Todos pela Educação

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Por que até hoje é tão difícil manter em sala de aula, por todo o Brasil, os mais bem preparados e capacitados profissionais de educação? Para uma questão tão específica, qualquer explicação, minimamente satisfatória, requererá não apenas um, mas um conjunto de respostas que satisfaça essa preocupante e perene realidade. De saída, o que os especialistas no assunto apontam como causa é a ausência de políticas públicas voltadas exclusivamente para o corpo docente e capazes não apenas de formar, mas de atrair e, principalmente, manter dentro das salas de aula, os melhores e mais graduados educadores do país.

Para entender com maior clareza esse e outros assuntos relacionados ao universo da educação no país, é que o movimento da sociedade brasileira intitulado Todos pela Educação vem trabalhando desde 2006 com um objetivo e prazos determinados, visando assegurar que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, todas as crianças e jovens tenham garantido o direito à educação básica de qualidade.

Para um objetivo tão ambicioso, o TPE formulou essa tarefa em cinco metas precisas: Meta 1 — Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola; Meta 2 — Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos; Meta 3 —Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano; Meta 4 — Todo jovem com ensino médio concluído até os 19 anos; Meta 5 — Investimento em educação ampliado e bem gerido. Em levantamento sobre o assunto e divulgado neste início de semana, o TPE apresentou série de estatísticas sobre os professores brasileiros, que retratam bem nossa realidade atualmente.

De acordo com o organismo, o Brasil tem 2 milhões de professores na educação básica — a maioria atuando na rede pública de ensino (76,8%) e em maior concentração na área urbana (84,5%). O ensino fundamental 2 ( do 6º ao 9º ano) é a etapa com maior número de professores (quase 800 mil). De cada 10 docentes, oito são mulheres. Apenas metade deles, aponta o levantamento, tem a formação adequada exigida pelo Plano Nacional de Educação (PNE).

A idade média desses profissionais é de 40 anos, sendo que cerca de 400 mil têm mais de 50. Relevante ainda é notar que 30% dos professores têm contratos temporários, e 89,6% dos municípios brasileiros afirmam ter plano de carreira para o magistério.

Na pesquisa intitulada Formação de professores no Brasil — Diagnóstico, agenda de políticas e estratégias para a mudança, coordenada pelo professor Fernando Luiz Abrucio, da Fundação Getulio Vargas, e disponível no site do TPE em formato pdf, uma série de gráficos traduzem quantitativamente essa realidade brasileira.

Alguns aspectos apresentados no estudo apontam para necessidade de se rever alguns elementos contidos nos currículos de formação dos professores, como a falta de abordagem didática específica e de atenção e adequação ao perfil do aluno que ingressa no sistema. A Educação que parte apenas de sistemas e projetos não é suficiente. O aluno é a matéria-prima.

Outro ponto é quanto a necessidade de integração do tripé formativo — universidades — centros formadores / redes de ensino / escolas. Para tanto, Fernando Abrucio considera que a solução para essa integração seja a mudança nos currículos de pedagogia e licenciaturas, bem como a adoção de escolas públicas de referência e programas de estágios e residências pedagógicas. Para a superintendente do movimento Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, “a melhoria da formação e da carreira do professor é uma das cinco bandeiras do TPE, desde 2010, e mesmo sabendo que não há bala de prata em educação, essa é a nandeira que se destaca pelo enorme impacto que tem na aprendizagem das crianças e jovens e esse estudo e sua publicação vêm para apoiar essa agenda entendida pelo movimento como estratégica para a melhoria da qualidade da educação brasileira nos próximos anos”.

A frase que não foi pronunciada

“A democracia de amanhã se prepara na democracia da escola.”

Célestin Freinet

Amigos da Lua

Trata-se do grupo de motoqueiros da cidade, que, hoje, vai se encontrar na loja da Harley Davidson, na 510 Norte, às 19h. O DER participará do evento com uma palestra sobre os problemas do no trânsito envolvendo motos. O percurso traçado vai da W3 Norte para a Esplanada, passa pela L4 Norte e Sul, Ponte JK, até o novo Mormaii.

História de Brasília

O senador Juscelino esteve cedo no aeroporto, conversou com todo o mundo, foi ao restaurante do Lauro, serviu-se de água e café, conversou com muita gente, e foi embora, deixando o telefone onde se encontrava. Quando o aparelho estava para chegar, foi avisado, e chegou para receber o sr. João Goulart (Publicado em 6/9/1961)

Insumos do crime

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Virou rotina: sempre que há uma mudança de governo, o poderosíssimo lobby pelo retorno dos cassinos e pela legalização dos jogos de azar sai da toca e passa a atuar com desenvoltura dentro do Poder Legislativo. Com frequência regular, essa pressão vem se repetindo no mundo político e se explica pelo fato de que uma possível reintrodução dos cassinos no território brasileiro terá que passar, necessariamente, pelo parlamento.

A chamada bancada do jogo — logicamente aquela cujas campanhas são azeitadas com dinheiro dessa indústria — não perdeu tempo e vem apresentando ao presidente Temer argumentos que reforçam a tese de que a volta dos cassinos é um bom negócio para todo mundo, sobretudo para um país quebrado economicamente como o nosso.

Uma possível tributação sobre os jogos ajudaria a aumentar as receitas da União e reforçar os cofres públicos com os recursos advindos de uma atividade essencialmente recreativa. A legalização da atividade, dizem, proporcionaria excelente reforço ao mercado de trabalho, com a criação de milhares de empregos, alavancaria o turismo, entre outras benesses.

Ninguém duvida de que a volta de cassinos, bingos, roleta e outras modalidades de jogos de azar trariam recursos para os cofres da União. A questão é saber qual seria o preço cobrado da sociedade por essa legalização, principalmente da paz social.

Em um país onde o crime é mais organizado do que a polícia, mesmo com parte de suas lideranças recolhidas em prisões de segurança máxima e onde os casos de corrupção das instituições ganham manchetes diárias, é temeroso, para dizer o mínimo, que se fale em legalizar a contravenção. De saída, é simples supor que, em pouco tempo, o crime organizado passaria a controlar toda a rede de jogos legais, aumentando seu capital e tornando, praticamente impossível seu controle pelos órgãos de segurança. Também a lavagem de dinheiro ganharia um espetacular reforço, tornando inócua qualquer medida repressiva.

Uma coisa é certa: ninguém deseja com mais ardor a volta dos cassinos do que os chefões do crime . Trata-se de um retorno ao paraíso. A brecha aberta com a mudança de comando do país, liberou o sinal para a volta da pregação das teses da bancada da bala no Congresso.

A Comissão de Segurança Píblica e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, aprovou agora o porte de armas para advogados (PL 704/2015). O próprio Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.892/2003) voltou a ser discutido entre os parlamentares depois de 13 anos de vigência. A proposta corrente é para flexibilizar a lei, revogando muitos artigos impeditivos para o porte e uso de armas de fogo pela população.

O texto reduz a idade mínima de 25 para 18 anos, libera a propaganda, aumenta a quantidade de munição e o número de armas a que cada cidadão terá direito. Também nesse caso, o que se observa é a atuação de uma bancada financiada pela rica indústria do armamento.

Caso essas duas propostas venham a ser aprovadas e aceitas pelo Legislativo, estarão escancaradas as portas para empoderamento do mundo do crime, com consequências imprevisíveis para um país ainda carente de uma polícia moderna e eficaz .

Confirmados a volta dos cassinos e do porte de arma pela população, em breve o comércio local poderá colocar nas prateleiras a maleta contendo um kit com baralhos, dados e uma pequena pistola, da mesma forma como era encontrada no Velho Oeste americano do século 19.

A frase que não foi pronunciada

“Meu coração já se cansou de tanta falsidade.”

Frase do voto político

Acidente

Acabou com um ferido o acidente com um guindaste na Asa Norte. Mais de 100 toneladas tombadas na 707 Norte. Na queda, a carga caiu para o lado e a peça atingiu algumas casas e destruiu muros. O operador foi hospitalizado.

Elogios

Bastou alertar os bombeiros para o óleo na pista da Estrada Parque Paranoá para que eles limpassem o local. Graças à eficiencia e rapidez no atendimento ao chamado, muitos acidentes foram evitados. Quando a chuva chegou tudo estava limpo.

História de Brasília

O Ss. Ranieri Mazzilli chegou ao aeroporto, juntamente com outras autoridades, quatro horas antes do desembarque, antes, mesmo, da chegada da Guarda da Marinha. (Publicado em 6/9/1961)

Fio da navalha

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Ninguém duvida que o governo Temer esteja caminhando no fio da navalha. Mesmo com o apoio provisório de parte significativa da população e de seus pares no Congresso, dentro do costumeiro período de trégua de lua de mel, seus movimentos estão sendo observados por uma lupa rigorosa.

Impossibilitado de fugir do abraço mortal do modelo de presidencialismo de coalizão, que já levou muitos à ruína, cabe ao presidente e sua equipe se equilibrarem entre as muitas armadilhas plantadas pelos petistas rancorosos, pelo fogo amigo e pela ansiedade de uma população à beira do colapso nervoso.

No front externo, a situação varia entre a expectativa e a desconfiança. Dos inúmeros desserviços prestados ao país pela ex-presidente e seus acólitos, talvez o com maior potencial de estrago para uma economia fragilizada como a nossa tenha sido justamente a propagação , além fronteiras, da versão falsa de que o impeachment não passou de movimento golpista, levado a cabo por um grupo de direita de olho nas riquezas nacionais.

Em complemento à estratégia de difamação externa, o governo, varrido pelo bafo das ruas, ainda recorreu aos blocos econômicos do continente, dominados pelos tais bolivarianos, pedindo nada menos do que a expulsão do Brasil de seus quadros, por ofensa aos princípios e cláusulas democráticas. Alguns editoriais em jornais de grande respeitabilidade no mundo embarcaram na versão de golpe, motivados por um misto de má vontade com o Brasil e preguiça dos próprios correspondentes, que preferiram replicar informes espalhados pelos petistas.

Sabotado, de um lado, e, de outro, tendo à frente a maior crise econômica de todos os tempos, Temer contempla, da corda bamba, o precipício. Tomar pé das reais condições das contas públicas, camufladas, maquiadas e escondidas pelos que deixaram o poder, é o primeiro passo. Adotar medidas emergenciais precisas é o passo seguinte. Montar uma equipe com credibilidade perante o público interno e que, ao mesmo tempo, tenha espaço e peso dentro do Poder Legislativo é outra providência imediata. Para turvar o quadro, estão previstas, ainda, manifestações de rua dos grupos defenestrados do poder, apoiados pelos movimentos sociais e sindicatos que perderam a boquinha do governo.

Correndo por fora, a Operação Lava-Jato entrou na fase derradeira e já ameaça diretamente a ponta do megaescândalo, composta pela classe política. Quando a espada da Justiça começar a cortar as cabeças coroadas do parlamento, haverá, além da choradeira de praxe, uma cobrança maior de todos da base para que o governo Temer ponha freio no ímpeto saneador do Ministério Público. Vencidos esses obstáculos iniciais, restará a Temer aguardar ainda as decisões do TSE, se caça ou não a chapa que formou com Dilma em 2014, além, é claro, do julgamento final do impeachment pelo Senado.

