Navegar em ondas bravias

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Charge: movimentomunicipalista.wordpress.com
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          Por mais que os analistas afirmem que o poder das mídias sociais de influenciar as próximas eleições está superestimado, o fato é que a disseminação crescente desses veículos de comunicação provocará mudanças, principalmente com relação àquilo que o eleitor busca saber sobre seu candidato e sobre seus concorrentes.

             Com mais da metade da população do país conectada nas redes sociais, qualquer pesquisador político que queira minimizar os efeitos dessa nova ferramenta nas eleições de 2018, estará caminhando às cegas sobre terreno minado. São mais de 100 milhões de brasileiros ligados às redes, que chegam a passar até cinco horas, em média de olho nas telinhas.

             Para se ter uma ideia, apenas o aplicativo Whatsapp já é acessado por mais de 120 milhões de brasileiros todos os dias. Se tamanha aldeia virtual de comunicação não for capaz de influenciar nas eleições de 2018 é porque o mundo político, definitivamente não interessaria aos brasileiros, o que todos sabemos, não é verdade.

         Ocorre com esses novos veículos de comunicação o mesmo que se sucede com as televisões: notícias, verdadeiras ou não, sobre descaminhos e escândalos no mundo político possuem o mesmo poder de um rastilho de pólvora. A diferença é que o alcance das mídias eletrônicas, pelo volume de usuários on line é infinitamente maior, o que resulta numa massa gigantesca que passa a acompanhar, de perto, o desenrolar dos acontecimentos. Desse gigante de milhões de olhos e ouvidos, ninguém escapa.

               Se as eleições de John Kennedy, nos anos sessenta foi decidida graças a novidade da época, representada pela transmissão ao vivo dos debates, em rede de televisão, a eleição de Barack Obama foi possível graças ao forte incentivo das redes sociais. Questão maior do que o poder efetivo das novas mídias sociais, é saber até que ponto esse novo ferramental trará mudanças positivas para o país.

Charge: somosandando.com.br
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              Populistas repaginados, dentro do novo figurino da internet poderão provocar um estrago sem precedentes ao Brasil. Da mesma forma, candidatos com aptidão para comunicação de massas, também poderão se sair bem, no mundo virtual, mas vir a se constituir numa praga na vida real. O problema aqui é que nas redes sociais, a mesma velocidade que conduz um indivíduo ao ápice, possui a inércia para lançá-lo de volta ao fundo do poço. Ocorre que, como no mundo real, uma vez jogado ao chão, dificilmente, em curto espaço de tempo, um candidato terá forças para reerguer-se.

            O perigo aqui é que a superexposição faça dele um prisioneiro das mídias, impedido, inclusive, de circular livremente pelas ruas do país e do mundo, como já vem acontecendo, gerando situações pra lá de constrangedoras. Incensado de início para logo em seguida ser queimado e tornado cinzas, isso é o que as novas mídias farão com muitos candidatos, principalmente com aqueles que tem pendências com o passado e se apresentam como solução para o futuro.

A frase que foi pronunciada:

“A invasão de um exército pode ser detida, mas não a invasão de ideias.”

Victor Hugo

Uma beleza

A rodovia GO-239 entre A Vila de São Jorge e Alto Paraiso em plena Chapada dos Veadeiros tem ótimo asfalto e belo traçado. Está sendo ampliada e já chegou a outras localidades.

Travessia

A proximidade do Parque Nacional criou um sistema inédito mais para hilário que para eficiente. Alguém inventou uma faixa de pedestres para a fauna! Não… você não leu errado é isso mesmo! Uma sequencia de minúsculos 12 quebra-molas exigem que o motorista reduza arriscada e bruscamente a velocidade para passar pela travessia da fauna.

Foto: goiasagora.go.gov.br
Foto: goiasagora.go.gov.br

Irracionais

Impuseram além do perigo, algo que não faz parte de nenhuma padronização internacional de trânsito e que em nada protege a fauna e ainda obriga os motoristas a manobras de frenagem rápidas e perigosas.

De fato

            Teria sido muito mais eficiente e útil se utilizassem os sonorizadores que serviriam para aumentar a atenção dos motoristas sem exigir freadas bruscas. Tomara que alguém lúcido determine a retirada desses quebra-molas de estrada que só servem para arriscar a vida dos racionais.

          Depois de vistoriar a GO-239 o governador Marcone Perillo declarou que esta rodovia é estratégica para o turismo e para a segurança dos moradores e turistas. Então os R$500 milhões investidos na obra valeram a pena. Falta só uma forma mais racional de alertar os motoristas sobre o perigo da travessia de animais silvestres.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Tomando conhecimento do que ocorria, o embaixador Briggs mandou descontar nos vencimentos dos faltosos, os dias em que os mesmos deixassem de comparecer às aulas. Alegam, agora, os funcionários, que em seus Estatutos não há nada que possa justificar essa medida. (Publicado em 12.10.1961)

A violência nossa de cada dia

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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Foto: commons.wikimedia.org
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       Não é de hoje que a grande maioria dos brasilienses conhece os riscos de circular por inúmeras localidades da capital, a qualquer hora do dia ou da noite. Assaltos, roubos, furtos, assassinatos, espancamentos e outros tipos de violência vêm tomando conta da capital. Nem mesmo os lugares centrais da cidade, próximos às delegacias e a outros pontos de segurança, escapam da violência diária.

        Considerada, por sua localização central, o principal ponto de intersecção da cidade, por onde circulam centenas de milhares de pessoas a cada dia, a Rodoviária do Plano Piloto e sua grande área em volta são vistas por muitos brasilienses e pelas próprias autoridades de segurança como uma região sensível e de alta periculosidade pelo grande número de ocorrências.

       Somente pessoas que não conhecem a capital, como é o caso de turistas desavisados, ousam circular por essas regiões quando a noite cai. Ocorre que é justamente nesse local que está instalada a grande maioria dos hotéis da cidade. Quando não são feitos passeios em grupos a lugares predeterminados, os hotéis, normalmente, alertam seus hóspedes a ficarem em seus quartos e evitarem as ruas escuras.

