Seca hidrata candidatos

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Circe Cunha e MAMFIL

Técnicos em recursos hídricos e meteorologia são unânimes em considerar que a região Nordeste vive o mais severo e prolongado período de seca dos últimos 100 anos. Para se ter uma ideia, apenas nos últimos cinco anos, o volume médio das chuvas na região, que normalmente se estendem de novembro a março, vem decrescendo de modo assustador. Tal fenômeno tem levado muitos habitantes a acreditar que o semiárido, como conhecemos hoje, com a tradicional vegetação do tipo caatinga, diante das mudanças climáticas que vêm afetando todo o planeta, caminha, a passos largos, para se transformar numa imensa e inóspita região desértica.

Chama a atenção também o fato de que os efeitos da seca prolongada parecem se alastrar a cada ano para áreas que anteriormente estavam imunes à estiagem. Nos últimos anos, o polígono da seca cresceu muito num processo contínuo e parece irreversível. Essa situação agrava ainda mais um problema que é tão velho quanto a história do Brasil.

Entre 2012 e 2013, essas regiões amargaram um prejuízo de R$ 104 bilhões. A grande área atingida pela estiagem persistente abrange os estados de Alagoas, da Bahia, do Ceará, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Norte, de Sergipe, do norte de Minas e parte do Espírito Santo, afetando cerca de 25 milhões de brasileiros. Nessas localidades, é possível afirmar que grande parte das pequenas e médias cidades ainda subsiste graças aos vários programas assistenciais, como o Bolsa Família, a aposentadoria rural, o Bolsa Estiagem, além de programas de fortalecimento da agricultura familiar e de incentivos para a construção de cisternas, entre outros.

Se, por um lado, esses vários programas permitem que as famílias permaneçam vivendo em suas propriedades, por outro, favorecem a perpetuação de uma classe política que sempre teve na indústria da seca seu principal capital. Messiânica e carismática, a maioria dos políticos populistas que viceja por essas regiões encontra na miséria das populações locais um jeito fácil para eles e seus familiares permanecerem ad eternum no poder, manipulando as necessidades básicas dessa gente de tal forma que parece ser ela a única que pode salvar a todos da fome e da morte.

Hábeis interlocutores entre os governos locais e a população, os políticos dessas regiões seguem sempre a mesma receita secular: salvam a si e aos seus em primeiro lugar, depois tratam de atar uma imensa legião de famílias carentes aos seus interesses, fazendo parecer a todos e a cada um que é de seu próprio bolso que saem os recursos salvadores. A questão central é como um problema tão antigo, do qual já se conhecem as causas e consequências, e principalmente os remédios, ainda persiste tal e qual era no tempo da monarquia?

A frase que foi pronunciada

“Que tal concurso público para ser ministro do Egrégio STF?”

Vasco Vasconcelos, escritor e jurista

Vizinhança

» Mauro Chaves é a prova viva de que a vizinhança simpática em Brasília existe sim. Ele mora no Condomínio San Diego. Como vários vizinhos são do Rio de Janeiro, durante o carnaval eles voltam para a terrinha. Mas antes disso, há o tradicional desfile na casa do Mauro. Trata-se da Confraria 21 meia um. Todos se unem para organizar a festa. Ala das baianas, bateria, muita alegria e depois uma superfeijoada.

Importante

» No próximo dia 16, acontecerá importante palestra sobre a reforma na Previdência. Capitaneada pelo secretário de Previdência, Marcelo Caetano, tendo o Dr. Vilson Antonio Romero, presidente do Conselho Executivo da Anfip, como debatedor. O evento terá início às 20h, na Grande Loja Maçônica do DF, que fica na 909 Norte.

Memória

» Assim como tantas outras invenções brasileiras, a máquina de escrever, cujo o teclado disposto é o mesmo dos computadores atuais, foi inventada pelo padre paraibano Francisco João de Azevedo, nascido em 1814. Apenas uma lixa e um canivete foram necessários para o protótipo do invento. Mas nada aconteceu. Passados alguns anos, depois que a máquina de escrever chegou ao público, tiveram certeza de que algum estrangeiro sabotou o inventor brasileiro. Há também quem afirme que o religioso permitiu a reprodução do invento. Quem lembra sobre o fato é o inventor Reginaldo Marinho.

História de Brasília

Caubi de Oliveira, “Correio Paulistano”: Jânio é um homem imprevisível. Se ele voltar a empolgar o eleitorado, é difícil uma previsão. Contudo, é certo que o povo brasileiro manterá as conquistas democráticas alcançadas até hoje. O sr. JQ terá que se enquadrar dentro dessa linha. Não acredito que a renúncia o tenha liquidado irremediavelmente. (Publicado em 22/9/1961)

Impressionante

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aricunha@dabr.com.br

Circe Cunha e MAMFIL

Político que é político em qualquer oportunidade faz comício. De batizados a velório, onde tiver orelhas abertas, ele despeja o latinório, diz o filósofo de Mondubim. Não foi diferente também durante todo o processo que começou com a entrada da ex-primeira-dama, Marisa Letícia, no Hospital Sírio-Libanês e culminou com seu velório na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Tão logo foi anunciada a enfermidade de D. Marisa, prontamente formou-se na porta do hospital, uma providencial claque raivosa de militantes, arregimentada com o objetivo de hostilizar qualquer um não alinhado e, de quebra, usar um momento que deveria ser apenas de apoio reservado à família, para ocupar espaço na mídia. A imprensa, obviamente, foi o primeiro alvo da ira dos manifestantes. Não faltaram xingamentos e ameaças de todo tipo aos profissionais que cobriam o evento.