O tempo exíguo para a realização de todas essas tarefas e a inquietação gerada pela massa de 11 milhões de desempregados desesperados representam também barreiras a serem superadas nessa maratona gigantesca e histórica que o destino reservou ao presidente em exercício.

 

A frase que não foi pronunciada:

“Filósofo parece costureira. Consegue pensar o resultado usando apenas o tecido, a linha e a agulha imaginários.”

Dona Dita

 

Missiva

Sobre o artigo “Cérebros em fuga” publicado nessa coluna, a médica endocrinologista Cristiane Jeice Gomes Lima descobriu, entre seus inúmeros pacientes, que um câncer que afetou uma família inteira é originário de mutações raríssimas. Tão importante foi a descoberta que a Instituição Americana Medstar Research Instituto a convidou para desenvolver sua pesquisa em Washington (EUA), às expensas do Instituto.

 

Logística

Doutora Cristiane, então, em setembro de 2015, pediu licença sem vencimento ao GDF (Processo nº 0270.001.126/2015) para continuar a pesquisa na Instituição Americana.

O antigo secretário tinha deferido o pedido, mas o atual cancelou, sob o argumento de que há carência de médico em Brasília, mesmo a médica tendo iniciado o curso, se mudado com a família para Washington, nos Estados Unidos, e arcado com todas as despesas de aluguel, matrícula das filhas etc.

 

Realidade

Foi feito o pedido de reconsideração, e o processo se encontra na mesa do novo secretário para decisão. Não preciso declinar os benefícios que o Brasil terá com a pesquisa. Pela história, percebe-se como os cérebros são tratados no Brasil. (A missiva foi enviada pelo leitor

Rubem Martins.)

 

História de Brasília

Quem resolveu a questão de comunicações foi a equipe da Rádio Difusora, Associada de S. Paulo. Os repórteres José Carlos de Morais e Carlos Spera formaram uma ponte sonora Brasília-Porto Alegre, através da qual o senador Auro de Moura Andrade pôde conversar com o governador Leonel Brizola. Foi o trabalho jornalístico mais importante do ano. (Publicado em 6/9/1961)

A quem interessa adiar, sine die, a reforma do Estado?

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Enquanto o Estado, apoderado pelo governo e por uma penca de partidos, mantiver sob seu mais severo controle as riquezas nacionais, representadas, sobretudo, por estatais das mais diversas, haverá sempre o desejo voraz de políticos e de oportunistas, de qualquer matiz, por cargos e outras benesses públicas. A multiplicação de legendas pode ser explicada, em parte, pela existência de um butim a ser repartido em paga pelo apoio.

Fora do universo político-partidário, outros grupos de pressão também são formados em alta quantidade, com vistas apenas à obtenção de vantagens materiais para um núcleo duro, formado exclusivamente por dirigentes e controladores diretos. É o caso de grande parte de sindicatos e federações de trabalhadores formados, nos últimos anos, com o objetivo focado basicamente nos lucros que essa atividade rende aos membros da direção. Como já registramos na coluna, a esperança nesse tema é que a Pública, a central do servidor, inove na visão para união de trabalhadores. Que seja firme sempre nos propósitos que apresenta.

Parte significativa de organizações não governamentais (ONGs), formada em tempos recentes, também entra na fila para arrancar do Estado maior lucro possível. Para um Estado montado com características próprias de uma empresa típica, em que o lucro é a meta final, não surpreende que a maior parte de agregados, que, em tese, deveriam servir de ponte entre a população e o poder, defendendo direitos legitimamente prescritos na Constituição, use dessa proximidade para obter vantagens para pequeno número de dirigentes. A população que vá se queixar ao bispo.

Sem uma reforma radical do Estado, jamais será possível estancar a corrupção e os desvios de recursos, muito menos se livrar desses grupos de sanguessugas que, a pretexto de representar a sociedade junto do poder, usam da função legal apenas para o enriquecimento de poucos. O reforço em moldes policialescos e repressor da Receita Federal atende, sob medida, esse modelo de agregados interesseiros.

O contribuinte, dentro do Estado empresa, é chamado compulsoriamente a bancar o festim sem limite. A comemoração, feita a cada ano e com grande foguetório, sobre o volume recorde na arrecadação de impostos, não chega a vexar o governo, já que sacia o apetite voraz dessa turma, da qual os membros do próprio governo são os primeiros beneficiários.

Refém dos grupos de pressão, resta ao Estado, a exemplo da loba romana, estender as muitas tetas à alcateia faminta. Enquanto o Estado insistir em voltar seus esforços para o controle das riquezas, priorizando coisas como a fabricação de bens econômicos, a razão de ser dessa entidade, que é distribuir justiça e bem-estar social, ficará em segundo plano, com prejuízo certo para a sociedade, geração após geração.

A frase que foi pronunciada:

“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada. ”

Immanuel Kant

Controverso

Deputado Hugo Leal sugere um Fundo Nacional de Combate à Corrupção. Essa verba seria destinada para educação, saúde, ciência, financiamento de pesquisa e meio ambiente.

Ops

Estupefata, a imprensa séria internacional tenta compreender os discursos dos petistas. Agora mais uma surpresa. O deputado José Geraldo propôs um projeto de lei para o país comemorar, em 17 de abril, “O Dia do Golpe Parlamentar do Brasil”. Quem não é petista gostou da ideia. Mas, depois, viu-se que o comemorar saiu do subconsciente.