         Para uma capital, vista pelo mundo como exemplo de modernidade urbana, tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, uma situação vexatória como esta de reter turistas em hotéis, joga por terra os nossos conceitos de civilização e nos remete a situações que nos colocam como sociedade primitiva, em que as mais simples demonstrações de civilidade, como o respeito à integridade das pessoas, são desprezadas e negligenciadas.

       Para aqueles turistas que experimentaram pessoalmente o trauma da nossa violência cotidiana, fica não só a lembrança de momentos de sofrimento, mas, em muitos deles, a certeza de que por essas bandas jamais retornarão. Para as áreas ligadas ao turismo em particular, ficam os prejuízos. Para a imagem da cidade, em tempos de instantaneidade e disseminação das redes sociais, ficam os alertas daqueles turistas para que evitem visitar a capital.

      Embora se respeite os sentimentos daqueles que se dizem ofendidos pelas recomendações das autoridades estrangeiras para que os turistas evitem suas cidades, é preciso destacar que muitos desses moradores reconhecem, publicamente, até em manifestações corriqueiras contra o fim da violência, que esse é o principal e mais urgente problema da maioria de nossas cidades.

        Nada de prático advém também a nota de repúdio, emitida pelo GDF, contra o alerta do Departamento de Estado norte-americano, ainda mais quando alega, de forma generalizada, que crimes ocorrem em qualquer cidade do mundo e que a segurança em nossas regiões administrativas não pode ser comparada com outras localidades violentas tanto no Brasil quanto no exterior.

        Pelo que é noticiado diariamente na imprensa e pelas estatísticas anuais dos órgãos de segurança, a violência, em todas as suas formas, é nossa mais grave questão atual a requerer medidas a altura do problema. A criminalidade no Distrito Federal deixou de ser um problema, antes mais comuns nas áreas periféricas e carentes da capital. A violência migrou para o centro urbano, para as Superquadras do Plano Piloto e ocorre até nas imediações de palácios e outros pontos famosos.

     O abandono dos antigos Postos Comunitários de Segurança (PCS), construídos por meio de altos recursos tomados dos contribuintes, espalhados por toda a cidade e logo depois queimados e destruídos pelos marginais, falam mais alto do que os informes oficiais e atestam um problema que é crônico até para autoridades de outras nações distantes.

A frase que foi pronunciada

“A sociedade se divide em duas classes: os que têm mais refeições do que apetite e os que têm mais apetite do que refeições.”

Sébastien Roch Nicolas Chamfort, poeta, jornalista, humorista e moralista francês

 

Charge: clicksociologico.blogspot.com.br
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Eleitoral

Breve o TSE iniciará a exibição em cadeia nacional, durante cinco minutos, de campanha para incentivar a participação de mulheres e negros na política. Além disso terá a árdua tarefa de esclarecer aos cidadãos sobre o sistema eleitoral.

Release

A Câmara de Dirigentes Lojistas do DF acaba de divulgar o número de inadimplentes em dezembro de 2017: 906 mil pessoas (39,53% da população entre 18 e 94 anos), dado levantado pelo SPC Brasil. O número ainda é alto, mas a expectativa é de melhora econômica, apesar de lenta. No comércio, as dívidas em atraso no DF diminuíram 17,12%.

História de Brasília

O embaixador Moacyr Briggs, do Dasp, instituiu um curso interno de formação, para funcionários dos níveis 5 a 10. Como os funcionários não se interessassem pelo curso, começaram a faltar, e já quase não há mais frequentadores. (Publicado em 12/10/1961)

Cuidado turistas!

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ARI CUNHA

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Charge: chargesdodenny.blogspot.com.br
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          Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Itália, Reino Unido e Japão emitiram alerta para que seus cidadãos em viagens ao Brasil se cerquem de cautelas ou simplesmente evitem diversas regiões do país. O sinal foi dado por conta dos altíssimos índices de criminalidade registrados. Mostram que a questão da falta de segurança interna, por suas dimensões, se tornou também uma preocupação internacional.

         Recomendações como essas colocam o Brasil no mesmo patamar de nações conflagradas pelas guerras, com a diferença de que aqui se tem matado mais e por muito menos. Obviamente, estar incluído numa listagem desse tipo traz inúmeras consequências nefastas não só para a imagem do país, mas, principalmente, para a economia interna, sobretudo, àquelas ligadas às áreas de turismo.

          Os assaltos e assassinatos de turistas pelo país afora sempre aconteceram. Ocorre, no entanto, que, nos últimos anos, os registros nas delegacias especializadas têm aumentado assustadoramente. Com 61.619 mortes violentas, registradas em 2016, o Brasil, na concepção de muitas agências de turismo e de muitos viajantes independentes, é considerado um roteiro de alto risco mesmo para quem conhece o país.

          Com o alerta emitido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para que seus cidadãos evitem também diversas localidades aqui na capital, Brasília passou a integrar a listagem de lugares perigosos para a circulação de turistas.

      De acordo o Departamento de Estado norte-americano quatro grandes regiões administrativas do Distrito Federal — Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá —  devem ser evitadas, assim como áreas centrais como a Rodoviária do Plano Piloto e adjacências. Além do informe oficial das autoridades e da imprensa, é claro que os comunicados passados pelos próprios turistas, por meio das redes sociais, chegam instantaneamente ao conhecimento de grande número de pessoas pelo mundo afora, criando uma onda de paranoia e medo que só tem paralelo com o sentimento do próprio turista que experimenta na pele a violência nossa de cada dia.

          Não por coincidência, justamente, nessas regiões foram registrados os quatro primeiros casos de homicídio na passagem do ano. O comunicado aos seus cidadãos alerta ainda que as atividades do crime organizado são generalizadas no país, devendo o turista evitar esses locais, não caminhar e circular à noite, não exibir sinais de riqueza, evitar uso de relógios e joias caras, não reagir a assaltos, evitar estranhos e tomar todo o cuidado com transporte público, principalmente no período noturno. Tudo o que o brasileiro faz por precaução e hábito.

          Pelo número de restrições que é colocado pelo alerta das autoridades americanas, dá para imaginar que, para o cidadão comum daquele país, a simples intenção de vir fazer turismo no Brasil e conhecer a sua capital, pelos riscos que a envolvem, essa empreitada merece ser pensada duas vezes, senão posta de lado de uma vez, dadas as consequências, até fatais, dessa decisão.

