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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Um alerta de especialistas converte-se em uma realidade cada vez mais palpável, perceptível e devastadora, que se antecipa aos prognósticos mais conservadores do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Já não se trata de um fenômeno que espreita o futuro em um horizonte nebuloso, mas de uma alteração radical no equilíbrio planetário, ocasionada, sobretudo, pelo modelo econômico adotado pelo homem moderno, cuja lógica de expansão ilimitada exige a exaustão sistemática dos recursos naturais, e que, por essa via, não apenas se instalou entre nós, como ameaça a intensificar-se de modo exponencial ao longo das próximas décadas, arrastando consigo as condições mínimas de sobrevivência para os mais de oito bilhões de seres humanos que hoje habitam a Terra, numa trajetória que poderá repetir, em escala grandiosa, o mesmo destino já reservado a incontáveis espécies de plantas e animais que desapareceram deixando rastros por onde viveram.
Silenciar qualquer ceticismo é simples e brutal quando se verificam os dados: segundo o relatório de 2023 do IPCC, a temperatura média global já se encontra 1,2 °C acima dos níveis pré-industriais, e caso o atual ritmo de emissões seja mantido, em menos de vinte anos, ultrapassaremos o limite de 1,5 °C, aquele mesmo que, em Paris, chefes de Estado prometeram solenemente não transgredir. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) reforça que os últimos nove anos foram os mais quentes da história desde o início das medições, e que 2024 registrou picos inéditos em ondas de calor, incêndios florestais e eventos extremos, com prejuízos econômicos calculados em trilhões de dólares.
Mas, apesar do caráter alarmante desses números, a reação das lideranças políticas globais segue marcada por uma espécie de alienamento voluntário, um transe coletivo que as mantém entretidas em velhas obsessões, guerras territoriais, corrida armamentista, prospecção desenfreada de minérios, expansão de fronteiras agrícolas sobre ecossistemas frágeis, como se fosse possível postergar indefinidamente o confronto com a realidade climática.
Ironicamente, o que atinge o grau do surrealismo é quando se observa que, em escala planetária, apenas um punhado de países demonstra compromisso concreto com políticas de mitigação, enquanto a maioria age como se os relatórios científicos não passassem de ficções exageradas produzidas por um seleto grupo de ambientalistas. Tal comportamento, repetido ano após ano, leva-nos a um ponto de obviedade: ao insistirmos nesse caminho, o destino parece selado, e com ele se encerra não apenas um ciclo histórico, mas a própria possibilidade de futuro.
No Brasil, o retrato não destoa desse quadro sombrio. Depois das centenas de milhares de focos de incêndio registrados entre 2020 e 2024, que devastaram áreas imensas da Amazônia e do Cerrado, e após enchentes que varreram cidades inteiras do Sul e do Sudeste, ceifando vidas e deixando milhares de famílias desabrigadas, as autoridades resolveram, tardiamente, sair de sua confortável toca refrigerada para ensaiar gestos espetaculosos em defesa do meio ambiente. Surgiu, nesse cenário, a chamada “Autoridade Climática”, instância burocrática destinada a coordenar estratégias do chamado Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos. Entretanto, como em tantas outras experiências brasileiras, a pompa do anúncio não corresponde ao vigor da prática: enquanto se redigem protocolos, o governo avança em frentes que contradizem a própria narrativa ambiental, como a autorização da exploração de petróleo na foz do Amazonas e o asfaltamento da BR-319, projeto que ameaça uma das áreas mais sensíveis e preservadas da floresta.
No campo da mineração e da agricultura, a contradição se aprofunda, onde o Brasil se mantém refém de interesses externos e de elites internas que se comportam como herdeiras fiéis da lógica colonial. Grandes corporações estrangeiras, pouco ou nada comprometidas com a preservação dos ecossistemas, seguem explorando jazidas estratégicas, deixando, atrás de si, crateras estéreis, cursos d’água contaminados e comunidades inteiras condenadas a conviver com resíduos tóxicos.
No mesmo movimento, a monocultura de exportação, assentada sobre imensos latifúndios e dependente de insumos químicos, avança sobre áreas desmatadas, reproduzindo um ciclo iniciado ainda no século XVI, quando a terra brasileira foi, pela primeira vez, incorporada à lógica mercantil de exploração. O resultado é conhecido, mas nunca verdadeiramente enfrentado: esgotamento do solo, expulsão de populações tradicionais, concentração fundiária e dependência estrutural das commodities, que nos mantêm atrelados a um modelo de desenvolvimento predatório.
Trata-se, em termos práticos, de uma política deliberada de envenenamento: ao priorizar ganhos imediatos na balança comercial, aceitamos comprometer a qualidade da água, dos alimentos e da saúde da população.
A frase que foi pronunciada:
“Depois da agricultura, a farsa é a maior indústria da nossa era.”
Alfred Nobel

