O cordão da vida e morte

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Arte: institutoliberal.org

 

         Aborto. Eis aqui uma questão que, a princípio, deveria ficar apenas ao alvitre das mulheres e de autoridades femininas, por motivos óbvios. Mas, em se tratando de um assunto que, quer queiramos ou não, estende-se para toda a família e, por tabela, acaba atingindo também a sociedade, o aborto é, de fato, uma discussão que diz respeito a todo o ser humano. Afinal, esse é tema que fala de vida e de morte, de religião, de ética, de moralidade, de cultura, de ciência e de medicina. Não é, portanto, um tema vulgar, embora muitos o tratem assim. Por isso mesmo, não é nossa intenção tratar de um assunto tão sério e em poucas linhas.

         Não resta dúvidas de que o tema aborto é uma questão enciclopédica e que acompanha a humanidade desde as cavernas, sendo praticado de várias formas, por motivos diversos e, ainda hoje, é considerado um assunto controverso, muito longe de uma aceitação plena. A discussão aqui, em pleno século XXI, embora muito longe de consenso, ganhou dimensão nunca antes verificada. A razão está no próprio alargamento das mídias sociais. Há hoje uma espécie de debate mundial sobre o tema aborto, catalisado pela Internet e que atinge praticamente todo o planeta.

         Há ainda fatores de ordem demográfica a expandir essa discussão. Num mundo em que a explosão populacional é uma questão a propiciar o aumento de catástrofes como a fome e as guerras e que apresenta, paralelamente a esses flagelos, um esgotamento dos recursos naturais da Terra e uma paulatina destruição de meio ambiente e do habitat humano, a questão do aborto parece ganhar novos matizes e não são raros aqueles que acreditam que esse pode ser um método para amainar esses problemas. Nada mais falso e mais distante da verdade.

         O maquinismo político, com manobras vernaculares, tenta ludibriar a opinião pública sobre quando realmente existe vida, enquanto a ciência transparente mostra que, “biologicamente, é inegável que a formação de um novo ser, com um novo código genético, começa no momento da união entre óvulo e espermatozoide” como afirma José Roberto Goldim, professor de bioética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

         O aborto não é solução, mas um problema e não será por meio de métodos que buscam a morte que iremos encontrar soluções para a vida humana. Aliás, o aborto, tornou-se, em nosso tempo atual, muito mais do que um problema de saúde pública e nos remete, isso sim, a uma questão que tem muito mais implicações de ordem ontológicas, ou seja: é antes de tudo o resultado do empobrecimento do fator humano inerente a todos. Em suma, o aborto aumenta na contramão de nossas características humanas.

         O abandono do humanismo tem nos levado ao beco imundo e sem saída do abandono da vida. A decisão, tomada agora pela Suprema Corte americana, proibindo constitucionalmente a prática do aborto e delegando essa matéria para o veredito dos estados da União, não representa um retrocesso e sequer um lavar de mãos sobre esse delicado assunto. A Suprema Corte Norte Americana levou 52 anos para tomar uma decisão depois de ter sido enganada, ludibriada e iludida por Roe McCorvey que confessou não ter sido estuprada como declarou. Sarah Weddington, advogada de Roe, justificou as acusações de estupro sustentadas até que o caso chegasse à Suprema Corte dizendo, anos depois da falsa acusação, o seguinte: “Minha conduta pode não ter sido totalmente ética. Mas eu fiz por que pensei que havia boas razões.”

         Em se tratando de uma autêntica federação de estados, com independência de cada membro da união, a Corte Americana sinalizou que, internamente, seus membros, formados por juristas do mais alto gabarito, não concordam com essa prática, mas, ao mesmo tempo, não podem impedir, por razões constitucionais, os estados de praticá-las. Aqui mesmo no Brasil, o caso da menina de onze anos que engravidou e foi induzida pela juíza do caso a não abortar vai, a cada dia, ganhando novos contornos, embora todo o caso corra em segredo de justiça.

         Há suspeitas de que ela tenha mantido relações sexuais com outro menor de idade, o que pode dar uma reviravolta em todo o caso. Das infinitas opiniões sobre o tema, talvez as melhores fiquem por conta daquelas mulheres que fizeram o aborto e, passado um tempo para reflexão e amadurecimento, arrependeram-se e chegaram à conclusão de que jamais voltariam a fazê-lo novamente.

         Por certo, esse é um assunto que não acaba aqui nesse texto com um ponto final, mas que irá, com certeza, se estender pelo tempo. Por certo também é que não será por meio da morte de um ser inocente que a questão maior, que parece ser a vida dessas mães, ganhará um desfecho feliz e pacífico.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Percebi que todo mundo que é a favor do aborto já nasceu.”

Ronald Reagan

Ronald Reagan. Retrato Oficial

 

História de Brasília

Os ministérios pedem apartamentos demais ao GTB, para não se mudarem para Brasília, e, ainda, para prejudicar o Distrito Federal, estão tentando construir o aeroporto de Brasília no Rio e Janeiro. (Publicada em 02.03.1962)

Não vou por aí

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Charge: humorpolitico.com.br

 

         Como dizia José Régio, in Cântico Negro: “Não, não vou por aí! Só vou por onde/Me levam meus próprios passos…Se ao que busco saber nenhum de vós responde/Por que me repetis: “vem por aqui!”? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, /Redemoinhar aos ventos, /Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,/A ir por aí…”

         Em pleno século XXI, a humanidade, temerosa das imensas responsabilidades que tem pela frente, num planeta em grande ebulição, insiste ainda em permanecer estagnada, dentro de uma fase evolutiva que muito se assemelha à adolescência, oscilando entre a infância e a maturidade, receosa em ter que assumir as rédeas do próprio destino, livrando-se definitivamente da tutela de políticos.

         De fato, um novo século para a humanidade só virá quando ela adquirir a capacidade plena de andar sem essa muleta, liberta de intermediários, que no final das contas são também seus carcereiros. Um olhar em volta mostra que ainda estamos longe desse dia. As guerras e os extremismos políticos representam bem essa eterna adolescência. As desigualdades sociais e a violência reafirmam, por hora, nossa dependência e amarras a esses títeres.