Marco

Sarney Filho, do Meio Ambiente, esteve na barragem de Mariana, da mineradora Samarco. Declarou que, enquanto não houver certeza da segurança da barragem, não a apoiará em nada. O que precisa é acompanhar as sanções dadas à empresa.

História de Brasília

O sistema de informações funcionou muito mal. Tanto assim, que o presidente da República, sr. Ranieri Mazzilli, chegou ao aeroporto quando o sr. João Goulart ainda estava em Porto Alegre.(Publicado em 6/9/1961)

Tuitaço verde

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Em tempos de aquecimento global e outras anomalias climáticas provocadas exclusivamente pela mão humana contra o frágil equilíbrio da natureza, é preciso adotar cautelas redobradas contra toda e qualquer ação que possa perturbar, ainda mais, o delicado meio ambiente.

É com essa intenção que o Ministério Público Federal promoverá,  amanhã, a partir das 15h, um tuitaço contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 65 (PEC 65/2012). Entende o MPF que, da forma como está redigida, a proposta desobriga os interessados em desmatar alguma área, para qualquer atividade econômica, de realizar processo de licenciamento ambiental, impedindo também o posterior controle sobre o cumprimento das obrigações socioambientais que deveriam ser realizadas pelo empreendedor.

O MPF considera que a PEC 65 “subverte o Estudo Prévio de Impacto Ambiental — o EIA — e fulmina o devido processo de licenciamento ambiental, atualmente composto por três fases”. O que o órgão deseja com esse tuitaço é expor o problema à população, dar visibilidade à questão que, segundo entende, trará enormes prejuízos ao meio ambiente e às coletividades locais.

Ressalta o MPF que a ação no Twitter faz parte da mobilização, em todo país, pela eficácia do licenciamento ambiental. Além de publicações em redes sociais, o MPF articula ação coordenada com a realização de audiências públicas, em parceria com os MPs estaduais e demais agentes locais, para dar ampla publicidade ao tema, debatê-lo com a sociedade e alertar para os riscos da aprovação da PEC 65/2012.

Sandra Cureau, subprocuradora-geral da República, os procuradores da República no Rio de Janeiro Felipe Bogado, Leandro Mitidieri e Monique Checker, e o procurador regional da República João Akira consideram que a simples apresentação de estudo de impacto ambiental para a realização de um empreendimento, como prevê o documento no Senado (PEC 65), fragiliza ainda mais o conjunto de garantias e direitos.

Para tanto, o MPF esclarece como participar do tuitaço:

1- Participe do tuitaço #PEC65Não, dia 16/5, às 15h. Vamos chamar a atenção para o tema.

2- Divulgue nas redes sociais.

3- Publique informações em outros ambientes: blogs, artigos, listas de discussão, fóruns.

4- Divulgue a consulta pública que está sendo feita pelo Senado:

https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principalmateria

 

A frase que foi pronunciada

“Acho melhor entregar o Brasil para o Patati Patatá. Só mesmo dois palhaços para comandar esse circo”

Darlan Honorato, engenheiro de redes

 

Confraria

Fiquem de olho nas propostas da Visamos – pelo futuro do Brasil. Esse grupo resolveu se reunir e trazer a Brasília nomes reconhecidos no cenário intelectual brasileiro para debater sobre política, economia, educação e o futuro do país.

 

Release

Síndicos, subsíndicos, gestores reunidos em Brasília na próxima semana. O evento é promovido pelo Unasíndico. As inscrições podem ser feitas no site.

 

Convite

Candangolândia: Museu da Educação e a identidade de uma comunidade pioneira. O convite é para toda a cidade. No Ginásio de Esportes da Candangolândia, perto do CEM Júlia Kubitschek. Pioneiros, professores, estudantes prepararam rodas de vivência e apresentações culturais. Dia 20 em dois turnos. O primeiro começa às 9h30, e o segundo, às 13h30.

 

Ira

Pediu para não divulgar o nome porque trabalha no GDF. Mas nossa leitora, descontando os palavrões, ficou furiosa quando foi à concessionária próxima ao Aeroporto e, quando saiu com o carro novo, houve um problema. Teve que voltar. Encontrou o próximo retorno no balão que fica no fim do Eixo Sul. O resto da missiva é impublicável.

 

Anônima

Quem será aquela mulher que de madrugada dorme encostada na parede da rodoviária perto do semáforo, antes da virada para o Conjunto Nacional? Tão frágil, dormindo ali, sentada. Tão grande e ao mesmo tempo tão desprotegida pelo estado.

 

História de Brasília

O aparelho ficou retido em Porto Alegre durante várias horas, por “falta de garantia na rota”. Os entendimentos se processaram, até que às 20h15 o Caravelle da Varig chegou a Brasília trazendo o presidente da República. (Publicado em 6/9/1961)

Você paga o governo

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Texto

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Governos necessitam ser substituídos dentro do salutar rodízio imposto pela democracia. Isso, obviamente, vale apenas para a equipe escolhida pelos eleitores. Com as obras e realizações de cada administração, isso não ocorre. Muito pelo contrário. O que o cidadão espera é que as obras iniciadas, sejam concluídas e que as concluídas sejam eficientes, bem construídas e que durem o máximo possível, fazendo valer cada centavo retirado do suado dinheiro do contribuinte. Obras embasadas por bons projetos e devidamente fiscalizadas pelo contratante costumam ser de qualidade e durabilidade bem superiores.