A frase que foi pronunciada:

“O rio do tempo leva consigo suas margens.”

Robert Musil, escritor austríaco

O que é que isso?

Aos poucos as pessoas estão se dando conta de que não vale a pena se conformar com abusos. Impedida de entrar em um hospital para visita por estar uniformizada, a senhora buscou os tribunais. O juiz de direito Marcelo Coelho de Carvalho, da 2ª turma Recursal do Tribunal de Justiça do Acre, condenou um hospital a indenizar a querelante por danos morais. “A Justiça não atende a quem dorme.”

Culpado

Outro caso interessante foi o de um carro clonado. A vítima foi multada sem cometer qualquer infração. O juiz da 3ª Vara do JE da Fazenda Pública apontou que o proprietário, por ser vítima da fraude, não pode ser eternamente condenado por infrações de trânsito. A obrigação de resolver a situação foi passada ao Detran.

Doação identificada

Durante as eleições deste ano, instituições contratadas vão poder arrecadar recursos para candidatos. Será feito um cadastro e cada doador, identificado pelo nome e quantia doada.

Sem limite

Outra novidade importante de chegar à opinião pública é que o uso de automóvel do candidato, cônjuge e até o terceiro grau de parentesco, para uso pessoal durante a campanha está dispensado de comprovação na prestação de contas.

História de Brasília

De Viçosa, Minas, a Brasília, uma carta levou sete dias. Do DCT de Brasília para a SQS 114, com endereço certinho e tudo, levou quatro meses e oito dias. Não pode estar certa uma repartição com esse gabarito. (Publicado em 12/10/1961)

Troca-se violência por arte

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Quando se fala em arte-educação no Brasil, o nome da carioca Ana Mae Barbosa brilha como uma estrela de primeira grandeza. Trata-se da mais importante referência no país para o ensino da arte nas escolas, disciplina, até alguns anos atrás, pouco conhecida e valorizada entre nós.

Nos anos 1970, teve seu pedido de bolsa para fazer mestrado em Connecticut nos EUA negado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sob o argumento de que o Ministério daEducação não reconhecia a arte-educação como área de pesquisa. Para contornar o obstáculo, custeou os estudos dando aulas de cultura brasileira na prestigiosa Universidade de Yale, se transformando na única brasileira com doutorado em arte-educação no país, condição que fez dela a maior autoridade e a mais ferrenha defensora da disciplina no Brasil.

Autora de diversos livros sobre o assunto, ganhadora do Prêmio Jabuti na categoria Educação e Pedagogia, desenvolveu, a partir de 1987, a chamada Abordagem Triangular, o primeiro sistema educativo no ensino da arte que ainda hoje é referência nos programas em arte-educação no Brasil. Seu método enfoca o ensino das artes pelo tripé da contextualização histórica, pelo fazer artístico e pela apreciação da obra de arte. Ainda hoje, aos 81 anos de idade, Ana Mae continua a batalha pelo reconhecimento da importância da arte-educação no Brasil, sobretudo agora que se anuncia a retirada da disciplina de artes proposta pela reforma do ensino médio.

Para a educadora, a retirada dessa disciplina dos currículos escolares terá como consequência a formação de toda uma geração de brasileiros “facilmente manipulável”. O ensino das artes nas escolas é, na sua avaliação, importante para o ser humano. Por isso existe e acompanha a humanidade desde o tempo das cavernas. Além disso, está provado que o ensino das artes é transferível para o aprendizado de outras disciplinas, como ficou atestado em estudos realizados nos EUA nos anos 1990, quando se comprovou que os melhores alunos e as melhores notas eram dos estudantes que tiveram a oportunidade de estudar artes.

A partir desse estudo, os pesquisadores passaram a dar atenção ao ensino das artes como importante referência à transferência cognitiva e afetiva. Ficou provado que o desenvolvimento mental que o estudo das artes proporciona é aplicável ao modo como se aprendem as outras disciplinas. “Essas pesquisas, dizem, demonstraram que o estudo de desenho aumenta a qualidade de organização da escrita; raciocinar sobre arte desenvolve a capacidade de raciocinar sobre imagens científicas; a análise de imagens da arte propicia a capacidade de leitura mais sofisticada, interpretação de textos e inter-relacionamento de diferentes textos. Enfim, a instrução em artes visuais, como fator de desenvolvimento da prontidão para a leitura compreensiva, foi uma das conclusões das quatro pesquisas realizadas por James Catterrall, PhD em educação pela Stanford University.

No caso de disciplinas como teatro e interpretação, a transferência de cognição foi ainda maior. Para o pesquisador, nos alunos que tiveram a oportunidade de estudar teatro foram identificados maior compreensão da leitura oral de textos, maior compreensão do discurso oral em geral, aumento da interação entre pares, capacidade de escrever com eficiência e prolixidade, habilidades de resolução de conflitos, concentração de pensamento e habilidades para compreender as relações sociais. Também aparece a capacidade para compreender problemas complexos e emoções, além de estímulo ao engajamento.

Outro aspecto verificado com o ensino das artes é a redução da evasão escolar, elevação das aspirações educacionais dos alunos e o desenvolvimento de habilidades de pensamento de ordem superior. No caso do estudo da música, a transferência cognitiva ajuda no aprendizado da matemática, na percepção espacial e temporal. Não é por outra razão que muitos cientistas têm bom ouvido para música, sendo que grande parte deles toca um instrumento. Infelizmente as autoridades brasileiras ainda não avaliaram adequadamente a importância do ensino das artes em nossas escolas públicas, e o resultado é o que se vê hoje, inclusive com muitos professores sendo agredidos de forma brutal num país que parece caminhar para trás rumo ao mundo primitivo, de volta para as cavernas, só que, agora, sem pinturas rupestres.

 

A frase que não foi pronunciada

“Às vezes, a vida é colocada de cabeça para baixo para que possamos aprender a viver de cabeça para cima.”

Max Weber, sociólogo alemão

 

Antes do Fórum

» O Ministério das Cidades abriu inscrições até o dia 19 de janeiro para o curso presencial nacional sobre regulação e fiscalização dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Com a coordenação de Frederico Araújo Turolla, os painéis tratarão dos títulos: O papel das agências reguladoras, a regulação econômica, a regulação da qualidade dos servidores, aplicação de penalidades e análise do impacto regulatório (AIR)

 

Solidariedade

» Apesar do excesso de estrangeirismo no nome, o evento é solidário. The Street Store DF arrecada doações para a primeira edição no Nordeste. Pontos de coleta espalhados por Brasília estão recebendo roupas, sapatos e brinquedos. Vai até o dia 21. A ONG promete levar as doações para as comunidades de Agrovila, Pavão e Cana Brava, no interior da Bahia. Duas mil pessoas serão beneficiadas com as doações. Outros pontos de coleta pela cidade entre os dias 11 e 30 de dezembro serão a SelfStok, as lojas Bio Mundo, Living Fit e a empresa Centro Peças.

 

História de Brasília

Sabe-se, agora, que não havia imposição do PSD de Goiás, mas sim a promessa do governo, o compromisso de “dar-lhe” a Prefeitura de Brasília. (Publicado em 10.10.1961)

Água é questão de segurança

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         Técnicos e especialistas no assunto são unânimes em reconhecer que a crise hídrica que assola todo o Distrito Federal , com todos os seus desdobramentos é um fenômeno que teremos que conviver por tempo indeterminado e ainda com a perspectiva de experimentarmos um agravamento progressivo da escassez de água. Obviamente que esse problema não surgiu da noite para o dia, apanhando todos de surpresa.

         Trata-se de uma previsão e de uma expectativa a muito anunciada e que ganhou contornos de uma calamidade certa, tão logo se verificou a explosão demográfica e sem controle da cidade. Enquanto a cidade sofria um processo, sem precedente de inchaço populacional por conta do populismo político que se instalou na capital com a nefasta maioridade política do Distrito Federal, as áreas do entorno da cidade, principalmente aquelas reconhecidamente situadas em sítios de proteção ambiental, foram transformadas de zonas rurais em condomínios urbanos , num piscar de olhos.

          O surgimento dessas verdadeiras cidades dormitórios, sem infraestrutura alguma passaram a ser abastecidas de água de maneira improvisada e sem planejamento estratégico. Muitas dessas localidades resolveram o problema da escassez de água com a perfuração de uma quantidade incalculada de poços artesianos, agravando, ainda mais o problema, pela extração ilegal e sem controle desse recurso.   O cinturão agrícola em torno da capital, pensado originalmente para abastecer a cidade, foi engolido pelo agro negócio, com o plantio de monoculturas em extensos latifúndios acabaram por cercando a capital, agrava mais ainda o problema da falta de água. Pior do que todos esses eventos juntos foi a decisão em abandonar o projeto redentor representado pela criação do grande lago São Bartolomeu. Ao decidir não construir a imensa barragem o governo na ocasião não só assumiu as responsabilidades pela atitude , como condenou à incerteza o próprio futuro da capital, deixando à descoberto o abastecimento de água dos brasilienses.

         Essa é justamente uma daquelas medidas que separa o estadista no comando do Executivo, com visão do amanhã, do restante dos políticos aventureiros que assumem posições elevadas de olho apenas em vantagens pessoais de todo o tipo. Estabelecida a realidade cruenta e seca, vamos sendo , por força da necessidade, empurrados a adotar medida drástica de deslocar milhares de moradores do sítio destinado a formação da barragem. O problema da escassez de água, por sua natureza e importância , se sobrepõe a quaisquer outra razão de Estado, se constituindo numa verdadeira questão de segurança interna.

A frase que foi pronunciada:

“Não pense que não há crocodilos só porque a água está calma.”

Provérbio malaio

Área federal

Como falta ação preventiva, a UnB virou o paraíso dos ladrões de carro. Arrombamento, furto de pneus, e ligação direta que levam os automóveis tranquilamente, sem que qualquer larápio seja incomodado. Além disso os passageiros da linha 110 rodoviária/UnB também já perderam objetos pessoais para os ladrões. A rapaziada que se desloca à pé é a que corre mais riscos. Sem segurança e iluminação, as trilhas levam ao medo e insegurança. Os contratos com segurança que deveriam triplicar, foram suspensos.

Importante e atual

Comissão de Assuntos Sociais do Senado discute “Assédio sexual, moral e psicológico no ambiente de trabalho”. Com a condução da senador Marta Suplicy, foram convidados, Janete Vaz Presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin, Ana Cláudia Rodrigues Bandeira Monteiro Vice-Presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho – ANPT, Sandra Gomes Melo da Delegada-Chefe da Delegacia de Atendimento à Mulher. Maria Gabriela Prado Manssur, Promotora de Justiça do Estado de S.P. Luiza Sousa Cruz, Diretora de Articulação da ONG ULTRA e Lourdes Maria Bandeira, Chefe do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília – UnB.

Civil

Eric Seba,  diretor da Polícia Civil acompanha o desenrolar da nova delegacia que irá fundir a Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap) e a Divisão de Crimes contra a Ordem Tributária (Dicot). O prédio está em reforma e fica no Parque da Cidade, onde era a DPE. Independente do espaço físico, Seba garante que mesmo antes da inauguração prevista para janeiro do ano que vem os trabalhos integrados já começaram.

Ideias

De forma simples e alegre os enfermeiros do Hospital das Forças Armadas resolveram compor um funk “Olha a proteção” para evitar infecções hospitalares. Aliás uma mudança simples da maçaneta para a péçaneta já resolveria grande parte do problema. Observe que o médico abre a porta do quarto, enfermeira e o pessoal da faxina. Se no lugar das mãos, os pés abrissem as portas, muita infecção seria evitada.

Abuso

Funcionário da Claro surrupiou dados da cliente para alcançar metas. É a única explicação para quem tem o plano alterado sem autorização. Pior. Alguém foi pessoalmente à loja da Claro, fez o pedido de mudança do plano com documentos completamente diferentes da titular. Só com a anuência do vendedor essa transação ilícita poderia ser feita. O pior da história é que a cliente está sendo tratada como devedora.S

HISTÓRIA DE BRASÍLIA   13/12/2017

 O desvio, que era feito nas piores condições, recebeu a visita de uma máquina. Diminuíram os buracos, e aumentou a poeira. O correto seria concluir o asfalto. (Publicado em 10.10.1961)

Sem saúde, educação, transporte e segurança. Mas com o voto nas mãos.

