Desafios da educação

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

          Qualquer indivíduo que venha se sentar na cadeira de ministro da Educação, por mais preparado que esteja para o cargo, encontrará, diante de si, ao examinar de perto essa missão, uma tarefa muito complexa e de proporções gigantescas. Sendo o quinto país em número de habitantes e em extensão territorial, o Brasil, por suas características continentais e diversidades regionais, apresenta desafios imensos para a implementação de quaisquer políticas públicas, sobretudo quando se trata de assunto tão melindroso como a gestão de políticas educacionais.

         Com 5.570 municípios, espalhados numa vasta área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, qualquer política pública eficaz e justa tem, necessariamente, que lidar com essa realidade concreta, e ainda obedecer ao fato de que cada ente federativo é autônomo e com atribuições múltiplas e descentralizadas, conforme estabelecidas pela Constituição atual.

         Implementar serviços públicos de qualidade, num país tão complexo como o Brasil, onde existem diferenças fiscais de toda a ordem e onde variam também a capacidade de gestão de cada uma dessas unidades, não é, definitivamente, um trabalho para principiantes ou indivíduos sem o devido preparo e ânimo. Por mais complicada e difícil que seja a tarefa de implantar uma educação de qualidade e inclusiva no Brasil, todo o esforço se esvai se esse trabalho não se iniciar pela qualificação e melhoria nos planos de carreira daqueles que atuam nesse setor, melhorando salários, incentivando cursos de aperfeiçoamento, além, é claro, de construir e equipar as escolas com tudo que seja necessário para o pleno desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

         Nenhum esforço, por mais bem intencionado que seja, terá o poder de melhorar nossos índices educacionais, se não contar com a mobilização em massa da sociedade e, sobretudo, com o apoio e presença de pais de alunos e da comunidade no entorno de cada escola. Sem o envolvimento da população em peso, dificilmente uma tarefa dessas proporções terá êxito, ainda mais quando se sabe que, pela Constituição, a educação é posicionada como sendo um esforço de natureza nacional e com sistemas de ensino organizados em regime de colaboração.

         Essa união da sociedade em torno desse objetivo, apesar de extremamente necessária, não pode ser feita no período de um ou dois governos, mas terá que ser rigorosamente cumprido no longo prazo, durante gerações. Para tornar essa missão ainda mais complicada, é preciso ver que, dentro de cada questão relativa aos problemas da educação, existe ainda uma espécie de subproblemas que parecem embaralhar, ainda mais, essa tarefa.

         Dessa forma, de nada adianta universalizar o acesso à educação, se os alunos não forem mantidos nas escolas até a conclusão, ao menos, do ciclo básico. Por outro lado, torna-se inócuo manter os alunos nas escolas, se, ao final desse primeiro ciclo, eles não forem capazes de resolver as questões inerentes a essa etapa, como compreensão de textos e resoluções de operações simples matemáticas, entre outras habilidades próprias para a idade.

          Mas, para dar início a esse verdadeiro trabalho de Hércules, é preciso antes resolver o problema das profundas e persistentes desigualdades regionais, consideradas, por especialistas no assunto, como as maiores do planeta. Somos um país imenso territorialmente e imensamente desigual na distribuição e concentração de rendas. Nesse ponto, é próprio considerar que nossa desigualdade e concentração de renda são as principais raízes de nosso subdesenvolvimento prolongado e, enquanto esses problemas não forem solucionados, todos os outros também não o serão.

           Políticas públicas desenvolvidas sobre um país tão desigual estão fadadas ao fracasso ou a um sucesso pífio e momentâneo. Infelizmente, até aqui e diante desse quadro, o Brasil não tem sido capaz de desenvolver programas e modelos capazes de enfrentar e superar essa dura realidade histórica.

          É preciso atentar para o gigantismo da estrutura educacional pública do país. São quase 50 milhões de alunos matriculados na educação básica, principalmente na rede pública; quase 2 milhões e meio de professores, a maior categoria profissional do país, além de 178,4 mil estabelecimentos escolares; o que faz, do Brasil, um gigante mundial também no setor educacional. Trata-se, portanto, de um desafio imenso que precisa ser feito por milhões de brasileiros ao longo de muitas décadas e que precisa ser iniciado o quanto antes.

A frase que foi pronunciada:

“A educação é simplesmente a alma de uma sociedade a passar de uma geração para a outra.”

G. K. Chesterton

G.K. Chesterton

 

Atitude

Corre, pelas redes sociais, o vídeo do Adolfo Sachsida (Minas e Energia), comemorando a redução no preço da gasolina. No Noroeste, estava a R$5,99. O ministro aproveitou a oportunidade para registrar a nova fase dos combustíveis.

História de Brasília

Já está em pleno funcionamento, a pista do aeroporto de Brasília, e graças a Deus não houve nenhum desastre fatal. (Publicada em 02.03.1962)

De olhos bem fechados para outubro

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

 

          Fechar os olhos à realidade em volta é o mesmo que andar descalço sobre um chão forrado de cacos de vidro. Do mesmo modo, de nada adianta parte da mídia fingir que não enxerga a extensa folha corrida ou capivara, no jargão policial, apresentada pelo candidato das oposições e que não para de surpreender a todos pelo acréscimo constante de crimes de toda a natureza.

         Não bastasse o diálogo “cabuloso” que esse ex-mandatário mantinha com as lideranças do crime organizado, conforme revelado por escutas feitas pela própria polícia, a votação surpreendente que o seu substituto, Haddad, receberia da população carcerária nas eleições de 2018, não deixa margem para dúvidas de que estamos diante de um candidato favorito, pelo menos, entre os quase um milhão de presos que cumprem pena nas penitenciárias de todo o país. Mais de 82% desses cidadãos, que, em tese, não deveriam ter o direito de votar, preferem, segundo pesquisa do Globo, que esse candidato assuma o comando do país.

         Não é por outro motivo que, em suas declarações em comícios, volta e meia surgem menções à liberação das drogas, da “injustiça” sofridas pelos “meninos” que roubam celulares, ou quando se mostra orgulhoso por sua cruzada, para libertar, da cadeia, os sequestradores do empresário Abílio Diniz. As ilações de que esse candidato sempre manteve interlocuções com o mais ativo e perigoso grupo do crime organizado são antigas e se sucedem, desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto em 2002.