O dinheiro do contribuinte é tão sagrado que o cofre contendo esses recursos deveria ser posto num altar e venerado pelos governantes todos os dias. Infelizmente, os tribunais de contas, que deveriam ter ação mais proativa na defesa dos recursos públicos, agem, em muitos casos, tardiamente, provocados pelas repercussões de escândalos ou por denúncias publicadas na mídia. No caso do Distrito Federal, ainda causa estranheza em muitos que construções caríssimas e suspeitas, como o Estádio Mané Garrincha, tenham passado livremente pelos órgãos de fiscalização, em brancas nuvens, sem óbice algum.

Até hoje, o contribuinte brasiliense não foi devidamente informado sobre a necessidade e o preço exorbitante pago por aquele monumento ao desperdício, que, mesmo fechado ou subutilizado, consome diariamente recursos para sua manutenção. Enquanto o contribuinte aguarda explicação clara para o caso específico, outras obras e projetos também dispendiosos, anunciados com grande alarido e propaganda, seguem esquecidos ou relegados a segundo plano pelo GDF. Uma dessas obras, deixadas de lado, por mais estranho que pareça, foi erguida justamente para abrigar todo o governo local.

O Centro Administrativo do Distrito Federal, chamado Buritinga, consumiu até agora dos cofres públicos cerca de R$ 660 milhões. Oficialmente pronto e inaugurado desde 2014, permanece vazio e totalmente sem função. Pior é que mesmo fechado, necessita de recursos mensais para manutenção. De acordo com o governo, além dos móveis, ainda não foram concluídas todas as instalações elétricas, de telefonia, de acesso à internet e de ar-condicionado.

Enquanto esse fabuloso conjunto com 17 grandes edifícios — centros de convenções e de convivência, estacionamentos, lojas e outras comodidades — não entra em funcionamento, o GDF continua gastando altas somas de dinheiro com o pagamento de aluguéis de imóveis para abrigar parte da administração. Para resolver o problema, lógico, foi criado um grupo de trabalho para estudar uma solução viável para o caso. Obras paradas dão prejuízo certo. Projetos suspensos no ar, idem.

No caso do projeto do Trevo de Triagem Norte, de fundamental importância para a cidade, parado desde 2014, há a promessa do GDF de que a construção tenha continuidade tão logo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) libere os recursos da ordem de R$ 150 milhões. O Trevo de Triagem Norte é formado por um conjunto de 12 obras viárias, que inclui a construção de uma terceira pista no trecho Torto-Colorado, viadutos, novos trevos e  benfeitorias que vão favorecer mais de 100 mil motoristas que passam pelo local diariamente e, não raro, enfrentam congestionamentos nas horas de pico. Também as obras da Penitenciária Federal de Brasília, destinada a abrigar 208 presos de alta periculosidade, estão paralisadas desde 2014. Embora com 62% concluídos, permanece em ponto de repouso e sem perspectiva de reinício dos trabalhos,  tendo consumido perto de R$ 20 milhões do contribuinte. Existe de fato uma percepção por parte da população de que Brasília parou, literalmente.

Estudos mostram que existem atualmente pelo menos 10 obras de grande importância para a cidade que estão paradas ou em ritmo muito lento. As estimativas dão conta de que seriam necessários, ao menos, R$ 1 bilhão para reativar essas obras.

“Nós temos o dever de garantir que cada centavo que arrecadamos com a tributação seja gasto bem e sabiamente, pois é o nosso partido que é dedicado à boa economia doméstica. Proteger a carteira do cidadão e proteger os serviços públicos: essas são as duas maiores tarefas e ambas devem ser conciliadas. Como seria prazeroso gastar mais nisso, gastar mais naquilo. É claro que todos nós temos causas favoritas. Mas alguém tem que fazer as contas. Toda empresa tem que fazê-lo, toda dona de casa tem que fazê-lo, todo governo deve fazê-lo, e este irá fazê-lo ” — legado deixado ao mundo por Margaret Tatcher.

No caso de grande obras, nestes tempos bicudos, o interessante seria o governo submeter cada uma a consulta pública minuciosa, preservando e resguardando o dinheiro, já escasso, do cidadão.

 

A frase que foi pronunciada

“Desde a volta da democracia, são poucos os discursos que se concretizam. Nas próximas eleições ninguém mais vai aguentar tanta mentira. A saída vai ser roubar nas urnas. Acabou-se a esperança.”

Desabafo de Jorge Silva, na Esplanada

 

História de Brasília

Contra a vontade de muita gente, com atraso de vários dias, com a demora de várias horas, com novo sistema de governo, e exaltado delirantemente pelo povo, chegou a Brasília o presidente João Goulart. (Publicado em 6/9/1961)

Mudanças efetivas ou a lâmina voltará

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Das muitas frases que nestes tempos de impeachment voaram de um lado para outro, aquela que mais sintetiza o quadro de instabilidade política vivido pelo país foi dita justamente pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Sydney Sanches, que em 1992 liderou o mesmo processo contra o então presidente Collor de Mello.

Do alto de seus 83 anos, Sydney Sanches confessou sua surpresa com a repetição do caso. “Achei que não estaria aqui para ver outro impeachment”, confessou. A frase mostra claramente que o modelo de presidencialismo de coalizão, adotado no país, tem sido, desde sempre, fonte permanente de desequilíbrio político. Ou as lideranças políticas do país abandonam a zona de conforto do modelo lucrativo do toma lá dá cá, ou seremos obrigados a assistir, daqui a duas décadas, repetição de episódios traumáticos como este.

Difícil saber o que é pior para o país. Ou o modelo viciado de cooptação do Legislativo em troca de apoio, ou a destituição continuada do chefe do Executivo a cada crise de desarranjo da base. De qualquer modo, a persistir a atual fórmula de governo, é certo que a maior perdedora será sempre a população, ou mais precisamente o futuro dos brasileiros.