Os políticos, em geral, que ousaram prestar solidariedade pessoalmente no local só não foram agredidos graças ao reforço na segurança. Muitos, inclusive, foram obrigados a entrar no hospital por portas laterais para escapar da fúria dos agitadores profissionais. Tudo conforme sempre rezou o manual de boas maneiras imposto aos filiados pelos donos do partido. Até aí nada de mais.

Desde que chegaram ao poder, os dirigentes desse partido sempre fizeram questão de abrir um fosso entre eles e a sociedade não adesista. O problema é que com a decadência da legenda, provocada justamente pelas operações da polícia, as quais acabaram levando à prisão muitas de suas lideranças, o partido, que era um continente antagônico, se reduziu a uma ilhota, cercada de descontentamento por todos os lados.

É nessa condição de encolhimento físico e moral que o próprio chefão do partido não se fez de rogado e, diante da companheira e dos mortos-vivos que acompanhavam o féretro, ousou culpar, pela morte da companheira, as investigações da Operação Lava-Jato e congêneres. Ao usar o caixão da esposa como palanque para pregar uma narrativa que sabe falsa, Lula encolhe moralmente ainda mais.

A frase que não foi pronunciada

“A independência dos Poderes na Constituição nem sempre é observada. Talvez pertença ao espaço da utopia.”

Ex-ministro Almir Pazzianotto

Idecan
» Jovens que passaram os últimos dois anos em dedicação exclusiva para o concurso dos bombeiros tiveram outra decepção. A primeira foi quando o GDF adiou o concurso. Nesse domingo, veio o banho de gelo. Total desorganização. O local da prova descrito nos cartões disponíveis na internet e impressos pelos candidatos estava errado. Por isso, os cartões de respostas estavam em nome de outros candidatos. A sugestão dada pelos fiscais da prova foi que o aluno riscasse o nome errado e preenchesse o próprio nome. Absurdo. Quiseram economizar contratando um instituto desconhecido. Esse foi o prejuízo. Como dizia Pontes de Miranda: “Quem paga mal, paga duas vezes”.

Fundos
» Hoje, no Auditório do Pleno, em audiência pública no Mezanino da OAB/DF, na SEPN 516, a Ordem dos Advogados do Brasil discutirá os fundos de pensão de estatais de todo o país, além das patrocinadoras, associações e federações de participantes e assistidos, sindicatos e entidades representativas nacionais públicas e privadas.

Pensão
» As regras de governança dos fundos de pensão arbitradas pelo PLP 268/2016 precisam ser discutidas. Jorge Faiad, presidente da Comissão, quer chegar a um entendimento democrático sobre as propostas para que o texto aprovado responda aos anseios da sociedade.

Pura maldade
» Em frente à Tecar, na 512 Norte, havia um Fiat estacionado, na quinta e sexta-feira. Foi o suficiente para o estardalhaço. Até polícia foi acionada. Pelo burburinho diante da concessionária, percebe-se que as pessoas andam com os nervos à flor da pele. Tudo vira possibilidade de violência. Já que o carro estava sem explodir havia dois dias, a solução dos funcionários foi esvaziar o pneu do automóvel.

Perda
» Ter um porquinho para guardar as moedas não faz mais sentido. É o fim da tradição. A perda líquida da poupança, em janeiro de 2017, chegou a R$ 10,735 bilhões. É o pior resultado desde 1995. Pisam, em 2017,12 milhões de desempregados.

História de Brasília

Cláudio Coletti, Folha de S. Paulo: Jânio está liquidado; a não ser que exista alguém neste país que queira uma ditadura. Para mim, Jânio fugiu. Para uns, ele renunciou para voltar como ditador e está, então, sujeito ao Código Penal… Para outros, renunciou por doença; então merece dó… (Publicado em 22/9/1961)

Vence o mais cheiroso

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jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Nos últimos anos, diversas expressões da nossa língua pouco conhecidas e faladas pelos brasileiros comuns passaram a aparecer em grande número em manchetes de jornais e na mídia em geral e, em pouco tempo, começaram a ganhar a boca do povo, como se fossem palavras oriundas de uma nova língua estranha e misteriosa.

Expressões como “delações premiadas”, “embargos infringentes” e outras pertencentes ao mundo hermético do direito foram incorporadas às discussões corriqueiras, quando o assunto é corrupção da classe política, de empresários ou de funcionários públicos. À medida que a população vai se inteirando dos fatos, tanto do mensalão quanto dos decorrentes da Operação Lava-Jato, começaram a surgir também personagens e profissões inteiramente desconhecidas do grande público, que agiam com tanta desenvoltura nos bastidores das campanhas políticas que mais pareciam ser o ator principal.

A vaidade e a soberba dos profissionais da propaganda de perfumarias e, principalmente, o repentino e inexplicável enriquecimento material, mesmo antes de despertar a inveja dos que por anos sempre atuaram no mesmo meio e não tiveram sorte igual, chamaram a atenção das autoridades que seguiam a rota dos bilhões de reais surrupiados que escorriam por todos os lados. Nesta chamada democracia de audiência, em que os candidatos são vendidos como sabonete, vence quem for mais cheiroso.

