. Talvez, seja esse mesmo o tão propalado mar de lama de que tanto falam.
A frase que foi pronunciada:
“Se falarmos com calma, de maneira profissional, permita-me chamar a atenção para o fato de que a Rússia fornece armas ao governo legítimo da Síria, em total conformidade com as normas do direito internacional. Não estamos violando nenhuma regra ou norma.”
Vladimir Putin, presidente da Rússia
Fio terra
São mais de 50 milhões de descargas elétricas por ano no Brasil. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Com o verão, as descargas elétricas aumentam a possibilidade do corte repentino da energia. O INPE mostra, cientificamente, que é preciso levar a sério o aterramento nas edificações para evitar perdas materiais e eliminar o risco de choques que colocam vidas em risco.
Orientações
Hoje, ainda em comemoração ao Dia do Farmacêutico, comemorado no último dia 20, quem passar pela Rodoviária Interestadual, das 9h às 12h, poderá ver o Conselho de Farmácia do DF em ação. O foco será idosos com doenças crônicas e crianças. “Esperamos poder atender cerca de 3 mil pessoas com exames de glicemia, de pressão, orientações quanto ao uso correto de medicamentos e distribuição de material informacional”, disse a presidente da autarquia, Dr.ª Gilcilene Chaer.
Presença
Por falar nisso, a presidente do CFDF lembrou muito bem: é obrigatória a presença de um responsável técnico de nível superior durante o funcionamento das farmácias. Essa foi uma conquista que precisa ser preservada e cobrada.
Invasões
Atrás do Colégio do Sol, no Lago Norte, havia uma placa sinalizando que a área era de proteção ambiental. Agora há casas e muros altos. Essa é uma área de vários Núcleos Rurais. Muitos deles invadidos pela grilagem. E a administração do Lago Norte fica por ali.
Autoestima
Bonito ver o alto astral das moças e senhoras que limpam as ruas da cidade. A roupa quente e o trabalho pesado não as impedem de trabalhar maquiadas, com adereços e bem penteadas.
Dietas
Dietas que vão e vêm raramente são tratadas pela importância que trazem em relação à saúde bucal. O Conselho de Odontologia de São Paulo mostra como a alimentação adequada reflete nos dentes, gengivas e hálito. Um dos exemplos foi o jejum intermitente onde a pessoa tem o pH diminuído, o que interfere na acidez da boca.
Contraste
Imaginem o que é uma pessoa depender da hemodiálise e não poder ir à clínica porque o governo local não liberou a verba. O Ministério da Saúde já fez a lição de casa. São milhares de pacientes renais que dependem das clínicas de diálise, que prestam serviço ao SUS, que estão no terceiro mês trabalhando sem receber. A realidade é: quando o governo local deixa de cumprir as obrigações o povo que se vire, já o oposto é bem diferente.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os tampões das galerias pluviais da tesourinha do Hospital Distrital estão obstruídos, e uma enorme poça esteve formada durante todo o dia de ontem. Se hoje chover novamente, a situação se agravará. (Publicado em 09.11.1961)
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Por suas peculiaridades históricas e culturais, nada parece resistir à atmosfera corrosiva que cobre o Brasil. Por aqui, qualquer ideia ou realização importada tende, inexoravelmente, à degeneração progressiva, transformando-se em algo mais adaptado às nossas elásticas exigências éticas. Com isso, acochambramos, ao nosso jeitinho de ser, o mundo ao redor. Nem mesmo a coxinha de galinha, feita a partir do peito da ave, escapa dessa desconstrução.
Modismos, como a compliance, que vem a ser o estabelecimento de boas práticas de gestão e governança de uma empresa, e que em todo o mundo civilizado serve para proteger a sociedade de atos lesivos cometidos por grandes e poderosas corporações, por aqui, perderam o fôlego e sumiram sem deixar rastros.
Durante os escândalos da Petrobras, muito se falou em colocar as empresas sob regras rígidas de comportamento. O mesmo se deu há três anos, quando do mega “acidente” de Mariana. Naquela ocasião, as autoridades e mesmo a empresa Vale correram ao público para anunciar um novo tempo de gestão administrativa, e até mesmo política, sobre o assunto.
Casos como esses, afirmavam o governo e a empresa, jamais voltariam a ocorrer. Bastaram menos de três anos para o mesmo estado ser vítima do mesmo acidente, pela mesma empresa e pelas mesmas causas, ou seja, negligência e acertos suspeitos entre a Vale e a administração pública, como veiculado na imprensa.
Nesse novo episódio, onde aproximadamente quatro centenas de pessoas perderam a vida, um novo tsunami de lama, provocado pelo rompimento de uma velha barragem, deixa patente nosso descompromisso com a seriedade. Começa agora o jogo de empurra. Aos olhos do mundo, que assiste atônito os seguidos episódios de nossas desventuras, o Brasil é fake.
Desde a tragédia da Gol, passando pela boate Kiss, além de Mariana, ocorridos durante o lastimável governo petista, nenhuma ação eficaz e efetiva foi colocada em prática. Sobre as barragens, nem quantas existem de fato por todo o país é possível se afirmar. Nem tampouco quantas oferecem riscos imediatos de colapso.
Das possíveis 790 barragens de dejetos de minérios, aproximadamente 400 se localizam em Minas Gerais. Dessas, 180 pertenceriam à Companhia Vale. Até as revistinhas do Mauricio de Souza mostravam o mau humor do Chico Bento quando algum empresário visitava a cidade para fazer proposta de nova mineradora na cidade. Moradores dessas localidades não acreditam nas autoridades e nem nos anúncios oficiais feitos por essas empresas mineradoras. Relatos vindos de toda a parte falam na possibilidade real de novos rompimentos.
Em Congonhas do Campo, também em Minas Gerais, depoimentos prestados pela população local citam uma barragem da Vale, com vinte vezes a capacidade de Brumadinho, ou seja, com 240 milhões de m3, como o local ideal para a ocorrência de uma nova tragédia do tipo.
O lobby poderoso das empresas mineradoras e a baixa resistência moral da nossa classe política, responsável por esses acordos e regras frouxas para mineração, resultam, obviamente, nesses mega acidentes, o que reafirma o nosso compromisso com a sorte. Ou com o azar.
A frase que foi pronunciada:
“…Licença, dona Dirma! A gente num intendi muito das coisa da lei mais intendi das nossa necessidade! I nóis precisa das mata, dos rio, dos pexe…I tá todo mundo achando que isso vai sê mexido pra pior! A senhora podi ajuda pra isso num acontece? Nossa gente vai agardecê por toda a vida. Eu juro!”
Chico Bento, personagem de Maurício de Sousa, cartunista.
P.S.: O Código foi aprovado pela ex-presidente Dilma com 9 vetos
Goiás
Motoristas reclamam com as diferentes velocidades permitidas nas estradas que levam os brasilienses a Pirenópolis. As mudanças parecem ser propositais, sem ter em mente a segurança dos viajantes.
Muda já
Por falar nisso, vamos ver se haverá algum progresso sobre os carros perdidos no pátio do Detran. Se for mudança de lei ou se for algum decreto do Denatran. É um absurdo transformar em ferro velho tanto dinheiro que poderia ajudar o estado.
Curiosidade
Pouca gente sabe que a Galeteria Gaúcha está pronta para receber celíacos no almoço. Apesar de ter macarrão na cozinha, a massa é preparada longe dos demais alimentos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Na W-3, em frente ao Posto da Cat., há uma firma funcionando num SCR com a construção interrompida na primeira laje. (Publicado em 09.11.1961)