História de Brasília
Ademais, o problema da falta de energia elétrica é uma constante preocupação. Quanto ao DI, falta regularizar os lotes para que possam ser vendidos a quem possa construir, e destruir os barracos de madeira. (Publicada em 10.05.1962)
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A ideia não é nova no mundo, mas é sempre bem-vinda e necessária, em qualquer tempo e lugar, por onde tenham passado homens com sua sede permanente por riquezas. Quem, por acaso, tenha lido o livro de Jean Giono (1895-1970), “O homem que plantava árvores”, de 1953, por certo, deve ter se deparado com a frase: “…Os homens poderiam ser tão eficazes como Deus em algo mais que a destruição.” Com isso o autor quis dizer que os homens poderiam, se assim dispusessem, imitar o Criador, erguendo e cuidando de todas as formas de vida sobre a Terra, e não destruindo e reduzindo à cinzas como faz a morte, ao deixar escombros e aridez por onde passa.
A observação de Jean veio a propósito da incansável atividade de Elzéard Bouffier, o personagem principal, que, durante a maior chacina de nossa história, representada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), continuava, dia após dia, plantando carvalhos numa região agreste dos Baixos Alpes Franceses, já abandonada pela população local, devido ao desmatamento secular promovido pelos carvoeiros naquela região. O contraste entre quem cuidava de recuperar a vida da região e o morticínio irracional da Guerra de 14/18 é flagrante e mostra, de forma crua, como os homens podem, ao mesmo tempo, abandonar de lado a vida em sua plenitude e seguir os passos da morte, mesmo sabendo dos resultados dessa opção.
O texto, que chegou ao Brasil, em forma de desenho animado, há poucos anos, sendo posteriormente publicado em livro, parece cada vez mais atual, justamente por mostrar a capacidade do ser humano em mudar o mundo ao seu redor, tanto para o bem, como para o mal. Nesses tempos, em que o nosso planeta experimenta, através do fenômeno do aquecimento global, o que talvez seja o seu maior desafio de todos os tempos, e que pode pôr um fim à existência da própria espécie humana na Terra, nada mais hodierno e premonitório do que as mensagens contidas nesse texto escrito ainda no século passado.
Buscar o exato significado para as árvores, num tempo em que ainda se acredita não existir nenhum, é uma tarefa e um desafio que pode nos colocar hoje entre permanecer por essas paragens ou ter que sair de fininho para outros mundos para não perecer.
O desafio gigante que, na obra, é realizado por um só homem, durante mais de 30 anos em que plantou naquela região milhões de árvores, pode ser uma das respostas para esse dilema da atualidade. Embora pareça uma tarefa impossível, essa de recuperar o planeta da degradação imposta pelas consequências da Revolução Industrial em sua ânsia por adquirir matérias-primas, o livro mostra que bastou a persistência de apenas um indivíduo para mudar a realidade local. “Um único homem, reduzido a seus recursos físicos e morais, foi capaz de transformar um deserto em uma terra de Canaã”, diz o autor.
O que conhecemos hoje, por meio da palavra muito em moda como resiliência, que é capacidade de resistir e se adaptar às mudanças, tanto pode ser aplicada ao homem como à própria natureza, desde que lhes sejam ofertadas as oportunidades. A esse fenômeno, que muitos classificam como um sinal e uma semente da própria vida, é que pode estar a redenção, ou não, da humanidade. Obviamente que os exemplos a seguir não devem se resumir a uma obra de ficção. Mas pode nela se inspirar para promover as mudanças necessárias e urgentes que o momento exige. Toda grande obra pode ter seu início apenas movida pela inspiração trazida pelos belos exemplos, sejam eles reais ou não. O primeiro passo é o das ideias, dado ainda no mundo abstrato dos projetos mentais. Pode vir a ser realidade concreta, pelo esforço físico, o que é uma mera consequência da capacidade de pensar.
Nesse caso, pensar num mundo em que a vida seja ainda uma possibilidade real e que valha a pena. Da África, talvez o continente mais economicamente sofrido e espoliado na história da humanidade, vem um dos muitos e bons exemplos que precisamos para nossa salvação futura. Na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele continente, o governo empreendeu uma jornada na qual, em apenas 12 horas, uma força-tarefa, atuando em mais de mil áreas daquele país, conseguiu a façanha de plantar mais de 350 milhões de árvores. Um recorde mundial. Também a Índia, castigada pelos desflorestamentos, vem empreendendo um grande esforço para recuperar, ao menos, um pouco de suas florestas. Na última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores em 2016 e prossegue plantando. Na China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta, tem sido deslocada para a mesma tarefa no Norte do país. São mais de 60 mil soldados empenhados nessa tarefa. Os fuzis cedem lugar às ferramentas agrícolas. A intenção do governo é criar uma nova floresta na região de Hebei, numa área de mais de 84 mil quilômetros quadrados. Para todo o país, a meta atingiu uma cobertura de mais de 23% daquele grande continente até o final desse ano. São esforços pontuais, mais que podem fazer a diferença num futuro não muito distante.
Cientistas acreditam que, pelo estágio atual de degradação do planeta, será preciso, ao menos, o plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, apenas para arrefecer a Terra e livrá-la dos efeitos maléficos do aquecimento global, que já está atuando entre nós. A situação, que é bem do conhecimento dos técnicos das Nações Unidas, tem estimulado ações dessa Organização, com vistas a um projeto, já em andamento, cuja meta é plantar 4 bilhões de novas árvores nos próximos anos.
Por todo o mundo, projetos semelhantes estão em andamento, uns ambiciosos e outros mais modestos, mas já são de grande valia em seu conjunto. De todos os projetos de plantio de árvores pelo planeta, nenhum é mais ambicioso do que o que vem sendo erguido nas bordas do grande deserto do Saara, também na África. Em nenhum lugar do planeta, as mudanças climáticas são mais impactantes do que as que ocorrem nos países margeados por esse grande deserto. O deserto vem aumentando de área num ritmo assustador nos últimos anos. Com ele, vem o clima cada vez mais inóspito à vida. Com temperaturas que ficam numa média próxima aos 50 graus centígrados.
Com esse fenômeno, vem também a escassez de água, cada vez mais assustadora e já motivo de conflitos permanentes na região. Financiado pelo Banco Mundial, a União Europeia e as Nações Unidas, projeto unindo vários países locais, visa erguer uma gigantesca barreira verde de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto do Saara, formando uma enorme muralha para conter o avanço da areia. A meta é erguer essa Grande Muralha Verde até 2030, cobrindo com reflorestamento uma área de 247 milhões de acres ou, aproximadamente, 100 milhões de hectares.
A frase que foi pronunciada:
“É apenas uma questão de tempo, até que a economia abra espaço para a natureza.”
Frank Ramsey