O primeiro representante dessa categoria a surgir diante dos holofotes da mídia e das comissões parlamentares de inquérito foi um tal Duda Mendonça, que, na pretensão de querer parecer mais realista do que o rei, confessou ter recebido a paga pelos préstimos à campanha de Lula em contas devidamente camufladas no exterior. Aquele episódio, que quase custa um impeachment ao chefão geral do esquema, de nada serviu para abaixar a crista das aves de rapina. Pelo contrário. O próximo e mais devastador escândalo de corrupção, o petrolão, trouxe não um, mas uma dupla de marqueteiros do mesmo naipe, engasgados na Operação Acarajé, de 2016. O casal João Santana e Mônica Moura já foi apresentado à população devidamente acompanhado dos agentes da Polícia Federal.

Tão egocêntrico como o primeiro de 2005, esse casal de propagandistas de ilusões, graças às relações estreitas que mantinham com os mesmos figurões da República e certos do manto protetor da impunidade que os milhões de dólares ilusoriamente conferem, entraram tranquilamente na sede da polícia em Curitiba, de onde esperavam sair dali a poucas horas.

Condenado agora por crime de lavagem de dinheiro a oito anos de cadeia, mais um bloqueio de US$ 4,5 milhões, acrescidos ainda de mais US$ 30 milhões a título de reparação de danos, o casal segue em liberdade e promete recorrer. No despacho, o juiz Sérgio Moro mandou um recado aos marqueteiros lembrando que “a lavagem encobriu a utilização de produto de corrupção para remuneração de serviços eleitorais, com afetação da integridade do processo político-democrático” sendo, em sua avaliação, “o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobras, a contaminação da esfera política pela influência do crime”.

Quando o marketing é usado para vender corruptos como se fossem salvadores da pátria, torna-se, ele próprio, parte desse mesmo esquema de fraude, convertendo os profissionais da propaganda em verdadeiros marqueteiros do crime.

A frase que foi pronunciada

“O órgão que, de 1892 a 1937, mais falhou à República não foi o Congresso, foi o Supremo Tribunal.”

João Mangabeira na obra Rey – o estadista da República

Social
Bela campanha da Câmara dos Deputados. Com linguagem simples, um assunto que pede coragem e honestidade. Como ser natural com um deficiente físico. Se for idoso, não há necessidade de gritar, basta falar mais devagar. Com um cadeirante, o melhor é ficar na mesma altura ao conversar. Antes de ajudar, pergunte se a pessoa quer ajuda.

Mais calçadas
Como diz Uirá Lourenço, as cidades precisam ser pensadas para as pessoas, não só para os carros. Basta ver a quadra 213 Norte. Não há calçadas internas na quadra. As cadeiras de rodas e pedestres se deslocam arriscando a vida no asfalto.

Nada ainda
No Setor de Rádio e TV Sul, havia há três anos a multa cidadã aplicada por agentes-mirins. Carros estacionados em calçadas eram as infrações em maior quantidade. Uirá lembra do Jane’s walk, passeio guiado por alunos de arquitetura e urbanismo que elaboraram projetos de revitalização da área.

Declaração
Amigos(as)/Fui ao Piauí/ E voltei para Brasília/ Feliz por ter ido/ E feliz por voltar/ É muito bom ser de lá/ E é muito bom morar aqui. (professor Climério Ferreira)

Pauta cultural
Celina Kaufman, da Art&Art Galeria, convida os apreciadores de arte da cidade para a exposição de pinturas Quatressência, com Luiz Costa, Sonnia Guerra, Pompéia e Tony Lima. A vernissage ocorrerá no dia 15 de fevereiro às 18h30. A mostra estará aberta ao público até 15 de março, das 9h às 19h, de segunda a sexta. SAFS – Quadra 6, Lote 1, Trecho III Edifício dos Plenários.

História de Brasília
José Vieira Madeira, O Globo: o futuro de Jânio talvez seja o de ficar vagando sempre (para nossa alegria) por este mundo a fora, vendo os desfiles de biquínis na Europa, os cigarros de ópio no Oriente e as corridas de cavalo em quase todas as partes do mundo. (Publicado em 22/9/1961)

Contrapartidas necessárias

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jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Entre as características da espécie humana que possibilitariam a formação dos primeiros núcleos comunitários, a contrapartida de ações entre os indivíduos seria o elemento que mais reforçaria o sentido de grupo e, ao mesmo tempo, tornaria exequível a longa marcha rumo à civilização. Foi por meio das contrapartidas que cada membro individualmente pôde demonstrar sua importância para a sobrevivência da coletividade. Assim, por exemplo, os fisicamente mais fortes colocavam a aptidão física em defesa do grupo para protegê-lo contra as hostilidades do meio. Em troca desse esforço, que colocava a própria vida em risco, receberian contrapartidas como alimentação e outras vantagens vitais. Assim , é possível afirmar que o homem é o único animal que, desde sempre, teve na contrapartida o sentido e a própria razão da existência.É preciso, no entanto, diferenciar a característica do vulgaríssimo “é dando que se recebe”, conspurcado hoje pelo falso jogo político brasileiro. Se a contrapartida foi importante para irromper o processo civilizatório na antiguidade, muito mais útil se tornou agora, com a complexidade das sociedades modernas.

