A saúde na era a.c e d.c

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Charge do Jarbas

 

 

Em qualquer país, mesmo naqueles que professam a mais radical interpretação do liberalismo econômico, a atuação descarada das operadoras dos planos de saúde jamais ocorreria da forma como se encontra hoje no Brasil. A transformação da saúde humana em mera mercadoria pelos planos de saúde só é páreo, no quesito desumanidade, para os hospitais públicos nos quais brasileiros, antes da pandemia, eram amontoados em corredores infectos à espera de um mínimo de atendimento.
Na dúvida entre pagar o que exigem ou a morte, muitos brasileiros, sobretudo os idosos, são obrigados a se render aos abusos nas mensalidades, principalmente quando inscritos nos planos individuais. Se a situação é ruim para quem possui plano individual, para as empresas, obrigadas por lei a disponibilizar planos de saúde para seus funcionários, a coisa não é melhor. O custo crescente dos planos empresariais com saúde chega a consumir mais de 11% da folha de pagamento das firmas, lembrando ainda que, hoje, os planos empresariais são 66% do mercado. Os abusos no aumento das mensalidades têm feito com que mais de 2,5 milhões de pessoas abandonem os planos de saúde.
Mesmo com um orçamento que ultrapassa os R$ 130 bilhões, a saúde pública sempre deixou a desejar. O problema é que, quando a doença ameaça a existência de um indivíduo, dinheiro é última coisa a se pensar. Nessa encruzilhada entre o público e o privado, o cidadão depara-se, ainda, com desvios de toda ordem, como noticiado nesta semana. Quer na forma de malversação dos recursos públicos, por meio de corrupção, quer nos sobrepreços, nas outras ilegalidades e nas manipulações feitas pelos planos privados, encarecendo toda hora a prestação desses serviços.
Nesse comportamento esquizofrênico que obriga a Agência Nacional de Saúde Suplementar a caminhar no limbo entre o que querem as operadoras e o que determina a legislação, o Código de Defesa do Consumidor e as milhares de ações na Justiça, resta aos brasileiros a certeza de que reajustes solicitados adentrem para a esfera da investigação policial. Resta esclarecer que mecanismos a ANS vem se utilizando para permitir aumentos dos planos de saúde, bem acima dos índices de inflação, fugindo de sua obrigação básica, que é a proteção dos consumidores.
Constantemente, os usuários dos planos de saúde têm sido surpreendidos por reajustes acima dos índices de inflação. Em 2016, a inflação medida pelo IPCA foi de 6,28%. Entretanto, a ANS autorizou um aumento de 13,57%. E em 2017, para uma inflação de 2,9% pelo IPCA, a ANS autorizou reajuste de 13,55%.
A distância entre um índice e outro chamou, anos atrás, a atenção da Justiça. Para o juiz José Henrique Prescendo, da 22ª Vara Cível Federal de São Paulo, a ANS, órgão responsável por fiscalizar operadoras de saúde, não pode autorizar reajustes excessivos que inviabilizem o custeio de planos individuais e familiares, cujas despesas são assumidas integralmente pelos conveniados.
À época, o magistrado determinou, em caráter liminar, válida para todo o país, que a ANS aplique a inflação setorial da saúde (5,72% como teto para a correção dos planos de saúde individuais e familiares). No entendimento do juiz, de 2015 a 2017, o reajuste médio anual superou os 13%, embora a inflação, no mesmo período, tenha caído de 8,17% para 4,08%. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que propôs a ação civil pública, existem, hoje, 9,1 milhões de pessoas incluídas nos planos individuais, para um universo de 47,4 milhões de pessoas com assistência médica privada no Brasil, ou 19,1% do total.
Também o Tribunal de Contas da União entrou nessa briga, ao considerar que os reajustes nas mensalidades dos convênios médicos são elaborados com dados feitos pelas próprias operadoras, sem que a ANS sequer avalie, na ponta do lápis, as informações. A agência, contudo, destaca que, nos seus anos de existência, alguns progressos foram dignos de nota, como o fato de que, antes de sua criação, o mercado de planos de saúde não tinha regulação específica, o que foi feito para impor diretrizes ao setor. “A regulação setorial passou por vários ciclos, ora com ênfase na regulação assistencial e de acesso, ora com foco na regulação econômica, mas sempre buscando o equilíbrio e a sustentabilidade, visando garantir que o consumidor seja atendido com cada vez mais qualidade” , diz a ANS em nota publicada em 2018.
Na realidade, o que se tem de concreto, tanto do lado da saúde pública, quanto dos planos privados é que são alvos de milhares de processos na Justiça. Internações, consultas, coberturas, exames e uma infinidade de procedimentos médicos e de atendimento só são cumpridos mediante ações judiciais, liminares e habeas corpus, provando que nossos serviços de saúde, mesmo no que pese ao envelhecimento da população, ainda está muito distante do ideal e do que estabelece, de forma tímida, a própria Constituição.
Com a pandemia, o país não vê mais notícias de pessoas abandonadas em filas de hospitais ou morrendo por falta de atendimento. Resta saber que atendimento os pacientes brasileiros vão encontrar na era d.c., depois da Covid-19.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O bem estar do povo é a suprema lei.”

Marco Túlio Cícero, advogado, político, escritor, orador e filósofo romano, 43 anos a.C

Marco Túlio Cícero. Foto: pensador.com

 

Eventos

A seguir, linda foto no gramado do Congresso Nacional, onde centenas de aparelhos de iluminação chamavam a atenção para o desespero dos empresários e trabalhadores de eventos em Brasília.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Prefeitura está multando o pessoal do Setor de Indústria e Abastecimento pela existência de letreiros, e pela falta de habite-se. Não pensa, entretanto, em indenizar os prejuízos que tem causado, sem dar luz, água, esgoto e telefone. (Publicado em 14/01/1962)

Hieróglifos e Logogramas

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No século III a.C., o matemático, físico e astrônomo grego, Arquimedes, chegou à conclusão de que bastaria um ponto de apoio e uma alavanca para mover todo o mundo de lugar. Explicava o poder que um objeto como uma alavanca, colocada em um ponto específico, possui para multiplicar a força humana. O famoso estudioso afirmava que era, pela ferramenta da ciência, possível entender o mundo como ele é e, portanto, adaptá-lo às nossas necessidades.

Talvez aí, nesse ponto de apoio, capaz de “mover o mundo”, que esteja a razão que sempre fez com que os poderosos, ao longo dos milênios, temessem tanto as ciências e os homens a ela devotados. Livres pensadores, capazes de colocar uma interrogação sobre os destinos da sociedade, nunca foram bem-vindos. Pelo contrário, foram sempre perseguidos, presos, banidos, queimados. No entanto, por mais que sejam apedrejados e renegados, a humanidade deles não pode prescindir, sob pena de tornar sua evolução natural em uma espiral descendente, longe da luz e do saber.

Não por outra razão, quando se ouve alguma autoridade falar em banir o estudo da filosofia das escolas, substituindo-a por outras disciplinas “mais práticas e produtivas”, o que, com certeza, esconde-se por detrás de uma declaração dessa natureza é uma tentativa de impedir que os indivíduos compreendam e julguem o que acontece à sua volta.