História de Brasília
A atual direção da Novacap está enfrentando uma dificuldade. Mais de dois mil funcionários estão à disposição de outras repartições e avolumam-se agora, os pedidos de requisições para as Comissões Parlamentares de Inquérito. (Publicada em 27.04.1962)
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É fato que o aquecimento global chegou mesmo antes do que esperavam os cientistas. Ao que parece, essa mudança climática, ocasionada em grande parte pelo modelo econômico seguido pelo homem moderno, veio não só para ficar entre nós, como poderá se intensificar a cada ano que passa. Com isso, os 8 bilhões de seres humanos sobre o planeta correm o sério risco de desaparecer, seguindo o mesmo destino que tiveram outras espécies de plantas e animais. A situação é alarmante e supera quaisquer outros problemas atuais enfrentados pela raça humana. O problema é que muita gente parece não ter se ligado que a hora é grave e segue dando sequência a uma vida de total alienamento dessa questão, sobretudo as principais lideranças políticas no planeta.
Soa até como extraordinário e surreal assistir ainda a nações inteiras devotadas a questões de guerra, de desmatamento e de destruição do meio ambiente, quer por uma agricultura descompromissada com essas questões, quer por meio de uma crescente e devastadora prospecção de minérios que deixam atrás de si enormes crateras sem vida e contaminadas por uma série de produtos tóxicos.
Em âmbito mundial, com exceção de uns poucos países, não há um compromisso com a questão premente do aquecimento global, com muitos seguindo como se todos esses acontecimentos fossem obras de uma ficção alarmista. Com um comportamento desse tipo, uma coisa é certa: nosso destino parece estar selado. Portanto, temos, todos nós, indiferentemente de quem seja ou de onde esteja, um encontro com um futuro próximo que pode ser o último de nossa agenda.
Aqui em nosso país, depois das centenas de milhares de incêndios ocorridos de Norte a Sul e das enchentes que quase varrem a parte meridional do Brasil, as autoridades resolveram colocar a cara para fora da toca refrigerada e ensaiam movimentos em prol do meio ambiente. Um desses movimentos espetaculosos foi o da criação de uma tal Autoridade Climática, que deverá, à posteriori, cuidar do que agora chamam de emergência climática. Tudo visando estratégias de última hora do governo para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir do Plano Nacional de Enfrentamento aos Riscos Climáticos Extremos.
Enquanto essas medidas seguem apenas circunscritas na teoria e no papel, as ações para a exploração de petróleo nas Foz do Amazonas, bem como o asfaltamento da sensível rodovia BR-319, mesmo contrário à maioria dos pareceres elaborados pelos ambientalistas, vão em frente a todo vapor. No mesmo sentido, seguem as autorizações para a prospecção de minérios por todo o país, boa parte realizada por empresas estrangeiras cujo compromisso com o meio ambiente do Brasil é zero. A mineração e a monocultura de exportação realizadas em imensos latifúndios seguem nos perseguindo com seu bafo fétido desde a descoberta de nosso país, no século 16.
Mesmo a despeito de todos os males que vivenciamos, ao longo de mais de cinco séculos, seguimos ainda na mesma toada. Só que agora a conta parece ter chegado muito mais salgada. Estamos literalmente desmanchando o planeta sob nossos pés. Tudo isso sem colocar nesse balaio de desgraceiras o fato de o Brasil ser hoje o maior importador de agrotóxicos proibidos em outros países. O projeto de lei chamado “pacote do veneno”, recentemente aprovado no Congresso graças ao poderoso lobby do agronegócio, confirma que estamos, de modo proposital, envenenando nosso solo e nossas águas, tudo em favor da produção de commodities a serem exportadas.
Um dos poucos empecilhos a tentar frear que nossa agricultura produza alimentos altamente contaminados com venenos perigosos não parte do governo ou de qualquer autoridade interna, mas dos países europeus que, em uníssono, estão levando adiante boicotes aos nossos produtos, tanto os contaminados como aqueles produzidos em áreas desmatadas. A questão toda é que o meio ambiente, ao contrário de outras pautas, como a economia, não gera pressão ou sequer é levado em consideração pelos políticos de olhos mais fixados no curto prazo das eleições.
A frase que foi pronunciada:
“A Terra fornece o suficiente para satisfazer as necessidades de cada homem, mas não a ganância de cada homem.”
Mahatma Gandhi

Quanta diferença
Quem passa pela Universidade de Brasília (UnB) pode verificar o pouco movimento nas salas de aula. Anos atrás, os estacionamentos ficavam abarrotados de carros, muitas vezes sem vagas disponíveis. Mas o acontecimento é de dentro para fora. Basta dar uma espiadela na lista de aprovados. Também há vagas de sobra. Vale investigar.

História de Brasília
Quando o sr. Israel Pinheiro deixou a Prefeitura, todo o mundo dizia que êle iria para a Suíça. Enfrentou as sindicâncias do sr. Jânio Quadros, feitas com o máximo de sêde e sadismo, e agora vem o sr. Laranja investigar administrações passadas”. (Publicada em 19/4/1962)
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É certo que as estações do ano, assim como todos os fenômenos relativos ao comportamento atmosférico, sempre chamaram a atenção dos seres humanos, que viram, nessas mudanças naturais, uma oportunidade e um aprendizado capaz de contribuir para sua própria sobrevivência sobre o planeta.
Infelizmente, toda essa atenção com os fenômenos naturais parece ter sido perdida ou deixada de lado ao longo da caminhada dos homens pela história. Com a revolução industrial e com o acelerado processo de urbanização mundo afora, a preocupação com a chamada meteorologia foi deixada a cargo dos especialistas e do homem do campo, que ainda se servia dessas informações para cuidar do preparo da terra, da semeadura e da colheita.
O crescimento vertiginoso da população mundial e o consequente consumo e abuso dos recursos naturais levaram-nos ao ponto em que nos encontramos atualmente e que podem ser resumidos pelo alerta provocado pelas mudanças climáticas em âmbito planetário. Aqueles que cuidam desses estudos afirmam que, a partir do início deste século, inauguramos uma nova era, a qual foi classificada como Antropoceno, ou seja, a era em que a humanidade passou a influir diretamente sobre os destinos da Terra.
Não por outra razão, dizem que a massa dos objetos construídos pela humanidade, também chamada massa antropogênica, superou em peso a massa dos seres vivos, ou biomassa, pela primeira vez desde o surgimento do homem sobre o planeta. Isso sem contar a massa de lixo. Somando toda massa de plástico produzida até agora, seu peso já é o dobro de todos os animais terrestres e aquáticos existentes.
Em 1900, o peso dessa massa antropogênica era apenas 3% do peso atual; desde então, o peso dessa massa tem, segundo a revista Nature, dobrado a cada 20 anos. Essa massa, esses valores, hoje, já correspondem a impressionantes 30 gigatons de peso, o que, segundo os cientistas, equivale a cada indivíduo reproduzindo seu peso por semana. Para o cientista holandês e prêmio Nobel de química em 1985, Paul Crutzen, o antropoceno, que segue ao holoceno, é uma nova era geológica, caracterizada pelo impacto do homem sobre o planeta. E pensar que todo o crescimento dessa massa antropogênica se deu durante o século XX, especialmente depois da Segunda Grande Guerra.
Para um pequeno planeta como o nosso, que hoje já é visto como um verdadeiro ser vivo solto no espaço e que alguns chamam de Gaia, ou Mãe-Terra, os efeitos trazidos pelo crescimento da população e do consumo dos bens naturais, têm sido danosos para o planeta, provocando, além da acumulação na atmosfera dos gases de efeito estufa (GEE), outras consequências negativas que culminariam nas mudanças climáticas, alterando todo o ecossistema planetário.
Mesmo sentindo, na pele, as consequências dessas mudanças bruscas, como temperaturas altíssimas, degelo, furacões, inundações e outros efeitos desastrosos, boa parte da humanidade ainda não se deu conta de que as alterações irreversíveis a curto prazo já foram deflagradas e há pouco o que podemos fazer sem uma alteração radical e mundial dos costumes.
O desmatamento contínuo, a uma taxa de 13 milhões de hectares por ano, assim como a perda da biodiversidade, onde mais de 35 mil espécies estão em risco de extinção, faz desse antropoceno uma era de grandes desafios e que pode pôr fim à epopeia da breve existência da espécie humana sobre o planeta.
A frase que foi pronunciada:
“Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.”
Pitágoras

Em tempo
Faixas de pedestres, bocas de lobo, pinturas no asfalto, semáforos, árvores podadas, morros de contenção de água e tudo o que for necessário fazer para enfrentar a chuva que já vai chegar.

Dinheiro fácil
A diferença cobrada em estacionamentos em Brasília chega a ser um escândalo. Em Centros Clínicos, por exemplo. No Centro Clínico Lucio Costa, 610/11 Sul, em 10 minutos cravados de estacionamento, o valor pago foi de R$9,50. Já no Centro Clínico Linea Vita, na 616 Sul, há um espaço de 15 minutos de tolerância, ou seja. R$ 0 por 15 minutos.

História de Brasília
O tapume do Ministério da Marinha na W-3 está irregular. Está tomando o passeio, quando não havia necessidade disto, e põe em perigo a vida dos pedestres. (Publicada em 18.04.1962)
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Por analogia, fosse a Terra um cachorro gigante, nós, seres humanos, seríamos nada mais do que piolhos, carrapatos ou pulgas a infernizar a pobre animal canina. De fato o somos, como tem observado o cientista e climatologista, mundialmente famoso por suas pesquisas sobre o meio ambiente, Carlos Nobre, a “doença da Terra”. Com isso, vai ficando cada vez mais patente que as ações humanas sobre o planeta, ao longo dos séculos e, principalmente, após a Revolução Industrial, levaram a Terra ao atual estágio de aquecimento global e de emergência climática.
Para esse pesquisador, considerado hoje como um dos guardiões do planeta, vivemos um momento em que a humanidade se depara com o maior desafio já enfrentado desde seu aparecimento sobre a Terra. Nobre é um dos autores do importantíssimo documento, intitulado “Saúde do Planeta”, apresentado em Nova York durante a semana climática promovida pela ONU. O fato é que boa parte da humanidade parece não ter sido despertada ainda para a importância de parar de vez com as emissões de gases estufa, para a poluição em geral e para o rápido esgotamento dos recursos naturais do planeta. Vivemos o que seria o ponto máximo de inflexão. A partir desse ponto temos que parar imediatamente com o atual modelo econômico que nos levou a esse beco sem saída.
O lado otimista desse problema mundial é que ainda existem alternativas, na verdade poucas, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas essa possibilidade vai se exaurindo também a passos largos. Na avalição do cientista, o fato de o Brasil ainda apresentar as maiores florestas tropicais do planeta, em tempos de aquecimento global, favorece, em certos parâmetros, para que assistamos também nesse momento, os maiores incêndios já ocorridos em nosso país em todos os tempos.
Carlos Nobre cita o caso do Cerrado que, ainda, é a maior savana tropical do planeta, com a maior biodiversidade e com enormes quantidades de carbono armazenado na forma de matéria orgânica do solo. Esses e outros fatores juntos são de suma importância para a estabilidade climática do planeta e de todos os outros biomas brasileiros. O fato de estarmos experimentando agora quase 15 meses de temperaturas recordes dos últimos 120 mil anos, mostra que a estamos no limite das possibilidades do planeta.
Essa situação parece ainda grave se verificarmos que em torno de 97% dos incêndios ocorridos são devido à ação humana. Nesse sentido, o que parece claro, tanto para os climatologistas como para todo o mundo, é que é chegada a hora de uma proibição total, que elimine o crime de usar o fogo como meio de limpar a terra, como tem feito sistematicamente a pecuária e a agricultura em nosso país. É preciso o uso agora de práticas modernas e sustentáveis que não usem o fogo.
Para Carlos Nobre estamos, de fato, em plena era do chamado antropoceno, em que o homem é o autor direto dessas mudanças bruscas no clima planetário. Estamos indo em direção ao que os cientistas chamam de estresse térmico, em que o corpo humano não suporta mais as altas temperaturas. Caso venhamos a atingir esse estágio dramático, bebês e idosos não viverão mais do que meia hora ou trinta minutos. Mesmo os adultos saudáveis não resistirão por mais de 2 horas. Dessa maneira, tornaremos muitas áreas do planeta inabitáveis.
Caso a temperatura escale ou passe acima dos 4 graus, nas próximas décadas, iremos gerar a sexta maior extinção de espécies do planeta, tudo provocado pela ação nefasta e irrefletida do ser humano. O pior nesse cenário é que as pesquisas mais atuais mostram que estamos imersos num cenário tão preocupante que já é possível antever: adentramos por um caminho sem volta.
Daqui para a frente, cabe, à humanidade como um todo, agir de forma racional e unida, para que essa situação de fim de mundo anunciado não aconteça no curto prazo, dando-nos a chance de, quem sabe, salvar nosso planeta de nossas ações egoístas e destruidoras. É preciso ainda reconhecer, de forma sincera, que estamos praticando uma espécie de “ecocídio”, comprometendo a vida no planeta e impossibilitando a chance de viver das futuras gerações.
A frase que foi pronunciada:
“Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo.”
Albert Schweitzer