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Fonte: http://www.michelteixeira.com.br
Fonte: http://www.michelteixeira.com.br

            A longa crise social, econômica e política, dos últimos anos teve, ao menos o condão de mudar a percepção de boa parte da sociedade não somente para os problemas do país, mas sobretudo para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores individuais, fazendo florescer nos brasileiros um sentimento mais individualista e voltado exclusivamente para as necessidades imediatas das próprias pessoas.

            Neste sentido o individualismo crescente parece resultar da noção de que o Estado pouco ou nada faz pelos brasileiros, sendo que muitos consideram hoje que a melhor estratégia é partir para a luta individual , ao invés de esperar por qualquer amparo do governo. Neste ponto é preciso salientar que o individualismo cada vez mais presente na sociedade, pode inverter a própria lógica do Estado, fazendo com o governo passe a depender, cada vez mais, da vontade de uma população indiferente e distante, propicia, inclusive a considerar a hipótese da desobediência civil.

            Os efeitos da corrupção sistêmica, conforme implantado pelos governos petistas e que tinham como objetivos diretos o enfraquecimento do Estado paulatinamente ao empoderamento do partido, apesar das investidas da polícia e de toda a revelação da trama, deram frutos diversos. Uns bons. Outros não tanto. Ao aumentar a descrença na política, retardou a consolidação plena da democracia. As revelações feitas pela política e pelo Ministério Público , apresentaram para a população uma elite corrupta e disposta a tudo para enriquecer rápido e sem esforço.

            Para um país que conta com mais de 700 mil presos, em condições sub humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais do que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu a essa parcela da população a certeza de que a cadeia ainda é lugar para pretos e pobres.

            Entender a corrupção como algo moldado pela herança histórica ibérica onde o patrimonialismo cartorial era a tônica, mostram apenas as raízes ancestrais do problema e que faziam parte inerente do sistema mercantilista e colonialista da época. Se antes a exploração e os desvios tinham origem em vontades vindas do exterior, hoje , com o desenvolvimento do capitalismo de compadrio é muito mais rentável à uma empresa cooptar políticos e agentes públicos buscando negócios fabulosos com o Estado em troca de propinas e outros meios ilícitos.

            Além das empresas privadas, sempre dispostas à servir aos políticos de forma geral, as estatais cumprem seu papel de facilitadoras dos negócios nebulosos da elite dirigente. Transformadas em moedas de troca, dentro do toma lá da cá generalizado, as nomeações políticas para altos cargos nas estatais tem tido um peso crucial na expansão dos casos de corrupção, servindo como ponta de lança dos partidos para se apoderarem dos recursos da nação. Neste caso torna-se compreensível o discurso de muitos dirigentes políticos no sentido do Estado manter controle das estatais.        Obviamente que não se trata aqui de nacionalismos ou protecionismo da economia nacional, mas tão somente de reservar esse nicho de mercado à sanha desmedida dos partidos políticos. Por aí se vê porque a redução do tamanho do Estado incomoda tanta gente. Se por um lado os muitos casos de corrupção revelados tem servido para mostrar como é fácil desviar dinheiro público, por outro mostrou que impondo um fim à institutos como o foro privilegiado, a possibilidade de nomeações políticas para cargos técnicos e maior agilidade e presteza nas decisões da justiça , possuem a fórmula mágica para reduzir, da noite para o dia, tão imenso volume de caos de malversação dos recursos públicos.

            Pelo conhecimento do modo de agir dos inimigos da sociedade, de que se alimentam e onde atuam, ficou mais fácil atalhá-los de vez.

A frase que foi pronunciada:

“ O que chega primeiro, o Papai Noel ou a reforma da Previdência?”

Vera Magalhães, jornalista

Elementar

Claro

Ao ligar para a amiga,  a cliente da Claro recebe uma mensagem de que a ligação não pode ser feita e que deve ligar para o número da operadora.  Ao buscar por informação, depois da sétima atendente, chega a prova. O contrato assinado por outra pessoa, com todos os dados errados, menos o nome e CPF da cliente. O contrato era para transformar o pré- pago em pós-pago. Por isso estava em débito e não poderia usar o telefone até sanar as dívidas. A migração foi feita à revelia da dona da linha, que teve os dados usados e não verificados pela Claro. Resultado. Delegacia e Tribunal de Pequenas Causas. Fica só uma pergunta. Se o número permanece com a cliente e não com o estelionatário a quem interessa uma linha pós-paga nessa confusão?

Pizza

Em resposta à coluna que descreveu uma cobrança indevida na Pizzaria Valentina, a resposta assinada por Liana Paters é a seguinte: “ Se não existisse erro no mundo tudo seria perfeito! Se na conta desse senhor, passou algum item pode ter sido sim um erro do garçom. Às vezes acontecem erros para menos também e o nosso cliente, ao contrário do que muitos pensam, avisa a falta do item na conta para que possamos cobrar a diferença. As pessoas são honestas e a Valentina Pizzaria segue o mesmo padrão de conduta de seus clientes. A honestidade.”

Penna

Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press
Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press

Absurdo o Teatro Nacional até hoje não ter recebido a devida atenção. Largado às traças, um dos monumentos do centro da cidade está completamente abandonado com o risco de se transformar e tapera. O que não dá para entender é que o Rodrigo Rollemberg sempre foi apreciador das artes e os artistas que votaram nele são os mais decepcionados eleitores.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA   09/12/2017

Com essa atitude, os funcionários civis seriam, também, prejudicados, porque a não vender para todos o governo preferiria considerar o assunto encerrado. (Publicado em 10.10.1961)

(Des) habilitados para a política

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com Circe Cunha e Mamfil

Na república distópica em que prosseguimos metidos, não estranha a bizarrice de assistirmos a pessoas situadas nos mais altos postos da administração pública sem qualquer expertise para essa função. Uma leitura no curriculum de alguns desses próceres mostra que ainda estamos muito longe de um modelo ideal de gestão do Estado. Pior, continuamos a andar em círculos, repetindo erros e atrasando nosso encontro com a modernidade. Sobre esse assunto há um material rico que todo gestor público precisa conhecer: “O (des)alinhamento das agendas política e burocrática no Senado: uma análise à luz da teoria da agência, sob o ponto de vista do agente”, de Luiz Eduardo da Silva Tostes. Uma contribuição inestimável para a administração pública. Nos últimos anos, o Senado tem feito uma reformulação administrativa que tem ajustado a Casa com mais transparência, economia e produtividade.

