Políticos vão e vêm. Eleitores não veem

Publicado em Íntegra

Um dos grandes problemas com os políticos brasileiros é que eles, depois de eleitos, acreditam ser possível seguir adiante sem o aval dos cidadãos, principalmente dos eleitores. A maioria simplesmente vira as costas para o populacho. Tranca-se em gabinetes refrigerados em confabulações infindas de toda ordem travadas apenas com gente do mesmo status.

Ao verem-se cingidos pela aureola tênue do poder, acreditam piamente ter entrado, para sempre, num mundo novo, onde vão pairar acima dos demais por um bom período.

Santo Agostinho costumava dizer: “A soberba não é grandeza, mas inchaço, e o que está inchado parece ser grande, mas não é saudável”. Postos na confortável torre de marfim, passam a se sentir verdadeiramente “no céu”. Ocorre que, apartados daqueles que, de fato, o alçaram ao cume, perdem o ponto de referência, mas, ainda assim, não se dão conta e prosseguem, falsamente libertos.

Dissociados da origem, se convencem da independência total. A partir desse ponto, passam a ser representantes apenas dos próprios desejos, alargados ad infinitum, com as novas companhias. Caras mordomias, bajulações, novos trajes, novos restaurantes, novos carros, novas residências, novas amizades. Tendo provado os acepipes do cargo, acabam fisgados pela gula da alma. Desse ponto em diante, fundem-se com o entorno e tornam-se iguais aos demais.

Como a vida boa parece escorrer ainda mais ligeira, apenas por ser boa, passam a utilizar grande parte do tempo de mandato no garimpo de novos veios que possam reconduzi-los ao céu. Como o caminho que leva ao paraíso, tem que passar, necessariamente primeiro pela terra e pelo eleitor, nosso político volta a calçar, temporariamente, as sandálias da humildade e a correr atrás do voto.

Transformado em bilhete premiado, o voto é perseguido como água fresca no deserto. Por ele, mesmo as mais vexaminosas situações de humilhação e prostração são permitidas. Por ele, vendem a alma que já não possuem. Untam a mãe de cola, cobrem com penas de aves e a vendem como galinha gorda no mercado mais próximo. Para voltar ao céu, nossos sapos entram na viola, violam leis, falsificam assinaturas, recebem dinheiro sujo e rolam na lama. Quem fica no inferno é o mesmo que os colocaram no paraíso

 

A frase que poderia ser pronunciada

“Pela inoperância, excesso de funcionários para pouca eficiência e roubo do tempo do cidadão, a proposta é que se troque o nome para Esplanada dos Miniestéreis”

Cidadão revoltado com o vaivém e ele não se encontra.

 

Nomenclatura

Criatividade é solução efetiva, sem falsas promessas ou falsos resultados. Portanto, colegas jornalistas, não usemos mais o termo “contabilidade criativa” para os resultados fiscais que fizeram cair por terra todo o processo orçamentário do país. O nome disso é contabilidade sem verdade.

 

Carochinha

É bom que se registre que a consequência dessa contabilidade sem verdade atinge diretamente a Lei de Diretrizes Orçamentárias. A obrigatoriedade de se prever a meta do superavit primário, que norteia a responsabilidade fiscal, transformou a economia brasileira em um conto de bruxas e fantasmas.

 

Hombridade

Ter consciência dos atos trouxe a proteção ao orçamento do Japão. É que o ministro da Economia, Akira Amari, renunciou ao cargo depois de envolvimentos com aquisição fraudulenta em dinheiro de fundos políticos. Além de pedir desculpas ao primeiro-ministro Shinzo Abe, disse que assumia a responsabilidade por causar problemas ao premiê e que seria a melhor decisão para não prejudicar os planos de revitalização econômica do país. Há indícios de que ele não tenha sido diretamente envolvido no caso de corrupção, mas assumiu a culpa.

 

Dúvidas

Até agora o Ministério da Saúde tem sido omisso no caso zika vírus. As informações pela internet de que a vacina vencida contra rubéola poderia ter causado os casos de microcefalia não foram desmentidas com substância nos argumentos. Houve sim, no Nordeste, campanha de vacinação contra rubéola em que homens e mulheres entre 20 e 39 anos foram imunizados.

 

História de Brasília

À frente do Caravelle, estava postado com todo o equipamento, um carro-pipa do Corpo de Bombeiros, com dois soldados controlando a mangueira, para orientar o jato, se preciso. (Publicado em 31/8/1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin