Planos com a saúde debilitada

Publicado em Íntegra

Desde 1960

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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

 

Diante da perspectiva de debandada de 1,5 milhão de usuários ao fim deste ano, os planos de saúde, que outrora rendiam fortunas a muitos empresários e, de certa forma, serviam para aliviar a pressão sobre os Sistema Único de Saúde (SUS), começam a sentir pesadamente os efeitos da crise. Nos últimos anos, o número de usuários de planos apresentou leve queda.

A partir do fim de 2014, esse ritmo se acentuou fortemente e entrou em queda livre no início de 2015. Ao todo, somando-se os anos de 2015 e 2016, a previsão é de que 2,5 milhões de clientes abandonem os planos. Para esse nicho da economia que lida com um mercado de saúde, as previsões são as piores possíveis.

Para o governo — envolto em uma das maiores crises já vividas pelo país —, a notícia é ainda pior. Sem condições de oferecer atendimento de saúde, digamos, minimamente, decentes, a expectativa do governo é de que haja crescimento sem precedentes de retorno de usuários aos serviços públicos, o que aumentará a presssão e a desorganização de um  setor, há muitos anos, em estado caótico.

A situação dos planos de saúde se insere em uma imensa engrenagem que age e reage em cadeia e de forma sincronizada. O fechamento de postos de trabalho — fala-se hoje em mais de 14 milhões de desempregados — tem reflexos diretos na queda dos contratos de planos.

Sem dinheiro para bancar os altos custos desses contratos — muitas vezes feito de forma coletiva pelas empresas —, resta ao trabalhador abandonar os planos privados. Por sua vez, a crise empurra os planos para o ciclo perpétuo de reajustes e correções de tabela. Quanto mais as mensalidades dos planos são reajustadas, mais gente deixa de pagar e abandona o sistema privado.

Ao lado da questão previdenciária, os problemas nas áreas de saúde e educação são os que mais afligem os brasileiros. Da montanha de problemas que se anuncia para o governo interino de Michel Temer, a questão da saúde, talvez, seja a mais premente. Aquelas famílias que ainda podem têm optado por fazer uma pequena poupança mensal para cobrir gastos de última hora com saúde. O ideal, num país desigual e com uma das maiores cargas tributárias do planeta, como o nosso, seria que os serviços de saúde e educação fossem totalmente universalizados e de boa qualidade.

Para muitos especialistas no setor, a última década nos afastou ainda mais desse ideal, a ponto de se acreditar quem, nos próximos 10 anos, serão necessários esforço e trabalho gigantescos apenas para alcançarmos o patamar razoável. A fórmula para garantir os serviços de planos de saúde particulares será imensa. São quase 50 milhões de usuários ou 25% da população brasileira. Quem sabe, com um novo governo, as agências reguladoras voltem a operar nos moldes a que foram idealizadas e apontem um caminho para mais essa crise.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Nunca havia lido uma lei tão remendada quanto a Lei Orgânica do DF.”

 

No pé

Senador Telmário Mota é o regulador do senador Romero Jucá. A assessora jurídica, Fabiana Gadelha, não deixa escapar uma agulha fora do palheiro. Bom para o país. Se atacam, há que se defender.

 

Absurdo

Operadoras de celular nadam livremente no mercado brasileiro sem que ninguém as atormente. Primeiro, nenhuma loja de operadora de celular tem telefone fixo para atendimento ao público. Segundo, para mudar de plano, na Claro pelo menos, só há possibilidade de fazê-lo pelo telefone. O cliente diz o que pretende e depois a operadora liga de volta. Foi  tempo suficiente para que se percebesse que essa armadilha de fidelização não leva a nada.

 

Fast flu

Excelente o atendimento na loja Fast do Shopping Iguatemi. Não fosse o ar-condicionado congelante com o vento direto no cliente no momento de pegar o produto. O rapaz que entrega as compras é obrigado a aturar a temperatura de um frigorífico. É desumano.

 

História de Brasília

A Presidência da República mostrou que está sem um chefe do cerimonial. As autoridades se deslocaram para o pátio de manobras, trinta e cinco minutos antes da chegada do avião, e ficaram olhando o céu estrelado em busca de uma luz vermelha que pudesse significar a presença de um avião. (Publicado em 6/9/1961)

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