O mosquito contra o governo

Publicado em Íntegra

Para um governo que não sabe aonde ir, qualquer rumo que os fatos indicam e que a realidade impõe é tomado, desesperadamente, como direção a seguir. Abatida pela realidade, Dilma e seu longo séquito seguem erráticos. A situação atual do Executivo remete a obras de ficção tipo O incrível exército Brancaleone, de Mario Monicelli, de 1966. No filme, inspirado em Dom Quixote, de Cervantes, um pequeno exército de maltrapilhos, marcha pelo interior da Itália medieval lutando contra os muçulmanos, em meio à peste negra e à fome, que grassavam naquele período. O filme faz sátira aos costumes da época, desmantelando a ideia de que as armadas e cruzadas feudais eram conduzidas sob a bandeira de reais e santos propósitos.

Da mesma forma, a Armata Rousseff segue sua cruzada contra os moinhos de vento de uma proposta de governo que se esgotou por fadiga de material e apoio da população. A artilharia do inimigo agora é composta por bilhões de mosquitos, que fazem também o papel de oposição ao Executivo, ameaçando desmanchar o castelo de areia do Planalto. Na foto, distribuída para toda a imprensa, aparece uma presidente com a cabeça tombada sobre o ombro, num gesto de desânimo e abatimento, ladeada pelo ministro da Saúde, já em processo de fritura e pelo espaçoso Jaques Wagner, da Casa Civil, e toda a numerosa equipe.

Para um observador atento, a imagem da equipe ministerial, mobilizada e instigada a sair às ruas para combater o sarraceno Aedes aegypti é de desolação ante o avanço da tropa alada, que ameaça, inclusive, o último carro-chefe do governo, simbolizado pelos Jogos Olímpicos do Rio. A ordem estratégica é mandar a tropa de 20 ministros aos estados para um faxinaço no sábado.

Nessa batalha, a exemplo do que ocorria no medievo europeu, a Igreja também foi convocada, com a missão de envolver e conscientizar a população na luta contra o odioso egípcio. Semelhanças à parte, o fato é que epidemias provocadas por seres minúsculos ou microscópicos, transmissores de doenças, já foram responsáveis pela dizimação de grandes e poderosos impérios, derrotando incríveis armadas ao matarem indiscriminadamente.

A peste negra que varreu parte da Europa no fim da Idade Média é exemplo. Doenças, como a varíola, quase arruinaram o poderoso Império Romano no século 2 d.C. Mais recentemente, entre 1918 e 1919, aproximadamente 100 milhões de pessoas, 5% da população mundial, à época, foram mortas em decorrência da gripe espanhola, ocasionada pelo vírus influenza. Ao contrário do Exército Brancaleone de Dilma, o atual inimigo minúsculo é sério, determinado e se desenvolveu com a falta de saneamento básico.

 

A frase que não foi pronunciada

“Quando o cansaço de pagar impostos se juntar com o cansaço de não ter os serviços que a Constituição obriga o Estado a cumprir, daí ninguém vai mais segurar. Melhor prevenir.”

Contribuinte pensando com os seus botões

 

Futuro

É bom lembrar que a última MP aprovada pelo plenário do Senado como “jabuti”foi a medida provisória que flexibilizou licitações. Emendas jabutis estão proibidaspelo STF. Esse é apenas um lembrete para os próximos meses.

 

Participe

Bem organizado o portal do Ministério da Educação, Mudanças na Base Nacional Comum Curricular, que podem ser discutidas pela sociedade. A pasta colocou à disposição canais para a sua participação: basenacionalcomum.mec.gov.br, onde o documento está disponível até 15 de março. As contribuições podem ser individuais, por organizações ou por escolas. Informações pelos telefones 2022-9307 e 2022-9286 ou pelo e-mail basenacionalcomum@mec.gov.br.

 

Desvio de função

Quem aguarda a reforma na base curricular dos cursos da UnB é aluno de química, obrigado a desenhar plantas arquitetônicas. Outro dia, um deles estava em polvorosa com a obrigação completamente fora do padrão.

 

ECA

Nicole Kethlen, 10 anos, ligou da Quadra 803, do Recanto das Emas, exercendo a cidadania. “Tia Circe, impossível brincar aqui com esse esgoto fedorento na rua. Faz alguma coisa, por favor.”

 

História de Brasília

Se o plenário do Congresso aprovar a Emenda Parlamentarista, a grande derrota será do sr. Raul Pilla. Dezesseis anos no parlamento defendendo uma ideia, rejeitada em todas as legislaturas, para ser aprovada, finalmente, para tapar buraco. (Publicado em 31/8/1961)

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