         A mais importante e conhecida jornalista investigativa da Espanha, Cristina Segui, que, há décadas, dedica-se com afinco a acompanhar os bastidores da política ibero-americana, vem fazendo denúncias sérias da conexão existente entre os partidos de esquerda em seu continente e, principalmente, na América do Sul, com o narcotráfico latino-americano. A Segui cita, em sua pesquisa, Lula e Dilma Rousseff como políticos que receberam ajuda financeira para alavancar o Partido dos Trabalhadores, desde seu surgimento nos anos oitenta.

         Toda essa revelação bombástica, e que não recebeu atenção devida da imprensa brasileira, teria surgido a partir da prisão do ex-chefe de inteligência do governo chavista da Venezuela, Hugo Carvajal, conhecido como El Pollo. Extraditado para os EUA, Pollo falou o que sabe e o que presenciou na Venezuela e em outros países como o Brasil, Espanha e Portugal. Há, segundo Cristina Segui, uma extensa rede internacional, formada pelos mais poderosos carteis de drogas, para apoiar, financeiramente, os partidos de esquerda nos dois lados do Atlântico, pois sabem que a ascensão dessas siglas ao poder ajuda a dar proteção ao comércio ilegal de drogas e armas, fazendo vista grossa dessas atividades, ao mesmo tempo em que recebem partes dos lucros com essas transações.

          Essa é, de fato, uma longa e tenebrosa história que deveria merecer uma investigação parlamentar aprofundada aqui no Brasil, mas que, misteriosamente, continua sem o mínimo de atenção. O perigo trazido por essa associação criminosa entre esses cartéis é o da formação de verdadeiros Narco-Estados, como ocorre hoje em países como a Venezuela. Para dar ainda maior tensão a uma situação que em si já é bastante delicada e nefasta, investigações recentes, feitas pela Polícia Federal e que resultou na prisão do maior e mais procurado contabilista do crime organizado do Brasil, mostrou que esse técnico em finanças era também quem fazia as declarações de imposto de renda do ex-presidente Lula há anos, sendo que, no prédio onde estava instalada sua “consultoria”, funcionava também o escritório do Lulinha, outro craque em finanças.

         Para dar ainda mais um tom cinzento a todos esses fatos, recentemente, o notório Marcos Valério, o homem da mala petista, preso e condenado no escândalo do mensalão, resolveu revelar, em delação premiada, os estreitos laços existentes entre o PT e a maior organização do crime que age no país, dando detalhes sobre essas amizades perigosas. Apenas um pouco de todos esses fatos já seriam, num país sério, motivo para parar tudo e dar início a investigações aprofundadas. Mas, em se tratando de Brasil, onde tudo acaba em pagode e roda de samba, todo esse cenário de mau augúrio, que se prenuncia para outubro, é considerado exagero. A fusão do PCC, formando a sigla política PTCC, para a Segurança Nacional, não passa de fake news.

A frase que foi pronunciada:

“Não é o que você olha que interessa. É o que você vê.”

Henry David Thoreau

Henry David Thoreau. Foto: Benjamin D. Maxham

 

I Encontro Regional de Palhetas Duplas do Centro-Oeste

Homenagem ao professor Václav Vinecky, na Escola de Música, com entrada franqueada ao público. Ao piano, Marília de Alexandria; oboé, Ravi Shankar e Sandra Romero; Kleber Lopes, Moisés Pena e José Medeiros representarão a OSTNCS, e o professor Lamartine representará o grupo de Choro do IFG- Campus Goiânia. Também a presença de Roseane Cruzeiro, como palestrante. De amanhã ao dia 10, no Teatro Levino de Alcântara, na Escola de Música, às 19h30.

 

História de Brasília

E as empresas são quase que forçadas a transmitir essas mensagens, apesar das restrições impostas pelo Código de Comunicações. O pessoal da Camargo Corrêa quando quer falar com o sr. José Paulo Viana, usa sinais de fumaça da usina de asfalto, porque o telefone está quebrado há mais de um mês, sem que ninguém o conserte. (Publicada em 02.03.1962)

Alienação ou desilusão

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Cazo

 

         Ora, ora, ora. O que estaria por detrás do crescente e perigoso desinteresse dos brasileiros pelo processo eleitoral, conforme demonstrado pelo próprio TSE? Você não precisa ser um eminente cientista social para entender que, nessa equação que pode muito bem dinamitar nossa jovem democracia, esconde-se um quesito básico: a qualidade duvidosa de parte dos nossos representantes políticos.

         É nessa flagrante desqualificação moral, ética, administrativa e mesmo política, no sentido exato do termo, que reside todo esse problema e que faz com que mais de um quarto de nossa população venha, a cada eleição, perdendo o interesse pelo mundo político, conforme ele é apresentado hoje ao eleitor brasileiro.

         Dizer que nossos representantes possuem a cara e a alma dos representados não resolve a questão, pois esse é um fato que diz respeito apenas àquela pequena parcela da população que, nessa altura dos acontecimentos, ainda acredita em políticos profissionais e toda as suas falações ilusórias. São esses eleitores que, como massa de manobra, seguem ainda as caravanas políticas ou atrás desse trio elétrico de papelão, de olho sempre nas migalhas que irão cair das mesas fartas desses líderes de si mesmos.

         Essa verdadeira alienação eleitoral, apontada por estudos e que faz, do voto obrigatório, um escárnio nacional, parece ser um projeto bem pensado por essa elite, para incutir na nação a descrença na democracia e seus valores universais.

          Um outro elemento a ajudar nessa desilusão do processo eleitoral vem num pacote só e corresponde a dois pontos também cruciais, todos eles vindos de uma só fonte: o Judiciário. A urna eletrônica, cujos avalistas são os próprios próceres do TSE e a impunidade, é apresentada à Nação,na forma de proteção aos poderosos corruptos de colarinho branco.

         Melhor do que alienação, conforme mostra o estudo da Justiça Eleitoral, seria nomear essa pesquisa pelo substantivo masculino “desilusão”. É esse o sentimento geral e nada parece mais apropriado. Desesperador é notar que, enquanto a população vai virando as costas para as eleições e tudo o que ela tem trazido de nefasto, na contramão desse desdém, observa-se a adesão às urnas, cada vez maior, dos presos e condenados, nos candidatos da esquerda.