Num mundo onde os sábios estão longe do poder, fechados na escuridão, qualquer um que porte uma lanterna a iluminar caminhos, será considerado um inimigo a ser calado e posto fora de cena. A filosofia, como uma espécie de “mãe de todas as ciências”, não pode, numa sociedade que se quer moderna e esclarecida, ser simplesmente banida dos currículos escolares. Seria como retirar o alicerce e a razão primeira de todas as outras infinitas ciências, arrancando-lhes a alma e a consciência.

O papel que cabe aos verdadeiros filósofos é buscar um ponto de apoio para, com a alavanca da curiosidade pela verdade, explicar e mover o mundo em toda a sua complexidade. Somente a partir do entendimento do que está à frente é que se pode dar o passo seguinte. A defesa da Filosofia e dos filósofos, como avatares da humanidade, vem a propósito do momento atual, em que grande parte da humanidade se viu, de surpresa, paralisada e suspensa no ar, à espera de um segundo passo, sem saber para onde e como ir adiante depois de uma pandemia.

É em momentos especiais como esse que necessitamos dos filósofos e dos homens do saber, tão necessários como a água. É em momentos assim, quando o caos parece ter assumido o controle da situação, dominando a cena, que precisamos buscar quem realmente compreende a situação e principalmente o que se seguirá após a primeira fase de superação do vírus.

Somente quando a maré da crise planetária recuar é que poderemos ver os estragos deixados para trás, nos empregos, na economia, na política, e na vida em sociedade. O que se tem no momento é o congelamento da humanidade por longos seis meses e sem perspectivas à frente de um retorno ao que era. Justamente, esse é um dos pontos levantados por uma série de pensadores: haverá um retorno ao que era antes? Ou toda essa experiência traumática apenas serviu para fechar, para sempre, antigos caminhos?

Tirada abruptamente de cena, a humanidade, estressada pela possibilidade iminente de morte, já pode vislumbrar que não está no poder do Estado ou do dinheiro ou do capitalismo a solução para crise atual. Estamos, na visão de alguns pensadores com suas alavancas do saber, diante de um vírus semiótico, ou seja, de algo invisível que não entendemos, mas que precisa ser decifrado, como uma Pedra de Roseta, para nossa própria continuidade.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Penso, logo existo.”

René Descartes, filósofo, físico e matemático francês.

Imagem: Frans Hals – Portret van René Descartes

 

Ar livre

Passeio pelo parque Olhos d’Água é sempre uma experiência agradável. Falta só uma ordem para limpeza no local.

 

Luz aos invisíveis

Milhares de trabalhadores anônimos responsáveis pelo sucesso de eventos turísticos, culturais e empresariais elaboraram um manifesto para garantir investimentos na Lei Cultura Viva, cumprimento da Lei Aldir Blanc e sugerir um estudo do IPEA das novas profissões da cadeia produtiva da economia criativa, que precisam entrar no rol do Código Brasileiro de Ocupações. Além do reconhecimento, a classe reivindica a revisão no prazo para pagamento de impostos, auxílio emergencial e linha de crédito em bancos públicos e privados. O documento na íntegra está logo abaixo.

 

Hemocentro

Estoque de sangue baixo no Hemocentro. A informação está circulando pelo WhatsApp, convidando voluntários. Para acelerar o atendimento disque 160, opção 2, opção 2 novamente e depois opção 1. Ouça até o final da gravação e agende a doação. Veja a seguir.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Muito embora tenha sido no Rio, estou sabendo de uma briga séria (de murros) que se verificou no DASP. Os detalhes são sem confirmação, mas publicaremos, proximamente, detalhes sobre o assunto. (Publicado em 14/01/1962)

Armas, Ciências, Ideologias e paranoias

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Foto: piedade.sp.gov

 

Suzana Guerra, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, alerta o Ministério da Economia que, por falta de verba, o Instituto está ameaçado de não cumprir as metas de pesquisa para este ano. O que parece supérfluo aos olhos de alguns é essencial para a realização do trabalho, como locação de veículos, diárias, passagens, e até água, luz e telefone dos postos de coleta das informações.

Esse Instituto que o governo cogitou, inclusive, em fechar, esvaziando seu quadro e suas funções, respondeu que pesquisas como a Pnad Contínua e outras do gênero visam levantar informações cruciais sobre os trabalhadores do país, inclusive, aqueles sem vínculo formal de trabalho, o que é o caso de muitos brasileiros nesse momento.

Para esses cientistas sociais, pesquisas desse tipo estão entre as mais avançadas do mundo e, por isso, seguem recomendações dos organismos de cooperação internacional como a Organização Internacional do Trabalho-OIT. Para todos aqueles que lidam com esse tipo de pesquisa científica e vital a qualquer país moderno, as declarações do governo, pondo em dúvida a seriedade dos estudos foram consideradas “perigosas” e contra uma metodologia sabidamente científica e apolítica.

Para esses profissionais ameaçados pelo governo, é necessário que a atual administração evite, o quanto puder, interferir nos trabalhos de pesquisas, até para não as contaminar com pinceladas coloridas a favor desse e de outros governantes. Para esses pesquisadores, os trabalhos desenvolvidos pelo IBGE, por sua tipicidade e importância, devem obedecer apenas a critérios científicos, livre da interferência de políticos, que acabam contaminando os resultados finais. “Uma das premissas necessárias para esse tipo de trabalho é a independência das estatísticas e autonomia dos pesquisadores, até por uma questão de credibilidade científica, ressaltaram os técnicos da instituição.

É preciso ressaltar, como todos já puderam verificar durante esse último ano e meio, que o atual governo tem feito críticas não apenas a atuação do IBGE, mas se voltado, também, contra o Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e a própria Fiocruz, em pleno período de pandemia, quando mais era necessário o apoio de todos em pesquisas científicas. Ao acusar o IBGE e esses outros Institutos de longa tradição técnica de estarem aparelhados pelo que chama de comunistas ou vermelhinhos, o atual presidente tem deixado claro para muitos que não confia na ciência, preferindo seguir seus próprios instintos, que acredita serem os mais “acertados”.

Este ano, as pesquisas do IBGE seriam feitas nos meses de agosto a setembro, com um questionário básico a ser aplicado em mais de 71 milhões de lares em todo o país, mas, alegando falta de recursos, o governo já se pronunciou pelo adiamento das pesquisas, ao mesmo tempo em que remaneja esses escassos recursos para outras áreas, digamos, mais prioritárias para ele e seu grupo, como é o caso do ministério da Defesa, ligado diretamente à ala militar que apoia o governo.

Para pessoas envolvidas diretamente nessa polêmica sobre o adiamento ou não do Censo do IBGE, economizar uns poucos recursos com a aplicação do Censo pode trazer ganhos ilusórios e momentâneos ao governo, mas seguramente provocará um atraso e uma diminuição muito sensível na área de políticas públicas, com grande prejuízo para o futuro dos brasileiros. Muitos cientistas desse país já adiantaram que o Censo deve ser tratado sempre como uma prioridade permanente. Inclusive, muitos defendem, abertamente e sem medo de represálias, que o trabalho, como o realizado por esse e outros institutos de pesquisa, seja considerado como uma política de Estado e não de governos e de ideologias de plantão, e não deveria ser colocado em segundo plano, ao sabor de questões orçamentárias e outras variáveis, pois trata-se de um interesse do Estado e da Nação, não do governo.

 

A frase que foi pronunciada:

“A ciência é o melhor instrumento para medir nossa ignorância.”

Paolo Mantegazza foi um neurologista, fisiologista e antropólogo italiano.

Paolo Mantegazza

 

Intelectual

Leia, a seguir, o artigo do professor Flávio R. Kothe sobre a ideia que permeia a iniciativa de o governo federal pensar na taxação do livro em mais 12% de impostos.

Charge do Cospe Fogo

–> MAIOR IMPOSTO SOBRE O LIVRO

Por Flávio R. Kothe*

  O governo federal aventou o desejo de taxar o livro em mais 12% de impostos, o que provocou nos últimos dias a reação de editores, livreiros, donos de gráficas, escritores. O governo alega que pobre não lê; os interessados dizem que o livro precisa ser barateado para que ele possa ler. Marx lamentava que o capitalismo estivesse então pouco desenvolvido na área editorial, da qual ele próprio dependia.

   Quando estudei em Berlim Ocidental e ainda havia socialismo do outro lado do Muro, meus colegas costumavam comprar livros lá, pois não eram considerados mercadorias e sim bens culturais. Quando o socialismo soviético caiu, os preços das partituras musicais, por exemplo, aumentaram muito (como também o preço da cerveja). Os que se deram bem conseguiram, no entanto, salários mais altos. O sistema caiu porque não soube fazer preços de acordo com os custos. Foi autoritário ao ideologizar os preços conforme o que fosse considerado necessário ou luxo.

  Em livro recente, eu me fazia perguntas como: qual é o valor do poeta onde nada se dá por ele? Qual é o preço do que tem valor inestimável, e não é estimado? Qual é o valor da palavra na era do best-seller? Será o valor da arte proporcional ao preço? O que significa a arte ser transformada em mercadoria? Como se impõem hoje obras ao público pela escola e pela propaganda? Qual é a relação entre valor artístico e preço de uma obra?

   Se o preço expressa o valor do trabalho social médio para produzir a mercadoria, a criação genial escapa a essa mediania. Fora do parâmetro, ela pode ou não ser reconhecida em termos de preço. Se o artista inovador não é reconhecido por causa da ruptura de paradigma, ele é deixado à margem e não consegue viver do que produz, pois o mercado não o reconhece. Boas obras podem ser perdidas ou nem ser descobertas, assim como obras menores podem ser valorizadas por razões não artísticas, como a conveniência de governos, instituições eclesiais, partidos políticos.

   Temos três tipos de escritores: os que precisam pagar para ser lidos; os que conseguem publicar sem pagar nem receber; os que são pagos para escrever. Dos primeiros para os últimos há um afunilamento. Professores, jornalistas, médicos e advogados são pagos pelas palavras que produzem. Pode-se calcular o preço de cada sílaba. O preço é o valor atribuído pelo mercado, ou seja, o valor de troca da sílaba. Nem todo bem que se gera passa, no entanto, pelo mercado. As frutas e verduras que colho no meu quintal para meu consumo não passam pelo mercado, mas atendem a necessidades. O labor investido nelas é considerado, até por Marx, como “trabalho improdutivo” (porque não gera lucro). Boa parte do que nós aqui produzimos como literatura é fruto de trabalho improdutivo.

*Professor titular, pós-doutorado na Alemanha, e coordenador do Núcleo de Estética, Hermenêutica e Semiótica da Universidade de Brasília. É o atual presidente da Academia de Letras do Brasil. Tem mais de 40 livros publicados. Traduziu autores como  Nietsche, Marx, Benjamin  Adorno Kafka e outros.Foi um dos introdutores do “formalismo russo” no Brasil.

 

Debate

Ainda é possível acompanhar as discussões sobre a Privatização dos Correios no Youtube, no canal da Auditoria Cidadã. Veja no link Privatização dos Correios? É hora de virar o jogo.

 

Pdot

Prorrogado o prazo para a participação nas discussões do Pdot, Comitê de Gestão Participativa do Plano Diretor do Ordenamento Territorial do DF. Inscrições até 20 de setembro. Informações no link PDOT 2020-2030.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já que há o interesse de vários ministérios em efetivarem a mudança, imediatamente para Brasília, e alegam a falta de moradia, há uma sugestão. Várias empresas particulares construíram em Brasília e estão com seus prédios prontos ou por acabar. Não encontram compradores, que bem poderia ser o governo. Há casos em que os vendedores entregariam prédios prontos, pelo preço de custo da construção atual. Com esta aquisição, diversos ministérios poderiam muito bem fazer maior número de funcionários para o Distrito Federal. (Publicado em 14/01/1962)

Insensatez

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Foto: Reprodução da internet

 

Governo algum pode subsistir se não puder contar com um manancial preciso e bem elaborado de informações, que capacite e oriente sua administração na tomada de decisões corretas. Informação nesse caso é tudo. Não se trata, aqui, de bisbilhotar a vida dos cidadãos em busca de pretensos inimigos internos. O tipo de informação que interessa diz respeito direto aos cidadãos, já que servem de ferramenta para buscar melhorias de vida para cada um dos brasileiros.

Gestores realmente sérios e, principalmente. aqueles munidos de programa de governo consistentes e exequíveis, jamais prescindem de ter, ao alcance das mãos, o maior volume possível de dados dos mais diversos. No caso dos dados levantados a cada dez anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comumente conhecido como Censo Demográfico, o volume e qualidade de informações contidos nessa pesquisa é vital para o nosso país. Somente por meio desse laborioso trabalho, realizado num país continental como o nosso, com todas as dificuldades que conhecemos, em meio a tanta variedade de realidades físicas e humanas, é que é possível se pensar em implementar políticas públicas adequadas, com vistas a um desenvolvimento racional e sem improvisações de última hora.

Pela importância e sensibilidade dos dados coletados por esse Instituto, não seria nenhum exagero se, a cada governo que tomasse posse, fosse imediatamente precedido de amplo e detalhado censo, de forma a municiar o novo mandatário de um retrato fiel e atual do país que irá administrar pelos próximos quatro ou oito anos. Bem sabemos que, em uma década, as mudanças operadas num país são profundas e, às vezes, produzem um verdadeiro ponto de inflexão, com alterações e mudança de rumos até contrárias.

Para os administradores, a atualização permanente é mais do que necessária, é vital e indiscutível para si e para a sociedade. Para isso, não basta saber apenas o tamanho da população e como estão distribuídos pelo território. É preciso, sobretudo, conhecer as condições de vida de cada brasileiro, qual o nível de escolaridade de cada indivíduo, em que condições de emprego e renda se encontram nossa população. É tão necessário para o país e sua gente que o Censo e mesmo Institutos como o IBGE deveriam, num mundo ideal, pairar sobre governos, partidos, ideologias (grande problema) e outras organizações políticas, necessárias para o sistema democrático, mas irrelevantes do ponto de vista das ciências humanas e das pesquisas.

Depois de manter, por meses, o IBGE sob intenso fogo de artilharia, com críticas e ameaças de todo o tipo, justamente porque o Instituto cumpria seu papel de mostrar a realidade do país, num retrato que, na opinião do atual governo feria a imagem de sua administração, Jair Bolsonaro chamou de farsa as pesquisas que indicavam um aumento do desemprego.

Nessa guerra inglória contra um Instituto composto por profissionais do mais alto gabarito técnico, o governo sugeriu, entre outras medidas estapafúrdias, “enxugar” o questionário que submete aos milhões de pesquisados, simplificando, aos interesses do governo, uma pesquisa que é reconhecidamente, não só no Brasil, mas em outras partes do mundo, como séria e muito bem elaborada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:                      

“Caso muito singular, os governos fazem questão de saber quanto ganhamos, em que estado civil nos achamos, se nos inscrevemos no recenseamento eleitoral, se temos número de contribuinte, se acumulamos pensões ou empregos, se andamos em dia com a carta de condução ou a licença de caça.”

José Saramago, escritor português

Foto: Consuelo Bautista / El País

 

Abrace o Marajó

Acertado o papel do BNDES em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Em solenidade ao lançamento do Plano de Ação 2020-2023, o Abrace o Marajó contou com a presença da ministra Damares Alves; o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário; o presidente do BNDES, Gustavo Montezano; dezenas de prefeitos do arquipélago. Justamente um diagnóstico da situação das prefeituras envolvidas foi a primeira ação para que se elabore o planejamento de apoio.

Foto: gov.br/mdh

 

De volta

Alegria total no Guará com a revitalização das pistas de skate. No Paranoá, a diversão no parque local é o carro de rolimã. Criançada vibra.

 

O Pavarotti do Sertão

Hoje teve uma transmissão direta pela Internet do Oliveira de Panelas. O cabra é bom nas artes. Quando foi rotulado de “O Pavarotti do Sertão”, o mestre paraibano sentenciou: “Acho que Luciano Pavarotti bem que gostaria ser Oliveira de Panelas. Enquanto Pavarotti só faz gorjear, Oliveira é cantor, ator, violeiro, repentista e sabe como poucos usar a voz, o olhar, as mãos, o corpo ao declamar versos e interpretar canções em suas cantorias. É um artista completo”.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um jardineiro eficiente, também, é o sr. Vasco Viana de Andrade, que está, pessoalmente, não superintendendo, mas plantando suas próprias plantas em sua nova residência. E seu amor ao verde chegou a tal ponto, que um candango, trabalhando com ele, resolveu romper o silêncio: “Não, doutor Vasco. Precisa também deixar um pouquinho de terra!” (Publicado em 14/01/1962)

Bem vindos à selva

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Foto: lanyy.jusbrasil.com (getty images)

 

Se formos tomar, como pilar do desenvolvimento humano, a relação que uma sociedade mantém com suas crianças e seus idosos, especificamente, estamos bem mal na fotografia, aquém, inclusive, do que seria o mínimo possível para sermos classificados como uma civilização moderna. E não se trata aqui de uma constatação retórica, sem embasamento. As estatísticas e todos os dados disponíveis no momento presente apontam, afirmativamente, para uma situação absolutamente caótica e, pior, sem perspectiva à vista. Nesse caso, infelizmente, o futuro, tão almejado por muitos, é, tanto para crianças quanto, e principalmente, para os idosos nesse país, uma expectativa, para dizer o mínimo, sombria e cheia de maus presságios.

Diariamente, uma média de seis internações emergenciais para abortos legais são feitas, apenas para o atendimento de meninas, numa faixa etária entre 10 e 14 anos. Em outras faixas de idade, até inferiores, esses casos se repetem a cada dia. Pelos registros do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, ou seja, dados apenas oficiais, a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas ou violentadas em nosso país.

As autoridades chegam a falar numa espécie de “naturalização” desse tipo de crime. Nossa sociedade, principalmente em lugares perdidos nesse imenso território, como é o caso do Amazonas, Pará, Acre e de outras regiões tradicionalmente esquecidas no tempo e na distância, a população já nem presta muita atenção em meninas, na faixa de 14 anos, com a barriga de gravidez. Nesse ano, somente de janeiro para cá, mais de 640 internações para aborto foram feitas para acudir meninas recém-entradas na adolescência, interrompendo qualquer possibilidade de um futuro minimamente digno para essas pequenas brasileiras.

Trata-se de uma calamidade que nem mesmo o tão comemorado Estatuto da Criança e do Adolescente tem conseguido minorar. Além dessas interrupções abruptas de gestações, o nosso país registra ainda, a cada ano, mais de 26 mil partos de mães com idade oscilando entre 10 e 14 anos.

Bem-vindos à selva, dirá o resto do mundo civilizado sobre nós. No ano de 2018, nada menos do que 32 mil abortos foram realizados em meninas nessa mesma faixa etária. O mais triste é que essa realidade cruel no trato humano começa em tenra idade, prolonga-se ao longo da vida adulta e culmina na velhice, de forma também absolutamente trágica.

Para um Estado que não consegue, minimamente, cuidar de sua população infantil e adolescente, não chega a ser surpresa o que também acontece com seus cidadãos idosos. No Brasil, onde aproximadamente 15% da população já é composta por pessoas idosas, o problema que nos lança à barbárie é outro, mas igualmente brutal. Nossos idosos são maltratados, espoliados e, em muitos casos, simplesmente abandonados à própria sorte, mesmo aqueles que possuem algum tipo de renda.

Pensar que em 2030, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil terá a quinta população mais idosa do planeta, assusta. Essa mudança no perfil demográfico, a exemplo do que ocorre no ECA, com relação às nossas crianças, também não é abrandado pelo Estatuto do Idoso. Tanto um documento quanto o outro, fundamentais para um mínimo de garantias à dignidade humana, são, em parte, letra morta, pela incapacidade e mesmo vontade do Estado e das autoridades em lidar com problemas sociais dessa magnitude.

Em 2019, o número de emergência Disque 100, que é o canal de denúncias do governo federal específico também para maus tratos aos idosos, registrou o alarmante número de 37.500 denúncias de violações contra pessoas idosas em todo o país. Esses números vêm crescendo a cada ano, seguindo a tendência do próprio envelhecimento rápido da população.

Em média, isso representou mais de cem casos de violência contra nossos idosos a cada dia. É também um dado alarmante que nos remete ao fim da fila quando o assunto é cuidado com nossos pequenos e nossos cidadãos mais vividos e experientes. Não adianta, nesses dois extremos da faixa etária dos brasileiros, lançar números e estatísticas vergonhosas. Carecemos de políticas públicas. Os números depõem contra nós mesmos. Somos o que somos, quer por nossas atitudes ou por conta de nossa passividade, o que vem a dar no mesmo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A vida humana é uma trama tecida de bons e maus fios.”

Shakespeare, poeta, dramaturgo e ator inglês.

Imagem: reprodução da internet

 

Saga 1

Até o fim de dezembro, pode chegar a mil o total de lojas fechadas no Plano Piloto em razão da pandemia. Hoje, há 540 empresas sem funcionar na Asa Sul e perto de 360 na Asa Norte, avalia o Sindicato do Comércio Varejista. O presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, diz que os lojistas enfrentam excessiva burocracia na hora de buscar crédito em bancos oficiais e desistem. Há mais de 4 mil desempregados no comércio do DF.

Sebastião Abritta, vice-presidente do Sindivarejista, foi o entrevistado do CB Poder – (Foto: Credito: Ana Rayssa/CB/D.A. Press.)

 

Primeira pista

Ari Cunha nunca explicou como previa a chuva depois de longa estiagem em Brasília. Impressionava os amigos quando afirmava que ia chover. Só ele acertava. Nenhum instituto de meteorologia anunciava a previsão que ele garantia. O que registro aqui é que o sabiá cantou pela primeira vez no dia 17 de agosto.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já que o assunto é jardim, um dos grandes entusiastas é o almirante Ângelo Nolasco, ministro da Marinha. Mandou fazer em sua casa, à beira do lago, um dos mais belos jardins do Distrito Federal. (Publicado em 14/01/1962)

Correios, quem te viu, quem te vê

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Foto: Breno Fortes/CB/D.A Press-13/10/11

 

De todos os quesitos necessários para que uma empresa possa atender com bons serviços e com bons preços um país continental e tão desigual como o nosso, nenhum é mais importante do que qualidade, absolutamente técnica de sua gestão, que deve ser administrada dentro dos princípios da eficiência, da governança corporativa, da gestão de risco, entre outros critérios básicos.

Por um período, até longo, para nossos padrões, os Correios conseguiram atender, com presteza e bom nível de eficiência, a demanda por envio de documentos e de encomendas em todo o país, contando, para tanto, com uma estrutura física e humana de fazer inveja a qualquer empresa privada. Com aproximadamente 100 mil funcionários concursados, sendo 57 mil carteiros, trabalhando com mais de 11 mil agências, espalhadas por todo o país, essa empresa de porte gigantesco chega a fazer mais de um milhão de entregas por dia, conseguindo a façanha de distribuir mais de 25 milhões de objetos a cada dia, cobrindo cerca de 91% de todos os municípios brasileiros.

Trata-se de uma empresa, que pelo seu porte e importância para nosso país, já que controla quase 100% de todas as distribuições postais que transitam pelo Brasil, não pode, simplesmente, ser jogada na bacia das almas das privatizações a todo o custo. Até porque essa foi uma empresa construída, como toda estatal, com os recursos minguados de cada cidadão ao longo de décadas, sendo que sua decadência e pretensa razão para sua venda não podem ser debitadas à sociedade e sim ao governo. Somente ao governo, ou melhor, ao desgoverno é que cabem todas as culpas pelo descaminho dessa que já foi a empresa orgulho da nação, patrocinadora de grandes eventos culturais e esportivos e uma prestadora de serviço da mais alta importância.

As desventuras dos Correios vieram, sobretudo, e todos sabem disso, justamente, do governo que se dizia protetor dos trabalhadores e que subiu a rampa do Planalto em janeiro de 2003 e de lá foi apeado ou enxotado em 2016. Durante esse período, os Correios, assim como outras empresas, mormente a Petrobras, foram depauperadas ao extremo, para dizer o mínimo. Na verdade, assim como aconteceu com a Petrobras, os Correios foram friamente saqueados durante todo o período petista, restando o caminho da recuperação. Durante aquele governo, a corrupção sistemática empurrou os Correios ladeira abaixo, obrigando a empresa a reduzir brutalmente seus investimentos, ao mesmo tempo em que era saqueada de cima a baixo, não poupando nem mesmo o fundo de pensão próprio dos trabalhadores que se viram obrigados a reembolsar os prejuízos deixados a todos.

Com um assalto dessa magnitude, praticado impunemente por aquele governo, a empresa perdeu nada menos do que 90% de seu patrimônio líquido. A corrupção e a má gestão quebraram as pernas dos Correios e essa não é uma afirmação leviana e panfletária, mas sim uma constatação feita por relatórios técnicos da própria Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) e outros órgãos de fiscalização. Infelizmente, essas constatações só vieram à tona depois que a empresa foi a pique.

Por um longo período, essas análises foram escondidas, a sete chaves, do grande público por razões políticas. Agora o que se sabe é que nem a empresa, nem tampouco o outrora bilionário fundo de pensão dos funcionários (Postalis) têm possibilidade de andar com os próprios pés. Incrível é constatar que o mesmo sindicato (FENTECT), que no passado fechou os olhos para a rapinagem, é o mesmo que, agora, lança os funcionários dessa empresa contra a população, incentivando uma greve extemporânea e com o final já sabido por todos.

Se é o caso de privatizar essa importante empresa, entregando-a a aventureiros endinheirados que, ao menos, estude-se a possibilidade de os Correios serem adquiridos pelos próprios empregados com os recursos que tinham em caixa e que foram surrupiados pelo próprio Estado, sob a complacência da justiça e de outros órgãos da administração federal.

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Alguém quer saber o que eu sinto sobre isso tudo?”

Se um feto pudesse falar.

Publicação que circulava nas redes antes da realização do aborto

 

Frieza

Chamando a atenção do ministro Guedes para o comportamento do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Durante a crise, alívio zero para devedores. Mas o pior é manter os juros de cheque especial ao mesmo tempo em que impõem o adiamento de pagamento a credores dos próprios bancos por mais de três meses. Sem juros!

Charge: bancariosirece.com.br

 

Sem legislação

Nova forma de moradia adotada por diversos países não encontra legislação no Brasil para atrair investidores. O Coliving, nasceu na Dinamarca, quando proprietários resolveram compartilhar espaços de convivência e atividades, como refeições e limpeza de ambientes, com o objetivo de estimular o relacionamento entre vizinhos. São Paulo e Rio têm ótimos projetos, mas, por enquanto, a prática não é regulamentada.

Coliving: Threshold Centre Cohousing Community Cohousing nos EUA

 

JusBrasil

No link Delegado Protógenes, da Polícia Federal, denuncia fraude nas urnas eletrônicas, uma coletânea de notícias sobre as fragilidades da urna eletrônica brasileira. E até o que acontece com quem fala sobre o assunto.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Banco de Brasília fez mais do que aderir simplesmente à campanha dos jardins. Vai financiar os jardins particulares, para que Brasília fique mais alegre. (Publicado em 14/01/1962)

Pandemia: a chance da W3

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Foto: doc.brazilia.jor.br

 

Muito mais do que lazer, as ruas representam um fator de saúde para muitos que vivem fechados em espaços exíguos e com poucos movimentos. Em Brasília, essa necessidade foi amplamente pensada e posta à disposição de seus moradores, principalmente dentro do Plano Piloto que, à época da construção da capital, acreditava-se ser o espaço principal e único da cidade.

Dentro dessa concepção, foram projetadas as avenidas W3 Norte e Sul. Com uma extensão de aproximadamente 13 quilômetros, incluindo o trecho em que corta perpendicularmente o Eixo Monumental, essas duas avenidas, outrora o centro nervoso da capital, formam, reconhecidamente, pela maioria dos urbanistas, o principal e potencial eixo de comércio da cidade.

Com um desenho e uma topografia favorável a todo o tipo de atividade comercial e de lazer, essa, que poderia ser uma das maiores e mais apresentadas avenidas do mundo, continua esquecida e adormecida numa espécie de sono profundo. Com isso, um processo lento e gradual de decadência foi-se instalando nessa vital artéria, propagando seus males para as várias ruas adjacentes.

Não se concebe que numa moderna vitrine do que de melhor se fez em arquitetura e urbanismo nesse país, uma longa avenida como essa, praticamente esperando por uma oportunidade para acontecer e brilhar, não se tenha um projeto racional e belo que possa restituir a vida à essa avenida. Enquanto esse dia não chega, os shoppings, que se aproveitaram dessa leniência de seguidos governos, continuam faturando.

Do estacionamento aos preços de qualquer produto, o custo pela manutenção desses edifícios gigantes é repassado aos consumidores. Um simples cafezinho, que na rua você encontra por até R$ 4, nos shoppings chega a custar R$ 10. Essa majoração de preços assustadora vem por conta dos altos alugueis e de outros custos que esse tipo de mercado gera para os lojistas.

Revitalizar as avenidas W3 Sul e Norte é uma esperança em tempos de pós pandemia. O renascimento das W3 significaria a geração de milhares de empregos, aumento na oferta de produtos, concorrência mais intensa e melhores preços para os consumidores, além de uma excelente opção para os turistas e para os habitantes da cidade, que teriam a oportunidade de fugir dos ambientes monótonos, caros, com iluminação de UTI e sempre iguais dos shoppings.

 

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Se for assim, o STF vai ter que rever os Institutos de Pesquisas. Pelo menos, nas últimas eleições, só publicaram fakenews.”

Dona Dita, botando o preto no branco.

Charge: br.sputniknews.com

 

CDC

Leitor que conseguiu chegar à HP, loja de ferramentas no SIA, reclama que nenhum produto tem o preço visível, o que foge da regra do Código elaborado para garantir os direitos do consumidor.

Foto: perfil oficial da loja no Instagram

 

Segredo

Anotem esse nome: Elmar Nascimento. Nos camarins do Congresso, é ele quem está com a estrela na porta como possível sucessor de Rodrigo Maia.

Foto: camara.leg

 

Interessante

Veja, a seguir, as informações sobre o Mia Ajuda, um aplicativo desenvolvido por alunos da UnB para ligar quem pode dar e quem precisa de auxílio nesses tempos de pandemia.

–> Meu nome é Maria Eduarda de Melo e Silva, sou aluna da UnB e, desde o início da pandemia de Covid19 e suspensão do período letivo, estamos trabalhando em propostas para amenizar várias situações desagradáveis decorrentes da necessidade de isolamento social.
Tenho a felicidade de divulgar que, juntamente com uma equipe de alunos voluntários e os professores Milene, Maurício e Fernando, desenvolvemos um App para Android, o qual pode ser obtido gratuitamente na Play Store, chamado “Mia Ajuda”.
O Mia Ajuda é um app de cunho solidário, sem fins lucrativos, criado com o intuito de aproximar pessoas que precisam de ajuda daqueles que desejam contribuir de alguma forma. Quem precisa de ajuda faz um pedido, que aparece no mapa ,e quem pode, e quer ajudar, pode aceitar o pedido de ajuda mais próximo, de acordo com a posição mostrada no mapa.
O objetivo do app é estimular a solidariedade entre vizinhos ou comunidades próximas, de forma descentralizada.
O app é gratuito, não exibe publicidade e não envolve pagamentos de qualquer tipo. Gostaria de saber, se seria possível, de alguma forma, você nos ajudar com a divulgação dessa iniciativa. Segue o link do nosso site: https://miaajuda.netlify.app/
Muito obrigado pela atenção!

 

Não é legal

Começa no Brasil a prática de transformar jornais em PDF, disseminando notícias que deveriam ser pagas para se ter acesso. Em Portugal, diretores de jornais já se uniram para tomar providencias ao prejuízo causado ao trabalho jornalístico.

 

 

Trauma

Depois de um assalto no Lago Norte, o pessoal do 24º Batalhão chegou em poucos minutos. O problema da família assaltada é a perícia que não trabalhou com a mesma rapidez.

 

Família junta

Já são 10 anos da Lei que rege sobre a alienação parental. Rodrigo da Cunha Pereira, do Instituto Brasileiro do Direito de Família, expressou que “uma das maiores conquistas dessa lei foi dar um nome a esse mal, que antes era invisível, desconsiderado, mas sempre representou uma grave violência contra crianças e adolescentes impedidos de exercer livremente seu direito de amar, confiar e conviver.”

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Outra coisa, seria o melhor aparelhamento do restaurante, que não é dos melhores, e está muito desfalcado. Com a feira em frente, muita gente poderia programar visitas de um dia inteiro, desde que dispusesse de um bom lugar para as refeições. (Publicado em 14/01/1962)

Encerrado – clique aqui

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Quem vive nas metrópoles do Centro Oeste brasileiro, cidades modernas, como Brasília, Goiânia, Palmas, Campo Grande e outras de igual importância, com milhões de habitantes e todo o tipo de progresso urbano, não possui a mínima ideia do que está ocorrendo ao redor, nos imensos campos destinados às atividades agroindustriais e que praticamente ilham essas comunidades.

Cercadas por imensos latifúndios de monoculturas por todos os lados , cuja a produção é quase que totalmente destinada ao mercado externo, essas dezenas de cidades que, nas últimas décadas, têm experimentado um sensível crescimento ou inchaço demográfico, vão, aos poucos, sentido os efeitos diretos e nefastos dessas atividades econômicas realizadas, unicamente, objetivando lucros máximos e imediatos a seus proprietários. A cada período de estiagem nessas regiões, mais e mais, seus habitantes vão experimentando longos meses de racionamento de água, seguidos de fortes ondas de calor, agravados, ainda, pelas seguidas queimadas, tornando o ar irrespirável e com prejuízos à saúde de todos.

Rios e outros cursos d’águas que, anteriormente, corriam durante todo o ano, agora, desaparecem durante a seca, deixando apenas um rastro de areia e pedras, apontando para um futuro de escassez e aridez para todos. Incrivelmente, esse parece ser um assunto tabu nessas regiões. Ninguém discute as causas desses fenômenos. Nenhuma escola ou universidade parece disposta a levar esse debate em diante. Fala-se em progresso econômico. Mas a quê preço? O poder de pressão do agronegócio não se limita apenas ao Congresso, onde reúne uma bancada barulhenta e disposta a tudo.