Não é por outra razão que as nações desenvolvidas têm nas contrapartidas da educação de qualidade, principalmente na fornecida pelo Estado, o principal instrumento de seu planejamento de longo prazo, senão da própria sobrevivência. Somente por meio da adequada formação dos cidadãos um país tem possibilidades reais de se afirmar. Mas, para que todo o longo ciclo, que vai da preparação básica à especialização, nas universidades e o posterior exercício pleno da profissão se complete, é preciso adoção das necessárias contrapartidas.Tomando como exemplo um aluno de medicina que levou, em média, oito anos apenas para completar sua formação final em estabelecimento público, que sentido ou contrapartida teria o cidadão comum e a sociedade, principalmente os de baixa renda, que, por meio de altos impostos, lhe custearam os estudos? O mais razoável, num país com tantas carências na área de saúde, seria o novo profissional exercer seu mister por um tempo igual a toda sua formação em escolas públicas, em benefício da população por uma remuneração condizente.

O que não faz sentido é um recém-formado em estabelecimento bancado pela base da pirâmide social sair da faculdade e, ato contínuo, abrir um consultório particular e passar a cobrar preços escorchantes por uma consulta médica, que somente uma elite pode pagar. Nesse caso, e é o que ocorre com frequência, as contrapartidas deixam de existir.Enfermagem e obstetrícia, farmácia, gestão em saúde, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, engenharia de energia, engenharia de software, engenharia eletrônica, educação do campo, gestão ambiental, gestão do agronegócio, administração, arquitetura e urbanismo, agronomia, biblioteconomia, engenharia da computação, ciências econômicas, direito, engenharia civil, engenharia ambiental, engenharia de redes de comunicação, engenharia Fflorestal, elétrica, de produção, gestão de políticas públicas, química tecnológica, relações internacionais, serviço social e turismo são apenas alguns cursos com que a academia poderia perfeitamente auxiliar o governo como contrapartida.Quando ocorre a falta de contrapartida, rompe-se um ciclo que acompanha a humanidade desde que o mundo é mundo. Nosso sistema público é precário, não tem passado, presente, mas uma esperança no futuro está com a contrapartida dos acadêmicos.

A frase que não foi pronunciada

“A natureza parece quase incapaz de produzir doenças que não
sejam curtas. Mas a medicina encarrega-se da arte de prolongá-las.”
Marcel Proust

Estudos
» O número de vagas a serem preenchidas por meio do concurso público pode passar a ser igual ao quantitativo dos respectivos cargos ou empregos públicos vagos no órgão ou entidade. A ideia foi proposta na PEC 29/2016 e, caso seja aprovada, o concurso do Senado oferecerá mais de mil vagas. A relatoria é do senador Ivo Cassol.

Curiosidade
» Dados da Acnur registram que, no ano passado, o Brasil reconheceu 9 mil refugiados vindos de 79 países. A maioria vive nos grandes centros urbanos.

Discussão
» Produtores de soja de Mato Grosso comemoram o sucesso da colheita, que atingiu 30,6% da área. Pena que na balança do custo-benefício a destruição da natureza em larga escala seja executada para alimentar animais.

História de Brasília
O comandante da Operação Cavavelle, depois, no pátio de manobras, interrogou, extraoficialmente, um tripulante do aparelho da Varig, através do qual ficamos sabendo, também, que todas as forças militares de Porto Alegre estão solidárias com o general Machado Lopes. (Publicado em 31/8/1961)

Em tempos de eleições

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Circe Cunha e MAMFIL

Não se iludam: a eleição do novo presidente dos EUA, Donald Trump, reflete rigorosamente o desejo expresso, nas urnas, pela população daquela grande nação. A afirmação, por mais óbvia que pareça, ajuda a desmistificar o caráter de protesto dos movimentos organizados nas principais cidades americanas, intensificado tão logo foram assinados os primeiros decretos xenófobos, prometidos por ele durante a campanha.

Trump é a face real daquele país, pouco mostrada pela mídia. Trump é o modelo ideal de governante, estilo xerife do velho oeste, desejado pelo cidadão típico e real que habita fora dos grandes centros urbanos e que desconhece e despreza o restante do planeta, ao qual credita a culpa pelo fim do american way of life, tão bem captado pelo desenhista Norman Rockwell.

Trump é o vingador não só dessa turma primitiva, cujos os ancestrais caçaram os nativos como animais selvagens, mas também de uma elite de caipiras ricos que odeiam tudo o que não é americano. Obama foi um breve ponto fora da curva que ajudou a lembrar que as coisas podem ser diferentes. Por isso mesmo o yes we can que deu mote a sua campanha em 2008 ecoou apenas entre a população marginalizada, na qual se encontra o grosso dos atuais imigrantes.

Também não chega a surpreender que, entre os próprios imigrantes que se tornaram prósperos na América, muitos se declararam contra as liberalidades excessivas na concessão de vistos e a favor das novas restrições. Nesse ponto, vale lembrar também um velho conselho aos marinheiros de primeira viajem: a última pessoa que um brasileiro que mora nos Estados Unidos quer encontrar por perto é outro brasileiro. A avareza é um dos instintos básicos do ser humano.

Trump é o avarento guindado por seus compatriotas ao poder para resguardar aquilo que acreditam ser deles por direito. O apoio popular às trumpices é bem maior do que o divulgado até agora pela mídia. Não é por outra razão que o atual presidente tem declarado guerra à imprensa. A própria Hillary deixou escapar sua mágoa pela derrota ao deixar no ar a pergunta: “Onde estava toda essa gente que agora protesta nas ruas que não veio para votar?”.

Na realidade, a eleição de Trump interessa tanto aos brasileiros quanto as eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Ambas dizem respeito a um mundo distante e apartado do cotidiano do homem comum. Desde que não interfiram em nossas vidas, tanto faz esse ou aquele. Ao que não podemos mudar, não devemos dispender tempo.