A descontinuidade de projetos vitais para o país com mudanças abruptas de inquilinos do Palácio do Planalto é, no entanto, apenas mais um dos muitos pontos que necessitam de reforma urgente. O instituto da reeleição é outro ponto para onde sistematicamente convergem as crises políticas. Para alguns cientistas políticos, a reeleição é tida como fonte primária de crise, originando e fortalecendo o ciclo contínuo da instabilidade.

A existência de uma miríade de partidos pulverizados no Congresso, sem compromisso que não o de servir de fonte de renda para seus criadores, é outra providência que urge resolver por meio da chamada cláusula de barreira. Se a alternância de poder é sempre salutar para a democracia, o mesmo não pode ser afirmado com relação à forma abrupta trazida pelo impeachment.

Muda-se o inquilino às pressas, mas a estrutura da casa rachada, que ameaça ruir, permanece a mesma. Nesse governo que agora se despede, ou é despedido, de modo melancólico, quem ,de fato, está sendo posto na rua não é Dilma, mas seu criador, o ex-presidente Lula.

Ironia das ironias, quis o destino que o maior crítico de todos os governos e que, desde a redemocratização, trabalhou para o impedimento de todos os presidentes eleitos, venha a experimentar, no próprio couro, as chibatadas que distribuía sem cerimônia a torto e a direito. A exemplo do que ocorreu em 1794, na fase do terror da Revolução Francesa, nosso Robespierre de estrela na lapela sentiu no pescoço a mesma lâmina fria que recomendava a muitos.

A frase que foi pronunciada

“A tolerância é tão necessária na política como na religião; só o orgulho é que é intolerante.”

Voltaire

Missiva

Sergio Lerrer, atuante como gestor de comunição, divulga o contraponto que está sendo construído para mudar a estrutura do sindicalismo e colocá-la em sintonia com a sociedade. Trata-se da Pública, Central do Servidor. No DNA, lideranças do setor de auditoria, controladoria, Legislativo, Executivo, Judiciário. Mas a peça chave e o catalisador dessa nova instituição é funcionalismo insatisfeito com os sindicatos tradicionais.

Pública

A busca está em fugir do partidarismo, prioridades ideológicas, nebulosidades no uso dos recursos públicos e do distanciamento das bases reais. Lerrer escreve que a pedra fundamental da Pública é a ética, transparência e pluralidade. A Pública tem por base a construção de uma representatividade republicana e multipartidária voltada para os servidores públicos, afirma.

Nova

Desafio adiante será reconstruir a prioridade de um Estado eficiente, capacitado e com bons profissionais. Ser capaz de entregar os serviços públicos, justiça e retorno social aspirado pela população.

Pensamento

Lerrer finaliza a missiva atestando que, por pior que o cenário nacional muitas vezes se apresente, vemos como uma restauração e revigoramento dos processos e valores, acreditando que, mesmo no fundo do poço, nem a função política deve ser demonizada, assim como também a função da representatividade e suas organizações.

Práxis

Utilizemos a expertise que as estruturas estáveis possuem e podem colocar a serviço do estado, longevas para que os agentes políticos, escolhidos pelos cidadãos encontrem condições sólidas para implementar as políticas de governo, propõe Lerrer.

História de Brasília

É visível a má-fé, procurando chamar de comunista o movimento legalista iniciado no Rio Grande do Sul. Lamentamos que companheiros de profissão se sujeitem a essas condições para sobrevivência de um emprego público. (Publicado em 5/9/1961)

Jogando com as regras

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Na contramão do que vem sendo amplamente pensado pelo (possível ainda) governo Temer e pelo Congresso Nacional, o instituto da reeleição — considerado, depois de anos de experiência, como fator de instabilização política — continua na pauta da Câmara Legislativa do Distrito Federal e, principalmente, na cabeça da presidente da Casa. Desde o fim da legislatura passada e mesmo durante a atual, não passa um dia sequer sem que a presidente da CLDF, Celina Leão, acene com a possibilidade de mudanças que altere o artigo 66 da Lei Orgânica. Ocorre que Celina não está sozinha nesse intento. Ao contrário. Ela conta com o apoio de parte expressiva da Casa.

Os movimentos internos ora a favor, ora contra a medida, se sucedem e têm se alternado ao sabor das conjunturas. Diante da instabilidade generalizada que tomou conta do país, provocada em grande parte pelos episódios do impeachment da presidente Dilma, as mudanças no cenário político vêm ocorrendo com velocidade estonteante.

Se muda o cenário, muda ainda, com maior rapidez, a posição dos políticos em relação a temas controversos. Infelizmente, a população do Distrito Federal ainda está distante desse tipo de debate, preocupada com a questão nacional. No entanto, é preciso que os brasilienses sejam chamados a opinar, por meio de plebiscito ou outro meio qualquer, sobre essa importante alteração.

De saída, é bom ressaltar que, uma vez permitida a possibilidade de reeleição para Presidência, vice e três secretarias da Mesa Diretora da Casa, não será apenas a CLDF que sofrerá mudanças drásticas, mas todo o quadro político no DF, principalmente a composição do GDF, com reflexos diretos na vida do cidadão. Não é preciso ser expertise em ciência política para antever as consequências gerais dessa alteração. Em primeiro lugar, o que resultará dessa alteração na LO é a instalação, por meios paralelos, de um tipo de parlamentarismo à moda candanga, em que um Legislativo, supervitaminado, passará a ocupar espaços próprios do Executivo.