Também no campo, os grandes latifúndios assustam os pequenos fazendeiros que já perceberam a força desses gigantes, muitos dos quais estrangeiros, que não medem esforços com as burras lotadas de dinheiro. Os movimentos nacionais que se contrapõem ao poderio dessas multinacionais de alimentos ainda são muito incipientes entre nós e normalmente não são, sequer, ouvidos pelas autoridades. Os desmatamentos contínuos, a dizimação de espécies animais e vegetais, o envenenamento dos solos e a desidratação dos cursos de água não abalam essa gente, que age protegida por uma legislação claudicante e benéfica a quem produz, não importando como e a que custo produz. Preocupante é saber que a própria Constituição de 88, em seu  Art. 225, parágrafo 4º, define, como patrimônio nacional, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, O Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, deixando de fora todo o importantíssimo bioma Cerrado.

Com isso, deixou enormes brechas, pelas quais penetram esses devastadores de riqueza naturais do país, travestidos de grandes produtores. A menor proteção legal, juntamente com o poder de lobby dos produtores, tem provocado estragos irreversíveis nesse bioma e que só serão devidamente avaliados quando toda essa região entrar num processo de desertificação sem controle. Aí será tarde demais e possivelmente seus responsáveis já estarão fora do alcance de qualquer lei ou autoridade.

 

A frase que foi pronunciada:

“O futuro é um descuido do maior número e uma aflição de poucos espíritos que vieram sãos a um mundo cheio de aleijados.”

Camilo C. Branco, escritor português (1825-1890)

Camilo Castelo Branco. Foto: wikipedia.org

 

Movimento
Veja, no link Não à privatização do parque Água Mineral!, como participar da frente contra a privatização do Parque Nacional de Brasília, Água Mineral.

Foto: reprodução da internet

 

Será?
Aos poucos, o governador Ibaneis vai mostrando que falta pouco tempo para as crianças voltarem às aulas. Mais de 90% das escolas já foram higienizadas numa ação conjunta entre a Secretaria de Educação e a Secretaria de Estado de Governo do DF, por meio da Secretaria Executiva das Cidades e da Diretoria de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do DF.

Foto: Colégio Objetivo/Divulgação)

 

Planos

Só agora uma instrução normativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) acrescenta, aos procedimentos e eventos em saúde, o teste sorológico para detectar a presença de anticorpos produzidos pelo organismo após exposição ao novo Coronavírus (Covid-19).

Foto: Paul Yeung/Bloomberg (valor.globo.com)

 

Mente

Consultórios psicológicos e psiquiátricos estão com um aumento significativo em consultas. Crianças da primeira infância que vão precisar de nova adaptação à vida normal, e idosos que foram aterrorizados durante meses, como os mais vulneráveis ao vírus.

Charge do Amarildo

 

Laissez-faire

Como nenhuma instância jurídica internacional tomou providências até agora sobre a responsabilidade da pandemia que mudou o cotidiano dos habitantes de todo o mundo, uma província nos confins do mundo resolveu divulgar que foi detectado o vírus na asa de frangos brasileiros. Até agora, também nenhuma providência adotada.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Dizem os que fazem estudos “dos mais”, que o acontecimento “mais Brasília” até agora, foi a inauguração da loja da Vasp, e procuram reunir Pepone e D. Camilo quando relembram o Batista e o Padre Roque. (Publicado em 14/01/1962)

Distintas patotas

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Quando cunhou a expressão o “homem cordial”, na obra Raízes do Brasil de 1936, o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) buscava entender que traços culturais e sociais marcantes, e até permanentes, a colonização portuguesa e Ibérica tinha legado aos brasileiros e que poderiam definir, com mais sutileza, o caráter de nossa gente.

De saída, o pesquisador, à luz das teorias do sociólogo Max Weber (1864-1920), identificou o personalismo como traço fundamental de nossa gente, que faz com que os indivíduos deem mais valor as relações pessoais do que outros aspectos como posição social, títulos e outros qualificativos materiais. Essa característica explica, em boa parte, porque até hoje não atingimos um grau de desenvolvimento social capaz, ao mesmo tempo, de tornarmo-nos independentes e autônomos com relação aos governos e ao Estado.

De certa forma, a influência do personalismo tornou-nos dependentes de lideranças políticas, capaz de guiar-nos. Aliás, e expressão “nosso guia”, adotada sem cerimônia e sem avexo pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para se referir ao ex-presidente Lula, traduz esse traço personalista e, de certa forma, piegas, que permeia toda a nossa sociedade, ganhando maior intensidade justamente entre os áulicos.

Ao contrário do que muitos podem pensar, esse nosso jeitinho inzoneiro e maroto em nada ajuda na formação de uma sociedade harmônica e justa. Pelo contrário, esse traço recheado de certa intimidade tem sido responsável por parte de nosso fracasso social. A questão da empatia e mesmo das relações consanguíneas ditam nossa estrutura social e isso é uma tragédia.

Esse comportamento sui generis e de aspectos de compadrio ditam as regras sociais, classificando quem fica dentro do grupo e das possíveis benesses, e quem fica de fora sendo tratado como estrangeiro ou inimigo. Dessa distorção de comportamento, resultam, entre tantas outras, anomalias em obediência a pessoas e não a regras, mesmo legais, e uma certa tendência à lealdade cega, mesmo que isso vá contra às leis e ao que é ético e justo. Somos, assim, uma sociedade composta de patotas distintas, o que seguramente não é bom para ninguém, pelo contrário.

De todos esses traços herdados e que acabaram por transformar nosso destino numa fatalidade histórica, o homem cordial, e seu comportamento particular, é o que mais tem causado malefícios à nossa civilização tropical. Em todo o Estado e mesmo tendo em vista a tão propalada República, onde, em tese, todos teriam os mesmos direitos e deveres. Esses laços construídos a partir de amizade ou de consanguinidade moldam não apenas a estrutura política de nosso Estado, mas contamina também outros poderes, como o Judiciário e o Legislativo. Esse fato explica porque existem tantos descendentes diretos de políticos ocupando funções públicas ou mesmo em cargos representativos dentro do parlamento.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“É indigno de um homem honesto servir-se dos restos de uma amizade que termina, para satisfazer um ódio que começa.”

Fénelon, teólogo católico, poeta e escritor francês. (1651-1715)

François Fénelon. Imagem: wikiquote.org

 

DAQAM

Se não pode pegar um avião, mas mesmo assim quer viajar, há uma opção. Você pode viajar ao passado navegando no Facebook. Brasília “Das Antigas Que Amamos Muito”, capitaneado por Chiquinho Dornas, é um lugar para passar horas, rever amigos e curtir a cidade que vimos nascer.

 

Programa

Na CNN, um bom programa para domingo. A rede apresenta a história de JK e os acontecimentos enquanto Brasília se formava. Já é o segundo capítulo do documentário Brasília 60 Anos.

 

Estranho

A Câmara Legislativa do DF, com moção do petista Chico Vigilante, declara Abraham Weintraub como persona non grata na cidade, porque falou que Brasília é um cancro de corrupção e privilégios, obviamente praticados por gente que chegou aqui por meio de votos mal dados por eleitores de todo o país. Não vamos distorcer os fatos.