         Não somos o que somos. Estamos resumidos a sermos aquilo que querem que sejamos e assim seguimos sem vontade, ao sabor do empurrão dos ventos. A própria democracia, como a temos, é ainda o menos aflitivo modelo que encontramos para delegar nossas responsabilidades sem nos responsabilizarmos pelo que virá.

         E é aí que as coisas tomam os rumos que não desejamos. No nosso caso particular, passados os quatro anos de governo, com mudanças nos Poderes Executivos e Legislativos de todo o país, nenhum dos eleitores se apresenta perante a justiça para confessar seus crimes por haver eleito esse e outro mandrião, esse e outro corrupto, ficando o passivo dessa irresponsabilidade dividida por todos igualmente, numa punição que se repete ad infinitum a cada quadriênio.

         Por isso, falar em esquerda e direita, num país que não sabe sequer seguir em frente e em linha reta, rumo ao futuro, é como torcer em vão pela vitória vazia na disputa ente o Boi Garantido, de vermelho, e o Boi Caprichoso, de azul. De olhos postos nesse ludopédio enfadonho, nesse verdadeiro Fla Flu flatulento, entregamos, de bandeja, todo um país e toda uma nação, nas mãos de muitas autoridades que demonstram desdém com a própria sorte.

         Não se enganem! Somente eleitores notoriamente irresponsáveis e imaturos delegam o destino de suas vidas e de seus familiares àqueles que irão, na primeira oportunidade, roubar-lhes a carteira e a vida. É nessa disputa que rumamos para outubro, certos de que vamos no bom caminho, afinal seguimos em círculo e sem enxergar um palmo à frente. Só escutamos a gritaria dizendo: vem por aqui! Tivéssemos algum juízo, há tempos teríamos gritado de volta: não, não vamos por aí. Seguiremos para onde dizia o filósofo de Mondubim: “Para o rumo da venta!”

A frase que foi pronunciada:

“Deve-se ficar bêbado todos os dias e nunca ir para a cama sóbrio.”

Este era o principal requisito para a adesão a um grupo de beberrões criado pelo tsar Pedro I, da Rússia, no final do século 17.

Evento

Com apoio da Embrapa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dois eventos podem ser decisivos para a tomada de decisão sobre a produção e comercialização do trigo. O Fórum Nacional do Trigo e a 15ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale acontecem na próxima semana em Brasília, no Centro de Eventos Complexo Brasil 21, do dia 28 ao 30.

Print: reuniaodetrigo.com

 

Humano

Nenhum outro papa precisou de passaporte para viajar. Como cidadão do mundo, o Papa Francisco, abdicando de qualquer privilégio, pediu que o governo argentino renovasse seu passaporte. Foi um exemplo para mostrar ao mundo que ele também é do mundo.

Foto: w2.vatican.va

 

Financiamento

O que seria uma facilidade virou pesadelo para muita gente. Um curso superior passa a valer uma casa simples. Com atrasos no pagamento, muita gente entrou no emaranhado das dívidas. O fato de o presidente Bolsonaro sancionar lei que permite renegociação de até 99% da dívida do Fies vai dar fôlego para os endividados.

Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Faixas
O acidente no Eixo W, altura da Estação Galeria, área central do Distrito Federal, chama a atenção para a sinalização antiga no asfalto. As faixas depois da reforma no local ainda não estão acertadas, causando grande confusão

Foto: Divulgação/CBMDF

 

História de Brasília

O Departamento de Correios e Telégrafos está sempre reclamando contra o abuso dos deputados e Senadores, que utilizam seus serviços sem pagar nenhuma taxa com assuntos que absolutamente não deviam ser transmitidos. Efetivamente, o abuso chegou ao máximo na temporada do Natal, quando 45 mil mensagens foram transmitidas pelos parlamentares, sobrecarregando o serviço. (Publicada em 02.03.1962)

Vaidade é tudo vaidade

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

         Um dos maiores problemas decorrentes da polarização política extremada é que aqueles que se encontram equidistantes desses pontos, e que representam a grande maioria da população, são, justamente, os que mais sofrem com os efeitos dessas radicalizações irracionais. Primeiro, porque, seja quem for o vencedor do pleito, não haverá, por birra política, continuidade de programas e projetos, interrompendo, muitas vezes, projeto vitais e de interesse exclusivo da população.

         Esse tem sido um dos principais motivos pelos desperdícios e pelos prejuízos bilionários acarretados com obras e programas sociais, abandonados ou empurrados para um futuro incerto. Por ouro lado, o que se verifica, como consequências dessas radicalizações de posições é que a prepotência faz com que os novos governantes comecem do zero, como se o Brasil fosse redescoberto, depois de cinco séculos, refazendo o que está feito e desfazendo o que não foi concluído ainda. É nesse vai e vem que o país não sai do lugar.

         Estamos metidos ainda, em pleno século XXI, em disputas ideológicas, enquanto o resto do mundo avança em novas tecnologias, investindo pesado em pesquisas e planejamento para o futuro. No meio da polarização insana e improdutiva das disputas políticas pelo controle da máquina do Estado, o que sobra para a sociedade são as balas e os obuses perdidos, vindos de uma parte e de outra, a atingir, indiscriminadamente, a todos.

         Vaidade das vaidades, tudo é vaidade e aflição de espírito. “Aquilo que é torto não se pode endireitar”, (Eclesiastes 1). É com ensinamento como este, vindo de um passado milenar, que devemos pôr nossos sentidos. Ao longo de toda a história humana, que proveitos tiveram aqueles povos colocados ao meio do caminho, entre disputas bárbaras, senão a destruição?

