Nova reitora, velhos problemas

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Qualquer universidade que se preze tem que ser um foco permanente de tensão. Somente pela tensão, os problemas que afligem a sociedade são discutidos, testados e postos à prova. A paz das calmarias se adequa melhor aos cemitérios. Universidade é onde os pensamentos se agitam e a diversidade aflora. Com a Universidade de Brasília (UnB), não deve ser diferente. Em sua primeira entrevista como reitora eleita para o período 2016/2020 , a professora do Instituto de Geociências Márcia Abrahão fez questão de deixar claro que será a reitora tanto daqueles que hoje ocupam diversas dependências da Instituição pública, como daqueles que são contrários à ocupação com a paralisação das atividades acadêmicas. No entanto, a professora Márcia reconheceu que é de seu mister buscar uma solução pacífica para as ocupações, de modo que o semestre termine conforme o programado, sem prejuízos para ninguém. O que se sabe é que mais de uma dezena de prédios estão ocupados pelos estudantes desde o dia 31 de Outubro, inclusive o próprio prédio onde funciona a reitoria.

O cumprimento do calendário acadêmico tem sido, desde sempre, uma preocupação constante da maioria das instituições de ensino público, envoltos, ano sim e outro também, em movimentos paredistas. O que ocorre quase sempre, é que esses movimentos têm data apenas para começar. Mesmo com a decisão do Tribunal Regional Federal, determinando a desocupação da UnB em 48 horas, permanece o impasse.

Para uma nova reitora que chega, na condição de primeira mulher a ocupar este cargo, o que se tem são velhos problemas, agravados agora pela tomada da Instituição por estudantes e movimentos órfãos do Partido dos Trabalhadores.

Em seu despacho, o juiz Itagiba Catta Preta deixou claro que “o objetivo do movimento é político, direciona-se à rejeição de projeto de emenda constitucional, matéria que não tem relação direta com a atividade acadêmica, o que retira qualquer legitimidade dos atos de ocupação/invasão.”

Para complicar uma situação que poderia ser resolvida intramuros, a Justiça Federal, atendendo um pedido do Ministério Público Federal (MPF), suspendeu, por quinze dias, o processo de desocupação da UnB, para que os estudantes tenham prazo maior para aprofundar as discussões sobre o tema.

É em meio a este imbróglio, em que nem a Justiça se entende, que Márcia assume uma das maiores universidades do país, por onde passaram figuras ilustres, como o atual governador do DF, Rodrigo Rollemberg, que estranhamente ainda não emprestou sua experiência como político e apareceu como mediador no longo e danoso impasse.

A frase que foi pronunciada

“Nós não devemos forçar as teorias à nossa intuição: nós mudamos a intuição para entender as teorias”.

Carlo Rovelli, físico da Universidade de Marselha na França

Menos médicos

» Nada boa a situação do programa Mais Médicos no Espírito Santo. Médicos, professores de cursos de medicina, alunos e residentes protestaram contra a inauguração da Faculdade de Medicina da Universidade Multivix em Cachoeiro do Itapemirim. A Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Vitória também impetrou ação, que foi acatada pelo juiz federal Rodrigo Reiff Botelho.

Voz do leitor

» Cercaram uma enorme área no aeroporto. Colocaram os locais de estacionamento de idosos e deficientes bem longe da entrada. Espertamente cobriram uma parte do estacionamento para lugares privilegiados com taxas maiores, sob o pretexto de sombra e proximidade. Os preços são abusivos. Três minutos pagamos o equivalente a 4 ou 5 dólares. Nenhuma autoridade nem a promotoria de defesa do consumidor e do idoso se manifestou.

A opinião é de leitor devidamente identificado.

História de Brasília

Revoltante e lamentável, o uso indevido de carros oficiais aos domingos. No Iate Clube, o recorde foi batido, numa demonstração de pouco caso para com a coisa pública, de falta de atenção para com o que não lhe pertence. (Publicado em 19/09/1961)

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