         Levantamento feito pelo Globo, ainda em 2019, mostrou que nada menos do que 82,47%, de aproximadamente 920 mil presos, votaram em Haddad, nas eleições de 2018, contra apenas 17%, que preferiram Jair Bolsonaro. Se serve de consolo, o pouco caso da população brasileira em relação às eleições e aos políticos não é restrita ao Brasil. O fato é que essa tendência também é observada em outros países do nosso continente, principalmente aqueles que foram governados pela esquerda política.

         Portanto, esse desencanto não é um fenômeno só nosso, sendo comum a todos aqueles que passaram pela experiência de serem governados pela esquerda. Quem provou não gostou e não esquece. Um momento interessante de volta ao passado é folhear os jornais de 2018 com os resultados das pesquisas e comparar com os nomes dos candidatos efetivamente eleitos. Chega a ser divertido.

         Vale o leitor buscar as pesquisas no portal do TSE. As antigas e as atuais. Nas atuais, o número de entrevistados é ínfimo. O que são 2.000 pessoas escolhendo um candidato? O possível retorno da esquerda ao poder no Brasil, conforme querem fazer crer os “insuspeitos” institutos de pesquisas de opinião, é uma prova de que, a essa alienação eleitoral, vêm se juntar também outros fatores de ordem negativa, como a pouca escolaridade da população, seu grau de dependência assistencialista do Estado, bem como a crença de que governos, ditos “populares”, são democráticos e, portanto, governam em nome da liberdade e exclusivamente para a população. Nada mais falso do que isso. Basta observar o que ocorre em países em que eles estão no poder ou para nosso próprio passado imediato.

 

A frase que foi pronunciada:

“O voto tem sido um direito fundamental em qualquer estado democrático, mas quando as pessoas não se sentem devidamente representadas, os políticos acabam governando uma população desinteressada.”

Publicado no behorizon.org, sobre as eleições na França.

Foto: Francois Mori/AP

 

Origens

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, visitou o Espaço Cordel e Repente – Sertão de Carne e Alma, na 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Conversou com Helena Roraima Leite, filha do poeta e jornalista Rogaciano Leite (1920-1969),  por ocasião do lançamento da 5ª edição do clássico “Carne e Alma”, de autoria do consagrado bardo.  A Bienal foi aberta no sábado e encerra os trabalhos no dia 10.

Marcelo Rabelo. Foto: nilljunior.com

 

História de Brasília

Agora, como se não bastassem os serviços do DCT, os deputados investem, também, contra as empresas de aviação, utilizando seus serviços de rádio. Outro dia, uma empresa não sabia o horário de um avião, porque o tráfego estava congestionado, em virtude do grande número de mensagens de deputados. (Publicada em 02.03.1962)

Vitória da impunidade?

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Operação Lava Jato

 

Com a publicação de nova resolução (Lei nº 14.230 de 2021), a Lei de Improbidade Administrativa (LIA) era formalmente enterrada, tornando as sanções aplicáveis, aos maus gestores públicos, em letra morta. Assim, todos os atos de improbidade e de má gestão dos recursos públicos, e que antes acarretavam, além da inelegibilidade, instauração de processos administrativos disciplinares e diversas outras penalidades, que iam da previsão de indenização completa ao erário, devolução do patrimônio ilicitamente auferido até a perda de função pública com suspensão de direitos políticos, chegava ao fim.

Essa era, para muitos juristas, a Lei das Leis e que teria o condão de trazer o Brasil para o século XXI, acabando com a roubalheira que, há décadas, assola grande parte dos mais de 5 mil municípios espalhados por todo o país. Sob o pretexto de que estariam havendo excessos na aplicação dessa norma, prefeitos de todo Brasil fizeram um grande lobby nacional dentro do Congresso, onde, aliás, estão muitos políticos enrolados e respondendo processos por crimes contra o erário, e acabaram conseguindo que a Lei de Improbidade fosse literalmente depenada, sem dó ou piedade, por deputados e senadores, tornando, essa importante lei, uma norma inócua e sem qualquer efetividade no combate à corrupção endêmica. Vitória da corrupção que já havia conseguido esfacelar as dez medidas de combate ao crime, além da prisão em segunda instância que estava enfim assegurada. Restava, nesse velório da ética pública, acabar com o último bastião da moralidade, representado pela Operação Lava Jato.

Eram seis pilhas de um metro quadrado de área por cinco metros de altura cada, contendo notas fictícias de R$ 100, que ficaram expostas por um longo período na Boca Maldita, principal rua de Curitiba. O monumento simbolizava o montante de R$ 4 bilhões recuperados pela força tarefa da Lava Jato. É pouquíssimo, se comparado ao volume fantástico de dinheiro desviado por grupos políticos diversos, apenas na última década. É, contudo, muito dinheiro para os padrões de um país como o Brasil, onde, historicamente, a impunidade e corrupção sempre foram tratadas de forma parcimoniosa pelas autoridades, sempre constrangidas em punir pessoas e grupos do mesmo estamento social, político e econômico.

Segundo estimativas feitas por técnicos no rastreio de dinheiro de origem suspeita, o Brasil perde por ano, em média, R$ 200 bilhões com esquemas de corrupção. Somente com relação à Petrobras, calcula-se que as contas ficaram no vermelho com R$ 40 bilhões, embora, de forma oficiosa, a estatal tenha divulgado, à época, um “prejuízo” de apenas R$ 6 bilhões, com desvios de dinheiro dos cofres da empresa.

Para se defender de processos no exterior, a estatal apresentou, à época, argumento em cima da tese de que foi vítima da ação dos corruptos, embora a justiça dos Estados Unidos e de diversos outros países, que possuem recursos investidos na empresa, afirmassem que havia muitos funcionários de carreira da Petrobras envolvidos diretamente nestes esquemas nebulosos. Hoje, políticos não podem argumentar, de boa-fé, que a Petrobras não esteja fazendo bem o seu papel. É bom que seja divulgado que na verdade a Petrobras paga mais impostos do que a Aplle e Microsoft juntas.

