Conselhão para uma ouvinte mouca

Publicado em Íntegra

Pressionada pela corrente lulopetista que, desde sempre, comanda com mão de ferro o partido e, por extensão, a própria presidente Dilma Rousseff volta a insistir na fórmula da Nova Matriz Macro Econômica, que, embora ninguém saiba o que é exatamente, marcou seu primeiro mandato e desembocou no que é hoje a maior crise de todos os tempos.

Em um sistema presidencialista com as características que temos, o personalismo saliente do chefe do Executivo tem influências mais do que visíveis sobre o funcionamento da máquina pública. A clássica divisão de independência e harmonia entre os poderes sofre, no caso de um governo que optou pelo modelo de coalizão política, ruídos de toda natureza, sobretudo nas relações entre o Planalto e o Congresso.

Abduzidos pelo poder que as chaves dos cofres públicos conferem à presidente, o Legislativo oscila entre a subserviência e a rebeldia conforme são maiores ou menores as benesses concedidas. É claro que um modelo com essas feições termina sempre em crise e, pior, arrasta consigo o restante do país.

Na tentativa de cortar caminho, encurtando negociações dessa natureza com o retorno do modelo econômico falido, foi exumado o Conselhão, espécie de claque escolhida a dedo, que tem a função inútil de diluir os erros da presidente, fazendo chegar a seus ouvidos moucos os reclamos da sociedade. Trata-se, na verdade, de factoide reinventado pelo marketing político do Planalto, talvez o único departamento do governo que parece funcionar de verdade.

A escritora inglesa Virginia Woolf dizia que é mais fácil matar um fantasma do que uma realidade. Essa parece ser exatamente a tentativa repetida pela presidente ao anunciar um incentivo de crédito de R$ 83 bilhões oriundos dos bancos públicos e do FGTS. Trata-se de medida extemporânea, anunciada justamente agora quando a população está perigosamente endividada.

Enquanto a prudência recomenda cortes profundos na gastança perdulária do governo, dentro do ajuste fiscal, o Planalto volta a insistir na fórmula fácil e desastrosa do crédito facilitado para impulsionar a economia. Nesse sentido, Dilma age como apostador que, depois de perder todo o dinheiro num cassino, tenta nova rodada de apostas ,colocando a escritura da própria casa como fiança.

Para os trabalhadores que vão assistindo inertes à dilapidação um a um dos fundos de pensão, permitido inclusive pelos sindicatos pelegos, parece ter chegado a hora de apostar também os recursos do FGTS na roleta-russa do governo. A situação fica ainda mais complicada quando se sabe que quem está na mesa do jogo viciado, apostando o dinheiro e o futuro dos trabalhadores, é justamente uma presidente em quem, segundo pesquisa recente do Instituto Paraná, 82% da população afirmam não confiar.

Alea jacta est.

A frase que foi pronunciada:

“Nada é mais longo que o tempo, porque é a medida da eternidade. Nada é mais breve, porque falta para todos os nossos planos. Nada é mais lento para quem espera. Nada é mais rápido para quem se diverte. Cresce até o infinito e até o infinito se divide. Todos o descuidam, todos lhe choram a perda. Sem ele nada fazemos. O tempo envolve no manto do esquecimento tudo quanto é indigno da posteridade, e imortaliza os feitos ilustres.”
Voltaire

Informação
» Carlos Augusto Moura, da imprensa da Anvisa, esclarece que a fiscalização dos planos de saúde é de responsabilidade da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Dobrado
» Está na Súmula 450 do TST e foi aplicado pela juíza Sabrina Fróes Leão. As férias dos empregados devem ser pagas até dois dias antes do período. Uma instituição educacional não o fez e foi condenada a pagar o valor em dobro. “Quem paga mal paga duas vezes”, repete o filósofo de Mondubim.

Humor
» O diretor do Departamento da Ásia e do Leste, é o embaixador Brasil Hollanda. Não seria mais adequado se alterássemos seu nome para Brasil Japão, tendo em conta o grande relacionamento econômico e diplomático com aquele país nos tempos atuais? A pergunta foi feita pelo amigo Kleber Farias Pinto.

Mistério
» Coisas inexplicáveis! Se você for assinante da NET TV e o receptor parar de funcionar, o técnico prontamente substitui o aparelho sem custos. Já o controle remoto, se apresentar algum defeito, a visita vai lhe custar R$ 50. Alguém consegue explicar?

História de Brasília
Os soldados entraram no aparelho com fuzis e baionetas caladas e se sentiram tremendamente incomodados com a passagem no pequeno corredor antes do salão de passageiros porque as baionetas ficavam muito altas e batiam nas paredes do avião.(Publicado em 31/8/1961)

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