Levantamento feito no ministério do atual governo mostra que mais de a metade dos ministros não tem qualificação ou formação acadêmica ou técnica necessária para exercer a contento os desafios de cada pasta. Dos 23 cargos de primeiro escalão, 11 foram ocupados por ministros sem a qualificação que seria necessária. Um exemplo que chama a atenção foi a nomeação do um bispo licenciado da Igreja Universal para comandar o ministério da Indústria e Comércio, uma pasta sensível à economia do país que exigiria, no mínimo, o comando de alguém com um conhecimento real numa área que teve um decréscimo de quase 9% em 2015.

O mesmo se repete em outras pastas de grande complexidade para o país, como é o caso do Ministério da Educação, que é ocupado hoje por um político de carreira, sem familiaridade com o assunto, mas que deveria ser preenchido por um educador com notório saber na área. Muitos afirmam que o loteamento de altos postos da administração pública com base apenas no apoio político, dentro do modelo de presidencialismo de coalizão, não tem grande importância, já que são os técnicos de carreira, como os secretários executivos, que cuidam das pastas, cabendo aos ministros apenas as negociações políticas. Mas não é bem assim. O fato que demonstra que esse modelo é ruim para o país pode ser comprovado com a descontinuidade dos projetos, mesmo aqueles em que foram despejados bilhões de reais.

Por outro lado, acabam atrelando e centralizando as decisões mais importantes e urgentes ao próprio presidente da República, dificultando avanços necessários. Mesmo considerando o valor da política para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, o que os países desenvolvidos têm demonstrado na prática é que a própria sobrevivência da democracia hoje exige a reformulação das gestões governamentais, sobretudo através do uso das possibilidades oferecidas pelas nova tecnologias, disciplinando o Estado, reavaliando suas atribuições e qualificando a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde. Principalmente agora, quando se assiste ao envelhecimento crescente da população. São novos paradigmas a exigir novas posturas, a começar pela qualidade acadêmica do pessoal designado para altos postos.

A frase que foi pronunciada

“A inteligência é a insolência educada”

Aristóteles

Release

» Instituto Federal de Brasília abre 1.018 vagas em cursos técnicos a distância. Oportunidades são para eventos, informática, programação de jogos digitais e hospedagem. Capacitação é gratuita.

Evasão

» Inacreditáveis 30% a 40 % dos estudantes do Pronatec terminam o curso apesar dos milhões investidos.

Obsoleto

» Recebemos do leitor Roldão Simas um e-mail com dois vídeos. Um chinês e outro brasileiro. A intenção é mostrar como os Correios estão atrasados tecnologicamente na triagem da correspondência. No vídeo chinês, num estande colossal, os objetos transitam até o destino sem o toque humano. Norto Seng participa da missiva apontando a razão da demora na entrega de produtos comprados pela Internet. Absoluta falta de tecnologia.

Como sempre

» Liberdade de ir e vir e manifestação da vontade. Os sindicatos precisam respeitar os trabalhadores. Na EBC foi um Deus nos acuda. O pessoal queria trabalhar, e o sindicato impedia a entrada.

História

» Ricardo Guirlanda posta no FB matéria de página inteira sobre a Telebras. “Bits de criatividade — Telebras ativa sua rede interna de comunicação de dados e experimenta em casa a comunicação do futuro”.

História de Brasília

Ausente de Brasília, propositadamente, “para não se desgastar politicamente”, o sr. Juscelino Kubitschek comete um ato de pouco caso para com a cidade que criou. (Publicado em 08.10.1961)

A água é nosso maior patrimônio

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Reportagem apresentada, na sexta-feira, alerta para a qualidade da água no Distrito Federal e reforça o que os especialistas vêm afirmando há algum tempo: a ocupação irregular e ainda persistente de terras em Brasília prejudica a qualidade da água, por ação da poluição constante, bem como a quantidade desse produto essencial, por ação do desmatamento e do assoreamento de importantes nascentes. Ou seja, o loteamento urbano desordenado e criminoso vai deixando sequelas que, aos poucos, vão comprometendo a própria existência futura da capital.

Tomadas dessa forma, muita gente considera um exagero que a capital venha a ser inviabilizada por uma questão de crise hídrica. Menos de duas décadas atrás, soaria também como exagero sem propósito se alguém afirmasse que, em poucos anos, Brasília seria submetida aos rigores dos rodízios no abastecimento de água. Hoje, a escassez e o racionamento são parte de nossa realidade – e, acreditem, vieram para ficar. O pior, e já se sabe disso, se não forem adotadas medidas drásticas para pôr fim ao criminoso parcelamento irregular de terras públicas, nem todo o dinheiro do mundo salva a capital dos brasileiros.

Dos 23 mananciais que abastecem a cidade, a maioria, segundo os técnicos da Caesb, apresenta algum sinal de poluição, sendo que o Ribeirão Engenho das Lajes, próximo ao Gama, é o que está em pior situação. As ocupações irregulares ganham maior gravidade quando ocorrem nas bordas da bacias hidrográficas. Até as áreas agrícolas, não devidamente fiscalizadas, contribuem para a redução do Índice de Qualidade da Água (IQA).

Especialistas asseguram que, com toda a tecnologia disponível, a captação de água bruta poluída exige mais gastos com tratamento e os resultados finais jamais serão iguais à captação de água de boa qualidade. A captação de águas do Lago Paranoá, criticada por uns e apoiada por outros, devido ao problema da escassez, foi, no passado, considerada opção totalmente exótica e absurda, mas, hoje, por desleixo nosso, virou realidade que teremos que engolir.

A crise hídrica e sem precedentes na história de Brasília provocada pelos parcelamentos irregulares de terras, por período prolongado de seca, pelo aumento considerável do consumo, devido à elevação da temperatura e à baixa umidade, tende a recrudescer nos próximos anos. Essa é uma realidade que obrigatoriamente nos conduzirá à conscientização do problema que criamos para nós mesmos. Quer queiramos ou não.