De todas as variáveis possíveis que envolvem os diversos casos de corrupção que vieram à tona nos últimos anos, a maior certeza e o ponto fundamental que tem possibilitado o prosseguimento das ações é dado pelo apoio maciço da população ao combate de desvio de dinheiro público. A população, principalmente a de baixa renda, sente, na própria pele, os efeitos nocivos e mesmo fatais que a corrupção provoca na vida da maioria dos brasileiros.

A longa crise social, econômica e política dos últimos anos teve, ao menos, o condão de mudar a percepção de boa parte da sociedade não somente para os problemas do país, mas, sobretudo, para aumentar o desejo e a atitude de muitos em direção aos valores individuais, fazendo florescer, nos brasileiros, um sentimento mais individualista e voltado exclusivamente para as necessidades imediatas das próprias pessoas.

Os efeitos da corrupção sistêmica, conforme implantado pelos governos petistas e que tinham, como objetivos diretos, o enfraquecimento do Estado paulatinamente ao empoderamento do partido, apesar das investidas da polícia e de toda a revelação da trama, deram frutos diversos. Uns bons. Outros nem tanto. Ao aumentar a descrença na política, retardou a consolidação plena da democracia. As revelações feitas pela política e pelo Ministério Público, apresentaram, para o distinto público, uma elite corrupta e disposta a tudo para enriquecer rápido e sem esforço.

Para um país que conta com mais de 700 mil presos, em condições sub humanas de cárcere, essas revelações serviram muito mais do que um simples incentivo para a ação continuada no mundo do crime. Deu, a essa parcela da população, a certeza de que a cadeia ainda é lugar para os pobres.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os estadistas diferem dos políticos porque os primeiros pensam no futuro do país e os segundos nas próximas eleições.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org

Cidadãos de segunda classe

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Mário

 

         Quando a questão é o relacionamento entre o cidadão e o Estado, é lícito dizer que pouca coisa mudou de fato desde o Brasil colônia. Ao longo dos séculos, desde que por aqui foram estabelecidos os governos gerais pela metrópole portuguesa, as relações entre a população, tanto no seu coletivo, como individualmente, sempre foram desiguais, para dizer o mínimo.

         Essa dissimetria decorre desde que, por essas bandas, foram estendidas as relações mercantilistas, que orientavam a economia mundial naquele período, colocando a metrópole no centro das decisões e tornando a colônia uma economia complementar, submetida às diretrizes dos monarcas lá em Lisboa.

         A noção de Estado e cidadania é, entre nós, uma experiência recente que ainda parece engatinhar, tal a dominação e ascendência do governo sobre toda a população. Temos, em nosso caso e em pleno século XXI, um modelo político desigual em que o Estado se apresenta como uma entidade dotada de grandes poderes e que age com certa onipotência sobre a população, que é, em sua maioria, indefesa e sujeita aos humores dos governos e sempre tutelada por uma elite política que controla, com mão de ferro, a máquina do Estado no momento das cobranças.

         Dessa forma, substituímos o antigo mercantilismo da era moderna, pelo estatismo, com o Estado empreendendo e atuando febrilmente onde deveria estar a iniciativa privada, produzindo riquezas que, ao fim e ao cabo, são drenadas e apropriadas, em sua grande parte, pela elite no governo e em seu entorno imediato, formado pelos campeões ou, mais propriamente, por uma camada de oligarcas escolhida a dedo, por critérios de compadrio ou outros relacionamentos pouco ou nada republicanos.

         Qualquer cidadão da base da pirâmide social ou aquele que acredita ainda sê-lo pelos “poderes da Constituição”, que tiver a má sorte de ficar em dívida com o Estado, por qualquer motivo, e vier a cair em arapucas do tipo “malha fina” da Receita ou for mandado para o purgatório eterno da dívida pública, por débitos junto aos fornecedores de água ou de eletricidade ou mesmo tiver questões pendentes na área de trânsito ou de licenciamento de veículos, isso para ficar no básico, poderá experienciar na carne o quão é desigual perante a lei e o quão é pequeno e indefeso perante o Estado leviatã.

         Esse mesmo cidadão de segunda classe custa a acreditar quando observa que, para aqueles que estão no alto da pirâmide e que devem bilhões de reais ao Erário, por falcatruas diversas, incluindo corrupção e lavagem de dinheiro, o Estado age com mão leve, fazendo todo o esforço para amenizar as agruras momentâneas do rico devedor. Para esses, existem os mecanismos brandos da falência assistida e dos empréstimos amigos para solucionar a insolvência.

         Para os devedores de segunda classe, a lei, para os devedores vips, todos os esforços do Estado para apaziguar a questão. Observe bem o que ocorreu com os irmãos Batistas, da Friboi. Compraram, literalmente, toda a República, com o dinheiro dos contribuintes, em forma de renúncia ou incentivos e outras benesses via BNDES, confessaram os crimes, graças à Lava Jato, e foram para os EUA cuidar da vida. Um outro Batista, o Eike, milionário, amigo do governo, meteu-se pelos mesmos caminhos tortos. O que ocorreu depois ainda é incerto. Tudo isso e mais outros milhares de casos dessa natureza, envolvendo os amigos do rei, poderiam ficar como estão, não fosse por um detalhe: no fim das contas, quem irá ficar com o prejuízo e terá que pagar por esse e outros rombos espetaculares, feitos à luz do dia e com aval expresso da elite do Estado, é você.

         A você, caberá a tarefa de cobrir por essas falcatruas bilionárias, ao mesmo tempo em que deverá arranjar uma maneira de quitar sua dívida irrisória junto aos fornecedores de luz e de água ou do Detran. E é melhor andar logo por que a sua dívida, ao contrário do que ocorre com os poderosos, é entregue para bancos ou agências agiotas que irão cobrar juros diários, transformando um atraso que era de R$ 50,00 em um novo passivo de mais de R$ 50 mil.

A frase que foi pronunciada:

“Verdadeiro” e “falso” são atributos da fala, não das coisas. E onde não há fala, não há ‘verdade’ nem ‘falsidade”.

 Thomas Hobbes, Leviatã

Thomas Hobbes. Foto: Wikimedia Commons

 

Bolsonaro

Tucker Carlson, ícone da TV norte americana, veio conhecer o outro lado da notícia face a face. Vamos ver o que diz quando estiver nas telas novamente. Pode falar muito bem ou muito mal. É independente nos seus editoriais.

O presidente Jair Bolsonaro e o jornalista norte-americano Tucker Carlson                Foto: Reprodução/Twitter

 

História de Brasília

As crianças de Brasília estão empinando papagaios com uma linha protegida por uma película metálica. Com isto, cortam a linha dos que não possuem proteção, dando sequência a uma brincadeira de muitos anos. (Publicada em 02.03.1962)

Ex-auxiliares são para sempre

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Pedro Guimarães. Foto: Cristiano Mariz/VEJA

 

         Tudo o que o atual presidente da República não necessitava nesse momento era ter que engolir os casos espinhosos, quase simultâneos, envolvendo integrantes do primeiro escalão de seu governo. Nos dois casos, as acusações são sérias e podem, dependendo do andamento das investigações, resultar não só em prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro e do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, como respingar diretamente no governo, prejudicando uma possível reeleição do próprio chefe do Executivo.

         Nos dois casos, um envolvendo corrupção e outro o crime de assédio sexual, as acusações são pesadas e de difícil resolução sem uma apuração mais profunda e demorada, o que pode facilmente levar esses casos para além das eleições de outubro. Se foi uma estratégia política, deu certo. Observando esse imbróglio, do ponto de vista da oposição e tendo como pano de fundo a capivara criminal do candidato das esquerdas, todo esse escândalo, envolvendo os auxiliares diretos do presidente da República, parece delito menor, coisa de punguista e importunador. Agora, observando todo esse caso sob o ângulo da Justiça, principalmente das altas Cortes, onde o presidente possui antagonistas visíveis e fidagais, todos esses casos podem descambar num ruidoso e desgastante processo, onde crimes como prevaricação e acobertamento de inúmeros casos anteriores de assédio podem ter sido praticados.

         De todo o modo, fica, mais uma vez, a lição a ser seguida na escolha criteriosa dos assessores que serão alçados ao primeiro escalão, pois a cara de um governo é exatamente a cara de seus ministros e auxiliares mais próximos. No caso do presidente da Caixa, a escolha foi pela competência profissional, que é incontestável. Não tem sido poucos os casos em que as debilidades de um presidente ficam amortecidas e até não vistas, graças à excelência exibida por sua equipe direta. A questão aqui é que o mérito ou não fica sempre por conta de quem nomeou esses personagens, em ato público, com assinatura e tudo, timbrada em documento oficial.

          Outro problema que pode surgir desses eventos malfazejos é esses personagens virem a ameaçar o governo e outras autoridades, com promessas de contar o que sabem e o que não sabem, como fez Weintraub e Palocci. Esses e outros casos mal explicados podem ainda gerar futuros, uma vez que se sabe que ex-auxiliares próximos são como ex-esposas: são para sempre e, na virada da esquina, podem muito bem voltar sua artilharia contra o presidente. O que não se pode, nesses dois casos rumorosos do momento, é fingir que eles não dizem respeito ao Executivo, já que são ex-auxiliares do governo, entregues ao critério da Justiça. A coisa não é assim tão fácil. Há laços e muitos laços a envolverem quem fica e quem parte.

         Uma coisa é certa: apesar da desfaçatez com que Lula discursa sobre o futuro da Petrobras, numa eventual volta sua ao poder, o ex-presidente foge, como o diabo da cruz, de assuntos relativos à corrupção. Não se fala de corda em casa de enforcado, diria o filósofo de Mondubim.

 

A frase que foi pronunciada:

“A liberdade não pode ser mero apelo da retórica política. Ela deve exercer-se dentro daqueles velhos princípios. que impõem, como único limite à liberdade de cada homem, o mesmo direito à liberdade dos outros homens.”

Ulysses Guimarães

 

Chegando a hora

Mesários começam a receber a comunicação para fazer parte do corpo de voluntários nas eleições. Uma mensagem preliminar é enviada pelo Whatsapp. O chamado que, no passado, era quase uma ameaça está bem mais amigável.

 

Habite-se

Foi uma saga para o nosso leitor conseguir cumprir todas as regras para receber o alvará de sua nova residência. Mas o processo empacou quando foi cobrado pela Novacap a instalação de reservatório de retenção de águas pluviais na residência. Mesmo que a legislação deixe claro que a providência seja opcional para o morador, novamente a burocracia emperra o processo para quem quer fazer tudo certo.

Foto: novacap.df.gov

 

Psique

Todo assédio sexual é, antes de tudo, um caso de assédio moral. O assédio é, do ponto de vista psicológico, uma pulsão, sendo a importunação moral ou sexual oriundas de mesma matriz. O que o predador tem à sua frente é o objeto do desejo que deve ser submetido ou a Eros ou a Thanatus.

 

PM

Censo demográfico no Lago Norte. Os recenseadores estarão identificados. O Batalhão da Polícia Militar da região disponibilizou o WhatsApp 994267168 para quaisquer dúvidas.

Foto: comdono.com

História de Brasília

Quem gosta de ouvir o Jornal Falado Tupy de manhã, está reclamando que em ondas médias, uma estação de rádio amadores está provocando interferência. (Publicada em 02.03.1962)

Mirem-se nos exemplos das Unidades de Resgate dos Bombeiros e no Hospital de Base

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Hospital de Base. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília – 20.6.2017

 

Todas as noites, enquanto você e sua família dormem tranquilamente, milhares de profissionais da saúde do Distrito Federal estão envolvidos no mais estressante e urgente trabalho de atendimento aos socorridos, que dão entrada a cada instante, nos hospitais da capital. Os casos são variados e sempre graves. A interação entre os socorristas e o pessoal dos hospitais, que estão de plantão na madrugada adentro, deve ser precisa e imediata.

É nesse ponto que todo o trabalho de socorro pode dar, ou não, os resultados positivos que todos esperam. Um atraso em cada um desses lados é fatal e pode custar a vida de muitos. Os socorristas que dão plantão nas diversas Unidades de Resgate dos Bombeiros, distribuídos por toda a cidade, trabalham incessantemente durante toda a noite, e sob todas as condições, buscando e levando, para os hospitais mais próximos, vítimas de acidentes e outros cidadãos que necessitam de socorro imediato. Trata-se de um trabalho da mais alta importância.

O crescimento desordenado da capital nessas últimas décadas, com o estabelecimento de centenas de novos bairros, a maioria erguidos sem muitas cautelas urbanísticas, com ruas e becos estreitos e sem iluminação, sem endereço ou CEP oficial, fez ,de muitas áreas periféricas do Distrito Federal, verdadeiros labirintos, onde nem a polícia ousa circular nas madrugadas.

É em lugares assim, fora dos mapas da civilização, que esses socorristas atuam, resgatando vítimas da violência diuturna, acidentes ou emergência física ou mental, que assolam esse lado da cidade. São heróis anônimos que estudaram por anos para salvar, diuturnamente, os cidadãos.

Para esses profissionais, que ajudam a zelar pelo seu sono tranquilo, sabendo que a cidade está entregue em boas e seguras mãos, a missão de conduzir para os hospitais é apenas a primeira e mais importante etapa do resgate. A segunda etapa, que é a do atendimento de emergência dentro das Unidades de Saúde, cabe inteiramente aos hospitais nas diversas Regiões Administrativas do Distrito Federal. E é aí que todo esse trabalho encontra um diagnóstico duvidoso e falho. Não são raros os casos e relatos, vindos das pessoas atendidas pelo serviço, de adentrarem os Hospitais Regionais e, nesses locais, não encontrarem os profissionais que ali deveriam estar. “Estamos sem cirurgião” ou “estamos sem esse ou aquele especialista”, é o que se ouve nessas unidades de saúde.

Nesse ponto, o que resta fazer e muitas vezes é feito, é levar o paciente para outro hospital, numa viagem em que a vida e a morte estão sentadas frente a frente. Muitas são as vezes em que esses casos se repetem. Quem geralmente salva essa situação extrema é sempre o Hospital de Base, que, nesse caso, fica sobrecarregado por não negar atendimento. No Hospital de Base de Brasília, estão os melhores profissionais de saúde de todo o Distrito Federal. Tanto médicos como pessoal de enfermagem. Quem já precisou sabe. Quem um dia precisar, saberá também.

Esse Hospital tem salvado não só os pacientes que ali chegam, como tem ajudado a salvar também a imagem arranhada dos Hospitais Regionais. A questão aqui é tentar entender como pode uma unidade de saúde como o Hospital de Base ser tão eficiente no que faz e ter, ao mesmo tempo e até com os mesmos recursos, outras unidades, como os Hospitais Regionais, apresentando tanta deficiência. Ou falta gestão nesses HRs, com severidade no controle de presença dos médicos, ou o caso é mais sério ainda. O que não pode é debitar boa parte do atendimento da população apenas ao Hospital de Base.

Se fosse de interesse das autoridades, uma blitz incerta nos Hospitais Regionais feita pela Secretaria de Saúde poderia solucionar esse mistério que se repete com cada vez mais constância. Aos socorristas e às Unidades de Resgate dos Bombeiros e ao Hospital de Base, nosso agradecimento. Aos Hospitais Regionais, por enquanto, nossa esperança de dias melhores.

 

A frase que foi pronunciada:

“O que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.” 

Madre Teresa de Calcutá

Madre Teresa de Calcutá. Foto: Divulgação

 

Tempo, tempo, tempo

Algum dia chegará ao Brasil alguém capacitado para exterminar a burocracia. Leitor nos envia uma missiva contando a saga para se aposentar. Marcado o atendimento presencial, quase dois meses depois, com os documentos exigidos, o encontro foi apenas para copiar e devolver a documentação. Mais alguns meses aguardando os analistas e outras dezenas de dias para o final do processo. A falta de cruzamento de dados entre as instituições do governo local e federal é impressionante. Estamos em pior situação que a Idade da Pedra. Naquele tempo, não havia burocracia.

Charge do Bier

 

História de Brasília

As grandes sabotagens do momento: O presidente do Iapfesp vem a Brasília e não visita as obras paralisadas, nem dá ordem para seu prosseguimento. O presidente do Iapb viaja para o Rio, e faz declarações à imprensa dizendo que construirá na Asa Norte. Não sabe, sequer, que será na Asa Sul, onde a planta já foi aprovada. (Publicada em 02.03.1962)

Afronta ao bom senso

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

 

          Nada em nosso país está tão ruim que não possa, de algum modo, ser piorado. É com esse tipo de pensamento niilista que vamos, a cada ano, escorregando ladeira abaixo, indo de encontro ao fundo de um poço lamacento que cavamos com nossos próprios pés.

         Curioso é notar que essa travessia descendente tem sido, na maioria das vezes, obra e engenho de nossa elite política. É o que temos e o que merecemos ter por não dar a importância devida ao ato de votar. Sabedores desse nosso desdém histórico por nosso próprio destino, nossos representantes, há muito, descobriram que, melhor mesmo e mais proveitoso, é representar-se a si mesmo, retirando, da função política, o máximo de proveito possível.

          E assim, nós, o povo representado, vamos, a cada novo pleito, elegendo, para os mais altos postos da máquina do Estado, indivíduos que irão empreender todos os esforços para representar a si e aos seus, deixando o eleitor sentado à beira do cais, a ver navios pelos próximos quatro anos. A desfaçatez e a coragem, com as quais alguns da nossa classe política agem em proveito próprio, só encontram paralelo, e em sentido contrário, com nossa timidez. O alvoroço agora é em torno da chamada “PEC das Embaixadas”, que abre caminho para os parlamentares ocuparem cargos de embaixador, mesmo sem ter que renunciar aos mandatos. Caso venha a ser aprovada, como querem os senadores, antes mesmo das eleições, a emenda nos levará à seguinte situação esdrúxula: o político é eleito para representar os cidadãos ou seus estados, não representa nem um, nem outro e, mesmo antes de atuar para a função que foi eleito, vai ser embaixador, inclusive no charmoso circuito Elizabeth Arden, que compõe as representações em Paris, Londres, Roma e Washington. Tudo isso sem ser do métier diplomático, sem falar outra língua, sem preparo e traquejo. Ou seja, vai fazer feio lá fora, ajudando a piorar a imagem do país, como se isso fosse ainda possível.