A frase que foi pronunciada

“É triste, sim.”

Ruth Cardoso

Release

» É fato que a saúde do DF vai de mal a pior. O Conselho Regional de Farmácia do DF (CRF/DF) entregou ao procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bessa, o relatório final das fiscalizações, do ano passado, em oito hospitais públicos pelos conselhos regionais de Farmácia, Enfermagem, Medicina, Odontologia e Engenharia e Agronomia.

Cultura

» Durante a entrega do relatório, a presidente do CRF-DF, Drª Gilcilene Chaer, disse ter esperança de que o resultado desse trabalho seja concluído com ações efetivas que resultem em soluções aos problemas. Resta saber qual a mágica para impor uma administração em que não haja possibilidade de desvios, imprudências, negligências e imperícias administrativas.

Ação

» Na entrega do relatório, a presidente do CRF/DF, Drª Gilcilene Chaer, frisou que espera que esse relatório seja transformado em ações concretas para a melhoria da sofrida saúde da população e principalmente para a melhoria dos serviços farmacêuticos.

Deúncia

» Sem poupar a má gestão, a Drª Chaer denuncia que faltam farmacêuticos na secretaria de Saúde e que esse fato prejudica a cadeia de medicamentos. “A Lei nº 13.021/2014 não está sendo cumprida”, adverte a profissional.

Século 21

» Há falta de tecnologia na saúde para controlar o paciente desde sua entrada, a presença dos médicos, o uso dos medicamentos, as verbas aplicadas, os aparelhos comprados, os instalados, os usados, os profissionais capacitados. Nas cadeias, a mesma coisa. Faltam escâneres na Papuda para evitar a entrada de objetos proibidos e a revista íntima, um terminal para a chegada do preso.

Crise hídrica I

» Joel Sampaio nos envia o seguinte e-mail: “Tragédia anunciada desde 1960 por Ari Cunha, que advertiu que a explosão demográfica não se resolveria com violência contra os pobres, e, em 1972, por Juscelino Kubitschek, que ao chegar aqui ficou horrorizado com a anarquia urbanística. E disse que o que viu não foi o que sonhou para Brasília”.

Crise hídrica II

» E os deputados distritais acham pouco e ainda entregam à especulação imobiliária de grandes empreiteiras zonas de proteção ambiental, com dezenas de nascentes, como é o caso do Mangueiral. Primeira medida necessária: proibir a Terracap de implementar loteamento e expansão urbana em Brasília e fazer loteamentos na Ride destinados à população pobre do Distrito Federal.

História de Brasília
Maria da Graça Dutra, Correio Braziliense: Não me parece dos mais brilhantes. Entrou na História o novo personagem, que a escreve e que escolhe e julga os dirigentes da Nação: o povo. Para esse novo personagem, tudo leva a crer que na história não haverá mais lugar para os dúbios, os “salvadores”, os “mágicos”. (Publicado em 22/9/1961)

Voltando ao futuro

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jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Em 2017, não faltarão problemas de toda ordem para o GDF administrar. A maioria das adversidades é composta por questões antigas e graves que necessitarão de soluções urgentes, bem equacionadas, para que resolvam, de fato e de modo definitivo, as muitas mazelas vividas pela capital.

Este será ano decisivo tanto para o bem de Brasília quanto para o futuro político de Rollemberg: 2018 será ano de eleições, em que as atenções dos políticos, de modo geral, estarão fixadas nos eleitores e nas campanhas, cada vez mais caras e menos financiadas pelos habituais apoiadores. Portanto, tudo o que tiver de se consertar e executar deverá ser feito este ano.

Com 812 mil votos em 2014, Rollemberg se tornou o governador do Distrito Federal, herdando, além do cargo pomposo, uma das maiores heranças malditas que um político pode receber do antecessor. Tivesse ele noção exata do que viria pela frente, talvez tivesse resistido às tentações do ego e recuado a tempo, optando por missões bem menos espinhentas, como o Congresso, que ele conhece bem. Agora que entrou no barco furado do Buriti, em meio a um oceano turbulento, não dá mais para largar o leme e tem de seguir em frente, mesmo com a expectativa de naufrágio.

Tendo de enfrentar uma Câmara Legislativa nitidamente fisiológica e cada vez mais hostil ao Executivo, o GDF sabe que, com cofres esvaziados por incúrias e crimes do passado, não terá como recompor os salários de um quadro de servidores inchado, desprestigiado e, portanto, presa fácil dos sindicatos órfãos.

No penúltimo ano de governo, também a população já teve tempo de constatar o caos absoluto que tomou conta do sistema de saúde pública de Brasília. Nesta altura dos acontecimentos, os brasilienses puderam perceber que o melhor que se pode fazer para evitar a violência é ficar trancado quietinho dentro de casa, rezando para que nenhum bandido venha invadi-la.

Com a alta nos índices de desemprego, com a iminência do colapso no abastecimento de água e a certeza de que o falido governo federal nada pode fazer para socorrer Brasília, a cidade assiste hoje à maior crise política, administrativa, econômica e social de toda sua curta história. Com a situação nesse crescendo de gravidade, quem sabe nas próximas eleições os brasilienses não elejam um candidato do tipo milagreiro, como fez a antiga e hoje decadente capital do Brasil, Rio de Janeiro, que elegeu não um padre, mas um bispo.