Protocolo
Nossa leitora chama a atenção para a burocracia de atendimento da Caesb. Um cano estourado no setor habitacional da W3 Sul jorrou água por dias, apesar das inúmeras ligações dos moradores à empresa e à ouvidoria. Até que, numa tarde, um caminhão da empresa apareceu no local. Quem estava em casa foi ver os trabalhadores acabando com o vazamento. Só que não. Eles estavam ali para consertar uma calçada e, apesar de presenciarem a fonte que jorrava o dinheiro do contribuinte, informaram que a solução daquele problema era em outro setor.

História de Brasília
A cidade de Moreno, em Pernambuco, está para ficar sem prefeito. O vice pediu à Câmara a cassação do mandato do sr. Ney Maranhão, e ninguém sabe o que pode vir a acontecer naquele município. (Publicada em 18.02.1962)
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Diante da situação atual, em que basta abrir a janela para se certificar que o Brasil arde com mais de 20 mil focos de incêndio, é preciso alertar: “É o meio ambiente, estúpidos”. O fogo é sempre um assunto desagradável e não combina com popularidade e eleições. Candidatos omissos são, por isso, condenados nas urnas. Os satélites mostram um país coberto por nuvens pálidas e agourentas das fumaças. Entre o que se ouve oficialmente das autoridades, quando afirmam que o combate aos focos de incêndio tem sido exitoso, que tudo está sob controle, e o que olhos e pulmões constatam vai uma distância imensa — quase uma notícia fantasiosa. Os olhos não enganam. O nariz, também não. Há cheiro de fumaça no ar. E onde há fumaça há fogo.
Onde há uma ausência ou inação governamental para proteger o patrimônio verde da nação, em seu lugar, há névoa de fumo e fuligem a anunciarem o que parece ser um país consumido pelas chamas. Visto a olho nu, o Brasil vai sendo devorado pelas beiradas. Com mais esse problema pela frente a se somar a tantos outros, nesses tempos nebulosos, estamos, literalmente, imersos na estória infantil em que o rei, por suas veleidades, acaba saindo nu pelas ruas do país. Por detrás da fumaça, o que se vê é o protagonista da peça teatral seguindo para os autógrafos, alheio à situação real.
A questão é saber: iremos arder todos com as queimadas no Brasil? Não há como estocar ou esconder o vento fumacento varrendo-o para debaixo dos novos e caríssimos tapetes reais. Por onde andam os hollywoodianos indignados para clamar pela natureza brasileira? Ninguém viu. Talvez, mais efetivo seria cobrar de volta o cachê e destiná-lo para os pequenos municípios que não veem, há tempos, a cor azul do céu e do sol dourado.
O país vai sendo encoberto por um véu que parece anunciar o fim dos tempos. De fato, estamos vivendo debaixo de tempos nebulosos. Esse é também o nevoeiro que ajuda apagar da memória o que vivemos. Também faz-nos esquecer e perdoar, mesmo contra a vontade de muitos. Talvez estejamos ardendo de desgosto e desalento. Queimam-nos a alma a realidade interna e a nossa responsabilidade perante o mundo. Os brasileiros estão pondo fogo no próprio país. É o que dizem. O mundo enxerga-nos sempre como um coletivo. Somos nós, brasileiros, e não o Estado, que achou por bem deixar que o país pegasse fogo. O mundo nos culpa de piromaníacos.
O aquecimento global passa a ser uma mixaria quando notamos que, depois de cinco séculos, ainda estamos à mercê da monocultura da cana, cultivada em enormes latifúndios ou com as usinas de álcool e açúcar. Da mineração inclemente que esburaca o país, deixando para trás desertos inabitáveis, também não nos livramos ainda. São Paulo, outrora próspero e promissor e com clima ameno, produtor de uma diversidade de alimentos, hoje é um canavial gigante a enriquecer poucos e a empobrecer a terra e os homens comuns. Voltamos no tempo. São Paulo voltou ao ciclo canavieiro da época colonial. Talvez, por isso, pague um alto preço. Lavouras de fumaça são o que parecem produzir. Em meio ao braseiro, não é possível distinguir claramente entre culpados ou omissos. Todos carregam uma parcela de culpa, um fósforo na mão ou um litro de gasolina.
Somos protagonistas de uma tragédia continental que é só nossa. O futuro promete absolvição plena aos verdadeiros culpados, livrando-os de todas as penas. Atentamos, há séculos, e sem remorsos contra o meio ambiente do país. Praticamente, não há local algum neste país em que não possamos verificar paisagens destruídas pelas mãos humanas. A cada dia, milhares de novos focos de incêndio são registrados. Entre 1º e 31 de julho deste ano, foram observados quase 12 mil novos focos de queimadas. Trata-se de uma sequência de ocorrências jamais registrada na nossa história.
Os dados oficiais tentam minorar essa situação, mas os satélites internacionais mostram toda a realidade. Além de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e a Amazônia estão em chamas. São dezenas de milhares de focos. Nem mesmo o Cerrado tem escapado dessa tragédia. No primeiro semestre deste ano, houve quase 10 mil queimadas registradas. A região de Matopiba (acrônimo dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia ) vive situação idêntica. A expansão agrícola desenfreada, somada aos efeitos da seca e ao aumento da temperatura global, parece ter transformado nosso país num gigantesco e único foco de queimadas. Bem-vindos ao inferno!
A frase que foi pronunciada:
“Os incêndios que se alastram pelo país são questões de direitos humanos, saúde pública e economia.. (…) Estão sendo provocados, conforme avaliação que nos chega até o momento.”
Senador Paulo Paim

Interessa?
Agressiva a campanha de bandidos que usam voz, script e até número parecido com o SAC dos bancos. Não é possível que idosos sejam constantemente abordados por esses larápios. Faz pensar que os dados do INSS estão sendo vazados. Bancos e operadoras de celular até hoje não conseguiram investir em segurança para evitar esse tipo de golpe.