         É justamente nessa aflição de espírito que vamos ao encontro de outubro, certos de que, depois dessa data, não cessarão as agonias, e por uma razão simples: os extremos nessa disputa estão, cada um, ao seu modo e com seus vícios, de um lado do precipício. Não se enxerga no horizonte nenhum programa consistente de governo. Tudo são xingamentos e acusações. Há, sim, um programa de ódio, armado, como uma bomba que irá detonar na hora certa, sobre a cabeça de todos, sobretudo daqueles que nada têm haver com essas pelejas e que nada esperam delas.

          Uma Justiça Eleitoral, digna do epiteto, capaz de conduzir esse e outros pleitos, dentro do que estabelecem as mais básicas regras do respeito e da ética, seria capaz de colocar ordem na disputa, conduzindo todos para o vale da harmonia, da transparência e do equilíbrio das partes. Talvez, assim essa campanha conseguisse alcançar um nível de racionalidade e utilidade pública que a sociedade almeja e merece.

         Ao invés disso, o que se observa, flagrantemente, é o posicionamento desses árbitros em benefício de uma das partes, emperrando a balança da justiça e da ordem para um lado, numa clara demonstração de que há um tribunal que veio para complicar um pleito que, por si só, já é bastante confuso, improdutivo e belicoso.

A frase que foi pronunciada:

“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.”

Otto von Bismarck

Otto von Bismarck. Foto: wikipedia.org

Pratas da Casa

David Chatelard, da Engenharia Mecatrônica da UnB, representa Brasília e o Brasil com toda a turma de Divisão de Robótica Inteligente em exposições e competições.

Foto do perfil de David Chatelard no linkedin.com

 

Tão simples

Passear a pé pela Asa Norte é diferente de passear no Lago Norte por uma razão. O bem comum. Para os donos de cães do Lago Norte, recolher as fezes do animal é uma cena impossível. Por isso, ao longo das calçadas, os excrementos compõem a paisagem de uma das áreas mais “nobres” de Brasília. Já na Asa Norte, saquinhos para esse fim estão disponíveis para a colaboração como cidadãos.

Imagem: dfaguasclaras.com

 

Brasília

Um fenômeno social acontecendo perto da colina, na L3, residência dos professores da UnB. Uma cena totalmente bizarra. De um lado, barracos de lona ao longo da pista, com crianças descalças brincando na terra vermelha. De outro, uma mesquita luxuosa, de arquitetura refinada. Os barracos que invadem a avenida são a moradia de carroceiros que juntam todo tipo de material reciclável. Mereciam viver em um lugar decente, legalizado, para que exerçam essa importante atividade.

Reprodução do Google Maps

 

Preparação

Poucos no mundo sabem que, na Amazônia, acontece um carnaval genuinamente raiz, onde o folclore amazonense se mistura com a tradição local. É hora de o  ganhar os continentes.

História de Brasília

Já foi iniciado o combate às invasões no Plano Pilôto. A Secretaria do Interior e o DFLO da Prefeitura estão retirando os barracos, e já limparam as superquadras 301, 302 e 303. (Publicada em 01.03.1962)

A maldição do ouro negro

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Charge do Cazo

 

          Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, repetia o filósofo de Mondubim, ecoando o bardo quinhentista Camões. Tal observação atemporal cabe muito bem no atual manequim da estatal dos combustíveis, a Petrobras. Criada para dar autonomia e independência ao país com relação aos derivados de petróleo, essa estatal tem tido muitos papeis ao longo das décadas. Alguns de importância estratégica, outros de interesse meramente político.

         Hoje, essa estatal parece ter se transformado numa autêntica dor de cabeça para o governo e para os brasileiros. O que essa empresa entrega com uma mão, por meio de impostos e dividendos, arranca com a outra, na forma de uma paridade injusta de preços dos seus produtos. Felizes com o desempenho econômico dessa empresa, estão apenas os acionistas e os diretores que gerenciam os negócios bilionários do ouro negro.

         Com o último reajuste, vindo na crista de inúmeros outros, elevando a gasolina em mais de 5% e o diesel em 14,26%, a política de preços da Petrobras conseguiu uma unanimidade contra si, ao se colocar entre o principal fator do crescimento da inflação.

         A gritaria tem sido geral, com todos acusando a empresa de praticar preços abusivos de olho apenas nos lucros e na rentabilidade dos acionistas e da cúpula dirigente. As discussões sobre a conduta gananciosa da Petrobras, já extrapolaram as salas de sua sede, no Rio de Janeiro, e passaram a ecoar por todo o país, principalmente em Brasília, onde, às vésperas das eleições gerais, o tema atingiu alta temperatura política.

         As ameaças vêm de todos os lados. O presidente da República, que até hoje parece não ter acertado um nome para a direção da estatal, depois de várias mudanças e de inúmeros apelos para que a empresa encontrasse uma fórmula de preços razoáveis, dentro da realidade nacional, perdeu a timidez e agora acusa a petroleira de traição.

         Na Câmara, seu presidente, Arthur Lira, promete não se opor à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), mesmo que essa Comissão venha a se transformar num palanque privilegiado para as campanhas políticas. No meio dessa confusão, que vem se estendendo por anos, a oposição parece ter encontrado um gancho para pendurar seus argumentos contra o governo, esquecendo-se do que fez com a estatal, e que resultou na Operação Lava Jato e no chamado Petrolão.

          Há ainda ameaças, vindas de diversas partes, para que a taxação dos lucros da empresa seja revista para cima. Outras ameaças também são verbalizadas, como aquela que pretende entregar, ao alvitre da Agência Nacional do Petróleo (ANP), toda a política de preços referente à Petrobras. A crise dos preços dos derivados do petróleo, transformado em comodities e cotado, no mercado internacional, pela variação do preço do barril em dólar, encontrou internamente um país em séria crise, com o aumento da inflação e do número de famílias vivendo na pobreza.

         Há uma disparidade enorme entre os preços praticados internamente e o preço contado no exterior. Para um país continental e que tem, desde os anos cinquenta, calcado seu modelo de transporte por rodovias, o aumento do diesel é um tiro de morte na movimentação de cargas. Os caminhoneiros já estão acertando os ponteiros para deflagrar uma paralisação monstro, levando um complicador a mais em todo esse processo.