A frase que foi pronunciada

“Meu coração balança um samba de tamborim movido a gaita de fole, que canta por mais uma mudança daquelas de encher a alma de fé, como foram outras várias que este país me proporcionou e nos proporciona a viver.”

Do escocês Barry Wolf, advogado internacional criminologista e sócio-fundador da Wolf Associates Anti-Corruption Advisers

Do Bem

» O professor Nagib Nassar conseguiu desenvolver a mandioca quimera UnB703. Vinte quilos por planta. Duas coisas importam ao mestre: levar a instituição UnB para o mundo e acabar com a fome.

Apanhando

» Nestes 10 anos foram 556 mil cidadãos vítimas de homicídios. Com uma população carcerária de mais de 500 mil presos e outras centenas de milhares com mandato de prisão abertos, pode-se afirmar com certeza que este não é definitivamente o país da paz e do amor com uma paisagem tropical e caliente ao fundo.

Educando

» Buscar as causas do macabro descalabro é andar em círculo. Na base, o que se vê é a falta de escolas. No topo, os mesmos problemas de séculos: indiferença das autoridades, morosidade e elitismo na Justiça, tudo temperado com a crescente desmoralização do Estado, afundado em incontáveis episódios de corrupção. O exemplo vem de cima.

Fica a dica

» Fernando, nosso leitor, explica em carta enviada para quem viu Brasília nascer e, por isso, entenderia melhor a ideia. Muito menos gasto com placas de metal destruídas por tiros, pichações ou mesmo roubadas, as placas de concreto coloridas com as mesmas cores que as antigas funcionam muito melhor e permanecem preservadas por mais tempo.

Desafio

» Só lançando mesmo uma campanha. Anos de sinal instalado no início do Lago Norte e até hoje há na pista de rolamento da direita motoristas que param no semáforo apesar das placas sinalizando a direita livre. Vamos ver quem está na engenharia para impor com criatividade uma placa que convença os motoristas a só ocupar a faixa se for virar à direita. No Lago Sul, depois do Gilberto Salomão, a comunidade entendeu.

História de Brasília

Benedito Coutinho, O Cruzeiro: Inegável que ainda emana do ex-presidente extraordinário poder político. Ainda é, e sê-lo-á por muito tempo, um líder, no mais profundo sentido da denominação. (Publicado em 22/9/1961)

Delações

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Acreditar na versão de algumas autoridades de que os vazamentos seletivos das colaborações premiadas são feitos com o intuito de incriminar determinados grupos é tudo o que desejam os que forjaram essa narrativa enganosa. Na verdade, o que se oculta por trás dessa versão marota é a tentativa de levar os incautos a crer que a Justiça tem agido de modo parcial, acusando uns e livrando outros.

Seguindo esse roteiro minuciosamente traçado, a conclusão óbvia a que se chega é que os casos atuais revelados pela Operação Lava-Jato vêm sendo conduzidos com viés político, de forma a incriminar apenas membros do governo passado. Nesse caso específico, a Justiça estaria agindo de forma partidarizada, o que poderia ensejar a anulação de todo o processo feito até aqui.

Trata-se da tática de acusar os acusadores, invertendo a lógica, disseminando a dúvida e, por conseguinte, induzindo ao erro. Somente se preocupam com as delações os que efetivamente têm culpa e foram nominalmente acusados. Reclamam de suposto vazamento seletivo apenas os envolvidos no maior caso de corrupção da nossa história.

A rigor, nenhum crime contra o erário deveria tramitar na Justiça sob o rótulo de sigiloso. Contrassenso maior ainda é dar a essas mesmas pessoas flagradas com a mão na cumbuca o foro especial por prerrogativa de função. Ao remeter as ações penais contra esses larápios aos tribunais superiores, o que se cria é uma casta de privilegiados praticamente imune às ações da lei.

Por seu lado, a benesse acaba por tornar letra morta o primado básico da República que assegura que todos são iguais perante a lei. Até mesmo o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país, que deveria ater suas funções direcionadas a resoluções de questões constitucionais, se vê obrigado a se desviar de seu caminho natural para cuidar do julgamento de uma galeria de gatunos contumazes, protegidos pelos mais bem pagos rábulas da nação.

Não é por outro motivo que mais de 22 mil brasileiros possuem a prerrogativa de foro. Com mais de 100 mil processos para serem julgados a cada ano, não chega a ser surpreendente que o STF não consiga julgar a tempo os mais de 500 casos envolvendo parlamentares, alguns aguardando parecer final há mais de três décadas.

A frase que não foi pronunciada

“Você me dá o boi, mas não solta o rabo!”

Homem do campo. Ou da cidade

Cordeirinhos
Ainda ano passado o senador por Sergipe Eduardo Amorim disse que o povo brasileiro não aguentaria mais escândalos. Dizia que a crise econômica era uma preocupação sólida e ameaçadora, com a inflação e o desemprego. Lendo jornais antigos, vê-se que a nossa população pode se chatear com a corrupção, mas ser efetiva usando o direito de cidadão e contribuinte…aguenta mais muito tempo.

Lástima
Como se não bastassem todos os problemas e escândalos, mais uma vez, o perigo de pagar pela má gestão cerca o trabalhador. A reforma da Previdência é clara. Trabalhar por mais tempo, até os 65 anos de idade, e contribuir por mais tempo, 35 anos, foi absoluta falta de planejamento.

Simples assim
Dória errou. Confundiu pichação com grafite. Não é só pedir desculpas aos artistas e agradecer por ter aprendido com eles?

