De mal com você

Publicado em Íntegra

VISTO, LIDO E OUVIDO – De mal com você

Criada por Ari Cunha desde 1960

jornalistacircecunha@gmail.com

com Circe Cunha e Mamfil

 

Não é de hoje que a parcela da população brasileira mais atenta ao que se passa no governo tem observado, para decepção geral, que nas nomeações para os ministérios e  aos postos de segundo escalão, ao escolhido cabe apenas dizer sim ,ou não, o resto é feito automaticamente pelo governo. Não há um candidato que venha com propostas ou projetos próprios. Mesmo que os tenha, jamais poderá pô-los em prática. Com isso, um dos primeiros requisitos exigidos dos escolhidos é que ele concorde em aceitar todas as condições para o exercício do cargo. A começar por abrir mão de quaisquer traços de amor-próprio e outras exigências do ego.

A condição imposta para essa posição é que as possíveis humilhações públicas, que virão, não afetam ou ferem o orgulho do empossado. Estar no cargo apenas por questões de apoios políticos é o bastante. Mesmo diante de condições dessa natureza, em que o caráter e a personalidade pouco valem, muitos aceitam as condições. Não são raros os que sofreram na pele e na alma situações de humilhação pública escancarada. Fora do núcleo duro do governo, não há considerações maiores com membros da equipe. Ainda bem que muitos políticos de casca grossa não se intimidam ou sentem-se desprestigiados com as medidas tomadas pelo governo, que contrariam frontalmente suas posições.

Antigamente, dizia-se que políticos não têm alma e agem como zumbis, indiferentes a questões banais do mundo dos vivos. Diante da situação surreal em que o indivíduo está, mas não é, de fato, quem acredita ser. É preciso engolir o que vem pela frente. Dessa forma, muitos são os ministros e secretários que tomam ciência de mudanças em suas pastas por meio da imprensa. Outros ficam sabendo de demissões ou nomeações para suas equipes, por intermédio de terceiros. O governo, nesses casos, nem se dá ao trabalho de informar ao titular da pasta as alterações que fez. Consideração é coisa para pessoas normais e simples.

O chamado jogo político, ou o conhecido jogo de cintura, vale apenas para o período pré-eleitoral. Passada essa fase, as mentiras diminuem, as máscaras caem e entra em cena o verdadeiro candidato eleito. Vimos isso acontecer dezenas de vezes.

O Ministério do Planejamento, outrora uma importante pasta, ocupada pelos mais sofisticados economistas, secundados por equipes formadas com o que de melhor havia em material humano no país, hoje é uma sombra pálida do passado. Pudera, para quê Planejamento se não há plano de governo prévio a ser implantado? Pois foi nessa pasta que o Palácio do Planalto achou por bem nomear, sem o conhecimento da ministra, para o cargo de diretor do IBGE, um militante que já se mostrou disposto a cumprir ordens, dentro ou fora dos padrões técnicos, como fartamente publicado em jornais e revistas. Vai que os números desandem.

O mesmo se repete agora com o Ministério do Meio Ambiente, esvaziado previamente de suas principais funções, com relação à exploração de petróleo na bacia da foz do Rio Amazonas. A Advocacia-Geral da União, em comum acordo com o governo, ao considerar que as argumentações contrárias ao empreendimento feitas pelo Ibama não são indispensáveis, deu sinal verde para que o licenciamento ambiental permita o prosseguimento de exploração e produção de petróleo nessa que é uma das áreas mais ambientalmente sensíveis do país.

Se isso não é mais uma humilhação pública e um descaso com a questão do meio ambiente e ao que pensa a própria ministra, então estamos no mundo do faz de conta. Desde o início dessa discussão, sabia-se que essa controversa exploração aconteceria. A ministra Marina Silva sabia dessa possibilidade. O mais surpreendente é que a titular da pasta de fantasia não tenha ainda pegado seu boné. Ao contrário de outros ministros, Marina não precisa do governo e, nem tampouco, de se submeter a humilhações. É o caso aqui de dizer: desculpe, Marina, mas estou de mal com você.

 

A frase que foi pronunciada

“Não se pode fazer acordos com questões técnicas.”

Ministra Marina Silva

 

Loucura

Virou um balaio de gatos na W3 Sul. Se um carro ocupar a faixa do ônibus é só aguardar a multa. Só que os ônibus que têm faixa especial para trafegar fogem dela e ocupam todos os espaços causando um verdadeiro transtorno em horário de pico.

 

Solidariedade

É realmente muito triste, um professor de Música na capital federal precisar que os amigos se reúnam para fazer uma vaquinha para ajudar no tratamento de câncer. Professores, bombeiros e policiais deveriam ter o melhor plano de saúde do país. A Camerata de Brasília e convidados, com a participação de Érika Kallina, Janette Dornellas, Ariadna Moreira, Myrlla Muniz, Vilma Bittencourt e Alberto Sales fizeram um verdadeiro concerto na Escola de Música pelo amigo professor Ricardo Baptista.

 

História de Brasília

O departamento de Alojamento da Novacap precisa saber dos absurdos que estão ocorrendo nos apartamentos Do-Re-Mi. Houve invasão em apartamentos, e pertences dos hóspedes foram transferidos para outros blocos, à revelia, desaparecendo valores na operação mudança. (Publicada em 23/3/1962)

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