         A verdade é que o governo não possui todos os instrumentos legais para modificar a política de preços da empresa, mesmo sendo grande acionista. O pior é que qualquer intervenção mais brusca nessa empresa pode ocasionar, além de mais inflação, um risco de desabastecimento generalizado, elevando o termômetro da crise.

         A proximidade das eleições é ainda um fato de risco para toda essa crise de paridade de preços da Petrobras, já que induz, nos candidatos, a formulação de programas do tipo demagógico e populista que podem agravar ainda mais a relação dessa empresa no mercado interno. Sem concorrentes diretos internamente e dominando mais de oitenta por cento do mercado interno, a Petrobras continua fazendo ouvidos moucos a toda essa crise, indiferente ao que ocorre hoje no Brasil.

         Amparada por seus estatutos e movimentando-se ao sabor dos elevados preços desse produto no mercado internacional, a Petrobras enxerga ainda mais lucros com a aquisição de novas plataformas que virão, com as perspectivas do prolongamento da guerra no Leste europeu e outros fatores, todos eles distantes da realidade cotidiana do país.

         Trata-se aqui de uma empresa que cresceu, graças aos brasileiros, mas que hoje se mostra indiferente e até hostil àqueles que lhe deram vida. Como a principal fornecedora de combustível ao país, a Petrobras não se movimenta com base em conceitos como patriotismo, cidadania ou outros apelos do tipo sentimental. Seu objetivo é o lucro, não importando como obtê-lo. A maldição do ouro negro, que já atingiu muitos países mundo afora, parece ter encontrado agora um novo país para pôr de fora suas garras.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A Petrobras não será responsável ou obrigada pela transmissão ou acessibilidade de informações exatas, úteis ou disponíveis através do Portal e não será, também, responsável ou obrigada por qualquer transação ou decisões de investimentos feitas com base em tais informações.”

Retirada da página investidorpetrobras.com.br/politicas-e-termos-de-uso

Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

 

História de Brasília

Termina fevereiro, e o ministério da Saúde não traz a vacina Sabin para Brasília. Vamos apelar agora para o dr. Fabio Rabelo. (Publicada em 01.03.1962)

Céu cinzento

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Imagem: Reprodução/Pexels

 

         Pairam hoje sobre a cabeça dos brasileiros todos, os elementos possíveis capazes de encadear a maior e mais temível tempestade que já assistimos. A previsão, dos meteorologistas políticos, é de que a convergência de todos esses elementos negativos venha despencar sobre um ponto geográfico e simbólico específico que é a Praça dos Três Poderes, antes e depois das eleições.

         Sabedores dessa possibilidade malfazeja, os ministros do Supremo e o próprio Congresso já se anteciparam e decidiram, em reunião, adotar medidas de proteção e reforço na segurança do local. Essas medidas extraordinárias valerão não apenas para o 7 de Setembro, mas poderão se estender até depois das eleições.

          Antes de tudo, é preciso entender que essas medidas, que contarão até com o apoio das Forças Armadas, ao abranger especificamente a tão famosa praça, possui seu caráter simbólico, pois ali estão as sedes dos Poderes da República, sendo que o que ocorre ali, tem consequências para toda a nação. Fossem esses os únicos problemas que temos pela frente, a coisa toda poderia ser facilmente resolvida. Ocorre que há outros elementos com potencial para desencadear uma gigantesca crise institucional que estão se concentrando, em grande quantidade sobre todos nós.

         A dificuldade da Petrobras, com relação a variação crescente dos preços dos combustíveis é outro elemento negativo que ameaça ter um desfecho perturbador da ordem. Essa disparidade de preço mundial, ao catalisar para cima os gráficos da inflação, cria um ambiente de tumulto e agitação tanto no mercado como na sociedade, que poderá ser ainda danoso caso os caminhoneiros venham a decidir sobre uma paralisação em âmbito nacional.

         Fosse esse também o único elemento nebuloso a pairar sobre a nação, a economia poderia encontrar saídas provisórias até que os preços dos derivados de petróleo estivessem mais estabilizados. Só que, a esses elementos, juntam-se também aqueles de características político partidária, representados aqui pela extrema e crescente polarização que essa campanha adquiriu. Esse é um fator deveras perturbador e capaz de levar a uma conflagração imprevisível. Não há, vis a vis, a discussão de programas de governos, somente ataques e ameaças, o que é ruim para a democracia.

         Por outro lado, a pandemia do Coronavírus ainda não arrefeceu e ameaça retornar. A guerra, sem fim, que Putin envolveu todo o Leste Europeu e que poderá se estender para outros países, ao desestabilizar aquele continente, lança seus reflexos malignos sobre todo o planeta. Um planeta que, já se sabe, ameaçado pelo aquecimento global e pela fome que se alastram. Não precisamos sequer sair de nosso país para nos darmos de cara com crises tamanho família.

         Na Amazônia, os crimes persistem, com cada vez mais intensidade. O desmatamento aumenta, as grilagem de terras se sucedem, os garimpeiros invadem terras indígenas, transformando toda aquela imensa região em terra de ninguém. Os traficantes de armas, drogas e minerais, do Brasil e dos países vizinhos, estabelecem verdadeiros enclaves, controlados nos moldes de guerrilha, aterrorizando as populações locais.

         O governo não tem, como vai ficando provado, o total controle dessas situações e dessa região continental. Temos ainda nossa guerra particular e até civil, no combate diário envolvendo a polícia e as organizações criminosas, com dezenas de milhares de mortos a cada ano. Não bastasse todo esse céu carregado de grossas nuvens cinzentas, as múltiplas ameaças de golpes, vindas de toda a parte, até daquelas instituições que deveriam cuidar da paz e da harmonia, fazem crescer o temor de que essa tempestade se transforme num furacão a varrer a todos, inclusive aqueles que mais torcem por sua chegada.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando se ouve um homem falar de seu amor por seu país, podem saber que ele espera ser pago por isto.