         Na melhor das hipóteses esses novos embaixadores biônicos, uma gente que, sabidamente, não seria aprovada num concurso para o Rio Branco, irão representar a si mesmos, deixando as relações internacionais do país para os entendidos desse delicado assunto. Não será surpresa se o texto for aprovado. Surpresa desagradável pode ocorrer caso algum país, depois de analisar a folha corrida do futuro representante do Brasil, não conceder o agreement.

         Num país sério, esse tipo de proposta, que pode colocar os interesses da nação em jogo, não seria, sequer, apresentada. Já temos, internamente, muitos motivos para nos envergonharmos. Querer levar essa afronta ao bom senso além das fronteiras é que não dá.

A frase que foi pronunciada:

“O sentimento de gratidão raros homens o possuem e mais raro ainda ou menos duradouro é ele nas coletividades humanas que se chamam Nações.”

Barão do Rio Branco

Foto: © Ministério das Relações Exteriores

 

Resiliência

Dona Ercília, conhecida na parte norte da cidade, é uma senhora que chama atenção porque anda à pé pela estrada Varjão/Paranoá sempre com os pés descalços. Sem ter quem a oriente com honestidade, está há dias tentando conseguir qualquer cartão de ajuda do governo. Mas as pessoas mandam que ela vá de um lado para outro, e assim ela segue durante meses.

Foto: Sedes/Reprodução

 

GDF

Para o pagamento do IPTU e IPVA, e outros impostos no recibo emitido pelo banco, o GDF indica apenas “GDF Conta Arrecadação”. Não há discriminação e parece que também não há transparência. Para o controle das contas do contribuinte e do caixa do governo, seria bom que viesse no recibo à que se destinou o pagamento.

 

Pratas da Casa

Agora, com instalações mais confortáveis, o Clube do Choro de Brasília continua oferecendo a boa música à cidade. A Escola de Choro Raphael Rabello é gratuita e com professores talentosos. Valem à pena uma visita, uma matrícula, um show.

 

Lá e cá

Nonceba, mãe de um garoto de 11 anos, comenta que, depois do apartheid, a África pode vivenciar a liberdade de modo alegre e duradouro. Mostrou preocupação com as crianças, que agora têm uma lei especial de proteção. O problema é o mesmo que no Brasil. Muitos direitos defalta de conhecimento dos deveres. O resultado são professores desrespeitados, apedrejados, crianças sem limites e, provavelmente, sem futuro.

 

História de Brasília

A CTB procura desmoralizar o DTUI para ficar com o tráfego Telefônico de Brasília, e funcionários do DCT, desmoralizam sua repartição para provocar a entrada da Western em nossas comnicações. (Publicada em 02.03.1962)

O cordão da vida e morte

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Arte: institutoliberal.org

 

         Aborto. Eis aqui uma questão que, a princípio, deveria ficar apenas ao alvitre das mulheres e de autoridades femininas, por motivos óbvios. Mas, em se tratando de um assunto que, quer queiramos ou não, estende-se para toda a família e, por tabela, acaba atingindo também a sociedade, o aborto é, de fato, uma discussão que diz respeito a todo o ser humano. Afinal, esse é tema que fala de vida e de morte, de religião, de ética, de moralidade, de cultura, de ciência e de medicina. Não é, portanto, um tema vulgar, embora muitos o tratem assim. Por isso mesmo, não é nossa intenção tratar de um assunto tão sério e em poucas linhas.

         Não resta dúvidas de que o tema aborto é uma questão enciclopédica e que acompanha a humanidade desde as cavernas, sendo praticado de várias formas, por motivos diversos e, ainda hoje, é considerado um assunto controverso, muito longe de uma aceitação plena. A discussão aqui, em pleno século XXI, embora muito longe de consenso, ganhou dimensão nunca antes verificada. A razão está no próprio alargamento das mídias sociais. Há hoje uma espécie de debate mundial sobre o tema aborto, catalisado pela Internet e que atinge praticamente todo o planeta.

         Há ainda fatores de ordem demográfica a expandir essa discussão. Num mundo em que a explosão populacional é uma questão a propiciar o aumento de catástrofes como a fome e as guerras e que apresenta, paralelamente a esses flagelos, um esgotamento dos recursos naturais da Terra e uma paulatina destruição de meio ambiente e do habitat humano, a questão do aborto parece ganhar novos matizes e não são raros aqueles que acreditam que esse pode ser um método para amainar esses problemas. Nada mais falso e mais distante da verdade.

         O maquinismo político, com manobras vernaculares, tenta ludibriar a opinião pública sobre quando realmente existe vida, enquanto a ciência transparente mostra que, “biologicamente, é inegável que a formação de um novo ser, com um novo código genético, começa no momento da união entre óvulo e espermatozoide” como afirma José Roberto Goldim, professor de bioética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

         O aborto não é solução, mas um problema e não será por meio de métodos que buscam a morte que iremos encontrar soluções para a vida humana. Aliás, o aborto, tornou-se, em nosso tempo atual, muito mais do que um problema de saúde pública e nos remete, isso sim, a uma questão que tem muito mais implicações de ordem ontológicas, ou seja: é antes de tudo o resultado do empobrecimento do fator humano inerente a todos. Em suma, o aborto aumenta na contramão de nossas características humanas.

         O abandono do humanismo tem nos levado ao beco imundo e sem saída do abandono da vida. A decisão, tomada agora pela Suprema Corte americana, proibindo constitucionalmente a prática do aborto e delegando essa matéria para o veredito dos estados da União, não representa um retrocesso e sequer um lavar de mãos sobre esse delicado assunto. A Suprema Corte Norte Americana levou 52 anos para tomar uma decisão depois de ter sido enganada, ludibriada e iludida por Roe McCorvey que confessou não ter sido estuprada como declarou. Sarah Weddington, advogada de Roe, justificou as acusações de estupro sustentadas até que o caso chegasse à Suprema Corte dizendo, anos depois da falsa acusação, o seguinte: “Minha conduta pode não ter sido totalmente ética. Mas eu fiz por que pensei que havia boas razões.”

         Em se tratando de uma autêntica federação de estados, com independência de cada membro da união, a Corte Americana sinalizou que, internamente, seus membros, formados por juristas do mais alto gabarito, não concordam com essa prática, mas, ao mesmo tempo, não podem impedir, por razões constitucionais, os estados de praticá-las. Aqui mesmo no Brasil, o caso da menina de onze anos que engravidou e foi induzida pela juíza do caso a não abortar vai, a cada dia, ganhando novos contornos, embora todo o caso corra em segredo de justiça.