Foto: Abraham Weintrab e Ricardo Vélez-Rodriguez, ao fundo (Divulgação/MEC)

 

Arrecho

Essa mesma capital, que abriga os eleitos por votos mal dados, abriu os braços para receber 27 refugiados venezuelanos, que passam por uma crise humanitária e que vão ter oportunidade de recomeçar a vida longe daquele regime defendido justamente pelo deputado Chico Vigilante. Que incoerência!

 

Dica

Quem não consegue dormir por causa de um pernilongo no quarto precisa conhecer um dispositivo infalível, a seguir.

Armadilha YG-5611 | Sapinho

• Função: capturar, matar mosquitos e moscas, evitando a proliferação de bactérias e doenças, transmitidas por estes insetos. Elimina o mosquito da Dengue
• A luz ultra-violeta que atrai os insetos voadores, ilumina num ângulo de até 360º. Aumentando ainda mais a sua área de atuação
• O mosquito será atraido pela luz, sugado pelo aparelho e morrerá preso no compartimento inferior. Sem fazer o barulho, cheiro ou inseticidas, você mantém o ar limpo e o ambiente sem mosquitos para toda a família e principalmente para as crianças
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• Silencioso e eficiente
• Mata também mosquitinhos, muriçocas e outros insetos
• Armadilha rápida, fácil de limpar e sem bagunça
• Serve também como decoração para qualquer ambiente

Controle de Pragas: Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e outros.
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Design: Sapinho.
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Tensão: Bivolt.
Dimensões: 13 x 19cm.
Peso líquido: 0.362g. 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Vou pedir ao Mauro Viegas uma árvore mais bonita do que aquele pinheiro murcho, para plantar no balão da Igrejinha. Outra coisa: dizem os que fazem estudos “dos mais”, que o acontecimento “mais Brasília” até agora, foi a inauguração da loja da Vasp, e procuram reunir Pepone e D. Camilo quando relembram o Batista e o Padre Roque. (Publicado em 14/01/1962)

De volta de onde nunca saímos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Salim Mattar: um dos secretários de saída. Foto: AMANDA PEROBELLI / Reuters (oglobo.globo.com)

 

Nessa altura dos acontecimentos, parcela significativa dos eleitores, que votaram nas propostas de governo do então candidato Jair Bolsonaro, já percebeu que ajudou a eleger um tipo específico de presidente da República e não a composição do STF. Além disso, quando o presidente declarou que não formaria uma coalizão de partidos para sustentação de seu governo no Congresso, diagnósticos pessimistas, declarados, inclusive, pelo ex-presidente Collor, diziam que o governo não teria sucesso para aprovar a sua agenda. Parte dessa metamorfose ou retorno a si pode ser debitada, diretamente, ao próprio presidente e decorre de sua inabilidade política para o exercício do cargo, frente a um Congresso eivado da velha política.

Outra parte dessa mudança deve-se, como dissemos, ao próprio sistema de presidencialismo de coalizão, no qual fatores vitais como a governabilidade, com todas as suas nuances, só podem ser realizados por meio de sintonia fina com o parlamento. Em outras palavras, qualquer governo que se apresente nesse país disposto a alterar a carcomida República, tão cheia de vícios e mazelas, tem seu poder limitado pelos interesses, até inconfessáveis, de um naco significativo da classe política que parasita o Estado, desde a chegada de Cabral. Infelizmente, mesmo com todo apoio popular possível, não há estratégia que frutifique sem que os mandatários montem uma coalizão multipartidária no legislativo. Romper esse ciclo não é tarefa para políticos sem estofo próprio e sem uma trajetória muito bem delineada desde o início. Mesmo políticos experientes acabam se tornando presas fáceis em mãos acostumadas a puxar o tapete de todo qualquer incauto mais apressado.

Para aqueles que acreditam que bravatas e outras ameaças podem melindrar um Legislativo escolado em negociações, a tarefa de dificultar os caminhos da presidência é ainda mais fácil de ser consumada.

Bolsonaro não é o primeiro presidente a mudar de rumos e, talvez, não venha a ser o último, mesmo diante de um quadro inusitado e dramático como uma pandemia mundial. Depois de leiloar a cabeça do ex-ministro Sérgio Moro para o chamado Centrão, alterando, radicalmente, a agenda de combate à corrupção, o presidente, que sempre foi um político isolado dentro do próprio Congresso por décadas, viu-se na contingência de atrair esse mesmo Centrão para dentro do governo, como forma não apenas de garantir espaço de governabilidade, mas de, sobretudo, escapar, ele mesmo, de uma saraivada de pedidos de impeachment que dormita nas gavetas do Congresso.

Se a saída intempestiva de Moro já indicava um retorno a velhas práticas, no quesito ética no governo, sinalizando uma rendição ao poderoso lobby de um passado que insiste em permanecer vivo e entranhado na máquina pública, a debandada, agora, de importantes auxiliares do super ministro da Economia, Paulo Guedes, já precedida de outras baixas importantes, pode apontar para um abandono, sem choro, nem vela, do tão pretendido e anunciado programa de liberalismo econômico. Se não houver coalizão dentro do próprio Executivo, mais uma vez, no horizonte, os cavaleiros do apocalipse, representados pelo aumento de gastos públicos, em desrespeito não apenas às normas de responsabilidade fiscal, mas de abandono das medidas que impunham o teto de gastos.

A emissão anunciada da nova cédula de R$ 200, com a estampa do Lobo Guará, já marca o prenúncio de uma virada ao passado, a um tempo em que acreditávamos ter deixado para trás. Assim, voltamos de onde nunca saímos, dando voltas sem proveito, alheios aos nossos próprios problemas que não são poucos. É uma pena.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A paciência é uma árvore de raízes amargas e frutos doces.”

Filósofo de Mondubim pensando em como o provérbio persa ajudaria Bolsonaro.”

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 

Inacreditável

Dizia Dom Bosco que, na capital do Brasil, correria leite e mel. Não deu outra. Com a Caesb, sendo a única fornecedora de água, não tem para onde os consumidores fugirem. A água tem mesmo cor de mel. Comprove, a seguir, a qualidade da água oferecida pela companhia em uma região onde o IPTU vai às nuvens. Acredite: isso não é o pior. Pior mesmo é ver na conta que coliformes têm um parâmetro mínimo exigido. E mais: quase todos os itens estão fora do parâmetro adotado pela própria Caesb. Mais uma novidade: Além da tarifa “variável” cobrada, agora há uma tarifa “fixa”.

 

Ele veio!

Essa ladainha contra o Dr. Marcos Trajano, da UBS do Lago Norte, está parecendo politicagem. Tira horta, põe horta, tira mangueira, paga multa. O lado bom da história é que, pelo visto, há um médico que bate o ponto e trabalha todos os dias na unidade.

Foto: correiobraziliense.com

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Prefeitura poderia muito bem estudar o término da construção do restaurante popular do Aeroporto. Está na estrutura, e parou no governo do dr. Jânio. Com um restaurante popular, o movimento seria maior, e o Laurinho bem que poderia baixar os preços tão altos, hoje em dia. (Publicado em 14/01/1962)