H. L. Mencken

HL Mencken. Foto: Ben Pinchot – Revista de Teatro, agosto de 1928

 

Lástima

Uma rua das mais antigas de Brasília jogada às traças. Na comercial da 407/406 Sul, uma imundice de assustar. Chorume, calçadas imundas, resto de lixo e pior, um aleijão. Um pilar pintado de preto, improvisado, inútil, desproporcional tirando a graça, bloqueando o vão livre. Esses puxadinhos das entrequadras parecem não ter fim. Veja as fotos a seguir.

 

Passeio

Por outro lado, a ciclovia que liga o Lago Norte à Asa Norte é uma beleza. Os pilares da Braguetto tomados de arte popular. Esse é um espaço a ser explorado.

 

História de Brasília

Termina fevereiro, e o ministério da Saúde não traz a vacina Sabin para Brasília. Vamos apelar agora para o dr. Fabio Rabelo. (Publicada em 01.03.1962)

Enxadadas e canetadas

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Charge para o Jornal O Dia

 

         Em terras semeadas pela classe política nacional, basta um golpe de enxada, dada na terra inculta, para que dali surjam indícios de que há muito mais nesse campo arado do que se pode esperar. É como dizia o filósofo de Mondubim: “a cada enxadada, uma minhoca”. Portanto escarafunchar a vida dos principais políticos nacionais nunca é um exercício em vão. Há sempre a produção de surpresas, todas elas apontando para aldrabices e outras maquinações que desembocam sempre no pardieiro da corrupção.

         A terceira Instância do Judiciário até que tenta ajudar para que essas surpresas não resultem em punição para seus autores, mas são tantas as evidências e elas vão se acumulando num crescendo tão febril, que vai ficando, cada vez mais difícil esconder, do olhar do público, as montanhas de provas varridas para debaixo dos luxuosos tapetes caríssimos.

         Os órgãos de investigação, há muito, já perceberam que não é preciso sequer seguir esses meliantes, basta ir atrás do dinheiro. Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso das malas, contendo mais de R$ 50 milhões, encontradas em um apartamento em Salvador, que servia como uma espécie de agência informal de pagamento de propinas. Foi o que ocorreu também com outra mala, de grife famosa, dessa vez contendo a módica quantia, para os padrões nacionais, de R$ 500 mil, transportada pelo assessor especial de um ex-presidente, propina essa recebida da notória J&F. Em junho de 2016, no aeroporto internacional de Guarulhos, três pesadas malas, que não passaram pelo exame de raio X, foram interceptadas em um jatinho particular, levando um ex-presidente para Roma.

         A operação, deflagrada pela Polícia Federal, foi abortada por ordens superiores e o caso foi também varrido para debaixo dos tapetes dos chiques gabinetes de Brasília. Os desvios de dinheiro público são tantos, e em tão grande volume, que já não bastam caixas de whisky e outras embalagens pequenas, é preciso malas, muitas malas.

         Fossem dadas enxadadas em paraísos fiscais e outros países que fazem vista grossa para essa dinheirama surrupiada, bilhões de minhocas saltariam para fora da terra, com as mãos para o alto. Guiam, esses nada nobres senhores, a famosa senha que diz: “Se mais dinheiro houvera lá chegara”. Nem bem o defunto da Lava Jato esfriou, nova enxadada, dada pela Polícia Federal, fez surgir outras minhocas, e um novo escândalo parece se erguer no horizonte. A justiça de São Paulo anda às voltas agora com um curioso caso envolvendo lavagem de grandes somas de dinheiro, feito pela poderosa e cada vez mais onipresente dentro da máquina do Estado, o PCC. Mais de R$ 45 milhões em imóveis e veículos foram apreendidos, levando a polícia ao contador João Muniz Leite, como definiu a imprensa, um técnico em transformar dinheiro sujo em recursos limpinhos. Ocorre que o tal contador, olha aí a minhoca, foi o responsável por fazer a declaração do Imposto de Renda de um famoso ex-presidente por anos, sendo que, até hoje, maneja a contabilidade da alma mais honesta desse país.

         Outras enxadadas revelaram ainda que o tal contador divide sala com empresas do craque das finanças, o filho desse mesmo ex-presidente. É preciso agora que a junta dos mais caros escritórios de advocacia do país cuide logo de entrar em campo, isso é, nos gabinetes de Brasília, para salvar, mais uma vez, esse senhor e sua família, de preferência antes das próximas eleições.

         Nesse caso também, os prognósticos sobre os resultados dessa investigação são sombrios e incertos. O mais provável é que todo esse novo movimento de enxadada acabe lá adiante, interrompido por uma canetada, dada por aqueles que estão onde estão para que tudo fique como sempre foi. Dizer o quê?

A frase que foi pronunciada:

“Acho que nós consideramos mais a boa sorte do pássaro que acordou cedo do que a má sorte da minhoca.”

Franklin Roosevelt

Foto: Margaret “Daisy” Suckley/1921/FDR Presidential Library & Museum

 

Agenda

Brasília recebe, até o dia 26 desse mês, a 36ª Feira do Livro de Brasília. A entrada é gratuita. Uma pena o país não estimular a leitura. Em países desenvolvidos, os ônibus escolares levam livros diversos que a criançada pega, lê e devolve. O hábito se faz de criança. Luiz Amorim abasteceu as paradas de ônibus de Brasília com livros doados e os carroceiros pegaram para vender por peso. Depois de uma conversa, eles passaram a respeitar o projeto.

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

 

QI

Um paredão de gente importante resolveu enfrentar quem tem feito de tudo para acabar com as nascentes do ParkWay e outras áreas do DF. Nessa altura dos acontecimentos, é preciso que nossas autoridades percebam que Brasília não sobreviverá sem as nascentes que circundam a capital. Nosso lago é artificial. É uma questão de inteligência e respeito pela cidade.