         Há suspeitas de que ela tenha mantido relações sexuais com outro menor de idade, o que pode dar uma reviravolta em todo o caso. Das infinitas opiniões sobre o tema, talvez as melhores fiquem por conta daquelas mulheres que fizeram o aborto e, passado um tempo para reflexão e amadurecimento, arrependeram-se e chegaram à conclusão de que jamais voltariam a fazê-lo novamente.

         Por certo, esse é um assunto que não acaba aqui nesse texto com um ponto final, mas que irá, com certeza, se estender pelo tempo. Por certo também é que não será por meio da morte de um ser inocente que a questão maior, que parece ser a vida dessas mães, ganhará um desfecho feliz e pacífico.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Percebi que todo mundo que é a favor do aborto já nasceu.”

Ronald Reagan

Ronald Reagan. Retrato Oficial

 

História de Brasília

Os ministérios pedem apartamentos demais ao GTB, para não se mudarem para Brasília, e, ainda, para prejudicar o Distrito Federal, estão tentando construir o aeroporto de Brasília no Rio e Janeiro. (Publicada em 02.03.1962)

Não vou por aí

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

Charge: humorpolitico.com.br

 

         Como dizia José Régio, in Cântico Negro: “Não, não vou por aí! Só vou por onde/Me levam meus próprios passos…Se ao que busco saber nenhum de vós responde/Por que me repetis: “vem por aqui!”? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, /Redemoinhar aos ventos, /Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,/A ir por aí…”

         Em pleno século XXI, a humanidade, temerosa das imensas responsabilidades que tem pela frente, num planeta em grande ebulição, insiste ainda em permanecer estagnada, dentro de uma fase evolutiva que muito se assemelha à adolescência, oscilando entre a infância e a maturidade, receosa em ter que assumir as rédeas do próprio destino, livrando-se definitivamente da tutela de políticos.

         De fato, um novo século para a humanidade só virá quando ela adquirir a capacidade plena de andar sem essa muleta, liberta de intermediários, que no final das contas são também seus carcereiros. Um olhar em volta mostra que ainda estamos longe desse dia. As guerras e os extremismos políticos representam bem essa eterna adolescência. As desigualdades sociais e a violência reafirmam, por hora, nossa dependência e amarras a esses títeres.

         Não somos o que somos. Estamos resumidos a sermos aquilo que querem que sejamos e assim seguimos sem vontade, ao sabor do empurrão dos ventos. A própria democracia, como a temos, é ainda o menos aflitivo modelo que encontramos para delegar nossas responsabilidades sem nos responsabilizarmos pelo que virá.

         E é aí que as coisas tomam os rumos que não desejamos. No nosso caso particular, passados os quatro anos de governo, com mudanças nos Poderes Executivos e Legislativos de todo o país, nenhum dos eleitores se apresenta perante a justiça para confessar seus crimes por haver eleito esse e outro mandrião, esse e outro corrupto, ficando o passivo dessa irresponsabilidade dividida por todos igualmente, numa punição que se repete ad infinitum a cada quadriênio.

         Por isso, falar em esquerda e direita, num país que não sabe sequer seguir em frente e em linha reta, rumo ao futuro, é como torcer em vão pela vitória vazia na disputa ente o Boi Garantido, de vermelho, e o Boi Caprichoso, de azul. De olhos postos nesse ludopédio enfadonho, nesse verdadeiro Fla Flu flatulento, entregamos, de bandeja, todo um país e toda uma nação, nas mãos de muitas autoridades que demonstram desdém com a própria sorte.

         Não se enganem! Somente eleitores notoriamente irresponsáveis e imaturos delegam o destino de suas vidas e de seus familiares àqueles que irão, na primeira oportunidade, roubar-lhes a carteira e a vida. É nessa disputa que rumamos para outubro, certos de que vamos no bom caminho, afinal seguimos em círculo e sem enxergar um palmo à frente. Só escutamos a gritaria dizendo: vem por aqui! Tivéssemos algum juízo, há tempos teríamos gritado de volta: não, não vamos por aí. Seguiremos para onde dizia o filósofo de Mondubim: “Para o rumo da venta!”

A frase que foi pronunciada:

“Deve-se ficar bêbado todos os dias e nunca ir para a cama sóbrio.”

Este era o principal requisito para a adesão a um grupo de beberrões criado pelo tsar Pedro I, da Rússia, no final do século 17.

Evento

Com apoio da Embrapa e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dois eventos podem ser decisivos para a tomada de decisão sobre a produção e comercialização do trigo. O Fórum Nacional do Trigo e a 15ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale acontecem na próxima semana em Brasília, no Centro de Eventos Complexo Brasil 21, do dia 28 ao 30.

Print: reuniaodetrigo.com

 

Humano

Nenhum outro papa precisou de passaporte para viajar. Como cidadão do mundo, o Papa Francisco, abdicando de qualquer privilégio, pediu que o governo argentino renovasse seu passaporte. Foi um exemplo para mostrar ao mundo que ele também é do mundo.

Foto: w2.vatican.va

 

Financiamento

O que seria uma facilidade virou pesadelo para muita gente. Um curso superior passa a valer uma casa simples. Com atrasos no pagamento, muita gente entrou no emaranhado das dívidas. O fato de o presidente Bolsonaro sancionar lei que permite renegociação de até 99% da dívida do Fies vai dar fôlego para os endividados.

Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

Faixas
O acidente no Eixo W, altura da Estação Galeria, área central do Distrito Federal, chama a atenção para a sinalização antiga no asfalto. As faixas depois da reforma no local ainda não estão acertadas, causando grande confusão

Foto: Divulgação/CBMDF

 

História de Brasília

O Departamento de Correios e Telégrafos está sempre reclamando contra o abuso dos deputados e Senadores, que utilizam seus serviços sem pagar nenhuma taxa com assuntos que absolutamente não deviam ser transmitidos. Efetivamente, o abuso chegou ao máximo na temporada do Natal, quando 45 mil mensagens foram transmitidas pelos parlamentares, sobrecarregando o serviço. (Publicada em 02.03.1962)