CLDF vive alheia em torno do próprio umbigo

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Numa democracia, em que o voto tem poder de fato, é comum observar que os candidatos que saem eleitos das urnas são exatamente aqueles que a população quis como representantes. Em eleições livres, a sociedade tem exatamente o poder de escolher os governantes que querem e almejam, sem pressões de qualquer tipo. Dito de outra forma, corruptos e malfeitores, eventualmente, alçados a representantes legais da população foram colocados nessa posição pelo do poder do voto popular livre e soberano.

Em 1811, o filósofo francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821) cunhou a frase que ainda hoje permanece válidapara entendermos um pouco sobre nosso sistema atual: “Cada povo tem o governo que merece”. Com base nessa constatação, é perfeitamente possível declarar que, os brasilienses têm os deputados distritais que livremente escolheram e, portanto, merecem. Mesmo aqueles que são constantemente vistos nas páginas de jornais reservadas a assuntos policiais e aos escândalos políticos, representam o eleitor.

De um lado e de outro das urnas, não existem inocentes. Formam, em nossa democracia, tanto no âmbito local quanto federal, uma espécie de corruptos de estimação dos eleitores, e seguem alojados no poder, anos após anos, sem serem incomodados, amealhando verdadeiras fortunas, sob o olhar de aprovação daqueles que franquearam, nas urnas, o caminho e as portas dos cofres públicos à sanha desses dilapidadores profissionais diplomados e com foro especial.

Nessa nova temporada de escândalos, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios denunciou, por duas vezes, os cinco distritais da Mesa Diretora por corrupção passiva, dentro dos desdobramentos da chamada Operação Drácon. Não bastassem as graves denúncias, surge agora a notícia de que a mesma presidente afastada da Casa teria, segundo gravações feitas com ex-senador Gim Argello, preso em Curitiba, recebido mesadas no valor de R$ 420 mil do Detran e participado de desvios de recursos de publicidade da própria CLDF.

Indiferentes não só ao vendaval da polícia que vasculha essas maracutaias, mas sobretudo à falência das finanças públicas do DF, as excelentíssimas autoridades encontraram tempo diante desse turbilhão de notícias para aumentar em 20% o orçamento da Câmara Legislativa para o ano que vem. Dizer o quê? Que os mandantes do assassinato da ética foram os eleitores?

A frase que foi pronunciada

“Por que sou um escorpião e esta é a minha natureza.”

Da fábula do escorpião e do sapo para o candidato e eleitor

Chegada

» Adib Abdouni, advogado criminalista e constitucionalista, desembarca hoje em Brasília para autografar o livro Operação Lava Lula, de sua autoria, na Livraria Cultura do Shopping CasaPark, às 19h30

A hora

» Indagado pelos colegas sobre a diferença de abordagem, Adib explica que chegou a ser filiado ao PCdoB, mas deixou o partido nas primeiras suspeitas de envolvimento do ex-presidente Lula com o esquema de corrupção na Petrobras que veio à luz com a Operação Lava-Jato.

De mudar

» São quase 600 páginas, nas quais o advogado reúne em linguagem acessível detalhes da explosiva delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral, além de transcrever depoimentos prestados ao juiz Sérgio Moro e tecer comentários sobre todos os casos de encarceramento de presidentes e ex-presidentes do Brasil. Leitura obrigatória nas férias.

Release

» Hoje, o Ipea lançará publicação que consolida dados sobre ações de cooperação para o desenvolvimento internacional implementadas pelo governo federal. Em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o relatório Cooperação brasileira para o desenvolvimento internacional: 2011-2013 traz informações levantadas em 93 órgãos e instituições do governo federal que atuam em 159 países. “Essa pesquisa vai possibilitar ao governo brasileiro formular uma política de cooperação internacional que ainda não existe”, observou o editor da publicação, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea João Brígido Bezerra Lima.

História de Brasília

Revoltante e lamentável o uso indevido de carros oficiais aos domingos. No Iate Clube, o recorde foi batido, numa demonstração de pouco caso para com a coisa pública, de falta de atenção para com o que não lhe pertence.

(Publicado em 19/9/1961)

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