Foto: chicosantanna.wordpress.com

 

História de Brasília

O lado leste do Eixo Rodoviário Sul está tremendamente prejudicado em suas construções. Várias autarquias entregaram seus prédios a firmas que já requereram concordata, e nenhuma providência foi tomada para a substituição dos empreiteiros. (Publicada em 01.03.1962)

Cabra-cega

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Governo de São Paulo

 

Existe, de fato, um vasto campo estrategicamente minado, separando os cidadãos e eleitores e os candidatos, sobretudo aqueles que aparecem no topo das pesquisas. À semelhança do que ocorria nas antigas brincadeiras de criança, chamada de “cabra-cega”, os eleitores entram nesse processo de campanha, sem enxergar ou ouvir o que ocorre diante deles. Não apenas não existe ainda terceira via para contrapor o que se vê nesses extremos, como também não existe, por parte dos candidatos, desejo algum em externar o principal elemento de toda e qualquer campanha eleitoral, que são os programas de governo.

Há um vazio ensurdecedor de propostas e projetos para o enfrentamento dos reais problemas da nação, que são muitos e complexos. Não bastasse esse deserto de ideias e de candidatos, realmente devotados às causas públicas, por meio de currículos e ações, aqueles cidadãos que conseguirem vencer esse terreno cheio de armadilhas, chegando vivos e salvos até a cabine das urnas, terão ainda que enfrentar e superar uma montanha de obstáculos que vão sendo postos ao longo do tortuoso caminho.

A imprensa, visivelmente partidarizada, e que, em tese, poderia contribuir muito para a informação dos eleitores, tornando-os mais esclarecidos e cautelosos, parece ter escolhido o caminho mais fácil ao se aliar a um e a outro lado, mesmo que um desses candidatos acene, com vigor, seu intuito de regular a mídia, tornando-a mais dócil do que já é.

No meio desse verdadeiro banzé, os candidatos mais cotados ainda se dão ao desplante de anunciar, publicamente, que não irão aos debates públicos. O tão zeloso e ao mesmo tempo desútil Código Eleitoral não obriga que os candidatos se submetam aos debates, o que, de certa forma, ajuda a esconder, dos leitores, aqueles postulantes ao mais alto cargo da República, que não serviriam nem para porteiro de hospício.

O pior, se é que isso ainda é possível, no caso das próximas eleições, é que os ataques, vis a vis, ao esconder a fragilidade dos candidatos, ainda reforçam, de forma vil, o extremismo e as lutas fratricidas. A imagem é perfeita: enquanto os urubus distraídos brigam ferozmente pela carniça, a onça e a raposa, que a tudo, ardilosamente, espreitam, cuidam de comer a todos. O lançamento e a imposição de um candidato, com a ficha mais suja que o banheiro da rodoviária, pela mais alta Corte do país, ajudou a conflagrar, ainda mais, um pleito que já não era de todo pacífico e ordeiro. Somam-se ainda, a esse campo minado, o fato dessa mesma Corte ter elevado, ao altar de adoração, as tão discutíveis urnas eletrônicas, tornando esse mecanismo asséptico, um item inatacável, dentro de regras absolutamente dogmáticas.

Com tudo isso,  teremos o que nos prepara para ser a mais surreal de todas as campanhas políticas experienciadas na história do Brasil. Os eleitores, colocados como protagonistas de segunda categoria, em todo esse processo, têm duas opções pela frente: ou seguem como gado ordeiro rumo ao abatedouro, ou viram as costas para essas eleições, o que, nos dois casos, não resolveria nosso atual problema, que se resume em retirar a venda que cobre os olhos, saindo ilesos desse jogo perigoso.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Uma mente livre nunca conclui. Uma mente cheia de conclusões é uma mente morta, não é uma mente viva. Uma mente viva é uma mente livre, aprendendo, nunca concluindo.”

Krishnamurti

Krishnamurti. Foto: laparola.com

 

Literalmente

Na história de Brasília, publicada em 1962, Ari Cunha, o criador desta coluna, escrevia exatamente o que acontece hoje em dia com a Água Mineral, criada em novembro de 1961. As piscinas, volta e meia, passam tanto tempo em manutenção que parece um clube fechado.

Foto: EBC

 

Seres humanos

Não querem publicidade porque as duas vêm de países em guerra. Anna e Martina se conheceram no Telegram. Uma russa e a outra ucraniana. Enquanto uma guerra insana acontece, com o mundo de braços cruzados, Brasília passa a ser o cenário de que a paz é possível.

Tropas russas próximas à fronteira com a Ucrânia. Foto: Reuters

 

Áudio livro

Pessoas saudáveis, ou as que não enxergam, idosos, apreciadores da rádionovela, falantes da língua portuguesa ou estrangeiros que queiram aprender mais sobre o nosso idioma têm agora a oportunidade de ouvir uma história intrigante. Ana e Djalmir Bessa, o autor, gravaram, no Youtube, capítulo por capítulo do livro Coité. As cenas acontecem durante a seca que assolou o nordeste da Bahia no final do séc. XIX. Veja como acessar, a seguir.

 

Adhocracia  vs Burocracia

Enquanto o RH da Câmara dos Deputados, de forma adhocrática, disponibiliza, pela Internet, meios para o funcionário solicitar e receber online a declaração por tempo de serviço, o procedimento no GDF começa com um requerimento com entrada no protocolo, análise, pesquisa no dossiê e até 15 dias para resposta. Bem burocrático!

 

Escola de Música

Escola de Música para a meninada. As matrículas estão abertas e os cursos de diversos instrumentos, inclusive a voz, são gratuitos.

Inaugurada em 1974, Escola de Música de Brasília (EMB) começou ensinado o clássico e, depois, incluiu o popular | Foto: Arquivo / EMB

 

História de Brasília

O Country Club é o club mais fechado de Brasília. Está fechado até para os sócios, atualmente. (Publicada em 01.03.1962)

Novo ciclo econômico

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Ilustração: reprodução da internet

 

          Para um mundo superpopuloso, em que os recursos naturais vão se escasseando em ritmo acelerado, urge providenciar, quanto antes, novos modelos de economia. De fato, o mundo vai ficando pequeno e apertado. Como as áreas de plantio e de exploração de minerais não podem ser reproduzidas, como acontece com a espécie humana, o jeito é buscar meios de aproveitar o que já foi produzido, ou reintroduzindo no mercado de consumo, ou aproveitando os materiais que ali estão, dando nova utilidade para esse produto.

          O mundo do futuro está muito distante do atual modelo de economia e será aquele que possa garantir, ao menos, a sobrevivência do homem sobre o planeta. A água é um bom exemplo. Trata-se de um recurso escasso e precioso. Seu reuso é, portanto, já uma realidade em muitas partes do globo. Cabe, aos seres humanos, resolverem, o quanto antes, os problemas criados por eles mesmos, sobretudo no que diz respeito às relações econômicas, baseadas hoje na produção e no consumo em larguíssima escala.

         Trata-se aqui de um problema de dimensões planetárias e que agora estão a exigir mudanças revolucionárias, a começar pela reeducação de cada indivíduo, colocando-o, realisticamente, diante da dupla opção: ou mudar a forma e sua relação com o mundo, ou buscar viver em outro planeta distante. O esgotamento dos recursos naturais é uma realidade inconteste e da qual não há fuga ou plano B.

         O consumo diário e crescente de sete bilhões de indivíduos tem exigido, cada vez mais, recursos naturais que vão muito além da capacidade do planeta em provê-los. O resultado dessa descompensação pode ser evidenciado não apenas no grande número de conflitos armados e nas grandes levas de pessoas que migram em busca de oportunidade e alimentos, mas, sobremaneira, pela transformação paulatina do equilíbrio ecológico, com o advento do aquecimento global, a escassez de água e a poluição em níveis alarmantes de todo o ecossistema.

          Mais do que em qualquer outra época na história da humanidade, estamos postos agora diante de uma grande encruzilhada. Essa é, por exemplo, a questão dos lixões a céu aberto e dos aterros sanitários e que, recentemente, vem preocupando autoridades e a comunidade aqui, no Distrito Federal. Na busca de uma solução adequada para o descarte de tamanha quantidade de lixo e outros dejetos, temos que reformular o problema em sua origem, mudando nossa forma de produzir e de consumir.

          Dentro dos modelos que temos atualmente de consumismo desenfreado, feitos a qualquer preço, é óbvio que não poderá existir solução definitiva para as montanhas de lixo produzidas diariamente. Algum dia, todo esse lixo acabará por engolir a todos nós. Com a economia compartilhada, em que o indivíduo divide o uso dos bens econômicos duráveis, dispondo para todos o que antes pertencia apenas a uma só pessoa, surgiu também, e vem ganhando cada vez mais adeptos, a chamada economia circular.

         Inscrita dentro do desenvolvimento sustentável, é também conhecida como ecologia industrial e propõe, basicamente, que os resíduos da indústria sirvam para o desenvolvimento de novos produtos, dentro de um ciclo de reaproveitamento dinâmico e constante, mantendo esses resíduos dentro de um modelo circular positivo ou quase infinito. Em seu aspecto prático, a economia circular propõe o prolongamento máximo da vida útil dos produtos, objetivando “manter componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo”.

         Dentro desse novo modelo, é privilegiada a mobilidade sustentável e o transporte público, entre outras medidas racionais de uso e desuso. Seus princípios são basicamente a preservação e o aumento do capital natural, a otimização na produção de recursos, o fechamento dos ciclos da economia. Onde o desperdício não mais existe, os bens são reparados e reutilizados, com as matérias-primas vindas da reciclagem e não mais da extração direta da terra.

         Além desses princípios, contam também a promoção de um novo paradigma social, em que as relações sociais entram transformando o consumidor em utilizador do produto, partilhando, ao invés de acumulando bens. Dentro dessa nova forma de pensar a economia e o planeta, será importante também, na eficácia do sistema, para reduzir danos a produtos e serviços necessários aos humanos como alimentos e habitação. Da economia compartilhada, poderá nascer um homem novo e ciente de suas responsabilidades com a preservação do planeta e da espécie.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Querem que vos ensine o modo de chegar à ciência verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que se sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se sabe; na verdade é este o saber.”

Confúcio

Foto: reprodução da internet

História de Brasília

Brasília chorou a morte de Belo. Belarmino Elvidio Leite, filho do Orion, da Recapagem Orion. Perde a cidade um excelente rapaz, perde o comércio um excelente comerciante, perdemos, todos nós, um excelente amigo. (Publicada em 01.03.1962)

Programas sociais

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Charge publicada no horabrasilia.com

 

          Transformado pela astúcia política de programa de transferência de renda para o combate à pobreza e à desigualdade, em mecanismos claramente eleitoreiros e personalistas, tanto o Bolsa Família, criado em 2003, como o atual Auxílio Brasil, tornado permanente neste ano, carecem de estratégias finais que tornem esses projetos uma porta de saída da pobreza e um meio capaz de permitir a plena emancipação do cidadão e de sua família em relação à classe política. Pelo contrário, tanto um programa como o outro representam, ainda, uma amarra e um verdadeiro cabresto, imposto à parcela mais pobre da população, confinando-a dentro de uma espécie de curral eleitoral moderno.

         Em um país em que a pobreza sempre foi explorada da forma mais vil e interesseira, todo e qualquer projeto social e econômico, que poderia, em tese, servir para a redenção e para o crescimento nos Índices de Desenvolvimento Humano, acabam apropriados, de modo astuto, por prefeitos, governadores, além do próprio presidente da República, dentro de uma estratégia traçada pelos especialistas de marketing de soerguimento político e de perpetuação no poder.

