De Garanhuns ao Guarujá

Publicado em Íntegra

Na construção de mitos, alguns farelos de realidade são o bastante para compor uma narrativa crível. O tempo cuida de fundir fatos e versões num conto comum, de onde emergem figuras que incorporam nova identidade, distante da real, mas, ainda assim, capaz de agregar um sem-número de ouvintes crédulos.

Nesse sentido, a trajetória de Lula tem traços muito semelhantes aos de outras personagens da história moderna brasileira, como Padre Cícero, Lampião, Antônio Conselheiro. Em comum, esses indivíduos, empurrados pelos ventos do momento histórico, navegaram no mar de suas fantasias, algumas claramente coerentes com a noção de ética de cada um. Em comum, tiveram a capacidade de reunir em torno de si fiéis e fanáticos de todos os matizes.

Dentro do riquíssimo folclore nordestino, esses personagens fizeram história e ainda hoje despertam paixões. No caso de Lula, alguns jornalistas que puderam acompanhar de perto a caravana que ele realizou durante a campanha eleitoral de 2006 pelo Nordeste ficaram surpresos com o tratamento que a gente humilde, perdida nos confins do agreste, dispensava ao político.

Reverenciado como santo salvador, o candidato era tratado como uma espécie de Frei Damião. Todos desejavam se aproximar dele para tocá-lo e, de alguma forma, ficar imantado com a aura mística. A devoção tinha explicação objetiva e materialista: o Bolsa Famíla, que o sarapatel do tempo cuidará de deixar de lado. Em termos de marketing, poucos presidentes do Brasil puderam ter fotos tão nítidas da empatia de Lula no meio do povo. Suor e lágrimas sem preocupação com relógios.

Hoje é possível encontrar, pendurados no barbante nas feiras populares, os cordéis com Lula, ao lado de Padim Cícero e de Lampião, como heróis do povo. Santos para uns, justiceiros para outros, ou simplesmente libertadores do povo. No caso de Lula, seu surgimento foi insuflado por grande parte da mídia que, naquele período, ansiava por mais liberdade.

Acompanhado no dia a dia pela maior cobertura jornalística de todos os tempos, Lula era o personagem das manchetes diárias. Passado o período de admiração, com os escândalos de corrupção eclodindo em todo o seu governo, as visões se transformaram. O mesmo marketing não conseguiu encobrir as malinezas.

Visto de perto, ninguém é perfeito. Com Lula não foi diferente. Constatado o embuste, o espírito iconoclástico da imprensa, que também é sua maior virtude, voltou a prevalecer. E hoje o que surge diariamente nas páginas dos jornais é o homem como ele é de fato, não uma versão encantada de cordel. A realidade foi além da ficção.

 

A frase que não foi pronunciada

“Oi Luzinete, quero te agradecer. Graças a você, me lembrei de duas contas que tenho que pagar.”

Anônimo na rede

 

Anjos

Exemplos como o filho do embaixador Alex Ellis ou da filha do senador Romário são anjos que nasceram em um lar abastado para que os pais, líderes e carismáticos, pudessem alavancar a vida de milhares de famílias com as mesmas características.

 

Participa e age

O embaixador do Reino Unido, Alex Ellis, desde que assumiu o posto no Brasil, participa de várias atividades e reuniões políticas no Congresso ou em entrevistas para revistas e programas de TV. Espontâneo, esbanja simpatia principalmente quando fala do filho. O embaixador disse que o brasileiro é inclusivo por natureza. Nesse gancho, o senador Romário também recebe todas as entidades que pedem apoio. Os dois líderes apenas mostram que cada ser humano nasce com um potencial. Olhar para o ser humano como ser humano, com nome e personalidade, é o que devemos fazer, sem distinção. Incapacidade física não torna ninguém melhor nem pior do que os outros.

 

Aquecimento

Alex Ellis contou que as Paralimpíadas surgiram quando um hospital que atendia os soldados mutilados pela guerra percebeu que o que eles precisavam naquele momento era de entusiasmo. Joseph Cuttman, alemão, judeu, refugiado e neurocirurgião, iniciou as competições entre dois hospitais. Na Europa, as Olimpíadas são apenas um aquecimento para as Paralimpíadas.

 

História de Brasília

Não parecem jornais de revolução os de ontem, em Porto Alegre. Dão notícias de calma e expectativa e falam em vigília.(Publicado em 31/8/1961)

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