 

A frase que não foi pronunciada

“Enquanto a educação estiver voltada para a competição, haverá guerra. A paz é fruto do aprendizado da solidariedade e cooperação.”

Maria Montessori, educadora, médica e pedagoga

 

Mestre Woo

» Hoje é dia de café da manhã para comemorar os 43 anos de Tai Chi Being Tão. Café compartilhado, apresentações musicais, rodas de conversa sobre saúde e bem-estar, cerimônia de gratidão aos antepassados, oficinas de Tai Chi e cultura chinesa, dança circular, origami, atividades para a criançada. Local: Praça da Harmonia Universal, na EQN 104/105.

 

Auditoria Cidadã

» Começará, em 7 de novembro, no Senado Federal, às 9h, audiência pública em que a Auditoria Cidadã já confirmou presença. O mote é Esquema Financeiro Fraudulento e Sistema da Dívida. A discussão recairá sobre a criação de “estatais não dependentes”, em que o grupo afirma que é para securitizar dívida ativa e lesar a sociedade.

 

Fraco

» Algumas representações brasileiras no exterior vão de mal a pior. No Consulado brasileiro, em Frankfurt, o atendimento ao público pode ser feito a qualquer momento, bastando que o interessado indique um telefone fixo por e-mail para contato posterior. Na Embaixada do Brasil, em Berlim, o atendimento por telefone é restrito a uma hora e meia de segunda a quinta- feira.

 

E mais

» Nosso leitor conta que o prazo de atendimento estabelecido pelo consulado para solicitação de expedição de documento feita pelos Correios é de 10 dias úteis. A Embaixada em Berlim, estabelece prazo de sete dias úteis. Mas a pontualidade é bem diferente da adotada pelo país germânico. Por enquanto, para uma procuração enviada para Berlim, remetida por instrumento particular, já somam 17 dias sem retorno.

 

História de Brasília

A nomeação do dr. Laranja para a presidência da Novacap foi recebida na Companhia Urbanizadora não como a de um técnico em organização, mas como a nomeação do médico do presidente da República. (Publicado em 5/10/1961)

(Des) planejando a capital

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Qualquer planejamento urbano e estratégico, minimamente aceitável, visando tornar a cidade, ao menos, funcionando sem maiores problemas, cai por terra quando se tem uma variável, como o aumento da exponencial população, extrapolando toda e qualquer previsão.

No caso de Brasília, um sítio pensado e construído originalmente para ser apenas a sede administrativa do país, o fenômeno da explosão demográfica desenfreada, verificada, sobretudo, a partir dos anos 1990, introduziu um dado inquietante para qualquer planejamento razoável. De todas as variáveis possíveis, capazes de virar as previsões de cabeça para baixo, a densidade demográfica acelerada é, talvez, a mais difícil de ser ajustada e é justamente a que está posta de agora diante do governo local.

A questão é como assentar, digna e adequadamente, tanta gente, disponibilizando infraestrutura sanitária, como água tratada e esgoto, para um contingente em elevação permanente. Por outro lado, como dar a essa multidão atendimento decente em hospitais e escolas públicas? De outro modo, como atender a essa população com transportes decentes e acessíveis?

Questões como essas, que fariam arrepiar até os mais otimistas dos planejadores, ganham ainda um contorno mais alarmante quando se constata que essa revolução humana, que acontece com a capital de todos os brasileiros, ocorre justamente durante a maior crise econômica, política e social experimentada em toda a história desse país.

Dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dão conta de que a capital tem 3 milhões de habitantes. Trata-se de um número assustador, se comparado com o que acreditavam os idealizadores da nova capital. Se for somada a esse número a população residente na área do Entorno, a quantidade de gente habitando, o que seria a grande Brasília, ultrapassa o espantoso 4 milhões de moradores, ou oito vezes mais do planejamento feito nos anos 1960.

O que os números revelam é que muito mais do que um crescimento demográfico normal e previsível, Brasília experimenta, nos últimos anos, um inchaço sem precedentes. Nesse sentido não é demais supor que, a continuar nesse ritmo, em pouquíssimo tempo, a capital estará imersa no mais absoluto caos e não haverá planejamento urbano científico capaz de solucionar tamanho problema.

A pergunta é: o que fazer para que, ao longo do século 21, Brasília permaneça como a solução administrativa do país e não venha se transformar na capital dos problemas nacionais? Os desafios que se apresentam para a capital serão, sem dúvida, muito  maiores do que aqueles enfrentados por sua construção no fim dos anos 1950 e exigirão, talvez, tanto ou mais coragem do que os daqueles distantes tempos heroicos.

 

A frase que não foi pronunciada

“Só está preocupado em planejar quem valoriza o tempo.”

Dona Dita, lendo essa coluna

 

Detalhe

» Mais do que a vida sofrida do juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara Federal de Brasília, que suspendeu os efeitos de “todo e qualquer ato administrativo tendente a extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca)”, o que chama a atenção na notícia é que a Justiça só fez alguma coisa sobre o assunto porque um cidadão, o Antônio Carlos Fernandes, moveu uma ação popular. A Justiça não atende quem dorme, principalmente, em berço esplêndido.

 

Gelatina

» Mães preocupadas com a Operação Vegas, em que funcionários da Agricultura aceitavam propina foram presos. É que uma fábrica de gelatinas está envolvida no processo, e a saúde das crianças, em perigo. Para conhecimento, a fábrica é a Gelnex.

 

Página virada

» Por falar em Vegas, com o mesmo nome, a Polícia Federal deflagrou uma operação — Vegas e Monte Carlo — que provocou uma reviravolta na vida do senador Demóstenes Torres, entre 2008 e 2012. O STF anulou as provas e, hoje, o ex-senador está na Procuradoria de Goiás. É um homem competente.

 

73 anos

» Hitler nasceu na Áustria, em Braunau am Inn. Recebeu o título de cidadão honorário em 1938. Só 73 anos depois, o conselho da cidade resolveu retirar o título. Gerhard Skiba foi o prefeito que construiu um monumento contra a guerra e o fascismo. “Braunau coloca um sinal” é a tímida campanha que chama a atenção do mundo pela paz.

 

No dia seguinte

» Por falar em Áustria, vale lembrar a fala de Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, para o presidente Trump, sobre o nazismo e as políticas cegas: “Tenho uma mensagem para os neonazistas, para os nacionalistas brancos e os neoconfederados. Seus heróis fracassaram. Eu cresci cercado por homens quebrados, homens que chegaram em casa cheios de estilhaços, cobertos de culpa. Homens que foram induzidos ao erro por uma ideologia perdedora. Eu posso dizer: esses fantasmas que vocês idolatram passaram o resto de suas vidas vivendo em vergonha e agora estão descansando no inferno”.

 

História de Brasília

George Homer, que foi o terceiro homem a se instalar na Cidade Livre, viajava outro dia para sua chácara, no caminho de Anápolis. Sua Rural 61 enguiçou. Procurou, por todos os meios, consertar o carro, e como não conseguia, deu sinal para um jipe, pedindo socorro. Era o dono de uma retífica em Anápolis, que parou prontamente e o atendeu. (Publicado em 7/7/1961)

 

A caminho do insuportável

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Confirmadas as previsões sombrias de que a crise hídrica que assola Brasília e o resto do mundo, por suas dimensões e por diversos outros fatores envolvidos, tende a se intensificar ainda mais, a cada ano, poderemos chegar a vivenciar um tempo em que um quadro do pintor espanhol Pablo Picasso, precioso e cobiçado por muitos, valerá muito menos do que um litro de água fresca e cristalina.

Essa previsão que, à primeira vista, parece surreal, pode ser comprovada, bastando que se observe as inúmeras ruínas de antigas civilizações espalhadas por diversos lugares pelo planeta. Todo o esplendor de algumas dessas culturas desapareceu do dia para noite, quando a escassez de água se impôs, forçando seus habitantes a deixarem tudo para trás e migrarem em busca de outros sítios, onde o precioso mineral ainda existia em quantidade suficiente.

De todas as encruzilhadas deparadas ao longo da história da humanidade, nenhuma parece mais séria e desafiadora do que a presente escassez de água potável. Na capital do país, esse é hoje o maior problema que temos para resolver no presente. Um fato se impõe: somos todos responsáveis, direta e indiretamente, pela crise hídrica. Da mesma forma, temos que assumir que cabe a cada um, individualmente, parcela de esforço para minorar o problema.

Pelos dados fornecidos pela Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), nos dois dos principais reservatórios que abastecem a capital — Descoberto e Santa Maria —, os volumes úteis marcam,  respectivamente, 32,52% e 41,95%. De acordo com os técnicos, isso indica que o racionamento deve ser mais rigoroso e por tempo ainda mais prolongado. O pior é que essa tendência de baixa nos reservatórios tende a se agravar nos próximos anos. A cada novo ciclo de estação, o volume de chuvas diminui acentuadamente. O mesmo ocorre com a média das temperaturas que tem aumentado ano após ano, agravando o processo de falta de água.

Para piorar esde cenário, o brasiliense, por diversas razões, afirma não confiar no trabalho da Companhia de Água e Esgoto (Caesb), justamente a empresa que tem a responsabilidade de administrar a crise hídrica. A redução significativa de pressão na rede, os rodízios, além do programado e suspensão do fornecimento , a água com a cor de leite dado o excesso de cloro, ou da cor do mel, devido ao barro. Tudo é resolvido sem que a população saiba exatamente o que está acontecendo.

Ligar para o serviço de atendimento é perder tempo. O aparelhamento político da empresa e a falta de sintonia com a população só agravam o problema da pouca água. Contribuindo para o agravamento do problema, o que se verifica é que a capital está completamente cercada por gigantescos latifúndios, totalmente mecanizados, onde se pratica um tipo de monocultura nociva e dissociada do equilíbrio ecológico e delicado do cerrado, assoreando rios e córregos, contaminando o solo, transformando o que, outrora, se denominava berço das águas em um vastíssimo e árido deserto. Nesse sentido, qualquer trabalho para minorar a crise hídrica da capital que não atente para o macroproblema do Entorno é como enxugar gelo. Se gelo ainda houver.

 

A frase que foi pronunciada

“A liberação do poder do átomo mudou tudo, exceto nosso modo de pensar. A solução para esse problema reside no coração da humanidade.”

Albert Einstein, físico teórico alemão

 

Passado

» Apenas para registrar. Diariamente, em São Paulo, carros-pipa lavam as ruas com jatos d’água. Noticiou-se que mendigos foram expulsos das calçadas por esses jatos. Na verdade, o que o prefeito Doria fez, quando a notícia foi veiculada na imprensa, foi protestar veementemente. Por ser inverdade e porque faltou boa vontade da imprensa para divulgar o Programa Emergencial de Inverno. Trata-se de um abrigo para moradores de rua com 460 lugares, com camas, cobertores, café da manhã e jantar. A Igreja  Adventista entrou no circuito e doou kits de higiene pessoal.

 

Emergência médica

» Marcos Linhares informa a preocupação da presidente do Conselho Regional de Farmácia, drª. Gilcilene Chaer, quanto à falta dos reagentes que apontam a carga viral em pacientes portadores do vírus HIV em pacientes. Segundo a especialista em ciências médicas, o teste é fundamental para o seguimento e prognóstico dos portadores do HIV. Ajuda a prever o quanto a doença está em evolução ou até quanto tempo o indivíduo vai continuar sem doença ativa. Quanto maior a carga viral, mais rápida é a progressão da doença

 

Release

» O deputado Wellington Luiz convida a todos para participar da audiência pública, que acontecerá às 15h do próximo dia 14, no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a fim de debater as condições de trabalho e infraestrutura do Sistema Socioeducativo do Distrito Federal, bem como a carência de políticas públicas por parte do governo para a ressocialização de adolescentes infratores submetidos a regime de internação, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescentes.

 

História de Brasília

A questão dos bombeiros no aeroporto será estudada pelas companhias particulares, onde não repercutiu muito bem, a nota da Aeronáutica. A hipótese de que os bombeiros existem só para salvar passageiros não foi bem-aceita, e as empresas estão inclusive dispostas a se aparelharem para novas emergências. (Publicada em 3/10/1961)