A razão é simples: aprovado esse instituto, qualquer ocupante que vier a presidir a CL se tornará —, naturalmente, por motivos óbvios — candidato potencial a governar o DF. Diante dessa possibilidade, o grande poder enfeixado nas mãos de presidente do Legislativo, com mandato esticado para quatro anos, será suficiente para concorrer e mesmo se contrapor ao governo local, criando situações inesperadas e talvez não desejadas.

 

A frase que não foi pronunciada

“Ninguém segura o Teori na prática.”

Alguém, na confusão dos corredores do Senado

 

Se cair

Estudos sobre a queda de idosos propõem protocolos de prevenção por meio de visitas domiciliares. A Política Nacional de Saúde do Idoso aborda esse tipo de assistência. Mas, para colocar em prática, estados  e municípios são os responsáveis por capacitar profissionais e viabilizar a atenção ao idoso, evitando as graves consequências das quedas.

 

Nas mãos

Chega a vez do ex-presidente Lula se preocupar. Cassado o mandato do senador Delcídio do Amaral, a denúncia contra Luiz Inácio Lula da Silva passa às mãos do juiz Sérgio Moro.

 

Lewandovisky

Praticamente direcionando o recado ao ministro Lewandowski, o ministro Teori Zavascki dá o golpe final: “Não há base constitucional para qualquer intervenção do Poder Judiciário que importe juízo de mérito sobre a ocorrência ou não dos fatos da acusação”. E mais: “O juiz constitucional dessa matéria é o Senado Federal, que assume o papel de instância definitiva, cuja decisão de mérito é insuscetível de reexame, mesmo pelo STF”.

 

Impeachment

Cartão vermelho para a gramática adotada pelos Correios. Não há como subentender Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para se antepor o verbo no singular. Correios são os Correios. Empresa é empresa. As Casas Bahia e não A Casas Bahia. Há quem discorde. Mas a nossa corrente é o impedimento para tudo o que diz ser o que não é.

 

Não passa

Nem aumentou tanto o número de cheques sem fundo no Brasil. Em 1991, quando o Indicador Serasa Experian passou a computar os dados, o número de inadimplentes era de 1.354.017. Em março de 2015, o número de devolução foi de 1.414.160.

 

História

Encontro no celular um documento digitalizado de suma importância para Brasília. Soledade Arnaud, que herda o legado musical de Neusa França, foi também avaliada por Magdalena Tagliaferro, Miriam Dauelsberg e Klaus Schilde (da Escola de Música de Berlim). Fica o registro.

 

História de Brasília

Estas notícias foram feitas por jornalistas pagos pelo governo, para difamar autoridades, lançando a desconfiança e o descrédito para os que não concordam com as ideias dos atuais dirigentes da Agência. (Publicado em 5/9/1961)

“Quando vier a primavera”. Alberto Caeiro

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Desde 1960

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É pelas mãos do jardineiro que a primavera vem

“Quando vier a primavera, / Se eu já estiver morto,/As flores florirão da mesma maneira / E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. / A realidade não precisa de mim.”

No poema de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, o poeta e escritor português apresenta uma natureza indiferente ao homem e ao seu destino derradeiro e inevitável. Mas, se a natureza em seu todo ignora os humanos e suas tribulações sem fim, o mesmo não ocorre a pequena parcela de homens a quem foi confiada a imensa tarefa de cuidar para que a primavera retorne na hora certa, com flores multicores, árvores verdes e frutos maduros.

Na verdade, quem deu o fruto, sombra refrescante e cheiros, que também desabrocham no ar — foi justamente a mão que cuidou de preparar a terra, lançar a semente no solo, regando-a dia após dia. É pelas mãos do jardineiro que a primavera vem. Há, na vastidão do mundo verde, espécies que requerem incontáveis anos para atingir a plenitude. Outras que levam décadas para dar os primeiros frutos. A natureza tem seu tempo próprio, e ele se estende muito além de cada um de nós.

Quem vagueia despreocupado pelos extensos jardins da cidade-parque, perdido das horas e ao abrigo do Sol, percebe que, por trás da beleza que hoje se impõe majestosa, lá, nos bastidores do passado, existiu grande e laborioso jardineiro que cuidou de preparar o advento dessa floresta urbana.

Alheio à gratidão do futuro e ao reconhecimento da primavera, cuidou de trazer do chão vermelho e seco todo tipo de vida. Pavimentou as trilhas com relva fresca, cobriu o chão de folhas, cercou a vista com milhões de árvores de todas as espécies, principalmente daquelas que a terra local aceitava sem protesto.

No belíssimo filme O homem que plantava árvores, dirigido por Fréderic Back, baseado no romance de Jean Giono e ganhador do Oscar de melhor animação em 1988, a trajetória de vida de Elzéard Buffier é tão parecida com a do jardineiro Francisco Ozanan Correia Coelho de Alencar, do Departamento de Parques e Jardins, da Novacap, que, por vezes, elesparecem ser a mesma pessoa, em lugares e tempo diferentes.

Tal como Ozanan, Bouffier plantou milhões de árvores nos alpes franceses, transformando o que era deserto árido e triste numa das mais belas e vívidas paisagens da Provença. Ozanan fez o mesmo em Brasília. Seu desaparecimento, em pleno outono, pode ser um sinal de que finalmente a natureza agradeceu a alguém.

 

A frase que foi pronunciada

“É possível que só as árvores tenham raízes, mas o poeta sempre se alimentou de utopias. Deixe-me, pois, pensar que o homem ainda tem possibilidades de se tornar humano.”