1997
“Intoxicados da Funasa salvando vidas e lutando contra a morte.” Era o que dizia a faixa no protesto de trabalhadores da fundação em Rondônia. Mas o sindicato da classe foi além. Denunciou o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos por negligência em relação aos trabalhadores da antiga Sucam intoxicados pelo DDT e outros pesticidas usados no combate à malária.

2017
Pesquisa da USP identifica na alimentação do brasileiro 68 compostos químicos que excedem o valor da ingestão diária aceitável. Inclusive os mais tóxicos autorizados pela Anvisa. A pesquisa ironiza no título: “Alimentação do brasileiro é rica em agrotóxicos”. A grande questão é a falta de burocracia justamente
onde deveria haver.

História de Brasília

As informações desencontradas que têm vindo do Rio dão conta de que a Cofap teria determinado o congelamento geral de preços em todo o Brasil. Eu queria saber que preços. Se os preços do supermercado ou do Serve Bem, se os preços das mercearias ou os dos estabelecimentos de subsistência.
(Publicado em 30/8/1961)

Merkel, Ângela

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DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Ângela Doroteia Merkel, 63 anos, está à frente de chancelaria da República Federal da Alemanha desde 2005 . Doutora em física, pela Universidade de Leipzig, filiou-se ao partido União Democrática Cristã em 2000. Uma protestante dirigindo um partido católico. A mãe, professora de inglês/latim e o pai, pastor luterano. Merkel é a primeira mulher alemã a liderar um partido conservador. Em pouco tempo não só conquistou a simpatia das principais lideranças de seu país, como também foi eleita a primeira mulher do Parlamento alemão. É considerada como política austera e apegada às normas estabelecidas pela União Europeia.

Essa defesa extrema das regras, leis e princípios a tem tornado alvo de críticas permanentes dos seus opositores, principalmente de países mais pobres da zona do euro. Lamentos de alguns contra o corte de regalias e a favor da permanência de altos salários.

Essa situação decorre do fato de a Alemanha, como maior potência econômica da região, só ter a ganhai com a estabilidade da Europa. Países que se rebelam contra as regras do Parlamento Europeu são os mesmos que têm a economia interna em desajuste.

O fato de ser uma cientista e ter sido criada na Alemanha Oriental, onde as carências e as privações materiais eram evidentes, ela teve o caráter e a disciplina forjados também com a presença e suporte da família. O fato é que Merkel se tornou a líder mais importante da Europa.

Sob o firme comando de Ângela Merkel, que enfrentou a divergência sobre o assunto, pensou com senso humano, a Alemanha abriu as portas para receber mais de 1 milhão de refugiados. Com precisão científica, só recebe imigrantes quando tem certeza que todos receberão educação e vida digna. Nem a ação do tunisiano Anis Amri, que lançou um caminhão contra uma multidão num mercado de Natal, em Berlim, intimidou a chanceler germânica a seguir a diretriz traçada.

De vida simples, Ângela Merkel é vista fazendo compras nos mercados, passeando nas ruas, mostrando que é uma pessoa comum que serve aos compatriotas. É gentil com os subalternos, não faz acepção de pessoas, como rege sua formação. Sem mordomias, arrogância ou uso do cargo em próprio benefício, a líder alemã é antípoda dos políticos brasileiros, que têm, corno marca registrada da maioria, a vaidade o egocentrismo, a desonestidade e o mau de caráter. Talvez a proximidade temporal nos deixe cegos. Os líderes mundiais deveriam tê-la como exemplo a ser seguido. Em tempos em que a política é descrença generalizada, ela é a exceção.

>> A frase que foi pronunciada

“Doença da economia nacional: não se fatura o que se gasta. Causa mortis: má gestão.”

União

Coxinhas

»O evento organizado no Parque da Cidade é uma prova incontestável de que Brasília carece de mais movimentos. Qualquer atividade atrai um público maior do que o esperado. O resultado são filas intermináveis, engarrafamentos e excesso de pessoas. Vale um estudo preliminar da Defesa Civil para prevenção de acidentes e proteção dos presentes.

>> História de Brasília

Os jornalistas que vivem em Brasília e que participaram de todos os episódios da crise política resultante da renúncia do sr. Jânio Quadros, estão, hoje, nesta coluna, respondendo a esta pergunta: “Que acha você do futuro político do sr. Jânio Quadros?”. (Publicado em22/9/1961)

Um aeroporto aquém de Brasília

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jornalista_aricunha@outlook.com

Circe Cunha e MAMFIL

Mediante a Pesquisa Permanente de Satisfação, divulgada a cada trimestre pela Secretaria de Aviação Civil, os passageiros podem aferir a qualidade dos serviços de infraestrutura prestados nos principais aeroportos de todo o Brasil, atribuindo uma nota a cada um deles e dando opinião para a melhoria geral dos terminais. O Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, apesar das melhorias nas instalações decorrentes de reforma exigida pelo fato de Brasília ser uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014, ainda deixa muito a desejar.