História de Brasília
O dr. Laranja, segundo nos disse, comunicou-se ontem de manhã com o prefeito, que está no Rio, e disse de sua intenção de nomear uma comissão para apurar essas irregularidades, não somente na sua administração, como, igualmente nas anteriores. (Publicada em 18.04.1962)
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Em comparação com a história de todo o planeta Terra, nós, os seres humanos, somos a espécie que está por aqui há menos tempo. Pelo andar dos acontecimentos e de acordo com as teorias mais recentes do Antropoceno, vamos embora ainda mais depressa. Pelo que parece, o planeta, como um ser vivo que é, cujo nome é Gaia, não nos quer por aqui por mais tempo. A razão parece lógica, já que, por nossas ações desastrosas, por ganância, temos destruído boa parte do ecossistema planetário.
De certo, sabemos que, antes de destruir o planeta, a própria Terra cuidará de se desvencilhar de nós. Somos, de fato, as grandes e verdadeiras saúvas do planeta. Só que, ao contrário desses insetos, não temos a capacidade de sobrevivência que essas espécies demonstram. E ainda somos muito mais recentes do que elas.
No livro Uma história (muito) recente da vida na Terra, o renomado cientista e paleontólogo Henry Gee prevê que, em breve, vamos embora do planeta. Talvez não para outro corpo celeste, mas simplesmente extintos como espécie em alguns milhares de anos. Apesar desse papel tão pequeno na evolução da Terra, temos, como nenhuma outra espécie, mostrado todo o nosso potencial para devastar o mundo ao nosso redor como para destruirmos uns aos outros.
Partimos de um canibalismo primitivo, em que devorar fisicamente o semelhante significava adquirir suas qualidades e força, até um canibalismo em forma de guerras, em que devoramos o inimigo pela força dos canhões que nunca cessaram. Das variadas idades geológicas atravessadas pela Terra, o Antropoceno talvez seja a fase histórica do planeta que mais teria perturbado o delicado equilíbrio ecológico do nosso orbe. Isso tudo se imaginarmos que, se toda a história da Terra fosse condensada em apenas um dia de 24 horas, estaríamos por aqui apenas nos últimos 20 segundos.
Outros cientistas, como Paul Crutzen e Eugene F. Stoermer, criadores do termo Antropoceno, consideram que as ações humanas na agricultura, no extrativismo mineral, no desenvolvimento do plástico, do concreto, da energia nuclear, entre outras, conduziram o planeta a um estado de aquecimento sem igual, afetando todo o sistema da Terra, seu potencial e seu futuro.
A questão é que enveredamos por um caminho de consumo que parece nos acorrentar ao nosso destino fatal. Há significativas evidências de que o aquecimento global é resultado da ação humana. Também não poderia ser de outro jeito. A poluição do ar e das águas, a contaminação dos solos e mesmo o desaparecimento de milhares de cursos de água por todo o planeta não deixam dúvidas de que somos os protagonistas desses malfeitos.
Quem acompanha diariamente os noticiários pelas TVs e outros meios chega à conclusão de que, a cada dia, os eventos climáticos são mais intensos e catastróficos. Secas, inundações, calor e frio intensos se revezam em um contínuo movimento, indicando que há algo de muito errado e descoordenado com nosso planeta. Nosso modo de consumo está errado, assim como nossos modelos de produção de alimentos, de extração de minérios.
As políticas globais com relação a esses problemas também seguem por um caminho errado. No nosso caso, a situação parece ainda pior, quando se verifica que, desde 1985, nosso país perdeu mais de 82 milhões de hectares de vegetação nativa, segundo o MapBiomas. Vinte e quatro das 27 unidades da Federação perderam boa parte de sua cobertura original. Nas últimas três décadas, as áreas de mineração foram multiplicadas, passando de 31 mil hectares para 206 mil hectares, a maior parte formada por garimpos, que não respeitam áreas indígenas nem unidades de conservação.
Desde 1500, cuidamos, com as próprias mãos, de destruir nosso país. A cada ano, uma área de 150 mil quilômetros quadrados é queimada no Brasil. O Cerrado e o Pantanal já são considerados áreas com alto potencial de vir a se tornar em extinção. As ações nacionais para deter essa calamidade são tímidas ou inexistentes. Dos 12% das reservas de água doce do planeta que estão em nossas bacias hidrográficas, pelo menos 15% foram perdidas. Quase um terço de todo o território nacional sofreu modificações negativas pela ação humana.
Apenas com relação à Amazônia, vemos que, se continuarmos o processo de destruição paulatina desse bioma, em pouco tempo, teremos menos 25% de chuvas e um aumento de mais de 2ºC na temperatura do nosso país.
A frase que foi pronunciada:
“Sentimos que, mesmo depois de serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos.”
Ludwig Wittgenstein