Eugênio de Andrade

 

Gratuito

Regidos pelo amor à música, os componentes do Clube da Bossa Nova, com o apoio do Sesc, continuam com atividades cada vez mais apreciadas pelo público. No próximo sábado, às 11h30, realizarão o evento Palco aberto, para dar oportunidade a todos que têm vontade de pisar em um palco e cantar. O ambiente intimista favorece. Quem quiser executar alguma música com seu instrumento ou declamar poesia também terá espaço.

 

Para cantar

A inscrição pode ser feita pelo site www.clubedabossanova.com ou pelo E-mail clubedabossa@gmail.com. Endereço: SCS, Quadra 2, Ed. Presidente Dutra (Prédio do Sesc), Térreo —Teatro Silvio Barbato.

 

Aprazível

Marcos Freire, diretor do Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde, único no DF, recebeu o governador para a reinauguração do espaço. Acupuntura, homeopatia, psicologia, programa de fitoterapia e plantas medicinais, tai chi chuan e várias outras atividades. Marcos Freire descreve o local em toda a trajetória: do pioneirismo à referência.

 

No ponto

Se algum vendedor se aventurar em ficar em frente ao ponto de ônibus perto do Palácio do Planalto corre o risco de a polícia passar e recolher tudo. Dia desses, um homem foi rendido ali mesmo e teve o carro roubado. Os ladrões não tiveram o mesmo tratamento enérgico recebido pelos trabalhadores. A reclamação foi desabafo de uma mulher enquanto esperava o ônibus.

 

História de Brasília

O serviço distribuído com a rubrica do capitão Montezuma, no Rio, dá dois telegramas, um de Montevidéu e outro de Pequim, quando se sabe que essa agência não atua no exterior. O de Montevidéu diz que possivelmente Luiz Carlos Prestes assumirá o comando das milícias do Rio Grande do Sul para conduzir “a posse de João Goulart na presidência do Brasil”. (Publicado em 5/9/1961)

Celeiro de venenos

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DESDE 1960

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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br com MAMFIL

 

Quando se fala em produção agrícola, os números apresentados pelo Brasil são verdadeiramente astronômicos. Para um país de proporções continentais e que nas últimas décadas vem expandindo progressivamente suas fronteiras agrícolas através do uso intensivo de maquinário de última geração, falar em produção recorde da safra a cada ano virou lugar-comum.

A safra 2014/2015 de 209,5 milhões de toneladas superou a anterior, crescendo 8,2% e tem sido assim, ano após ano. Esses dados também se repetem no aumento das áreas abertas à agricultura. Hoje, são aproximadamente 60 milhões de hectares de área plantada, que se expande cerca de 1% a 1,5 % a cada ano.

Com números dessa magnitude, o país consolida sua posição como celeiro do mundo. Não é por outro motivo também que o poder de lobby do setor é, de longe, o mais o mais poderoso e eficaz de todos, superando a própria indústria. Tendo por trás um império com essa força, não é de se estranhar que a bancada do agronegócio venha sendo o fiel da balança na maioria das votações no Congresso. Há quem afirme, inclusive, que foi a retirada do apoio dessa bancada, contrariada em suas pretensões por medidas do governo Dilma, que abriu o caminho para o impeachment da presidente.

Portanto, falar em contrariar a turma é receita certa para turbulência de toda a ordem. Poderosos na produção agrícola e na política, organizados em um grupo coeso, não espanta que o governo federal, no caso o Ministério da Agricultura, o Ministério do Meio Ambiente e o próprio Ministério da Saúde, faça vistas grossas. Há quem denuncie que até mesmo impede que as fiscalizações neste setor se façam como manda a legislação.

O desrespeito às mínimas regras do meio ambiente, através do assoreamento de rios, de derrubada de mata nativa, da contaminação do solo e outras infrações, se esconde por baixo dos números superlativos do setor.

Falar em fiscalizar o setor é comprar briga que nenhum governo, de qualquer partido, topa de frente. Não é por outra razão que dados apresentados a pouco pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que os brasileiros consomem aproximadamente cinco litros de agrotóxicos variados a cada ano.

Desde 2008, o Brasil ocupa a primeira posição no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Segundo a Anvisa, enquanto nos últimos 10 anos o mercado desses venenos cresceu 93%, no Brasil esse crescimento foi de 190%.

Entidades como a Abrasco alertam que 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão fortemente contaminados por agrotóxicos. Além disso, alerta a própria Anvisa, 28% desses produtos vendidos ao público em geral apresentaram contaminação por produtos não autorizados. Também os alimentos feitos a partir de grãos geneticamente modificados apresentam substâncias tóxicas e não autorizadas.

Fato mais aterrorizante ainda é quando se sabe que mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil hoje há tempos foram banidos da Europa e dos Estados Unidos. O resultado direto do consumo dessas substâncias perigosas é que tem aumentado exponencialmente o número de casos de câncer e de outras doenças genéticas.

Substâncias como o glifosato, banido em várias partes do mundo por sua potencialidade carcinogênica, continuam a ser vendidas livremente no país. Uma simples ida ao verdureiro ou ao hortifrúti dos supermercados é receita para uma mesa farta de venenos dos mais poderosos.

Para os vegetarianos, um prato de salada variada, consumida hoje, equivale à ingestão de colheradas de veneno, repletos de metais pesados e outros elementos mortíferos. O problema maior é que os efeitos desses elementos são cumulativos e deletérios, agindo em silêncio.

Ou o Brasil adota medidas urgentes e duras no disciplinamento do uso dessas substâncias, ou as gerações futuras pagarão o preço com a própria vida.

 

História de Brasília

Estas notícias foram feitas por jornalistas pagos pelo governo, para difamar autoridades, lançando a desconfiança e o descrédito para os que não concordam com as idéias dos atuais dirigentes da Agência. (Publicado em 05/09/1961)