Na realidade, esse não é propriamente o aeroporto que os brasilienses e a capital modernista mereciam. O terminal dos sonhos, que tinha tudo em comum com a cidade, infelizmente ficou suspenso no ar, no rabisco do mestre Niemeyer, abortado que foi pelo regime militar, que via nas posições ideológicas e firmes do arquiteto motivo para afastá-lo de tão importante projeto. Mais do que uma mágoa que não ficou expressa nas palavras, restou um comentário, feito anos depois, em que o arquiteto mostrava sua preocupação e uma previsão de que o projeto aceito pelos militares obrigaria os passageiros a percorrer extenso e exaustivo caminho até a porta da aeronave. “O projeto do aeroporto era semelhante ao do francês Charles de Gaulle, em Paris: moderno para um aeroporto da década de 1970, mas não foi para a frente por motivos políticos. O Niemeyer desenhou uma estação central circular, com elementos formais que lembravam as colunas do Palácio do Planalto”, afirma o professor aposentado da UnB José Carlos Coutinho, especialista na obra de Niemeyer.

Deixando de lado esse aspecto histórico que já é fato consumado, o terminal JK tem sido alvo de reclamações constantes de todos os que, por algum motivo, circulam em suas dependências, principalmente pelo aspecto comercial conferido ao aeroporto. Os preços cobrados, de souvenir a alimentos, estão entre os mais altos, não só do Brasil, mas também de aeroportos mundo afora. Para ter uma ideia, uma simples lata de refrigerante é vendida por preço superior aos cobrados nos mais requintados restaurantes do planeta. O aspecto de shopping se repete no longo trajeto que os passageiros são forçados a percorrer.

Antes de chegarem aos distantes portões de embarque, as pessoas são obrigadas a circular por dentro de extensa cadeia de lojas que vendem artigos e bugigangas importadas a preços astronômicos. Guilherme Simões de Assis vê como ótima oportunidade aproximar passageiros da arte. As exposições no aeroporto, porém, são tímidas para a área. Seria muito mais civilizado se os passageiros percorressem esses mesmos trajetos, mas tivessem ao alcance da vista e do bolso obras de arte, dos mais consagrados artistas brasileiros até as produzidas pelos artistas locais, que, diga-se de passagem, estão entre os melhores do planeta. Ideia simples, como pregava Niemeyer.

A frase que foi pronunciada

“Alegria nunca é para sempre, mas forja um ninho para quando a tristeza chega.”

Seu pensamento?

História de Brasília

À frente do Caravelle, estava postado, com todo o equipamento, um carro-pipa do Corpo de Bombeiros, com dois soldados controlando a mangueira para orientar o jato, se preciso. (Publicado em 31/8/1961)

Um gênio brasileiro

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Circe Cunha e MAMFIL

Fato comum parece perseguir e marcar invariavelmente as pessoas dotadas de grande genialidade: não são plenamente compreendidas por seus contemporâneos e conterrâneos. Com Oscar Niemeyer não foi diferente. Depois de 1964, com a instalação dos militares no poder, ficou cada vez mais difícil para Niemeyer trabalhar no Brasil. Nesse período particular da vida, o arquiteto se encontrava no auge das potencialidades e energia criativa e as obras de arte arquitetônicas brotavam em profusão de sua prancheta simples.Impedido pelo novo governo, unicamente por causas ideológicas, de prosseguir os projetos, Niemeyer levou sua arte preciosa para fora do país, onde foi acolhido com entusiasmo e deixou obras magníficas que serviram para divulgar o talento da nova arquitetura brasileira segundo os padrões modernistas que marcavam aquele período. O que o Brasil desdenhou o restante do mundo recebeu de braços abertos e aplaudiu.

Mas, contrariando de certa forma a profecia que diz que ninguém é profeta na própria terra, Niemeyer conseguiu ser grande dentro e fora do país. No entanto, aquele período conturbado de nossa história deixou mágoas silenciosas e permanentes na alma do arquiteto, principalmente com relação ao tolhimento abrupto de seu trabalho.Perdas maiores teriam o Brasil e principalmente sua capital, que, de certa forma, ficaria incompleta, alijada de obras fundamentais para o conjunto arquitetônico que todos creem referência em modernismo. Por sua singularidade, Brasília é hoje tombada como a primeira cidade planejada do planeta com o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, conferido pela Unesco em dezembro 1987.Neste ano, portanto, completam-se três décadas desse honroso título, que pode, por ação indevida de seus gestores e da própria população, ser retirado sem maiores problemas, o que seria um desastre e uma vergonha.

A frase que não foi pronunciada
“Estou precisando de novos inimigos. Os antigos gostam de mim!”
Camiseta na praia

Jogando

Continuam as reclamações em aeroportos brasileiros com os estragos feitos por funcionários em malas e sacolas ao arremessá-las sem cuidado no transporte e nas esteiras. A bagagem aparece irreconhecível. Um abuso enfrentado pelo consumidor que paga tantas taxas para os aeroportos.

Invisível

Pela cidade, várias faixas de pedestres estão invisíveis, o que no período da volta às aulas é sinal claro de perigo.

Esperança

Simples assim. Fernando Henrique Cardoso contou com um corpo acadêmico competente e deu uma guinada na economia. Fica a dica para o governador Rollemberg, que cresceu em Brasília e sabe com quem pode contar. Ainda há tempo de deixar boa marca na gestão.

Mais caro

Faltou incluir no projeto da senadora Ana Amélia uma garantia para que os consumidores não paguem a conta pela nova ideia. Se os planos de saúde forem obrigados a fornecer medicamento para o tratamento de doenças crônicas, certamente o custo recairá no bolso de quem deveria ter saúde gratuita, como garante a Constituição.

História de Brasília
E há mais. Banco do Brasil e Previdência Social precisam, também, se instalar aqui, que é a sede do governo. (Publicado em 21/9/1961)