História de Brasília
As obras da Catedral terão prosseguimento sob o comando da Prefeitura. Acha o prefeito Sette Câmara que é um monumento à arquitetura nacional, e não pode ficar na estrutura, sem conclusão, eternamente. De fato, maior homenagem não poderia ser prestada a Oscar Niemeyer e sua equipe. (Publicada em 11/4/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Como país que possui a maior parte do seu território inserida entre as linhas imaginárias dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, o Brasil e outros na mesma situação geográfica experimentarão, nas próximas décadas, um escalonamento progressivo nos níveis de temperatura, que tornarão a vida nesses locais, para dizer o mínimo, um martírio. Sobretudo, as regiões ao Norte, que incluem os estados do Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e Tocantins.
As temperaturas nesses locais, por volta da virada do século, poderão aumentar, em média, até 12 graus centígrados, aproximadamente, o que tornará a permanência de populações nessas áreas, um risco sério para a saúde. Esses efeitos catastróficos se estenderão também para todos os países da América Latina situados próximos a essa latitude, o que pode gerar um fluxo nunca visto de migrações em massa de populações para outras partes do planeta.
O problema é que o tempo na natureza não é o mesmo que reconhecemos nos relógios. Além disso, a natureza não tem qualquer compromisso com a sobrevivência da espécie humana, a partir do ponto em que passamos a romper, unilateralmente, os códigos naturais que ordenam o respeito total ao meio ambiente e a sua preservação. Sem a preservação do meio ambiente e de todos os biomas conhecidos, a vida sobre o planeta será tão limitada e complexa como é hoje viver sobre o planeta Marte ou outro do nosso sistema solar.
Cavamos, por nossa incúria e ambição, a sepultura dos futuros habitantes desse planeta, sem qualquer arrependimento, cometendo uma espécie de crime premeditado contra a humanidade, que faria o Holocausto, com todo o respeito e dor, parecer uma travessura de criança. O desmatamento que segue acelerado em toda a área da floresta Amazônia, e que já consumiu também boa parte do Cerrado brasileiro, é a prova de que não apenas somos cúmplices desse genocídio, como deixamos todos os vestígios desse crime à mostra.
Seguidamente, os alertas científicos têm sido ignorados, quando não ridicularizados por nossas autoridades em conluio com os mais poderosos e gananciosos grupos empresariais que praticam, em larga escala, a produção de grãos de carne bovina para o mercado externo.
Os bois e as monoculturas avançam florestas adentro, trazendo, atrás de si, as motosserras os tratores que cuidam de “limpar” a área para nova produção, enquanto o Sol, inclemente e impassivo em sua posição perpendicular ao solo, cuida de calcinar o campo descoberto, provocando primeiro um processo de savanização e depois o deserto com suas areias escaldantes e áridas.
A floresta amazônica e o Cerrado representam o nosso Saara do amanhã. De acordo com estudos elaborados e publicados pela Communications Earth & Environment, e que contou com a colaboração de cientistas brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz no Piauí, o desmatamento e a degradação do meio ambiente acelerada e sem contenção alguma tornarão as regiões do Norte do Brasil intoleráveis para a presença humana, Desidratação, cãibras, hipertermia e morte são os sintomas que aguardam aqueles que permanecerem nessas localidades, quando o forno da natureza for aceso de modo irreversível e avassalador.
Por enquanto, são apenas previsões, mas que já se anunciam no dia com o aumento paulatino das ondas de calor. Moradores antigos dessas regiões lembram que, a cada nova estação do ano, os fenômenos anormais de cheias e enchentes, seguidos de ondas de calor insuportáveis, acontecem em ritmos cada vez mais intensos, prenunciando o pior que está por vir, se nada for feito de imediato não apenas no combate ao desmatamento, mas em projetos de reflorestamentos emergenciais.
Notem que, no atual estágio de degradação ambiental que estamos, já não adiantam medidas contra o desmatamento que não acontecem, mas é preciso ainda um largo e lento processo de reflorestamento dessas áreas desmatadas, pra recompor, ao menos, parte dos estragos já feitos. Mesmo assim, os cientistas acreditam que todo esse processo de reverter o que foi destruído ao longo dos anos já se tornou uma tarefa muito além da capacidade humana, sobretudo quando se sabe que todo esse esforço para impedir o pior ainda é um sonho de ambientalistas e sequer passa na cabeça daqueles que estão nas altas esferas do atual governo e entre os poderosos empresários do agrobusiness.
Em breve, todos esses senhores da morte estarão lavando as mãos para essas consequências deixadas para trás, sendo toda a culpa, pelos crimes ambientais, depositado nas contas do pequeno agricultor da região que vivia do extrativismo artesanal da castanha do Pará.
A frase que foi pronunciada:
“Você tem cérebro em sua cabeça. Você tem pés em seus sapatos. Você pode se orientar em qualquer direção que escolher.”
Dr. Seuss

História de Brasília
Adjubei, genro de Kruchev, depois de visitar Brasília, disse que tivera, ao conhecer Oscar Niemeyer, maior emoção do que quando conhecera seu sôgro. (Publicada em 10/02/1962)
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–> Djalma Silva, *27/09/1921, Floriano, PI; +12/08/2013, Goiânia, GO.
Por ocasião do centenário de seu nascimento, tomei a liberdade de escrever algumas linhas sobre meu querido avô.
Há 100 anos, em Floriano, nascia o primogênito de João de Deus Alves da Silva e Corina Maria de Jesus. Seu assento de nascimento, lavrado no cartório Leal daquela cidade, curiosamente anota somente seu prenome DJALMA. Mesmo sem superar o brilho renascentista de seu pai, Djalma resplandeceu numa vida muito simples, dedicada e fiel. Respeitado por seus confrades maçons, pelos alunos e colegas, exerceu o magistério e a administração educacional em Floriano, em Caxias do Maranhão, em Anápolis, em Nerópolis e em Goiânia, onde viveu até seus últimos dias, em 2013.
Trabalhava muito. Oportunidades de trabalho o fariam se mudar sucessivamente em 1950 para o Maranhão, em 1962 para Goiás e, enfim em 1970 para Goiânia, onde se fixaria definitivamente. Certa vez, quando se dividia entre aulas em Nerópolis e na capital goiana, desmaiou durante um de seus deslocamentos entre as cidades, caindo de sua moto Vespa e machucando-se. De seu trabalho no magistério, ainda em Floriano, colheu o coração da moça Adália, que se mudara do distante Brejo Novo para a Princesa do Sul, onde continuaria seus estudos e mudaria os rumos de sua vida ao casar-se em 1947 com o respeitado professor.
Um bibliófilo de quatro costados, encantava os netos e provavelmente exasperava a mulher com sua valiosa biblioteca, que chegou a ter mais de 30 mil volumes empilhados num quartinho aos fundos de sua residência. Também enfeitiçava as crianças quando apanhava madeiras de buriti para esculpir elaboradas miniaturas de aviões ou navios, com as quais presenteava os netos. Desenhava bem e com esmero, tendo me iniciado nessa arte.
Foi escritor, poeta e cordelista. Deixou várias obras e, creio, nunca ganhou um centavo com elas. Distribuía-as livremente entre amigos e familiares.
Durante toda a vida, manteve correspondência com amigos e familiares em todo o Brasil. Apoiou sempre que pôde irmãos e parentes, seus próprios e de Adália. Descobri, anos após sua morte, de seu costume de mandar dinheiro para parentes em dificuldades. Dinheiro esse que nunca sobrou em sua própria casa. Mas criou honrosamente os quatro varões com a valiosa parceria de Adália. Mesmo que mantendo distância, soube honrar a família da esposa, tornando-se querido pelos seus!
Por ocasião de seu centenário, sua descendência soma quatro filhos, dez netos e seis bisnetos.
Viva vovô Djalma!
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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No mundo todo, a fúria da natureza dá mostras de que algo preocupante está a caminho. No Canadá, um país costumeiramente frio, as temperaturas neste ano bateram recordes. Na região da Colúmbia Britânica, os termômetros registraram 50 graus centígrados, o que provocou a destruição, por um incêndio florestal, de toda a pequena cidade de Lytton. No Norte da Europa, as cheias dos rios provocaram alagamentos nunca vistos na Alemanha e Áustria. Os desastres naturais vêm se acentuando a cada estação. Todo o hemisfério Norte experimenta, este ano, recordes de calor. Na Itália, os termômetros têm marcado temperaturas acima dos 40 graus em muitas regiões. Centenas de vidas foram perdidas apenas nas enchentes que devastaram parte da Holanda e Luxemburgo.
Para os climatologistas, esses são os fenômenos mais intensos dos últimos séculos e ameaçam se repetir. No Japão, tsunamis gigantescos de lama, seguidos de deslizamentos de terra, devastaram regiões como Shizuoka. No Iraque, as temperaturas ultrapassaram a marca dos 50 graus centígrados, derretendo objetos de plásticos dos automóveis, gerando colapso no abastecimento de energia elétrica e levando muitos à morte. Nos Estados Unidos, a tempestade Elsa continua fazendo estragos e ameaçando vidas. Também nos EUA, uma onda de calor, sem precedente, vem fazendo mortes na região do Pacífico e em locais antes frios como Seattle. Lugares como Nova Iorque, Filadélfia e Boston estão sob fortes ondas de calor, afetando mais de 40 milhões de americanos. Na África, a seca e as intensas ondas de calor vêm registrando marcas também históricas. Na Índia, os efeitos de calor, seguidos de enchentes nunca vistas, também demonstram que a Terra está entrando num ciclo de mudança do clima que pode afetar todos, indistintamente. Na Grécia, os incêndios, no que vem se chamando o verão do pesadelo, vêm varrendo, há dias e sem controle, pequenas cidades, nas ilhas próximas a Atenas, numa situação que tem aterrorizado os moradores e turistas.
Na realidade, não existe hoje lugar algum nesse planeta que não esteja experimentando condições climáticas extremas, o que só reforça o que há muito vêm alertando os cientistas sobre o aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera, motivados, exclusivamente, pela ação humana. Pesquisa apresentada por Benjamin Schneider e Amy Nicole Salvaggio, da Universidade de Maryland, afirma que a Terra já aqueceu mais de 1,2 graus centígrados desde o início da era industrial, sendo que as temperaturas seguirão subindo cada vez mais, até alcançarem níveis de catástrofes globais com a morte de centenas de milhões de pessoas. Segundo o painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à ONU, caso não cessem as atividades humanas que produzem o efeito estufa, o futuro será inclemente para todos e poderá abolir a vida sobre todo o planeta, até mesmo antes do que se espera.
A frase que foi pronunciada:
“Pode-se ver do espaço como a raça humana mudou a Terra. Quase todas as terras disponíveis foram desmatadas e agora são usadas para agricultura ou desenvolvimento urbano. As calotas polares estão diminuindo e as áreas desérticas estão aumentando. À noite, a Terra não está mais escura, mas grandes áreas estão iluminadas. Tudo isso é evidência de que a exploração humana do planeta está atingindo um limite crítico. Mas as demandas e expectativas humanas estão sempre aumentando. Não podemos continuar a poluir a atmosfera, envenenar o oceano e exaurir a terra. Não há mais nenhum meio disponível.”
Stephen Hawking, físico e autor.

Crescei e multiplicai-vos
Segundo o IBGE, em 2060, se até lá o clima do planeta for controlado, a perspectiva é de 19 milhões de idosos com mais de 80 anos. Em 1980, eram 684.789 idosos e, em 2026, provavelmente, serão 3.458.279. Interessante é que o número de crianças, em 1980, era de 16.942.583 e a previsão para 2060 será de 8.935.080.

Entorno
Por essa não esperavam. Para a segurança dos pedestres, foram criadas passarelas aéreas evitando atropelamentos na travessia de pistas largas e movimentadas. O problema é que, com a concentração de pedestres nessa área, o espaço virou alvo de trombadinhas que se aproveitam da falta de policiamento para furtar celulares e dinheiro.

Mudança de clima
Até hoje vestimenta em parlamento causa celeuma. Tempos atrás, Helival Rios buscava notícias sobre a repórter proibida de entrar no plenário do Senado porque vestia calças compridas. Como estava de blusão, tirou as calças e perguntou ao segurança: Agora posso entrar? Entrou. Depois que uma moça, também repórter, entrou no parlamento suíço “restringindo devidamente a capacidade de muitos nobres se concentrarem”, a Casa alterou as regras permitindo apenas a mostra dos ombros.

Presente para o futuro
A seguir, um projeto interessante intitulado Reconhecer Brasília. Trata-se de mostrar à criançada a importância da preservação do patrimônio da cidade. Por meio de música, fotos, teatro e manifestações culturais, a meninada vai tomando o sentido do carinho por Brasília.
História de Brasília
A Assessoria de Planejamento deu parecer contrário, e a Novacap mandou interditar a obra. Será construída no seu lugar, onde devia estar desde o começo: ao lado do DCT e da Central Telefônica (Publicada em 07/02/1962)