         Mesmo que transformados em programas do Estado, ainda assim, esses projetos respondem muito mais aos interesses da classe política do que ao público-alvo. A mudança de paradigma nos programas sociais e que teve, na figura da ex-primeira dama Ruth Cardoso, sua principal artífice, foi capaz de transformar, num curto período de tempo, o que era assistencialismo e populismo em verdadeiro experimento rumo à cidadania plena. Também pudera, D. Ruth não tinha ambições políticas ou eleitorais, sendo o seu programa intitulado Comunidade Solidária, um plano genuinamente bem elaborado, por uma equipe altamente gabaritada, formada por técnicos e estudiosos dos problemas inerentes à desigualdade, muitos deles professores oriundos da faculdade de sociologia da Universidade de São Paulo. “Combater a pobreza não é transformar pessoas e comunidades em beneficiários passivos de programas sociais. Toda pessoa tem habilidades e dons. Toda comunidade tem recursos e ativos. Combater a pobreza é fortalecer capacidades e potencializar recursos,” defendia Ruth Cardoso.

         Havia, naqueles anos, um real interesse no problema da exclusão social e um total desinteresse político ou partidário na implementação desse programa. Daí o seu êxito. Não surpreende que o Comunidade Solidária tenha rendido tantos frutos de qualidade, como o Bolsa Escola, o Cartão do Cidadão e outros, todos eles voltados para os aspectos da cidadania plena e longe dos antigos programas clientelistas, doados pelos políticos com uma mão e arrancados pela outra.

A frase que foi pronunciada:

“Acredito que o melhor programa social seja um emprego.”

Ronald Reagan

Ronald Reagan. Retrato Oficial

 

Empreendedorismo

Antonio Filho, que começou os negócios do zero nessa cidade, precisa verificar a unidade do Lago Norte. O princípio do empresário é que cada empregado haja como se fosse o dono do empreendimento. Leitor reclama de ter encomendado a entrega de leite em pó para a filhinha às 17h e, às 20h, nada havia sido entregue ainda. Quando alguém foi ao local buscar o leite, ninguém sabia da encomenda. Uma lástima!

Reprodução do Google Maps

 

Lé com Lé

Depois do caso da UnB, onde uma jovem foi fotografada dentro do box do banheiro por um estranho, seria bom que os deputados distritais discutissem a permissão de banheiros comuns para homens e mulheres.

Foto: reprodução

 

Ideia genial

A Agência Câmara noticiou que, com a relatoria do deputado federal Chistino Aureo, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou um projeto que prevê o destino de área para hortas comunitárias em programas habitacionais financiados pela União. Há uma emenda no projeto determinando que um agrônomo ateste a viabilidade da reserva. Na Asa Norte, foi uma luta do Dib Franciss para que o síndico admitisse uma horta comunitária.

 

Segredo

Pré-estreia do filme Amigo Secreto, de Maria Augusta Ramos, na próxima quarta-feira, no Cine Brasília.

 

Em julho

Uma novidade no evento Capital Moto Week, que acontecerá no mês que vem, na Granja do Torto. Os organizadores vão trabalhar em conjunto com a ONG Neutralize Carbono em busca do selo Lixo Zero, encaminhando corretamente os resíduos para o destino certo.

Foto: divulgação

 

História de Brasília

Com o Carnaval, muita gente está saindo de Brasília. Passeio à custa dos ministérios, que estão dando passagens pagas pelo gôverno a torto e a direito. Se o dr. Hermes Lima quiser saber, mande fazer um levantamento das contas correntes dos ministérios junto às empresas de aviação. (Publicada em 01.03.1962)

Ciranda de uma perna só

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Charge do Duke

 

Nestes tempos mimizentos

De muito patrulhamento de ideias

e de pouca reflexão

Vivemos a angústia de ter que escolher

o que pode ser dito e o que não pode não

A palavra amordaçada

perdeu a verdade e força

acorrentada em grilhões de ferro

na mais brutal das censuras

preferiu então se recolher

a ter que concordar

com tamanha impostura

Nesses tempos cinzentos

a palavra calada

mostra sua melhor expressão

Ao dizer que não disse nada

nem que sim nem que não

Melhor então emudecer

recolhendo a pena e o pensar

E com toda a prudência e atenção

livrar-se de ser mais uma vítima

de tão feroz repressão

A censura sempre pouco ilustrada

só enxerga e teme

seja o cargo que ocupa ou a mão fraca no leme

De tanto podar aqui e ali

e de tanto o texto esfacelar

encontra em frases escritas

o que de fato lá não há

Por isso mesmo

A censura e a repressão

vivem sempre em harmonia

em perfeita união

uma atalhando o texto

a outra esfaqueando a mão

Se é nesse tipo de democracia

que viemos dar

isso depois de tanta luta

depois de tanto penar

melhor então voltarmos ao dia exato

em que tal abertura foi prometida

quem sabe naquela ocasião

Alguma coisa foi esquecida

Que rumo é esse que agora tomamos

sem propósito, ânimo ou paixão?

Será que n’algum atalho do passado

perdemos o sentido e a direção?

desviamos do caminho sonhado

dispersos em algum abismo distante

agora, cegos e mudos, não podemos seguir adiante

Quem sabe perdermos o mapa da liberdade

esquecido n’alguma dobra desses últimos trinta anos

era o que tínhamos em mãos

era todo o nosso plano

Uns lhe chamavam de Carta Magma

outros de Constituição

Alguém sabe por onde anda

esse desejo da nação?

até mesmo o noticiário

que antes se atinha em informar e ilustrar

agora por linhas tortas

se contenta em bajular

fazendo propagandas

de olho na aprovação

daqueles que nada querem

a não ser a perdição

Se já não podemos falar, pensar e escrever

melhor buscar em outras bandas

quem possa nos socorrer

Há tempos já se sabe

que a tirania para prosperar

necessita de mil bocas

e mil olhos a vigiar

A frase que foi pronunciada:

“É melhor escrever errado a coisa certa do que escrever certo a coisa errada…”

Patativa do Assaré

Patativa do Assaré. Foto: Fernando Travessoni

História de Brasília

Quando o dr. Jânio estava no gôverno, mandou retirar as buzinas a ar de todos os ônibus chapa brancas. Agora, a moda voltou, e os carros, principalmente da Câmara, incomodam tremendamente a população. (Publicada em 01.03.1962)